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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O feitiço do tempo ou eterno “mimimi”!

O ano de 2015 será lembrado por ser o mais tumultuado da era Lula e Dilma, pois, após uma eleição que contou com a trágica morte do forte candidato Eduardo Campos (PSB) e o naufrágio da candidata Marina Silva (PSB), a parcela da sociedade refratária à Dilma (PT) jogou todas as suas fichas em Aécio Neves (PSDB) e em grande parte da apuração Aécio liderava com folga, tanto que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tomou um helicóptero para comemorar a vitória junto a seu pupilo, mas, numa virada cinematográfica ao estilo de Hollywood, Dilma venceu a eleição, quando da chegada dos votos da região Nordeste, cuja pobreza a faz conhecida além fronteiras e que nos governos Lula e Dilma receberam uma atenção nunca antes a ela dispensada. Foi a água no chope de uma oposição incoerente, irresponsável que antes mesmo da vitória da presidente, já havia afirmado “Dilma não pode se eleger. Se eleita, não pode governar”. A oposição procurou impor uma derrota ao Governo elegendo Presidente da Câmara Federal o corrupto Eduardo Cunha que vem lesando o país desde os tempos de PC Farias e Collor. A oposição também pediu a anulação da chapa Dilma – Temer, pedido rejeitado pela Justiça Eleitoral. Houve suspeição às urnas eletrônicas pela oposição que desconversava quando confrontada ao fato de que essas mesmas urnas mantêm os tucanos no poder em São Paulo há duas décadas. Aécio mostrou-se antidemocrata ao não aceitar o resultado das urnas e ao questionar o índice de 47% de rejeição a ele atribuída recebeu como resposta do presidente do IBOPE de que apenas 15% dos votos eram de seus fieis eleitores e 33% representavam os votos da parcela da sociedade que é “anti-PT” e que votaria em qualquer outro candidato que tivesse chances contra Dilma. A rejeição a Aécio se confirma nas ruas, pois, muita gente afirma que nele não votaria mais. FHC, inconformado chamou os eleitores de Dilma de desinformados e ignorantes e em resposta, nas redes sociais proliferaram intelectuais e artistas declarando ter votado em Dilma. FHC é uma figura estranha, no exterior, tem o hábito de falar mal do Brasil e dos brasileiros desde quando era presidente e apesar de gostar de cultivar o status de intelectual esporadicamente demonstra grande insensatez ao proferir falas ignóbeis que somente agradam os vira-latas de plantão dos quais é líder. Dilma ganhou a eleição, mas, até o momento não teve paz para governar, pois, a oposição e a mídia corrupta e manipuladora não tiveram receios em queimar o pouco capital de credibilidade que dispunham para atear mais fogo à crise econômica jogando gasolina na crise política, como bem afirmou o intelectual Emir Sader: “triste o país, cuja oposição precisa que o país vá mal para que ela possa ir bem”. Como demonstrou Aloysio Nunes (PSDB) ao afirmar: “Quero ver Dilma (o governo) sangrar”, a oposição visando seus intuitos políticos não tem escrúpulos em trabalhar contra o país. Lembro do filme intitulado “Feitiço do Tempo” em que um jornalista especializado em meteorologia ficava preso ao mesmo dia, de forma que todo novo dia, as notícias eram as mesmas, os fatos, os mesmos, e embora carente de lógica, o filme mostrava que cada novo “mesmo dia” era uma nova oportunidade para que o personagem melhorasse sua conduta. Oxalá, que em 2016 não estejamos presos ao feitiço do tempo, pois, ninguém aguenta mais esse eterno “mimimi” de uma oposição burra que trabalha contra o país e quer desrespeitosamente anular o resultado de uma eleição democrática. A oposição tem o direito e o dever de fazer o debate ideológico, mas, fazer oposição não significa agir contra o país, isso é insanidade, o Brasil precisa unir forças para sair da crise, e isso é o que povo deseja de seus representantes, pois, os interesses partidários e particulares não podem sobrepor-se aos interesses nacionais.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O ocaso de uma legenda!

Ouço muito que a esquerda está em crise, que o PT está em crise, que o governo Dilma está em crise, no entanto, penso que, obviamente, o Muro de Berlim caiu para o lado errado, dessa forma, toda pessoa com pensamento progressista e, portanto contrário à ditadura do pensamento único conhecido por neoliberalismo se sente um tanto quanto órfã. Porém, inversamente, penso que a direita é que se encontra em crise, pois, está desalojada do poder federal há quatro pleitos, mesmo contando com o apoio maciço de uma mídia parcial que usa seus microfones e câmeras para fazer com que o povo pense o que convém ao grupo a qual pertence, a elite representante dos interesses estrangeiros nestas plagas e que o PSDB é seu representante. Que crise é essa que desmancha-se quando a comparamos com as crises do Governo FHC? Que crise é essa cujos dados socioeconômicos são largamente superiores aos do governo tucano (1994-2002)? A direita vive um martírio de ideias, de proposições e principalmente vive uma aridez intelectual, vai longe o tempo em que propunha ideias, (em meu ver equivocadas), mas, com argumentação, hoje, o que resta ao PSDB é o discurso do ódio e tal como os nazistas na Alemanha culparam indevidamente os judeus por todo azar ao povo alemão, da mesma forma, líderes tucanos e aliados se esforçam em criar no subconsciente coletivo, a inculpação do PT por todos os males de uma crise econômica mundial, retroalimentada por essa mesma direita antipatriótica, que prefere jogar gasolina na fogueira da crise a colaborar na extinção do incêndio, pois, não tem um projeto para o país, mas, um projeto de poder que vai muito além da partilha de cargos políticos, pois, o golpe cuja orquestra aqui toca tem como maestro Wall Street. Todos sabem que um autêntico discurso de direita não ganha eleição, e, como ganharia prometendo: mais arrocho salarial; menos recursos para a Educação; mais superlotação de salas de aula; mais fechamento de escolas e menos dinheiro para a Saúde? Lógico, tem aquele bonito e demagógico discurso de que é possível fazer mais com menos dinheiro, “é preciso racionalização” dizem! O que eles não dizem é que a economia de recursos em gastos (investimentos) sociais tem por objetivo ter mais dinheiro para obras realizadas de forma terceirizada, por meio de licitações vencidas, de forma nem sempre legítima, pelos empreiteiros patrocinadores de campanha! Se o discurso de direita não ganha eleição, os políticos neoliberais fazem como o Diabo citado por Shakespeare, que: “não tem dúvidas em recitar a Sagrada Escritura quando lhe convém”, e, faz discursos dúbios, e, se confrontados, dão a impressão que irão trilhar no caminho do Estado de Bem-Estar Social, justamente o que depois de eleitos buscam destruir. A maioria do povo possui uma pauta de esquerda para o país, mas, muitos votam com a direita, porque não sabem realmente o que é ser de esquerda ou de direita. Na falta de ideias, de liderança intelectual, o PSDB líder da oposição se apequenou e despiu-se de seus preceitos morais e éticos e lançou-se na aventura inconseqüente do golpismo visando devolver o Brasil ao posto de mais uma “República das Bananas”, posto conquistado durante o golpe militar de 1964. O PSDB é um partido estranho, tem a social democracia em seu nome, porém, a combate, pois, é neoliberal, critica a corrupção, mas, se une ao golpismo de Eduardo Cunha, comprovadamente corrupto. O mesmo PSDB que afirma defender a educação iniciou o ano batendo em professores no Paraná e terminou o ano em São Paulo agredindo estudantes que defendiam o funcionamento de suas escolas! O PSDB atual empalidece de vergonha (ou deveria) ante ao idealismo de alguns de seus saudosos fundadores, tais como José Richa e também daqueles que vivem tais como Bresser Pereira, para desapontados, verem o ocaso de sua utopia.

sábado, 12 de dezembro de 2015

O Brasil é um país sério?

Há algum tempo lamentei a sorte do Paraguai ante ao golpe praticado contra o mandato legítimo de Lugo patrocinado pela elite reacionária daquele país em prejuízo das classes populares que tinham no ex-presidente seu representante. Apesar de saber por conta de minhas leituras e reflexões que para a elite tupiniquim, os fins justificam os meios, por mais inconfessáveis que eles sejam, vejo instalado em nosso país a estratégia para repetir nestas terras o golpe paraguaio embora alguns digam que o Brasil não é o Paraguai, a oposição jura que é. Há uma frase de Charles de Gaulle que sempre me causou indignação e que diz: “o Brasil não é um país sério”! O que dizer de uma oposição com vários representantes citados ou investigados por corrupção e que almejam a vitória num processo de Impeachment contra uma presidenta para a qual nada foi encontrado para legitimar a sua cassação? Podemos chamar de séria e proba uma oposição que se une a um presidente da Câmara denunciado com farto material comprobatório de sua corrupção? Várias entidades internacionais e nacionais, dentre elas, a insuspeita OAB e vários juristas de renome afirmam não haver base legal para o Impeachment, mesmo assim num ato irracional e raivoso a direita prefere jogar o país no abismo, não se importando com os custos sociais e econômicos a serem pagos pelo povo. Justo uma direita que em matéria de combate à corrupção pouco ou nada fez quando esteve no governo? E que moral possuem o DEM, o PMDB e o PSDB para debater a ética na política quando lideram o ranking de políticos cassados por corrupção? Nunca confiei em Temer, antes da primeira eleição de Lula era contra alianças com a direita, sempre temi pelo que agora se evidencia, reconheço, porém que sem tal aliança a esquerda jamais teria chegado ao Governo, pois, o Poder sempre esteve nas mãos dos banqueiros, que tomaram este país de refém com os juros pornográficos que exigem. O PMDB sempre desejou ser cabeça de chapa, mas, quando tentou falhou, porém, diante da necessária governabilidade e sempre cortejada sua grande bancada agiu como uma prostituta de luxo, sempre pronta a trabalhar para quem pagasse o valor exigido. O PSDB conhece a reputação do PMDB e já acena o apoio a um improvável governo Temer. Brasileiro e democrata que sou não posso acreditar na prosperidade disso, mesmo assim, reflito: Estará o PSDB disposto a se PMDBizar? Exercer papel secundário? Pois, o PMDB certamente desejará lançar o próximo candidato presidencial! Se o PSDB quiser lançar candidato próprio, o PMDB aceitará voltar para o papel secundário? E o fator Lula? Afinal, Lula já arranca com 30% das intenções de voto e sempre cresce! E o documento intitulado: “Uma ponte para o futuro” bem ao gosto da elite financeira nacional e internacional e pautada no Consenso de Washington que o PMDB ousou lançar agora, terá coragem de fazê-lo em campanha presidencial e justificar que pretende desmontar a CLT e estimular a livre negociação benéfica aos patrões e danosa aos trabalhadores? Terá coragem de afirmar que pretende desmontar a Petrobras e acabar com regime de partilha do petróleo do Pré-Sal e retirar os royalties que iriam para a Educação e a Saúde? E sobre o fim dos reajustes reais do salário mínimo e sua vinculação aos aposentados, defenderá que aposentados possam ganhar menos que salário mínimo? E sobre a Educação e a Saúde afirmará com todas as letras que deseja liberar os governantes dos investimentos mínimos nestas pastas para que eles possam gastar quanto desejarem, ou seja, menos? O que está em jogo não é apenas o governante do país, pois, existem interesses internacionais na desestabilização do Brasil (a Petrobras, o petróleo nacional, a destruição do projeto de soberania nacional, o engate à ré nos projetos do MERCOSUL, da UNASUL e do BRICS). Políticos oposicionistas não revelam suas verdadeiras intenções e uma parcela alienada do povo não consegue pensar além do que a mídia pensa por ela.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O título não faz o Mestre!

