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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A classe média não me representa! – Parte 1

No início da carreira, eu um jovem professor, ia para a escola a pé (por não ter outra opção) “como o rapaz latino americano, sem dinheiro no banco e sem parentes importantes” tal qual a letra da música entoada por Belchior. O salário de início de carreira era muito aquém do que hoje se verifica, pois, não havia a lei do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), uma conquista efetivada no Governo Lula. Lembro que trabalhando em escola da rede privada fui algumas vezes questionado sobre minha condição financeira e afirmei ser da classe baixa e algumas alunas prontamente me corrigiam, “Professor, você não é pobre e sim classe média”. Não se tratava de uma constatação por parte das alunas acerca de minha condição socioeconômica, mas de reação espontânea (desprovida de qualquer maldade) ao incômodo que lhes causava pensar que seu professor fosse do estrato social mais baixo. Penso que parte de nossa sociedade ainda não assimilou os mais de 100 anos da Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel que aboliu a escravidão, não sem algumas décadas antes, a elite nacional haver preparado o terreno para que, uma vez libertos, os escravos não tivessem outra opção, que, vender sua mão de obra devido à premeditada inacessibilidade de acesso à terra (Lei de Terras de 1850). Oficialmente, não temos mais escravidão, embora ocorrências policiais esporádicas demonstrem que ela ainda persiste em alguns latifúndios das regiões Centro-Oeste e Norte. Em pleno século XXI ainda existe em nossa sociedade um ranço do período escravagista, pois, há dentre a classe média, quem ainda divide a sociedade em Casa Grande (os merecedores da vida confortável pela graça divina) e Senzala (estes considerados sub-humanos). Aos integrantes da Senzala do século XXI nada resta senão derramar suor e lágrimas e sem reclamar aceitar o valor que os “Senhores” lhes atribuem como justo e que sempre é pouco diante da riqueza produzida. Em nossa sociedade, os negros são discriminados e críticas raivosas são feitas ao Governo Federal por algumas pessoas de origem caucasiana por causa da lei de cotas nas universidades públicas. Em muitos momentos da história nacional, generosos recursos financeiros foram distribuídos para a elite nacional sem qualquer protesto, porém, críticas fervorosas se dirigem a programas como a “Bolsa-Família” que atende a população carente com um valor baixo e que apenas dá um leve alívio aos sintomas da pobreza extrema. Na eleição presidencial, integrantes da classe média fizeram inflamadas críticas de cunho preconceituoso contra os nordestinos culpando-os pela reeleição da Presidenta Dilma, no entanto, as regiões Sul e Sudeste deram mais votos à Dilma do que a região Nordeste. É importante lembrar que o Brasil começou na região Nordeste (período colonial) e que os nordestinos ajudaram a construir São Paulo e Brasília, e, em tudo que há neste país conta com a contribuição do povo nordestino, que, não merecia essa demonstração de preconceito e ignorância. A OAB repudiou e solicitou que medidas judiciais sejam tomadas contra aqueles que publicaram mensagens discriminatórias nas redes sociais. Quando universitário, participei de congressos da UNE (União Nacional dos Estudantes) e, digo, nós da região sul não tínhamos a consciência política dos representantes nordestinos que dominavam os debates! Os nordestinos nestas eleições apenas exerceram o direito constitucional de votar de acordo com sua livre consciência, mas, isto é algo difícil de ser entendido por quem não aceita até hoje a assinatura da Lei Áurea.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Cabral e as eleições majoritárias de 2014

Uma piada recorrente no meio universitário é de que “Cabral quando chegou ao Brasil não sabia para que lado ir, pois, o que vinha pela frente era de todo desconhecido, então, deu ordens aos seus subordinados para seguir à esquerda e questionado sobre o motivo de tal escolha, afirmou, que era melhor ir pela esquerda por que a direita era duvidosa”. Sempre que penso nessa piada lembro-me de Collor que em 1989 afirmava que se Lula fosse eleito confiscaria a poupança do povo e Collor uma vez eleito confiscou o dinheiro dos brasileiros, conheço muita gente que nele votou e teve grandes prejuízos, no entanto, houve na alta elite nacional quem teve informações privilegiadas e pode antecipar-se salvando o seu rico dinheirinho. Gostei muito das falas de Eduardo Jorge e Luciana Genro nos debates, porém, me decepcionei com a opção de Eduardo Jorge de apoio ao projeto neoliberal de Aécio Neves, penso que ele queimou seu capital político. Luciana Genro se capitalizou politicamente e ganhou fãs. Penso que os Partidos de esquerda que estabeleceram “nenhum voto em Aécio” mesmo não apoiando Dilma foram coerentes com a ideologia partidária, pois, sabemos que se navegarmos sempre para o Ocidente acabaremos por chegar ao Oriente, assim fizeram alguns políticos de extrema esquerda que foram tão à esquerda que acabaram