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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Os cavaleiros do apocalipse

            Ninguém que tenha vivido sob a égide da ditadura ou pelo menos de posse de sã consciência seria a favor da volta da censura. A censura foi nefasta para o país e seus cidadãos e resquícios dela se fazem sentir até os dias atuais, tanto que quando se comenta a possibilidade de uma regulação da imprensa quanto a possíveis abusos, se monta um cenário imaginário, comparável aos mais duros regimes ditatoriais. E convenhamos, censura é péssimo, tolhe o direito da livre expressão, a democracia enfim.
            No entanto, a defesa da liberdade de expressão não deve encobrir o mau uso desta liberdade, pois como sabemos todo cidadão tem direitos e deveres, e é direito do consumidor, no caso, o leitor ou telespectador ter acesso à informação de qualidade, ou seja, informação não deturpada, o mais próximo possível da realidade, pois, entendemos que o escritor ou jornalista, interpretam o fato conforme a visão que têm do mesmo, e nisto não há nenhum mal, porém quando a notícia passa a ser distorcida, deturpada, para favorecer a este ou aquele sujeito da vida política, tomando contorno de golpe de estado, devemos sim nos preocupar.
            A preocupação com a qualidade da informação deve ser tão grande quanto à defesa da democracia, ou seja, a liberdade de expressão não pode sobrepujar o direito do cidadão ao acesso à informação clara, transparente. Lógico que o escritor tem sua ideologia e ninguém iria querer que o mesmo fosse apolítico, pois, sabemos que neutralidade não existe no discurso.
            O leitor talvez estranhe os motivos que me levaram a escrever estas linhas, mas tenho acompanhado alguns representantes da imprensa nacional deixando um pouco de lado o bom senso, ou seja, as boas maneiras no trato do fato jornalístico, e não estou falando da chamada imprensa marrom e sim de ícones da imprensa nacional, não citarei nomes porque meu objetivo não é julgar a pessoa, mas sim refletir sobre fatos.
            Li que a “reeleição de Lula contrariou a opinião pública” ora, se ele foi reeleito pela maioria dos eleitores, quem é então essa opinião pública? A elite? A grande imprensa? Os grandes grupos empresariais? Os grandes grupos financeiros? Não sei dizer a resposta, mas acho que se a maioria votou em Lula, essa maioria também faz parte da opinião pública ou não vivemos em um país que se pretenda democrático.
            É democrático fazer oposição, pois como alguém já disse “toda unanimidade é burra”, e acho bom que o Governo saiba que tal unanimidade em seu favor não existe, no entanto, artigos desprovidos de consistência conclamando a derrubada de um presidente eleito democraticamente, sem que haja um processo de impeachment instaurado no Congresso Nacional é golpismo travestido de liberdade de expressão. Um importante jornalista de um grande grupo editorial chegou a escrever sobre a possibilidade da morte do presidente e lamentando afirmou que possivelmente morreríamos antes, em minha opinião, faltou inspiração ou bom senso. Ou ambos.
            E concluo, dizendo que apesar de ter lido muitas bobagens travestidas de jornalismo sério, acredito no papel da imprensa na formação do cidadão, na informação como meio de busca de uma sociedade mais justa e democrática.
            CENSURA NUNCA MAIS, BOM SENSO SEMPRE!
           

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