Há uma frase do escritor, poeta, romancista e dramaturgo francês Vitor Hugo (1802-1885) que muito aprecio e que diz: “a água que não corre forma um pântano; a mente que não pensa forma um tolo”. E por assim acreditar, mesmo tendo praticamente chegado ao topo do plano de carreira do magistério estadual ainda me faltando pela lei atual doze anos para a aposentadoria posso me dar ao privilégio de fazer cursos de aperfeiçoamento pelo prazer de estudar, por amor ao conhecimento e não mais pela imperiosa necessidade de avanços para garantir acréscimos ao salário. Penso que na Educação Básica trabalhamos num nível muito elementar e o profissional que não abraça os livros certamente regride. O motivo de minha alegria é que concluí o curso de especialização em Geopolítica e Relações Internacionais, que sempre desejei fazer, pois, sou fascinado pela temática. Tive mais dificuldades do que pensava, e houve oportunidades em que me questionei sobre os motivos que me levaram a fazer tal empreitada, pois, não necessitava de outro curso de especialização para avançar na carreira. Mas, como não gosto de começar algo e não levá-lo ao cabo renunciei temporariamente a minha leitura eclética e me dediquei tão somente ao curso, nem por isso, abandonei a leitura, mas, desta vez ela era dirigida, específica, e após muito titubear escolhi o objeto de estudo: a questão árabe-israelense. Fiz uma pesquisa na Internet sobre as obras escritas sobre o tema e escolhi 28 livros, sendo que adquiri em sebos (usados), os poucos que não encontrei nas livrarias do país (Internet), inclusive um livro raríssimo escrito pelo fundador do Sionismo Político, Theodor Herzl (1860-1904). Na fase decisiva não tendo tempo disponível para ler a totalidade dos livros adquiridos selecionei 19 obras, sobre os quais fiz a pesquisa bibliográfica. Como tenho dificuldade para escrever pouco e o TCC do curso era um artigo científico que não poderia ser superior a 25 páginas, fui aconselhado pelo professor orientador a suprimir trechos do artigo e aí veio o imbróglio da questão: como resumir sem perder a qualidade e sem deixar lacunas, essa foi a parte mais difícil, mas, tenho experiência nisso, pois, após escrever o artigo da semana que costuma ficar maior, passo então a resumir para caber no espaço da coluna. E na semana “D” entreguei o artigo científico que intitulei: “O Sionismo e o Apartheid na Terra Santa: do Holocausto Judeu ao Holocausto Palestino”, já devidamente revisado e com as correções sugeridas pelo professor orientador. Como acredito que o conhecimento deve ser compartilhado pretendo no próximo ano fazer palestras gratuitas para estudantes do Ensino Médio e vestibulandos conforme as portas me forem abertas para tal. Sobre o objeto de minha pesquisa, digo que se ao leigo um caminho para a paz na região é considerado difícil, para um estudioso do assunto beira à ingenuidade, mesmo assim, não deixei de apontar um caminho (utópico ou não) para a Paz. E concluo dizendo que estive várias vezes em Congressos e ao observar a lista dos palestristas, a titulação salta aos olhos, mas, não é incomum os menos titulados roubarem a cena. Penso que o título não faz o Mestre, pois, em si não é garantia de grande contribuição aos ouvintes, também, aos Mestres o título em si não basta, pois, ao abrir uma porta até então fechada, um corredor com inúmeras portas se abre perante ele que então se dá conta que nada sabe sobre o que as portas fechadas ocultam de seus olhos e de sua mente. A humildade é a mais sábia companheira de quem busca o conhecimento, a empáfia é a venda que impede ver a luz da sabedoria. Eu tenho muito que aprender, graças a Deus!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Um líder forjado no fogo!

Sobre Lincoln muito já li na forma de artigos e comentários sobre as lições motivacionais que sua vida e seu período na presidência dos Estados Unidos da América proporcionam, e, para me aprofundar no conhecimento acerca de tão importante personagem adquiri o livro que enfim, dois anos mais tarde pude ler, porém, observei várias lacunas históricas que superei com pesquisas paralelas na Internet, também, penso que a obra pecou ao não inserir em suas páginas mapas acerca das batalhas da guerra da Secessão ocorrida no período de seu governo. Soube por meio de pesquisa na Internet que a versão brasileira da obra foi sintetizada e que a original publicada nos Estados Unidos da América é bem melhor, pois, esmiúça os fatos. A obra é a mesma na qual foi baseado o filme de título homônimo, que ainda não assisti, mas, do qual já ouvi bons comentários. A versão brasileira privilegia o período de sua candidatura à presidência em 1860, sua administração (1861-1865), os desdobramentos da Guerra Civil estadunidense, sua reeleição em 1864 e sua morte em 1865. Abraham Lincoln teve uma infância pobre, nasceu em 1809 num quarto de uma cabana rústica no Kentucky, o pai chegou a ser fazendeiro, mas, perdeu todas as suas terras devido a problemas em seus títulos de propriedade, o avô foi morto num ataque de indígenas e sua mãe morreu quando ele tinha nove anos de idade. Na juventude foi condutor de barcaças e lenhador, tinha um porte físico curioso: magérrimo e alto (1,93 m). Era um grande contador de causos, evitava brigas, mas, envolvido se saía muito bem, inclusive surrando os bad boys da época. Não teve a oportunidade de estudar muito, na verdade, não chegou a cursar dois anos completos de ensino formal, mas, sua perseverança fez dele autodidata e supria com os livros que sempre o acompanhavam a carência da carreira estudantil. Fez exame para ingressar na faculdade de Direito e não passou, pegou livros de Direito e estudou-os com afinco e mais tarde prestou um exame nacional para obter o direito de exercer a profissão de advogado e foi aprovado. Exerceu a profissão e cobrava pouco por seus serviços, afinal, todos precisavam sobreviver. Atuava tanto na área do Direito Penal como no Direito Cível e os relatos dão conta que era exímio em apontar contradições e muito temido por seus adversários no Tribunal. Como empresário fracassou, e, à exceção de uma única vez, fracassou em todas as tentativas de eleição para cargos públicos. Sofreu perda prematura de dois de seus quatro filhos. Em 1860 Lincoln tinha o pior currículo dos pré-candidatos à presidência e mesmo assim, com grande perspicácia, conseguiu a indicação e eleito surpreendeu a todos ao convidar para seu gabinete os adversários derrotados. Foi alertado sobre os egos destes e que eles lhe ofuscariam na Presidência, não temeu e os secretários logo descobriram que ele delegava poderes, mas dava a palavra final, sempre. A imprensa lhe fazia forte oposição. Quando irrompeu a guerra civil estadunidense (pré-anunciada pelas lideranças dos estados do Sul na hipótese do abolicionista Lincoln ser eleito), objetivando o desmembramento da União e a manutenção da escravidão. Lincoln se recusou a oferecer a guerra, mas, não em enfrentá-la, após quatro anos e 600 mil mortos, derrotou o Sul, manteve a integridade da União, promulgou a abolição da escravatura, forçou os parlamentares a tornarem lei em todo o país, além disso, modernizou a economia nacional, porém, ao fazer discurso defendendo o direito de voto para os negros, acirrou a ira de radicais simpatizantes da causa do Sul que planejaram um atentado contra ele, seu secretário de Estado e o Vice-Presidente, porém, resultou a única vítima fatal, assassinado por um ator, enquanto assistia a uma peça de teatro, que tanto apreciava. É considerado um dos maiores líderes que os Estados Unidos tiveram. Fica a dica. Sugestão de boa leitura: Lincoln – Doris Kearns Goodwin – Ed. Record, 2013.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A Educação como um castelo de cartas!

As verbas destinadas à Educação são carimbadas e se não o fossem, a Educação que se encontra na UTI pereceria de vez, pois, os políticos preferem construir pontes e chafarizes a “gastar” com Educação. É essa falta de visão de futuro, de compromisso com a nação (patriotismo) que faz com que a Educação, ponto central nos discursos políticos pré-eleitorais, seja tratada com descaso após a vitória nas urnas e o político eleito delegue aos subordinados sem poder de decisão a tarefa de receber os professores para ouvir suas demandas. Aliás, é um absurdo que educadores precisem abandonar os postos de trabalho com aqueles que são o futuro da nação para exigir um mínimo de dignidade em seu trabalho. Vivemos uma crise na Educação, mas, ela não é uma crise da Educação em si, visto que é uma crise da sociedade, de um modelo econômico hegemônico individualista, consumista, social e ecologicamente insustentável. A crise da sociedade ultrapassa os muros da escola e atinge o fazer escolar, ali, se faz sentir a desesperança do adolescente, sem sonhos de um futuro melhor ante a vida de miséria de seus pais ou responsáveis e diante da convicção formada na rotina diária de observação de que a miséria raramente abandona aqueles que a trazem do berço. É muito comum pessoas bem nascidas pregarem a meritocracia como sendo um instrumento de estímulo e premiação aos mais esforçados, mas, os bem nascidos, largam na frente, muito na frente e têm um trecho menor para percorrer. Constato que atualmente os mestres têm uma formação melhor, pois, a maioria, tem formação na área, especializações e mestrados, porém, no passado o respeito ao profissional era maior por parte de alunos, pais, governo e sociedade. A Educação é parte do projeto de país, e país que sabe o que pretende ser e aonde quer chegar, certamente tem políticos e intelectuais conscientes de que não se alcança o desenvolvimento econômico e social sem a valorização da Educação. É preciso atrair para a Educação, os maiores talentos entre os jovens, e, isso é o que não se faz no momento, pois, muitos jovens que poderiam ser bons educadores não têm pretensões em exercer o magistério. Um estudo recente mostrou que cursos de magistério em universidades particulares estão fechando por falta de procura e que muitos profissionais formados no magistério acabam exercendo outras atividades, sendo que o próprio MEC anunciou que haverá no país um apagão de professores a partir de 2030 quando grande parte dos atuais professores estará se aposentando. Penso que para atrair os melhores estudantes para a profissão a valorização salarial é muito importante, mas, não basta, é necessário melhorar as condições de trabalho nas escolas, salas superlotadas não contribuem para a boa aprendizagem devido à dispersão da atenção dos educandos, cujo barulho, torna quase impossível a tarefa do professor, aliás, em recente pesquisa no grupo de países da OCDE (83 países), as classes mais barulhentas são as brasileiras. Dizer que destinar 50% da jornada de trabalho do professor para hora-atividade é imoral, como afirmou o Chefe da Casa Civil do Governo do Paraná, Eduardo Sciarra apenas mostra a visão míope de Educação e o descaso com a mesma. Também as premissas gerais que norteiam a Educação não devem ser construídas de cima para baixo, sem a participação dos profissionais da Educação Básica e nem devem ser mudadas ao sabor da bandeira partidária do momento e essa tem sido a regra. O saudoso Darcy Ribeiro disse certa vez: “A crise da Educação no Brasil, não é uma crise, mas, um projeto que vem sendo muito bem executado”. É um engano pensar que os políticos não sabem como fazer a Educação engrenar, a intenção é justamente que ela nunca funcione, para que a redenção dos filhos da classe trabalhadora jamais ocorra, por isso, a Educação no Brasil é um castelo de cartas, frágil, e que se desmonta com a mais leve brisa pós-eleitoral.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O “Partido” da Escola Sem Partido!

O leitor assíduo desse espaço lembra que em outras oportunidades nestes últimos quatro anos manifestei a minha indignação com as pretensões da ONG Escola Sem Partido, e, não posso deixar de voltar ao tema quando tramita um Projeto de Lei em tal sentido na Assembleia Legislativa do Paraná. Para começo de conversa tal grupo se diz apartidário, no entanto busquei o significado da palavra “Partido” e encontrei: “grupo de pessoas unidas pela mesma opinião, mesmos interesses e mesma ação política”. Então, diante de tudo quanto li acerca de tal grupo, vejo que age tal qual a definição da palavra em questão, pois, trata-se de um grupo que se impõe raivosamente contra professores e autores de livros que ousam contestar a infalibilidade do “deus” mercado, nele apontando máculas que se evidenciam na sociedade socialmente injusta. Os críticos do trabalho intelectual e crítico dos educadores contrariam o artigo 205 da Constituição Federal onde se lê: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, e, no artigo 206, Inciso III: “Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” E também o artigo 5º Inciso IV “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” e Inciso IX “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. Os censores ainda contrariam a LDB em seu artigo 3º Inciso II da Lei 9.394 de 20 de Dezembro de 1996 que estabelece: “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” e o Inciso IV “pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas”. Quanto às Universidades, a Constituição Federal em seu artigo 207 afirma: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e observarão o princípio de indissolubilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Causa estranheza que os integrantes do “Partido” da Escola Sem Partido vociferem contra autores de livros e professores que trabalham de forma crítica se utilizando de ferramentas marxistas (as melhores e mais completas) para análise da sociedade capitalista global, e, nunca façam fortes reclamações quanto a uma “possível doutrinação” efetivada pelos professores do Ensino Básico e Superior que propagam e defendem os ideais capitalistas em suas aulas, mesmo sendo estes a maioria, pois, se é para haver justiça e pluralidade de ideias, a maioria deve também expor de forma justa e equânime a visão marxista aos educandos, pois, no momento, não o faz. O que leio nas entrelinhas é que os partidários da Escola Sem Partido, por suas ações, desejam o pensamento único, qual seja a visão capitalista de mundo. Trata-se de um discurso hipócrita e nada ingênuo, pois, é premeditadamente pensado e cheira a Índex, o livro da Igreja que registrava os autores e obras proibidos aos cristãos durante a Idade Média. Também causa estranheza que nada falem sobre a declarada doutrinação conservadora da Grande Mídia, esta sim, preocupante. Vivemos um momento em que parlamentares paranaenses cheios do espírito da Casa Grande se revoltam contra os Mestres que ousam trabalhar de forma crítica os conteúdos científicos objetivando formar o educando para a cidadania plena. Faz sentido, a Casa Grande sempre temeu o dia em que os integrantes da Senzala aprendessem a ler não apenas as letras, mas, o mundo, e exigissem para si o direito à cidadania. Concluo, afirmando que não podem se intitular amigos da Educação quem exige o silêncio dos professores e também que para que uma ditadura se implante, não é imprescindível que Generais tomem o poder. Os massacres de professores e os projetos de mordaça evidenciam isso!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Entre o sincericídio e a alienação