na direita, ou seja, rasgaram a cartilha e causaram nódoas no histórico de seus partidos. Marina Silva cuja história acompanho desde suas origens na Amazônia tem sido há muito uma decepção (a sua guinada à direita, a defesa do grande capital, especialmente dos interesses dos banqueiros privados) seria caso eleita fosse boneco de ventríloquo, ou seja, alguém sempre falaria e tomaria as decisões por ela. De tudo que li sobre Chico Mendes, tenho a convicção que ele se vivo estivesse não apoiaria a atual Marina Silva cujo eleitor não é de “voto de cabresto” e fará grande análise sobre quem apoiar, ou seja, Marina não é sinônimo de transferência farta de votos para Aécio. Tenho um vídeo guardado em que o Senador Aécio Neves discursa no Congresso Nacional e o Senador Lindbergh Farias solicita um aparte no qual chama a atenção de Aécio para a necessidade de fazer um discurso mais competitivo, pois Aécio teria discursado por longo tempo sem ter proferido as palavras povo, sociedade, social, naquele momento Aécio ainda não era candidato, atualmente parece ter aprendido a lição, minha dúvida é se eleito as palavras povo, sociedade e social continuarão sendo prioridade nos seus discursos. Conversei com uma pessoa que disse “ votei em Aécio no primeiro turno e vou votar também no segundo turno... precisa mudar... acho que a mudança será para pior... mas é preciso mudar”. Entendo quem deseja mudanças, mas não aquelas que estão representadas na fala desta pessoa, pois, mudanças são bem vindas quando trazem melhorias, porém, se ao invés de certezas, a dúvida se instala, andar para os lados ou para trás não parece ser uma atitude coerente. Não vejo em Aécio nenhuma possibilidade de mudança benéfica para a classe trabalhadora, para o povo pobre. Penso que com Aécio a inflação pode até abaixar, porém, os juros subirão, o desemprego aumentará, os benefícios se houverem serão para o grande capital, para a elite econômica nacional e estrangeira, pois Aécio não é legítimo representante da Senzala (classe trabalhadora), mas sim da Casa Grande (grande capital). E termino com a frase de um amigo: “depois do que vivi no Governo FHC, não digito 45 nem no micro-ondas”.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A “deforma” do Congresso Nacional

Em Junho de 2013 houve em nosso país grandes manifestações populares exigindo mudanças na política nacional, inicialmente a Rede Globo posicionou-se contrária às mesmas e aos protagonistas que marchavam de forma ordeira e nem tão ordeira assim, pois, atos de vandalismo foram praticados principalmente contra ônibus, carros e prédios públicos. Num segundo momento, a Rede Globo baseada em seu senso de oportunidade resolveu apoiar os manifestos e o comentarista Arnaldo Jabor, 48 horas depois, tal como na música Sociedade Alternativa de Raul Seixas afirmou “o oposto do que disse antes” sendo as imagens de seu comentário veiculado num programa de TV argentina como símbolo da manipulação midiática que há muito tal grupo de comunicação realiza e prova disso é que Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho) reconheceu que a Globo manipulou a edição do debate de 1989 entre Collor e Lula levado ao ar, na época Collor era mostrado pela Rede de TV da família Marinho, como um caçador de marajás e a salvação da lavoura da política brasileira (deu no que deu!). A manipulação observada pelo saudoso Leonel Brizola era tanta que ele afirmou: “caro eleitor, sempre que ficar na dúvida sobre o que é melhor para o Brasil, veja o que a Globo apoia, se ela for a favor seremos contra e se ela for contra, seremos a favor”. Sem dúvida, Brizola faz muita falta! Se um extraterrestre acompanhasse as manifestações de Junho de 2013 cujos partícipes pediam mudanças na política nacional e uma presença maior do Estado brasileiro por meio de mais Educação, mais Saúde, mais Segurança, etc. e em seguida voltasse ao seu planeta e depois retornasse à Terra para acompanhar os resultados da eleição para o Congresso Nacional ficaria atônito, pois, o novo parlamento que inicia suas atividades em 2015 é o mais conservador em 50 anos. As bancadas de evangélicos, militares e ruralistas aumentaram e houve a redução da representação de parlamentares ligados à classe trabalhadora, dessa forma, importantes itens da pauta do Congresso Nacional terão mais dificuldades para a aprovação devido à redução dos parlamentares progressistas representantes das causas das minorias da sociedade. Penso que grande parte da sociedade brasileira não compreende a importância do Poder Legislativo (Estadual e Federal) e parecem pensar que apenas a eleição para o Poder Executivo (Estadual e Federal) é que precisa ser objeto de maior atenção esquecendo que ninguém governa sozinho. Os manifestantes de 2013 tinham uma pauta de esquerda (mais educação, mais saúde, mais segurança, etc., enfim, mais Estado) uma vez que a direita representa o Estado Neoliberal, ou seja, o Estado Mínimo, no entanto, apesar da pauta, grande número desses manifestantes se mostraram eleitores da direita. Há quem tenha um discurso para cada ocasião e muitos são os políticos da direita que fazem um discurso com ênfase no social para ganhar a eleição e depois da posse mostram a que vieram através da cartilha neoliberal do corte de investimentos sociais, redução do tamanho do Estado, mas não de seus gastos e sim do direcionamento dos recursos, pois, costumam distribuir as benesses via terceirização de serviços com planilhas superfaturadas na origem para beneficiar empresas que precarizam as condições de trabalho de seus empregados enquanto enchem as burras com o dinheiro do contribuinte. Os empresários assim estimulados se tornam prestativos financiadores de campanhas num sistema que além de injusto, é imoral e antiético.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Os caminhos que levam à Brasília