Há um ano foi anunciada a vitória de Dilma Rousseff, naquele momento não sabia dizer se a sensação de alívio era maior por sua reeleição ou pelo afastamento de um Governo Aécio Neves (PSDB) e tudo o que implicaria, ou seja, corte ou redução dos investimentos sociais, aprofundamento do neoliberalismo e a privatização da Petrobras, bandeira defendida por ele e seus principais colegas de partido, dentre eles, José Serra. Não por acaso, Aécio Neves era o candidato preferido de Tio Sam (Estados Unidos da América) e também do Partido da Imprensa Golpista (PIG) que desde Getúlio Vargas luta para que nossas riquezas sejam servidas na bandeja às empresas estrangeiras em troca de migalhas para a elite subserviente. Não é mera coincidência que nas investigações da “Operação Zelotes” o período das privatizações tucanas levadas a cabo por FHC é justamente aquele em que foi computado o maior envio de remessas ilegais de dólares para o exterior! A Operação Zelotes tem tudo para acabar em pizza, pois, envolve empresários e políticos da direita, então não pode haver denúncias, pois, podem levar a condenações, mas, os envolvidos permanecem tranquilos, pois, a solução já foi encontrada, desviar o foco das investigações poupando gente graúda. Em fins de 2014 comecei a pensar o que seria um governo exitoso de Dilma em seu segundo mandato e cheguei à seguinte conclusão: 1. Dilma deveria fazer a reforma política via assembléia constituinte especialmente eleita para tal fim, uma vez que o Congresso Nacional foi eleito por meio de um sistema eleitoral fajuto e ultrapassado não tendo legitimidade para empreender a tarefa em consonância com os interesses nacionais e do povo brasileiro. 2. Dilma deveria mandar ao Congresso uma proposta para a regulação econômica da mídia acabando com os monopólios cruzados constituídos por seis famílias que controlam jornais, revistas, estações de rádio e de TV simultaneamente, o que contraria o disposto na Constituição Federal. Porém, a oposição resolveu retomar o discurso do golpista-mor Carlos Lacerda (em relação a Getúlio Vargas), parafraseando-o: “Dilma não pode ser candidata; se candidata, não pode ser eleita; se eleita, não pode tomar posse; se tomar posse, não pode governar”. Ante a resposta das ruas, o PSDB, líder da oposição, tudo fez para que Dilma não pudesse tomar posse, e, atualmente tudo faz para que Dilma não possa governar. Foi com perplexidade que observei a composição do Ministério de Dilma com figuras estranhas aos setores progressistas da sociedade como a ruralista Kátia Abreu (PMDB), Joaquim Levy (Fazenda), Cid Gomes (PDT) na Educação, etc. A impressão que deu é que o PSDB havia ganhado a eleição, pois, o governo vem demonstrando grande fragilidade e cedendo espaço aos setores conservadores. Ricardo Boechat afirmou: “Dilma tem que governar e parar de dar conversa para esses vagabundos do Congresso e que não há motivos para o Impeachment e mandou um recado: “Não estou aqui defendendo o PT. Quer tirar a Dilma do Poder? Tira daqui a 3 anos, vai ter eleição. Dá um “cacete” no PT na eleição”. Cid Gomes cometeu um sincericídio e perdeu seu cargo por isso, porém, ganhou em capital político, pois, disse o que grande parte do povo brasileiro gostaria de dizer quando afirmou: “quem é da oposição, tem que fazer oposição, mas quem é da base, tem que apoiar o governo" e mandou o recado aos achacadores do Congresso que contou em número de 300 a 400: “larguem o osso ou saiam do governo”. Mas como já disse o senador Aloysio Nunes (PSDB) à Carta Capital: “a questão não é tirar Dilma do Planalto, o objetivo é sangrar o governo e o PT”. Existem políticos cujo medo é que o medo acabe, para estes, importa que a crise perdure (se suas ambições pessoais são satisfeitas), não importa a que custo econômico e social para o país, o povo (principalmente o pobre) constitui mero detalhe!

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

As estripulias do Imperador

Há alguns meses estava em uma livraria e tendo pegado nas mãos um livro, uma moça se ofereceu para me ajudar e disse que ele era excelente, que o leu e gostou muito. Escutei e escolhi mais alguns com a ajuda da simpática vendedora e, lógico, levei o livro em questão para casa. É bem verdade que a decisão de levá-lo não ocorreu pelo comentário elogioso a respeito do mesmo, que, serviu mais como uma confirmação de uma decisão já tomada, pois, li outras obras de Mary Del Priore e, portanto, sabia da qualidade da pesquisa por ela realizada e que se traduz em vários prêmios já recebidos (Jabuti, APCA, Sérgio Buarque de Holanda, Ars Latina, e Casa Grande & Senzala). A historiadora faz parte de uma nova geração de pesquisadores que estão revisando a história nacional e trazendo à luz vários fatos que marcaram o cotidiano de nossa história. Em “A Carne e o Sangue”, Mary Del Priore revela detalhes acerca do casamento de Dom Pedro I com a arquiduquesa austríaca Maria Leopoldina Josefa Carolina Francisca Fernanda Beatriz da Áustria, filha do último soberano do Sacro Império Romano-Germânico e Imperador da Áustria Francisco I tendo sempre presente e como pano de fundo, os fatos históricos do período. A moça de 20 anos causou desapontamento em parte da população do Rio de Janeiro que alimentava a ideia de ver o herdeiro da coroa unido a uma belíssima noiva europeia. Leopoldina tinha olhos azuis, porém, era gorda, e, portanto, estava distante do ideal de beleza, tinha, porém, na educação e na cultura refinada, seus maiores trunfos. Moça casta, educada para a nobreza, Leopoldina apaixonou-se pelo príncipe que conheceu por meio de uma fotografia, que lhe foi enviada por emissários de Dom João VI, o qual pretendia casar o filho e alinhavar uma aliança com o importante reino da Europa. Leopoldina casou-se oficialmente na Áustria, mas, somente viu seu consorte pela primeira vez ao desembarcar no Rio de Janeiro, uma vez que o casamento se deu com uma procuração de Dom Pedro I e aos convivas foi oferecida luxuosa festa patrocinada por Dom João VI. No Brasil, com a presença dos noivos, nova festa. Mas como a realidade não condiz com os contos de príncipes e princesas, Leopoldina não tardou a descobrir que Pedro I, era infiel, mas, mesmo indignada e deprimida, resignou-se ao papel que à época se esperava das esposas (submissão inconteste). Pedro I causava grande preocupação aos pais das mais belas donzelas, pois, tido como bonito, fogoso e por ser o herdeiro da coroa, mulher alguma recusava suas investidas, as quais não perdoavam nem mesmo as casadas. Não raras vezes, pai e irmãos de suas amantes ganhavam cargos no governo ou no exército como um ato de simpatia do Imperador na aproximação com as moças que lhe despertavam os desejos da carne. Mas o grande amor de Pedro I foi a bela e sensual Domitila de Castro Canto e Melo (Marquesa de Santos) com a qual Pedro I afirmava fazer o amor da Carne enquanto que com a esposa realizava o amor de Matrimônio visando a procriação para garantir a linha sucessória. Os amantes trocaram inúmeras correspondências em que chamavam um ao outro de “Titília” e “Demonão”, porém, com a morte prematura de Leopoldina e a recusa de várias cortes europeias em fornecer uma noiva para Dom Pedro, pois, sua má-fama corria além-mar, resolveu melhorar a reputação enviando a Marquesa para São Paulo, não lhe dando mais os caros presentes e acabando com seu tráfico de influência junto à Corte. Casou-se então com a bela Dona Amélia que pôs ordem na corte, e, mais tarde abdicou em favor do herdeiro D. Pedro II, então, uma criança. Pedro I foi para Portugal recuperar para a filha Maria da Glória, o trono usurpado por D. Miguel e morreu de tuberculose aos 36 anos (1834). Domitila casou-se novamente, viveu até os 70 anos e do passado na Corte do Rio de Janeiro, restaram apenas lembranças que contava aos próximos. Sugestão de boa leitura: A carne e o sangue. Mary Del Priore. Rocco, 2012.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

De que lado você está?

O grande intelectual socialista italiano Antonio Gramsci viveu apenas 46 anos e mesmo assim, parte desse curto tempo de vida como preso político. No cárcere registrou suas reflexões que mais tarde foram revisadas e publicadas formando uma imprescindível contribuição para o intelecto humano. Sua obra aponta caminhos a serem trilhados por todos aqueles que desejam uma educação crítica e formadora de lideranças prontas a desempenhar o protagonismo num mundo pensado e organizado pela burguesia e para a burguesia, sendo que esta reserva ao andar de baixo da sociedade, papel meramente figurativo. Gramsci em sua poesia “Odeio os indiferentes” afirmava que viver é tomar partido. Em nossa sociedade existem pessoas que procuram ser palatáveis aos diversos segmentos ideológicos. Eu, porém, não ligo a mínima em ter a aceitação de grupos e pessoas cujos ideais não comungo e quero ser lembrado como uma pessoa que sempre deixou claro aquilo em que acreditava, e, que jamais surfou a onda do oportunismo. Há alguns dias, como sempre faço, quando me encontro em centros maiores, percorri as livrarias em busca de livros, e eis que me vejo diante de um título sugestivo “De que lado você está?” de autoria de Guilherme Boulos e na contracapa li a seguinte frase extraída de um de seus artigos no livro: “Jesus, se vivesse hoje, estaria ao lado dos direitos sociais e humanos. Estaria com os sem-teto e os sem-terra, com os negros, os imigrantes, as mulheres violentadas e os homossexuais vítimas de preconceito”. Em seguida, nova frase: “a corrupção no atacado é o verdadeiro problema. A burguesia brasileira pede um Estado mínimo e enxuto para o povo, mas, desde sempre teve para si um Estado máximo. Privatizar os lucros e socializar o prejuízo, esta é a sua diretriz”. E penso: Impossível deixar a obra na estante dessa livraria! O livro é uma coletânea de vários artigos de Boulos para a sua coluna semanal na Folha de São Paulo. A obra é impecável e assim como ataca a direita entreguista também aponta as falhas dos governos petistas e sua inoperância quanto à realização de reforma estruturais tais como: a reforma urbana, a reforma agrária, a reforma política, a reforma tributária, a reforma dos meios de comunicação e a reforma do sistema financeiro. Boulos que conta apenas 33 anos é dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), militante da Frente de Resistência Urbana, professor de filosofia formado pela Universidade de São Paulo, especialista em psicanálise e atualmente faz pós-graduação em psiquiatria. Seus artigos empolgam pela lucidez, criticidade e independência. Vários de seus artigos poderiam ser aqui mencionados, porém, isto é inviável, volto então ao artigo “Natal sem hipocrisia” em que fala sobre os motivos que fizeram Jesus ser tão odiado pelos poderosos da época: “[...] Jesus defendeu a igualdade e os mais pobres, condenando aqueles que se apegavam demais às riquezas. [...] Defendeu a divisão dos bens, como signo da igualdade social. [...] Partilhou o pão e os peixes entre todos. [...] Enfrentou os preconceitos. [...] Acolheu os marginalizados. [...] Foi misericordioso com as prostitutas. [...] Combateu o ódio e a intolerância”. Boulos questiona a profunda desigualdade do mundo atual em que 2% da população mundial detêm mais da metade de todas as riquezas, enquanto os 50% mais pobres detêm apenas 1%. E termina o artigo afirmando que “Se Jesus vivesse hoje talvez fosse preso e torturado, do mesmo modo que milhares de brasileiros que não há muito lutaram por igualdade e justiça e que seria sem dúvida crucificado, não por autoridades romanas e sacerdotes judeus, mas, moralmente por muitos dos cristãos que, em seu nome, insistem em combater tudo aquilo que ele defendeu”. Sugestão de boa leitura: De que lado você está? Guilherme Boulos. Boitempo Editorial, 2015.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A democracia sob ataque do Lacerdismo e do Cunhismo

Dante Alighieri afirmou magistralmente que “no inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”. Antonio Gramsci afirmou em poema odiar os indiferentes, pois, viver significa tomar partido. Neste momento em que toda a sociedade é chamada a se posicionar, não há espaço para a neutralidade. O momento atual lembra em muito o golpismo das décadas de 1950 e 1960. Em 1954, Carlos Lacerda (um dos líderes do golpismo) usava a imprensa para atacar Getúlio Vargas que tentava fazer reformas que contrariavam os interesses da Casa Grande, na ocasião, o golpe foi frustrado pelo suicídio de Vargas. Mas, algum tempo depois, a sanha golpista voltou com força total embalada pelos ventos da Guerra Fria pós-revolução cubana tendo ao timão os Estados Unidos da América que patrocinaram o golpe civil-militar, e Carlos Lacerda novamente protagonista com sua oratória raivosa e golpista ajudou a retirar do poder João Goulart, no momento em que ele pretendia fazer as reformas de base (agrária, política, administrativa, bancária e educacional), novamente a Casa Grande desempenhou seu papel de representante dos interesses externos, desta vez, para sustar a tentativa de concessão de direitos à classe trabalhadora, pois, a burguesia tal como os Estados Unidos da América não fazem concessões. Lembro que certa vez estava na Universidade do Professor em Faxinal do Céu e um renomado palestrista disse com grande orgulho que morava na casa que um dia foi de Carlos Lacerda e eu pensei: e ele tem orgulho disso? Eu só moraria nessa casa se antes um Padre jogasse água benta nela e jamais contaria para ninguém, pois, ali certamente tramóias foram planejadas contra a democracia e os interesses nacionais. Lembro que na ocasião havia um repórter da Revista Veja que iria produzir uma matéria sobre a Universidade do Professor idealizada pelo governador neoliberal Jaime Lerner que à época executava uma “política do pão e circo” na educação paranaense, nas escolas, professores desmotivados com salários defasados e sem reajustes, atraso de repasses de verbas para a manutenção das atividades escolares e diretores fugindo dos comerciantes que cobravam o pagamento das dívidas das escolas e na mídia “a revolução na educação pública paranaense”. O repórter entrevistou um colega ao meu lado, hoje, professor universitário, que contou toda a triste realidade da educação paranaense e que Faxinal do Céu era uma cortina de fumaça a encobrir a realidade. Quando a matéria saiu constatei que nenhuma palavra do colega foi publicada e que a matéria, parcial e tendenciosa, fazia jus à fama da Revista, pois, nela havia apenas elogios ao mandatário neoliberal do Palácio Iguaçu. Neste momento, o “lacerdismo” atua na imprensa para moldar a opinião pública contra o grupo político que mais fez pela classe pobre deste país, mas, que pecou por não ter tido a coragem de fazer reformas importantes como a tributária, adotando o sistema progressivo, fazendo com que os pobres e a classe média paguem menos impostos que a elite econômica; a reforma bancária, na qual deveria fazer uma auditoria da dívida pública; a reforma dos meios de comunicação para impedir que a informação (direito de todos) continue sendo monopólio de seis famílias e a imprescindível e legítima reforma política. A inoperância petista e a crise econômica deu aos “Lacerdas” dos meios de comunicação e aos “Cunhas” do Congresso Nacional denunciados por Cid Gomes como achacadores a oportunidade de promover despudoradamente o assalto à democracia em defesa de interesses vis, particulares e/ou externos. O momento pede o posicionamento de cada cidadão patriota, pois, não se trata de defender unicamente Dilma, mas, a própria democracia!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O Golpe está no ar!

Há algum tempo escrevi neste espaço o artigo “Paraguai: um passo atrás” em que lamentei o destino daquele país que uma vez mais mostrava ao mundo a sua eterna sina de não ver consolidada a democracia nacional. Lembro que várias vezes li artigos e livros sobre a eterna fragilidade da democracia na América Latina sempre às voltas com golpes efetivados pelas forças armadas a serviço da elite econômica local ou internacional contra governos democraticamente eleitos. Durante o episódio golpista paraguaio, tal país foi parcialmente suspenso do MERCOSUL, perdendo seu direito ao voto nas decisões a serem tomadas pelo bloco até que restabelecesse a democracia com a instalação de um governo eleito pelo sufrágio universal. A decisão do MERCOSUL foi acertada, pois o tratado do bloco estabelece que seus membros obrigatoriamente adotem regimes democráticos, e o que se viu no Paraguai foi um arremedo de processo de Impeachment dado o brevíssimo tempo para o Presidente Lugo fazer sua defesa, e a celeridade da decisão tomada de antemão pela imensa maioria conservadora do parlamento. Neste momento, o Brasil passa por uma situação semelhante, sendo que a situação agravou-se após as últimas eleições em que o Congresso Nacional teve ampliada sua bancada de parlamentares conservadores, portanto, defensores dos interesses da alta burguesia nacional e estrangeira à custa da redução do número dos parlamentares comprometidos com a classe trabalhadora. É ensurdecedor o silêncio da Grande Mídia quanto às denúncias de corrupção envolvendo o Presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, sendo que a Revista VEJA porta-estandarte que é do golpismo atual encontrou uma falsa conta na Suíça atribuída a Romário e não foi capaz de descobrir as contas agora divulgadas de Eduardo Cunha e familiares naquele paraíso fiscal. Também espanta o cinismo de caciques políticos da oposição que perderam o pudor ao abandonar os escrúpulos que ainda tinham ao apoiar abertamente o golpismo, para o qual, o silêncio quanto à Cunha é fundamental, pois, aos mesmos resta torcer para que este encaminhe logo o processo de Impeachment contra a Presidenta (mesmo com ausência de provas, pois, nada que aponte diretamente contra ela foi até o momento encontrado) antes de ter ele próprio seu mandato cassado. Tais caciques da oposição pensam que não se trata de um processo jurídico, mas, político, sendo assim, não há necessidade de provas incontestáveis de culpabilidade da Presidenta, basta seguir os ritos e haver vontade política dos parlamentares em atender aos supostos anseios da sociedade traduzidos pelas pesquisas de opinião com a rejeição ao Governo Dilma, porém, uma ressalva: pesquisas não traduzem a reação popular que constitui uma incógnita! Há, no entanto, alguns políticos oposicionistas, que se preocupam com os encaminhamentos dados à questão e afirmam que um processo de Impeachment como o que se quer montar irá trazer consequências futuras para todos, pois, nem mesmo os representantes do Poder Executivo Estadual terão segurança da manutenção de seus mandatos quando confrontados a uma grande maioria opositora nas Assembleias Legislativas. Também é interessante observar que grande parte dos manifestantes que ganharam as ruas protestou de forma seletiva, pois, seu discurso anticorrupção visava unicamente os integrantes do PT e aliados da esquerda, porém, ignorando os inúmeros representantes oposicionistas da direita envolvidos em escândalos de corrupção. Eu tenho críticas ao Governo Dilma, mas, também a convicção de que a crise vai passar e que se está difícil com Dilma seria imensamente pior com Aécio. Paira no ar, uma sólida tentativa de golpe, mas, como Marx professorou: “Tudo o que é sólido, desmancha no ar”!

sábado, 3 de outubro de 2015

O tema é que me escolhe!

Penso que algumas vezes precisamos desacelerar e refletir sobre a vida que obramos, dessa forma, retorno minhas lembranças para a sala de aula ao momento em que era um estudante (que jamais deixei de ser por força da profissão) e adquiri o hábito e o prazer pela leitura que me acompanham pela vida graças ao empenho dos mestres e mestras que tive. Lembro-me que fiz um teste vocacional e que teve como resultado minha aptidão para o jornalismo e/ou magistério na área de Ciências Humanas. Apesar de não acreditar em testes vocacionais, reconheço, estava certo, pois, meu sonho era ser jornalista, mas, apesar da vontade, por falta de condições financeiras não pude realizar. Desejava ter um diploma do Ensino Superior e escolhi o curso de Geografia por gostar desta disciplina e nem sequer tinha a pretensão de ser professor, e, na sala de aula, com muito gosto, me encontro há 24 anos. Na escola era elogiado pelas redações que fazia, porém, mesmo estudioso fazia o tipo discreto, talvez, devido à timidez que me acompanha até hoje. Sempre tive dificuldade para ser sucinto e nesse sentido agradeço ao pessoal da diagramação do jornal que sempre demonstrou paciência comigo apesar da preocupação para encaixar os longos artigos que escrevo. Aproveito o momento e parabenizo a equipe do Jornal Correio do Povo pela passagem de seus 25 anos de circulação e digo que tenho muito orgulho de fazer parte desta história. Apesar de freqüentar as páginas do jornal há apenas quatro anos, mantenho um blog com o mesmo nome da coluna há oito anos e escrevo de forma esporádica para a imprensa escrita há 24 anos, desde que era um jovem acadêmico. Penso que escrever é um prazer inenarrável, portanto, não o faço por obrigação, leio muito, reflito bastante e escrevo aquilo em que acredito, sem a pretensão de mudar a opinião de ninguém. Tenho apenas dois objetivos, o de mostrar aos que pensam como eu de que não estão sozinhos e também levar aos leitores reflexões a partir de um ponto de vista diferenciado ao que geralmente se observa na mídia, não é por acaso que este espaço se chama “A Vista de Meu Ponto!”. Entre as minhas primeiras publicações para esta coluna está um artigo ao qual dei o título “Soprando a Poeira” em alusão ao Príncipe Philip, duque de Edimburgo, consorte da rainha Elizabeth que afirmou: “É impossível soprar a poeira sem que um bom número de pessoas comece a tossir”, pois, como meus textos são carregados da ideologia que me é própria certamente agrada a uma parcela dos leitores e desagrada aos demais, tanto é assim, que já recebi cartas apócrifas e também olhares enviesados de pessoas ideologicamente opostas. Mas, o resultado é altamente positivo, tanto é assim, que já ganhei elogios que muito me envaideceram por virem de pessoas às quais tenho grande consideração e admiração o que me motiva a continuar. Lembro que, um professor me aconselhou a escrever no padrão Tweeter (140 caracteres) para obter mais leitores e lhe afirmei que não escrevo para este tipo de leitor, pois, a pessoa que tem preguiça de ler textos longos (necessários para aprofundar o tema) é também a que tem preguiça de pensar. Outro fato muito louco é que nem sempre escolho o tema, o tema é que me escolhe, pois, coloco um título e vejo ao final que escrevi sobre outro tema, então resta mudar o título. Às vezes tudo que tenho é um título, noutras, tal como uma receita de bolo, vários ingredientes a colocar no texto, e às vezes, não faço ideia do que escrever e em pouco tempo tenho um artigo pronto, mas, sempre ao final, sinto o prazer de compartilhar alguns momentos de reflexão, pois, a maior riqueza que busco nesta passagem por este mundo é o conhecimento e quem encontra o conhecimento e não o reparte, não é digno dele!

sábado, 26 de setembro de 2015

Um passo necessário em direção à democracia!

Se você assiste regularmente os telejornais da TV Globo, certamente já perdeu as contas de quantas vezes viu imagens de um relógio que conta os valores pagos em impostos pelos contribuintes aos governos municipais, estaduais, e, federal. A ideia de tal aparato tecnológico não deve ser alvo de crítica, pois, a população deve saber quanto paga para cobrar os serviços, no entanto, observo que a ênfase dada leva a população a pensar que se tratam apenas de impostos federais.Isso acontece com o preço da gasolina, cuja maior carga é de tributos estaduais 28% (ICMS) contra 11% de impostos federais (CIDE, PIS/PASEP, COFINS). Penso que é muito importante que as pessoas saibam qual é o valor do imposto que pagam, mas, também para quem pagam, uma vez que, como disse, há tributos municipais, estaduais e federais. A imprensa sataniza tanto os impostos que a impressão que dá é que caso se estabelecesse o imposto zero, todos os problemas do país estariam resolvidos, mas, a grande mídia não diz é que deseja a redução da carga de impostos para a classe que mais sonega e que tem à sua disposição inúmeras brechas na lei que lhe permitem legalmente dar o drible da vaca no Leão do Imposto de Renda. Sabemos que os países que possuem as menores cargas tributárias, são também aqueles em que o Estado é fraco ou ausente, ou seja, não dota o país da infra-estrutura necessária, não possui políticas sociais e nem possui sistemas de educação e de saúde públicas. O maior problema não está na carga tributária brasileira, que não é a maior do mundo como alguns órgãos de imprensa maldosamente divulgaram. O nó da questão está na qualidade dos serviços ofertados frutos da má-gestão e corrupção que segundo estimativas corroem um terço dos valores que deveriam chegar à população na forma de serviços. Também é importante que se diga que a iniciativa privada gosta e muito dos recursos públicos e que o financiamento de campanha nunca foi fruto do ardor democrático dos empresários, pois, sabemos empresário não faz doações para campanhas políticas, mas, investimentos com a expectativa de uma generosa retribuição na forma de contratos viciados. A iniciativa do STF em proibir o financiamento empresarial de campanha é uma notícia maravilhosa para a democracia nacional e para todas as pessoas que verdadeiramente se opõem à corrupção e não apenas de forma seletiva a um grupo. Também fico pensando por que ao sonegômetro, o relógio homônimo que mostra à população o quanto o país perde com a sonegação, a Grande Mídia não dá o mesmo destaque? Afinal, sonegação também é corrupção! Penso que seria muito importante o público saber que em nosso país a carga tributária é regressiva, ou seja, a elite econômica paga menos impostos que a classe média e assim sucessivamente, não falo de valores nominais, mas, de valores percentuais, pois, esta se dá principalmente sobre o consumo e atinge a todas as classes sociais, porém, o mesmo percentual aplicado a quem ganha um salário mínimo e a quem ganha um milhão de reais por mês penaliza mais o primeiro. Nos países desenvolvidos os impostos sobre o consumo são reduzidos, pois, a tributação ocorre mais fortemente sobre a renda, porém, com mais faixas de enquadramento, lá, o Leão arranca nacos generosos de heranças e das grandes fortunas. No Brasil, o Imposto Sobre Grandes Fortunas está previsto no artigo 153 Inciso VII da Constituição Federal de 1988, porém, condenado ao limbo do esquecimento pela maioria de abastados integrantes da elite econômica nacional que forma o parlamento. O país precisa dar um passo em direção à democracia e fazer uma reforma tributária que reduza os impostos sobre o consumo e aumente a cobrança sobre a renda, a herança e principalmente sobre as grandes fortunas.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A crise, a mídia e os efeitos psicológicos!

Paulo Henrique Amorim popularizou a expressão “PIG” (Partido da Imprensa Golpista) que segundo ele é formado pelos grandes grupos midiáticos que abandonaram o jornalismo sério e passaram a fazer o papel que caberia aos partidos de oposição aos governos de esquerda que dirigem o país desde 2003. Não por acaso, o apresentador de TV e blogueiro publicou recentemente o livro “O Quarto Poder”. O sugestivo título do livro remete à imprensa, assim considerada, e cujo maior poder não está naquilo que divulga, mesmo carregado da ideologia que lhe é própria, mas, sobretudo aquilo que intencionalmente omite, ou seja, além de levar o telespectador, ouvinte ou leitor a pensar de acordo com um estratagema, também omite as informações consideradas prejudiciais aos interesses da classe social/grupos econômicos que a Grande Mídia representa. Penso que se você estiver angustiado pela violência do “mundo cão” em que vivemos, ajuda muito no aspecto psicológico, não assistir aos programas policiais, que em muitos países desenvolvidos já foram proibidos, isso não irá frear a violência, mas, certamente fará com que você tenha menos probabilidade de desenvolver doenças psicológicas ou alterações comportamentais. Da mesma forma se você deixar de assistir demasiadamente certos canais que repetem exaustivamente o tema crise, e, passar a olhar para os aspectos palpáveis da crise econômica se tornará mais otimista, pois verá que já passamos por crises mais graves e sobrevivemos, pois, o que temos é uma mídia parcial que adotou a agenda negativa, ou seja, divulga somente notícias que causam desgaste ao Governo e evita a divulgação de notícias benéficas para que o PT perca seu capital eleitoral perante a população. Tanto é assim que se você perguntar à pessoas leigas qual é o partido mais corrupto do país, há grande chance de estes afirmarem ser o PT, quando este se encontra na nona posição num ranking liderado respectivamente pelo DEM, PMDB e PSDB. Já observei que as pessoas que se submetem excessivamente à audiência de telejornais são os mais angustiados com a situação econômica pela qual passa o país sendo, que houve quem me falasse que o país entrou numa crise econômica da qual “jamais” terá forças para sair. Na realidade atual do capitalismo global não há céu de brigadeiro para ninguém, nem mesmo para a poderosa China, maior credora individual dos Estados Unidos. Nós brasileiros, vivemos um momento de turbulência, mas que não se compara ao governo FHC em que uma turbina estava falhando e a outra pegando fogo, pois, naquela ocasião, tínhamos apagão energético, balança comercial desfavorável, taxa de desemprego mais alta, forte arrocho salarial, inflação mais elevada e reservas cambiais minúsculas se comparadas ao montante atual e por três vezes imploramos de joelhos o socorro do FMI, ao qual, não se cogita em hipótese alguma recorrer, até porque o Brasil é credor do FMI e também o quarto maior credor dos Estados Unidos. Não me preocupa que a suspeitíssima agência de avaliação de riscos Standard & Poor’s tenha rebaixado a nota do Brasil, pois, na avaliação de riscos, o país ainda se encontra quatro notas acima do Governo FHC e também porque essa agência por incompetência ou má-fé, jogou muita gente na miséria ao avaliar positivamente o falimentar banco Lehman Brothers. Não me preocupo com os jovens, que não conheceram o Brasil da hiperinflação (Deus o tenha, Itamar Franco, Pai do Plano Real), mas, preocupa-me ver gente calejada que cresceu convivendo com crises maiores desanimando. A verdadeira nota de confiança no país quem dá somos nós, pois, o nosso desânimo é a energia dos especuladores e a alegria dos políticos oportunistas e é sandice torcer pela queda do avião em que estamos embarcados!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A terra dos Aiatolás!

Sempre que me refiro ao Ayatollah Ruhollah Khomeini, os alunos reagem com grande espanto ante ao estranho nome do grande líder da Revolução Islâmica de 1979 que destituiu o Xá Reza Pahlevi que havia modernizado, ou melhor, ocidentalizado o Irã e feito deste, aliado dos Estados Unidos e também seu fornecedor de petróleo. Nós ocidentais temos uma visão muito distorcida acerca do país persa (o Irã não é um país árabe como muitos pensam!) declarado pelo ex-presidente George W. Bush como pertencente ao “eixo do mal” e isto se deve a uma imprensa fortemente engajada à estratégia geopolítica estadunidense que como sabemos para fazer valer seus interesses lança mão dos artifícios mais sórdidos possíveis, nada de se estranhar em se tratando da única nação na história que teve a coragem, ou melhor, a covardia de utilizar bombas atômicas contra uma população civil indefesa configurando, portanto, crime contra a humanidade e pelo qual jamais foi julgado. Certa vez li que “o grande poder da imprensa não está no que ela noticia, mas sim no que ela omite” e isto evidencia porque a imprensa é considerada o quarto poder, pois, se além de poder escolher o que o povo deve ou não saber, ainda induz o raciocínio de seus leitores e telespectadores. Durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988) Saddam Hussein era o “bom” aliado dos Estados Unidos da América que tinha sido preparado e incentivado a lançar-se contra o Irã diante da impossibilidade estadunidense da obtenção de apoio doméstico a uma nova guerra para a derrubada do regime dos aiatolás (Os EUA haviam perdido a guerra do Vietnã e com ela milhares de vidas), nesta época, todo avanço iraquiano era noticiado com regozijo pela mídia ocidental e todo revés frente às tropas iranianas era visto com preocupação ante à suposta ideia de dominação e islamização do mundo pelos ditos fanáticos aiatolás. A Guerra Irã-Iraque terminou sem vencedor, mas, resultou como o engenheiro leitor bem sabe na primeira Guerra do Golfo, na criação da Al-Qaeda e nos freqüentes ataques terroristas a alvos estadunidenses e na invasão ao Iraque (2003). Samy Adghirni publicou um livro sobre o país persa e nele mostra um Irã mais complexo e atraente do que a imprensa ocidental costuma mostrar, relata que é uma nação com alto IDH (superior ao brasileiro), quase nenhum analfabetismo e grande parcela da população formada no Ensino Superior, a qual conta com o hábito da leitura (Paulo Coelho é muito famoso por lá). Os iranianos adoram ler e recitar poesia em suas falas, e, têm acesso mesmo que por meio da pirataria aos filmes hollywoodianos. O povo iraniano tem com o Ocidente uma relação de amor e ódio, amor porque há muita coisa que admira e ódio porque é justamente o ocidente liderado pelos EUA que torna suas vidas mais difíceis com o embargo econômico. O autor deixa claro que a busca do conhecimento nuclear pelo Irã tem como intenção fins pacíficos ao contrário do que pregam Israel e Estados Unidos. As regras islâmicas são duras, mas, boa parte da população comete alguns “pecados” no recôndito de seus lares quando os jovens fazem festas ao som de músicas românticas regadas a bebidas contrabandeadas. Nestas ocasiões, as jovens levam roupas mais descoladas na bolsa para vestir no local e roupas sóbrias para seu deslocamento na rua. No Irã, se uma mulher estiver realmente interessada num homem, não é surpresa para os locais, ela tomar a iniciativa e ao contrário do que pensam os ocidentais, elas namoram antes do casamento. A obra de Adghirni encanta pelo deslumbramento ante um país e um povo surrealmente belos. Deixo para você, engenheiro a dica! Sugestão de boa leitura: Os Iranianos – Samy Adghirni. Editora Contexto, 2014. P.S. Os iranianos costumam tratar quaisquer pessoas que querem reverenciar como engenheiros devido ao grande apreço que têm pela engenharia.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Comprando gato por lebre!

Há quem diga que tenho a mania de querer ter sempre razão, penso que isso não corresponde à verdade, pois, jamais assumi compromisso de fidelidade com o erro, desta forma, não tenho problemas em reconhecer equívocos na minha reflexão ou ação. Sempre que passo por uma cancela de pedágio paranaense, e, depois de, em conformidade com a lei, ter sido devidamente assaltado, penso que sou em parte culpado por essa situação. Sim, eu votei em Jaime Lerner em 1994! Errei, reconheço e me cobro muito por isso. Queria evitar um mal que pensava ser maior, a eleição de Álvaro Dias, o autor do massacre dos professores em 1988. Também estava empolgado com o famoso urbanista, que criou soluções geniais para Curitiba, e, que em campanha soube utilizar imagens do massacre de 1988 para barrar as pretensões de retorno de Dias para o Palácio Iguaçu. Penso que naquele momento (1994) estava entre a Cruz e a Espada, mas, em 1998 votei contra a sua reeleição, porém, o povo paranaense deu mais quatro anos para Lerner que aprofundou o neoliberalismo no Estado (FHC fazia o mesmo no governo federal) e o afundou numa crise financeira com atrasos de pagamentos do funcionalismo e mais endividamento público. Percebi que fui vítima da idealização que fiz desse político e que não correspondia à realidade, mas, apenas à construção por meio de marketing midiático. Em 1989 assisti o discurso de Fernando Collor de Mello (na época, um jovem herdeiro do cacife político e financeiro de uma conhecida oligarquia alagoana) na praça central de minha cidade e ouvi o bastante para perceber que estava certo na minha convicção de em hipótese alguma votar nele, que vinha a galope no obscuro e nanico Partido da Reconstrução Nacional (PRN) com o tradicional discurso anticorrupção e com forte apoio da Grande Mídia. Passado algum tempo, o dito “Caçador de Marajás” sofreu um processo de impeachment por corrupção. Conheço fervorosos eleitores de Collor em 1989 e que atualmente se referem maldosamente à Lula alterando a grafia para “Lulla”. Acho curioso e penso que tem mais de Collor nessas pessoas do que de Collor em Lula. Em 2002 votei em Flávio Arns e o ajudei a se eleger Senador da República pelo PT, um partido de esquerda (hoje está mais para centro-esquerda) e o fiz, por ele ser candidato pela esquerda ideológica, ser irmão da saudosa Zilda Arns e por sua atuação junto à APAE. Senti-me profundamente enganado e traído quando Flávio Arns deixou a esquerda e foi militar na direita (PSDB) levando consigo o mandato a ele confiado por pessoas idealistas, porém, ingênuas como eu. Não o perdôo por isso e jamais votaria nele novamente. O que há em comum entre Fernando Collor de Mello, Jaime Lerner e Flávio Arns? Os dois primeiros foram eleitos por meio do voto personalista, pois, estavam acima das bandeiras de seus partidos políticos e Flávio Arns aproveitou-se da maré vermelha de 2002 e elegeu-se Senador pelo PT e a sua falta de coerência ideológica ou oportunismo o levou a mudar-se para a direita traindo os eleitores que votaram guiados pela consciência ideológica. Tenho ouvido muita gente falar em anti-partidarismo, em fim dos partidos políticos e em votos personalistas, ou seja, votos somente nas pessoas dos candidatos. Penso que não há ideia mais fascista, pois, na história mundial já houve muitas ditaduras anti-partidárias (o nazismo, o fascismo italiano, etc.). E a extinção dos partidos políticos favoreceria as elites econômicas representadas pelas oligarquias que governam este país desde sempre em detrimento dos líderes trabalhistas. Penso que deveria ser feita uma reforma política (isso é assunto para outro artigo) contando entre outros itens com a redução do número de partidos políticos, o fortalecimento dos mesmos e a posse do mandato em nome do partido político para que o eleitor “não compre gato por lebre”.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Somente no Brasil!

Li no editorial de um importante jornal que “somente num país como o Brasil um partido social democrata como o PSDB pode ser tratado como um partido de direita”, ora, penso que somente no Brasil um partido que tem a denominação “Partido da Social Democracia Brasileira” é tudo, menos social democrata, pois, li que em recente reforma estatutária o PSDB abandonou o princípio da social democracia e estabeleceu o antagônico princípio do liberalismo econômico. Faz sentido, deveria mudar também o nome, pois, soa contraditório um partido social democrata (pelo menos na denominação) ser a ponta-de-lança do neoliberalismo no país. Os cientistas políticos estrangeiros que estudam nosso país certamente estranham que o dito Partido da Social Democracia Brasileira, que deveria ser um partido à esquerda, e, representante dos anseios populares por mais presença do Estado, quando esteve no poder com o “sociólogo” FHC tenha se notabilizado por torná-lo mínimo, pois, ao invés de construir o Estado de Bem-Estar Social, objetivo primordial de todo partido social democrata partiu para um agressivo programa neoliberal alinhado ao Consenso de Washington (via submissão ao FMI) e perseguiu sindicatos e movimentos sociais. O grande capital nacional e estrangeiro tem ojeriza à implantação de Estados de Bem-Estar Social, pois, estes têm um custo econômico e para serem bem efetivados a contribuição financeira por meio de impostos deve ser justa, portanto, as pessoas mais aquinhoadas devem pagar mais impostos que as pessoas de menor renda, ou seja, os impostos precisam ser progressivos e não regressivos como é praxe no Brasil. Também li que os movimentos sociais agem de forma antidemocrática ao fazer manifestações visando impedir a derrubada da presidenta. Ora, fazer manifestações é mostra da maturidade de nossa democracia, pois, se hoje vemos até gente tresloucada pedindo a volta da ditadura militar é porque vivemos num regime democrático. Note-se que ao contrário do ocorrido no Paraná em 29 de Abril de 2015, quando educadores foram massacrados e feridos numa manifestação contra a perda de direitos no governo Beto Richa (PSDB), os manifestantes de 16 de Agosto que pediam o Impeachment da Presidenta Dilma (PT) não foram agredidos, pois, sendo a presidenta uma vítima da ditadura e tendo sido ela torturada nos anos de chumbo ao lutar pela democracia, não seria ela a impedir a manifestação do povo, mesmo que estes manifestantes tenham interesses que vão à contramão da democracia, pois, lutam pela preservação de privilégios de uma classe e não para a manutenção de uma política que retirou quarenta milhões de pessoas da miséria, cujo sucesso é flagrante com a divulgação do mapa mundial da fome pela ONU em que pela primeira vez o Brasil não figura entre as nações atingidas por tal flagelo. Os movimentos sociais lutam pela não ruptura da ordem democrática, afinal, o Impeachment não é um instrumento a ser utilizado em caso de derrota eleitoral do candidato dos manifestantes, mas, uma salvaguarda da democracia após amplo processo de investigação e constatação da culpabilidade direta do governante e que deve ser levado a cabo somente após a concessão de amplo direito de defesa e evidente fracasso desta. Penso que a alienação, o baixo nível cultural, a má qualidade da informação, a pouca prática da reflexão fundamentada leva a absurdos em que pessoas atendem ao aceno de políticos ficha-suja cujo grupo a qual pertencem quando no governo esteve nada fez no combate à corrupção e governou o país, tal e qual há 500 anos, pelas elites e para as elites, dessa forma é um paradoxo que defendam mais saúde, educação, democracia e o fim da corrupção combatendo o grupo que mais realizou nessa matéria. De forma surreal há quem goste de se sentir parte da elite, mesmo sendo esta o símbolo maior de todo o atraso deste país, pois, como já dizia Chico Anysio “No Brasil tem até pobre de direita”.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Sua Excelência: o Corrupto!

O Juiz de Direito Márlon Reis publicou um livro indispensável para todos aqueles que de fato, se indignam com a corrupção existente em nosso país e não fazem desta, mera retórica. Digo isso porque vejo pessoas que denunciam os fatos envolvendo políticos da esquerda, mas, se calam perante a corrupção de importantes figuras da direita. De forma surreal, existem críticos da corrupção política que praticam pequenas corrupções cotidianas, furando filas, subornando policiais ou agentes públicos, sonegando impostos, colando na prova, plagiando artigos científicos ou trabalhos escolares, vendendo o voto em troca de benefícios particulares, ou, fazendo “gato” para ter acesso gratuito à TV por assinatura. Alguns poderão dizer que isso é nada se comparado ao que fazem os políticos, porém, a natureza é a mesma, pois, corrupto é todo aquele que se desvia da ética, não importa se com pouco, ou com muito. Guimarães Rosa genialmente afirmou: “Eu quase nada sei, mas desconfio de muita coisa” e foi com este pensamento que iniciei a leitura do pequeno livro e ao ler coisas que a bem da verdade não constituem novidades senti profunda decepção ao confirmar minhas suspeitas. Márlon Reis entrevistou deputados federais e estaduais de diversas unidades federativas aos quais se comprometeu mantê-los em anonimato. Os deputados depoentes esclareceram o modus operandi da corrupção inclusive afirmando que “a pessoa que entra na política precisa entrar no sistema ou dele será cuspido fora”. Há relatos de que as eleições são decididas pelo montante de dinheiro empregado e que é o voto comprado e não o voto idealista que decide quem será eleito. Os deputados são caracterizados como vaidosos e que gostam de afirmar serem trabalhadores a serviço do povo, mas, na realidade não é assim que veem de fato a situação. O autor afirma também que há deputados que lutam ferozmente por emendas para obras públicas para os seus redutos eleitorais, pois, além de fortalecerem-se perante o eleitorado para a próxima campanha levam uma porcentagem em torno de 20% referente ao butim de praxe. Relatou que muitas vezes, as obras são feitas com materiais de pior qualidade visando economizar para que seja possível fazer os repasses da comissão do deputado que conseguiu a verba, e, um maior lucro para o empresário “parceiro” sem esquecer-se dos fiscais cujo parecer favorável é necessário para a entrega da obra. As campanhas são realizadas com o reforço do Caixa 2, que é constituído por dinheiro público (via corrupção) ou de doações ilegais de empresários que “financiam não somente o potencial vencedor como o possível perdedor, pois, o perdedor de hoje é o vencedor de amanhã”. E, além disso, no caso de uma traição do vencedor, o perdedor ficará na oposição e poderá vir a ser muito útil. Após as eleições, o empresário doador de campanha cobra a fatura e esta é paga na forma de licitações viciadas com participantes e orçamentos combinados cujo vencedor está predeterminado. O preço é superfaturado, e, quando o valor alcançado não é considerado suficiente a solução é a economia de materiais (baixa qualidade) para propiciar o pagamento das comissões. Apesar da frustração de ver confirmadas no pequeno livro tudo aquilo que o leitor abomina, a obra é imprescindível para entender melhor os meandros da política por cujos labirintos o dinheiro público se esvai na forma de corrupção. Também é importante afirmar que não podemos desistir de interessarmo-nos pela política pensando que nesta seara tudo é joio, pois, há também o trigo, portanto, importa retirar o joio, que não é pouco, mas, do esforço de todos virá o pão que sacia a fome de desenvolvimento da população. Sugestão de boa leitura: O Nobre Deputado – Relato chocante (e verdadeiro) de como nasce, cresce e se perpetua um corrupto na política brasileira. Editora LeYa, 2014.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Democracia: a minha, a tua e a deles!

Lembro que adolescente, em 1984, lamentei a não aprovação da emenda Dante de Oliveira que instituiria a volta das eleições diretas para a Presidência da República, pois, a ditadura numa derradeira demonstração de força mobilizou sua base e decidiu que a escolha do primeiro presidente civil pós-ditadura seria por meio do colégio eleitoral. A maioria do povo ansiava pela democracia, mas, jamais a unanimidade. Ainda hoje, há quem defenda a volta da ditadura militar e sinta profundo ódio à democracia e tudo o que ela representa, ainda mais, num momento em que a democracia brasileira demonstra sua maturidade com a eleição de um presidente metalúrgico, ex-flagelado da seca, e, como tal, retirante do sertão no tradicional “pau de arara” e a primeira mulher a governar o país, uma ex-presa política torturada nos porões da ditadura militar. Porém, o machismo e a misoginia não dão trégua à Presidenta Dilma e a velha questão do berço, herança dos tempos oligárquicos que nunca se foram jamais poupou Lula, pois, ao não ser oriundo da elite e nem amealhado fortuna por herança não podia nunca ter sido alçado ao cargo de presidente do Brasil. Enganam-se todos que pensam que o sistema representativo surgiu devido ao crescimento populacional e à consequente inviabilidade de consultar a grande população, nem mesmo na Grécia Antiga todos eram cidadãos e tinham poder de decisão. A democracia representativa e o sistema republicano flertam e sempre flertaram com as oligarquias e atualmente com a intelligentsia, ou seja, os especialistas na área da economia, da administração, etc. As elites sempre se consideraram as únicas qualificadas para conduzir o cego rebanho que no entender delas é ignorante e não sabe dirigir o destino do país, e, assim, o “gado” faria melhor aceitando seu papel predeterminado pelo berço. Não causa estranheza, que uma gente caucasiana bem nascida e que jamais passou a incerteza de ter ou não o que comer no dia seguinte, bata panelas e peça por mais democracia, quando na verdade deseja o oposto dela, ou seja, que a fome volte a reinar nos lares dos “incompetentes”, pois, no entender dessas pessoas, o país era melhor quando era de poucos, pois, hoje, essa “gente sem pedigree” congestiona as rodovias com seus carros populares financiados, e, pior, lota até mesmo os aeroportos. Para esse pessoal, todo político que atua no sentido de atenuar as injustiças sociais é populista e quem nele vota é ignorante, apegado ao passado de ideais revolucionários que há muito se mostraram equivocados ante a única verdade universal, a do “deus mercado”. No mundo todo, o que existe são sistemas mistos que integram oligarquias estatais e econômicas e tentam reduzir o apetite insaciável destas por meio da participação do povo que não é mera vítima, mas, responsável pelo sistema global de dominação por meio do fetiche da mercadoria e do consumismo. Se a democracia fosse plena, os mandatários não poderiam se perpetuar no Poder, os mandatos seriam curtos, não renováveis e a ingerência do capital financeiro sobre o processo eletivo não se faria presente. O que temos é justamente o contrário, um sistema que beneficia as elites e dá a impressão ao povo de que tem no voto o poder de decidir quem governará e isso é ilusório, pois, mudam os nomes, mas as oligarquias permanecem com o apoio da conservadora classe média e da juventude que afirma querer mais democracia, mas, fortalece as oligarquias que a combatem e obtém assim, não o que declara, mas, o que deseja profundamente, uma sociedade excludente e que concede aos mesmos tão somente a liberdade de consumir. Sugestão de boa leitura: O ódio à democracia – autor: Jacques Rancière. Boitempo, 2014.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Um país entre dois projetos e o homem que encolheu!

“O Brasil é a potência do futuro” diz a famosa frase, motivo de ansiedade e angústia para os brasileiros, ansiedade por dias melhores e angústia pelo futuro que teima em não chegar. Vivemos uma brisa de esperança com os governos progressistas de Lula e Dilma, mas, reconheçamos nunca tivemos ventos favoráveis, quando houve fortes ventos, sopraram contra nós. Vivemos uma crise, que, tenho convicção, não seria menor com Aécio, pelo contrário, seria pior, pois, Aécio é um político bem ao gosto do grande capital nacional e estrangeiro, e como tal rezaria a cartilha do Consenso de Washington aplicando doses cavalares do remédio (veneno) neoliberal. Aécio também afirmou que o salário mínimo está alto demais e, portanto, certamente encerraria o ciclo de reajustes com ganhos reais (acima da inflação). Aécio é um político que não vê graça na participação do Brasil no grupo do BRICS, e, certamente à política externa daria um cavalo de pau para redirecionar o país ao papel que os tucanos acreditam ser predestinado ao Brasil, o de coadjuvante no mundo globalizado capitaneado pelos EUA. O projeto tucano representado pela oposição tem como expoente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e segundo alguns analistas econômicos nacionais e estrangeiros (inclusive ideólogos da direita), FHC em seu governo (1995-2002) abriu a economia nacional de forma célere e irresponsável, torrando o patrimônio público do contribuinte brasileiro num processo de privatizações eivado de vícios beneficiando o grande capital nacional e estrangeiro. O país ficou mais pobre e os propagandeados benefícios minguaram. Como exemplo disso, temos a insatisfação dos consumidores ante uma telefonia ineficiente e com tarifas (entre as mais caras do mundo) fruto de contratos assinados pela equipe de FHC e que garantem retornos fabulosos a empresários que muitas vezes adquiriram as estatais com moedas podres e/ou empréstimos a juros privilegiados do BNDES. No período tucano de 1995 a 2002, 125 estatais foram privatizadas, apesar das ações judiciais e protestos de setores conscientes da população em meio a maioria alienada e desinformada/mal informada via Grande Mídia, tradicional aliada do Grande Capital nacional e estrangeiro. As privatizações de FHC ficaram conhecidas como Privataria Tucana e constituem o maior ato lesa-pátria da história nacional. No outro extremo, temos o projeto dos Governos Lula/Dilma que fizeram com que o Brasil na condição de sétima economia mundial, se tornasse um importante “player” da política e economia global. Juntos, Lula e Dilma retiraram cerca de 30 milhões de pessoas da pobreza extrema e, mesmo que timidamente, ambos reduziram a desigualdade social, o que é um grande alento para um país cuja injustiça social se perpetua paradoxalmente ao fato de ser uma potência econômica. A explicação para o sucesso eleitoral obtido por Lula e Dilma está na comparação que os eleitores fizeram do governo FHC e dos governos Lula e Dilma, e, a comparação óbvia, para o desespero da oposição é de que não há comparação, pois, os resultados socioeconômicos dos governos petistas foram mais consistentes, e, FHC prometeu mais do que de fato fez, e de concreto quebrou o país três vezes, e no que concerne à suas falas contra a corrupção, a mesma correu solta em seu governo, um exemplo disso é a compra de votos de parlamentares para a emenda da reeleição. Nem mesmo o plano Real é criação de FHC, mas, de seu injustiçado antecessor Itamar Franco. FHC não perdoa Lula por ofuscar sua biografia ao receber mais prêmios internacionais e reconhecimento das grandes lideranças mundiais. FHC é um poço de vaidade, adora ser bajulado, tem seu nome garantido na história nacional, porém, a incoerência de suas atuais falas diminui a estatura política conquistada e o apequena cada vez mais.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Crise à la carte!

Há alguns dias encontrei num posto de combustíveis um rapaz que disse fazer parte de uma multinacional e que teve facilidade maior em adentrar território estrangeiro (citou alguns países da Ásia) do que colegas de outras nações, pois, ser brasileiro, era ter dos agentes aduaneiros, um misto de curiosidade e aprovação. Não pude deixar de observar o interessante conteúdo de sua fala e logo me pus a dialogar com ele que contou ter somente progredido na vida após o Governo Lula, a partir do qual passou a vislumbrar oportunidades antes inexistentes. Disse também que o Governo Dilma é em todos os aspectos, melhor do que o governo FHC, porém, menos consistente que o de Lula, mas que mesmo assim, não era um governo ruim como a mídia não se cansa de afirmar. E este é o ponto em que desejava chegar, a mídia, considerada informalmente o Quarto Poder, tem um importante papel na democracia como agente imparcial na investigação e fiscalização dos demais poderes principalmente no que concerne à corrupção. É importante que se diga que nunca se combateu tanto a corrupção como nos governos de Lula e Dilma, e a argumentação em contrário é prova de má-fé ou desconhecimento da história e da política nacional, basta lembrar as inúmeras CPI’s barradas pela maioria governista de FHC que afirmava que as CPI’s prejudicavam a economia nacional, ou ainda, do Procurador Geral da República Geraldo Brindeiro, que ficou conhecido como Engavetador Geral da República, pelo hábito descrito no próprio apelido. Mas o papel que se espera da Mídia, o da idoneidade na apuração dos fatos, da imparcialidade na concessão dos espaços para a publicação do contraditório e da responsabilidade na publicação das notícias, não é a regra, mas, infelizmente, exceção à regra. Tanto é assim, que alguns poderosos grupos de comunicação nacionais são conhecidos pela sigla P.I.G. (Partido da Imprensa Golpista). Esses poderosos grupos de comunicação dos quais a Rede Globo e a Editora Abril por meio da Revista Veja, são seus maiores exemplos, há muito não praticam jornalismo sério, pois, como dizia o saudoso Leonel Brizola em seus famosos tijolaços endereçados à Globo, “tudo ali é tendencioso e manipulador”. A verdade é que diante de uma oposição incompetente em fazer o que dela se espera, ou seja, uma oposição aguerrida, porém, coerente, os grandes grupos de comunicação tomaram para si tal tarefa e o P.I.G. se tornou no maior partido político de oposição deste país. Mesmo assim, desafiando a ordem midiática imperial estabelecida, por meio da força popular das urnas, Lula e Dilma alcançaram o Poder e nele se mantiveram contra a vontade de uma elite raivosa e vingativa. Leonardo Boff, um dos maiores intelectuais brasileiros afirmou aquilo que é o sentimento de muitas pessoas, há sim uma crise econômica e política no país, mas, ela não tem a dimensão que a mídia golpista anuncia, pois, esta a amplifica. Concordo, e digo mais: não estamos quebrados como estivemos por três vezes no Governo FHC, nem precisamos de socorro do FMI, a inflação não é alta como foi no Governo FHC, a taxa de desemprego é bem menor que na era tucana e temos satisfatórias reservas cambiais. A crise atinge alguns setores, noutros, absolutamente não. O Governo Federal pode sim dizer que sofre as consequências de uma crise global, pois, o país não vive isolado do mundo, algo que o P.I.G. e o tucanato (são a mesma coisa) parecem afirmar ser exclusividade de Portugal, Espanha, Grécia, etc. O Partido da Imprensa Golpista tal como um Restaurante À La Carte oferece uma infinita variedade de “pratos à base de crise” preparados por renomados Chefes, cujas receitas chanceladas pelo FMI, Banco Mundial e Consenso de Washington, possuem sabores para nenhum “portador do complexo de vira-latas” por defeito!

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Vá para Cuba, Francisco!

Lembro que no início de minha carreira trabalhava numa escola particular e utilizei o filme “Irmão Sol, Irmã Lua” de Franco Zeffirelli como contraponto aos valores hegemônicos do materialismo consumista e individualista da sociedade, e, diante da inspiradora história de São Francisco de Assis e Santa Clara retratada de forma tão magistral, não pude conter a emoção. Lembro-me de duas cenas memoráveis da obra que ocorre quando Francisco de Assis renuncia a vida confortável proporcionada pela riqueza de seu pai que o ameaça deserdá-lo e ele em resposta despe-se e nu abandona a casa do pai e passa a viver na pobreza e na humildade, e a outra cena, quando ocorre o encontro do Papa envergonhado com a ostentação e riqueza do Vaticano perante um Francisco de Assis (decepcionado pelo mesmo motivo) que recebe a autorização papal para continuar sua obra. Quando soube a alguns anos do anúncio de um novo Papa e que ele era argentino, imediatamente comecei a fazer pesquisas, e, tive o receio de que a escolha do nome Francisco em referência a São Francisco de Assis era uma empreitada de envergadura tal que o novo Papa não fosse capaz de honrar sem causar arranhões na imagem do santo protetor dos pobres e dos animais. Mas, Jorge Mario Bergoglio tem sido uma boa nova não apenas para os católicos, mas, para toda a sociedade humana. O Papa Francisco em seus discursos tem chamado a atenção para os cuidados com o planeta fazendo críticas ao modelo consumista e a busca sempre crescente de produtividade com o auxílio da ciência, cujos métodos empregados resultam na exaustão e poluição da natureza. Há alguns dias, o Papa esteve na Bolívia por ocasião do 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares e recebeu do Presidente boliviano um crucifixo em que Cristo estava sustentado por uma foice e um martelo, e, a tal ato foi dado mais destaque do que ao importante conteúdo da fala de Francisco. A foice o martelo retratados no crucifixo serviram para críticas explícitas e veladas à Evo Morales e ao Papa respectivamente, por lembrar o símbolo socialista. No entanto, boa parte da imprensa não se deu ao trabalho de divulgar a fala de Evo explicando ao Papa que tal crucifixo é uma réplica do que pertenceu ao padre jesuíta espanhol Luis Espinal (um sacerdote de vasta cultura, escritor, cineasta que dedicou sua vida aos pobres e às vítimas da injustiça e da perseguição, e, que foi assassinado pela ditadura boliviana em 1980). Para o padre Luis Espinal, o martelo e a foice significavam respectivamente o trabalho operário e camponês. Do discurso do Papa Francisco na Bolívia, destaco a seguinte frase que considerei extremamente lúcida e necessária: “Quando o capital se torna um ídolo e direciona as escolhas dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina o sistema socioeconômico, ele arruína a sociedade, condena o homem, tornando-o escravo, e destrói a fraternidade entre os povos”. Na ocasião, o Papa também reafirmou o direito de todos à terra, ao trabalho e à habitação e pediu desculpas pelos crimes cometidos contra a população indígena por ocasião da conquista da América. Não me causa surpresa que Francisco não tenha a simpatia dos oligopólios capitalistas e dos monopólios midiáticos, mas, o que estranho mesmo é o silêncio de algumas pessoas que se dizem “religiosas” que em meu ver deviam estar divulgando as falas extremamente necessárias do Papa. Lembro a estes “religiosos” que Jesus falava o que julgava que a sociedade precisava ouvir e nem sempre o que ela queria ouvir. E antes que estas pessoas o mandem ir para Cuba, o Papa mais uma vez se antecipou e em Setembro estará visitando nossos hermanos latino-americanos da paradisíaca e histórica ilha caribenha que sonho conhecer.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

WWW.EscolaSemSentido.org.br

Lembro que quando cursava o Ensino Superior, li um livro que tratava dos problemas enfrentados por professores de Geografia Crítica ao mexer com interesses de setores reacionários da sociedade, e, num de seus capítulos relatava a história de um professor de Geografia estadunidense chamado William B. que visando contextualizar o conteúdo estudado levou seus alunos ao bairro do Bronx em Nova Iorque para ver como viviam os negros, os quais eram tratados como cidadãos de segunda classe em oposição aos cidadãos anglo-saxões, e essa atividade somada ao seu histórico de questionar o que não devia ser questionado, mas, simplesmente aceito levou-o a perder o emprego, pois o conselho da universidade reunido por causa de algumas reclamações, o dispensou. O Professor William logo arrumou emprego em outra universidade, pois, era possuidor de currículo invejável (títulos e artigos científicos publicados) e excelente oratória, e, depois de estabelecido no novo emprego continuou a mostrar a aplicabilidade prática dos conteúdos teóricos visando formar cidadãos críticos e em condições de transformar a realidade social. Em sua exploração geográfica descobriu nas cercanias da Universidade, uma fábrica poluindo um riacho, e, dirigiu estudos acerca da poluição do meio ambiente com visitas ao local com os universitários, e incentivou os mesmos a buscar soluções e estes resolveram fazer um protesto cobrando atitudes do empresário para sanar o problema, no entanto, o capitalista exigiu e conseguiu da Universidade a demissão do professor, e o problema ambiental não foi resolvido. William B. fez uma peregrinação pelos Estados Unidos da América, mas, sua prática de dar significado à teoria e fazer do conhecimento uma ferramenta para a transformação da realidade social, sempre esbarrava nos poderosos interesses de plantão, assim, perdeu o emprego ao mostrar para seus alunos (e questionar) a infra-estrutura precária no bairro onde moravam os trabalhadores, em oposição à excelente infra-estrutura do bairro onde morava a elite econômica ofertada pelo município onde foi morar. Depois de muitas demissões em sua perambulação pelas Universidades estadunidenses foi tentar a sorte no Canadá, não tardou a descobrir que lá também os interesses representados pelo capital falavam mais alto. O professor William B. viu-se obrigado a desistir de lecionar e passou a ganhar a vida como taxista nas ruas de Nova Iorque. Há no Congresso Nacional, uma iniciativa de projeto de lei que visa impedir a suposta doutrinação dos alunos pelos professores, sendo que setores reacionários da sociedade criaram até a “ONG Escola Sem Partido” para defender o “Ensino Neutro”, tal iniciativa em meu ver não é fruto da ingenuidade, mas de má-fé, pois, a neutralidade científica é uma balela, pois, todo posicionamento é ideológico (a neutralidade pretendida, de forma nada ingênua, inclusive, é conservadora, ou seja, de direita), se aprovado, tal projeto levará a Educação de volta à Idade Média, pois, as pessoas que o defendem negam o acesso à luz aos filhos dos trabalhadores, para que estes alienados, presos às algemas da miséria sejam incapazes de sonhar dias melhores, e, assim continuem tanto nos sonhos, como na vida real, trancafiados à senzala. Ao impedir os professores de trabalhar de forma crítica inviabilizam os Projetos Político-Pedagógicos que tratam a Educação como uma ferramenta para formar um cidadão crítico, esclarecido e capaz de auxiliar na transformação do status quo da sociedade tornando-a mais humana, solidária e fraterna. Se quisessem realmente lutar contra a doutrinação ideológica estariam lutando pela democratização dos meios de comunicação de massa, pois, é a Grande Mídia, especialmente a TV, os grandes doutrinadores ideológicos e não a Escola!

quinta-feira, 9 de julho de 2015

A filosofia Tostines!

Há algum tempo anotei como tema para um artigo a Filosofia Tostines, no entanto, ao verificar na Internet, observei que várias pessoas já escreveram sobre o assunto, mesmo assim, resolvi levar adiante a ideia. Quem é “jovem há mais tempo” certamente lembra-se do comercial dos biscoitos Tostines que lançava o seguinte questionamento: “Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais”? O comercial em questão fez grande sucesso e a partir da ideia, várias questões acerca da vida particular e social surgiram tais como: “A mulher briga com o marido, porque ele bebe demais ou o marido bebe porque a mulher briga demais”? Ou, “Os políticos compram os votos porque os eleitores vendem, ou os eleitores vendem os votos porque os políticos compram”? Ou ainda, “Devemos deixar um mundo melhor para nossos filhos ou filhos melhores para o nosso mundo”? Em algumas oportunidades utilizei a filosofia Tostines em sala de aula, por exemplo, ao trabalhar o tema população com o seguinte questionamento: “As pessoas são pobres porque têm mais filhos, ou, têm mais filhos porque são pobres”? Caso o leitor tenha chegado à conclusão que as pessoas são pobres porque têm mais filhos isso não corresponde plenamente à verdade, pois, se por um lado, ter filhos implica mais gastos, por outro, não os tê-los faz do pobre, rico? Além disso, os países desenvolvidos que pioneiramente passaram pela Revolução Demográfica, ao propiciar o desenvolvimento obtiveram em seguida a redução do crescimento populacional. Explico: Com o aumento da renda, o acesso à Educação e à Medicina, e, ao mercado de trabalho, as mulheres passaram a ter informações, métodos contraceptivos, e, oportunidades de seguir uma carreira profissional, para a qual ter muitos filhos seria um empecilho, portanto, as pessoas têm mais filhos porque são pobres e para a redução da taxa de natalidade não é necessário o controle de natalidade que alguns defendem, basta que haja justiça social, ou seja, desenvolvimento para todos. Outra questão: “Devemos criar alternativas de desenvolvimento para todos ou alternativas ao desenvolvimento para todos”? Tudo depende daquilo que entendemos por desenvolvimento, e no caso de um mundo capitalista como o nosso, o modelo de desenvolvimento é o da formação de sociedades de consumo de massa, ou seja, populações com alto poder aquisitivo e que possam comprar incessantemente tudo aquilo que as empresas têm para vender, porém, neste caso temos vários problemas, dentre eles, os ambientais, pois, o processo industrial gera resíduos que são descartados na natureza, e, os produtos que após serem utilizados (obsolescência programada) têm o mesmo destino. O consumismo desenfreado gera exaustão dos recursos naturais e severos danos ambientais, e, além disso, não é possível numa sociedade capitalista que todos tenham acesso ao mesmo tamanho da fatia do bolo, assim, a riqueza amealhada por alguns corresponde à multiplicação da pobreza para muitos e isso é algo intrínseco do Capitalismo, o que vale para a relação Capital x Trabalho e também para a Divisão Internacional do Trabalho, na qual os países subdesenvolvidos com produtos de baixo valor agregado levam a pior no comércio internacional. A resposta certa é encontrar alternativas ao modelo de desenvolvimento (predatório da natureza e injusto socialmente). Encerrando: Temos o pior Congresso Nacional desde o fim da ditadura militar (1964-1985), pensando nisso: “A classe política é reflexo da corrupção da sociedade ou a corrupção da sociedade é reflexo da classe política”?

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Shakespeare e o diabo na terra dos pinheirais!

Ao ler o artigo “Escola não é lugar para doutrinar” do chefe da Casa Civil do Governo do Paraná Eduardo Sciarra imediatamente lembrei-me de ter lido que um deputado estadual afirmou ter testemunhas que ouviram Sciarra ao telefone mandar “meter bomba” no fatídico dia 29 de Abril de 2015, ocasião em que os educadores foram massacrados pelo efetivo policial numa operação caríssima paga pelo contribuinte paranaense. Concluída a leitura, lembrei-me de uma frase de William Shakespeare que afirma: “o diabo pode citar as escrituras quando isso lhe convém”! Não me refiro diretamente à pessoa de Sciarra, que não conheço pessoalmente e dispenso ser apresentado, mas, à primeira parte de seu artigo quando se refere ao fim da ditadura, à reforma curricular com a extinção de conteúdos doutrinadores e ao afirmar que a escola não é lugar para doutrinar ninguém e sim um espaço de ensino-aprendizagem. O governo Beto Richa que Sciarra representa age tal como o diabo descrito por Shakespeare, pois, na opinião de vários juristas, articulistas e pessoas esclarecidas da sociedade nenhum outro promoveu ato tão característico da ditadura militar após 1985 quanto este na Praça Nossa Senhora de Salete. O massacre dos professores foi uma vergonha nacional perante os olhos do mundo, e, num país desenvolvido, toda a sociedade teria saído às ruas exigindo a derrocada do déspota no poder instalado. No Japão, país em que o único profissional que não precisa se curvar perante o Imperador é o professor, o ocorrido é no mínimo estarrecedor, surreal, nauseabundo. O Governo representado por Sciarra é o que mais se assemelha ao dos generais que editaram o Ato Institucional nº 5 (AI-5) e que aplicavam a censura prévia e assim liam nos jornais e assistiam na TV as notícias que lhes era palatável, pois, nestes, a violência, a fome, a miséria, etc. eram coisas cotidianas da Europa além-mar, mas, não do Brasil. Quando a ditadura acabou, eu era adolescente, mas, do período que vivenciei e este remonta ao governo honrado de José Richa, por incrível que pareça pai do atual governante, afirmo: nunca vi nestas terras, um governante implantar um caos político e econômico tão grande, e, nem governar de forma tão despótica, quanto o atual ocupante do Palácio Iguaçu. Também digo que li vários livros acerca da ditadura militar (1964-1985) e no período da ditadura, professores eram perseguidos pelo governo militar e denúncias anônimas, por parte de alunos, pais, e, colegas reacionários levaram educadores aos calabouços, à tortura e até mesmo à morte, muito embora, a tortura implantada pelo atual governo seja psicológica e a tentativa de assassinato vise tão somente à alma do professor e não à sua existência física, a semelhança é grande. A mordaça que o atual governo quer implantar é o oposto do que fazem os países desenvolvidos que ao educador concedem autonomia pedagógica e liberdade de expressão. A atitude é ridícula e repugnante, pois, ao censurar o educador (que é um pensador), a ditadura é trazida de volta ao século XXI, pois, se as ações governamentais de um país nas disciplinas afins não podem ser alvo de reflexão e contextualização num conteúdo dado, então, este país ou estado não é uma democracia, é uma ditadura. O governo, com claros fins políticos, visa obter uma prática educacional amparada pela conservadora ideologia da desideologização para que os educandos sejam futuros cidadãos dóceis e alienados, trata-se de um maquiavélico projeto elitista de poder e não um projeto educacional para os filhos dos trabalhadores. E finalizo com uma frase de Shakespeare para a reflexão pessoal dos promotores e cúmplices do massacre: “Minha consciência tem milhares de vozes, cada voz me conta uma história, em cada história sou o vilão condenado”!

quinta-feira, 25 de junho de 2015

A última trincheira contra a barbárie!

Há alguns dias, uma colega professora contou uma piada que considero oportuna e a transcrevo aqui: “Um pai estava indignado com o filho que concluiu o Ensino Médio e não se interessava em fazer curso universitário ou em trabalhar. Então o pai disse para o filho: Não criei filho para virar vagabundo, ou estuda, ou, vai trabalhar! Procurou seus amigos, falou com um, com outro, até que se lembrou de um amigo de infância que havia se tornado político. Conversou com ele e este solicitou alguns dias para fazer contatos, findo os quais, ligou oferecendo um cargo de assessoria no Congresso Nacional com salário de doze mil reais, e, o pai falou: Não, com esse salário ele não vai mais querer estudar! Quero ver meu filho formado na Universidade! Alguns dias depois, o político volta a ligar e diz que arranjou o emprego certo, secretário de um deputado estadual com salário de seis mil reais, e, novamente o pai falou: Não! Meu filho não merece esse salário! Arrume um emprego no governo que ele comece ganhando no máximo uns dois mil reais! O político então afirmou: Meu amigo, isso é impossível! Por que para começar ganhando um salário desses no governo, só se ele for professor, e para isso, ele precisa ter curso universitário, pós-graduação ou mestrado, e, além disso, passar num concorridíssimo concurso público... aí é muito difícil”! Recentemente, o Governo Beto Richa, que parece ter perdido definitivamente o rumo, mentiu ao afirmar que em 111 municípios paranaenses os professores ganhavam mais que os prefeitos, na verdade, tratava-se de apenas 1% dos professores e que receberam naquele mês o pagamento de valores atrasados. Ocorre que nestes mesmos municípios 99% dos professores receberam menos do que os referidos prefeitos. Quem realmente conhece a tabela salarial do magistério paranaense sabe ser impossível um professor ganhar certos salários veiculados na imprensa, mesmo trabalhando além dos 30 anos e incorporando o adicional máximo de 50% em quinquênios e abono-permanência. Mas, e se fosse verdade? Seria por acaso injusto quem dedicou inúmeros finais de semanas e madrugadas estudando, fez curso superior, pós-graduação e/ou mestrado, foi aprovado em concurso público, trabalhou por 30 anos (ou mais) no Estado receber mais que o prefeito? Lembro de um saudoso professor universitário que me contou que no início da carreira ganhava salário igual ao do Juiz de Direito e ao do Prefeito de sua cidade e naquele momento, bem menos. Há uma mentalidade rançosa no Brasil de que o político deve viver nababescamente e o professor deve ser um miserável! Parece causar indignação a uma parcela da sociedade que o professor sirva de exemplo para o aluno de que o estudo pode servir para a melhoria do padrão de vida! A quem interessa que o professor seja um miserável? Certamente, não aos alunos, nem ao conhecimento científico, menos ainda ao progresso do país! A sociedade brasileira não valoriza os professores, esquecendo que sem estes, não há médicos, advogados, juízes de direito, engenheiros, agrônomos, veterinários, jornalistas, e nem... professores! Sem professor não há progresso pessoal, material, científico e humanitário! Questiono: O que dizer de um governo que maltrata e agride física e moralmente os educadores? Parafraseando o Chefe da Casa Civil Eduardo Sciarra, afirmo: Os professores não estão demonizando o Governo do Paraná, pois, ele já deu provas suficientes à sociedade em 29 de Abril de que está demonizado por si próprio! Conheço um professor universitário que sempre afirma que “a escola é a última trincheira contra a barbárie”! Somos a última fileira na defesa da ética... Se vencidos, resta apenas a barbárie! Em tempo: Na Suécia: Um Juiz de Direito ganha no máximo 50% a mais que um professor do Ensino Fundamental!