Em período eleitoral, nada melhor que um pouco de história sobre Brasília, a nossa capital planejada e patrimônio cultural da humanidade. Salvador foi nossa primeira capital entre os anos de 1549 a 1763, o Nordeste vivia um declínio econômico e o Sudeste estava em ascensão, por isso, o Marquês de Pombal transferiu a capital para o Rio de Janeiro deixando os cariocas felizes e causando contrariedade aos nordestinos. Em 1808 a Corte Portuguesa evitou ter com Napoleão Bonaparte e mudou-se para o Rio de Janeiro. Tal mudança foi boa para o país que ganhou infraestrutura, status político e teve o processo de independência nacional acelerado. Em 1821, José Bonifácio de Andrada e Silva o Patriarca da Independência já havia se pronunciado sobre a necessidade de mudar a capital do país para o interior, e considerava que o planalto central deveria ser este lugar e indicava inclusive a localidade de Paracatu em Minas Gerais (Triângulo Mineiro). Em 1883, Dom Bosco sonhou que a capital do Brasil (a terra prometida) seria erguida entre os paralelos 15º e 20º à margem de um lago e cercado por montanhas. A Constituição Federal de 1891 fixou um quadrilátero no Planalto Central no Estado de Goiás para a futura instalação da capital do país, da mesma forma as Constituições de 1934 e 1946 também determinavam procedimentos para a mudança da sede do Governo Federal. Mas apesar do tema ser abordado nas Cartas Constituintes, poucos acreditavam que o Rio deixaria de ser a sede do Governo Federal. A discussão acerca da mudança ganhou ímpeto durante o governo de Getúlio Vargas que cria a política governamental de ocupação e integração dos vazios demográficos em que se constituíam o sertão brasileiro (Marcha para o Oeste) e que resultou na criação dos Territórios Federais nas áreas de fronteira (dentre os quais o T. F. do Iguaçu com sede em Iguassú, atual Laranjeiras do Sul). No entanto, em sua segunda passagem pelo Palácio do Catete, sob forte pressão opositora Getúlio não reúne condições políticas para sequer aventar uma empreitada de tal envergadura e de acordo com a história oficial se suicida. Café Filho assumiu a presidência e sob pressão das autoridades de Goiás ratificou uma das cinco áreas escolhidas pela Comissão Cruls que percorreu a região em 1910. Em 1955, Juscelino Kubitschek em campanha presidencial na cidade de Jataí é questionado por um de seus ouvintes se cumpriria o dispositivo constitucional que determinava a mudança da capital e JK que tinha como slogan de campanha 50 anos em 5, ou seja, pretendia fazer o país avançar 50 anos durante seu mandato e tinha 30 metas em seu plano de ação, não se intimida e afirma: “Acabo de prometer que sim. Se eleito for, construirei a nova capital e farei a mudança da sede do Governo” e saiu de Jataí com 31 metas sendo esta última a maior de todas. Apesar da promessa de campanha, poucos acreditavam que JK a cumpriria se viesse a ser eleito uma vez que contava com forte oposição, da mídia inclusive, mas, contava com a simpatia dos eleitores órfãos de Getúlio Vargas. Os motivos considerados para a mudança da capital era que o Rio de Janeiro era exposto demais a um ataque por forças navais estrangeiras e o clima tropical favorecia a disseminação de doenças, além disso, o Rio de Janeiro era palco frequente de inúmeras revoltas e desordens. Havia também a intenção de integrar o litoral ao resto do país no espírito do projeto getulista da Marcha para o Oeste o que consideravam crucial para o avanço do país. A verdade é que além de tornar a Capital mais segura contra um ataque de uma nação hostil pelo Oceano Atlântico, também a Capital estaria mais distante das revoltas e insurreições populares. Tendo o governo de JK a marca da democracia causa no mínimo estranheza a mudança da capital de acordo com este último prisma. Naquela época o Brasil também vivia um momento de modernização política e econômica e a capital nacional deveria traduzir esse espírito do futuro grandioso reservado ao país. O arquiteto escolhido Oscar Niemeyer com quem JK já havia feito parceria em Belo Horizonte na construção do complexo da Pampulha. Faltava o projeto urbanístico o qual foi escolhido através de concurso sendo vencedor Lucio Costa que curiosamente fez a apresentação visual mais simples do projeto, mas que foi considerado o melhor. Os moradores de Goiás estavam cheios de expectativas, porém, muitos se frustraram, a construção trouxe o fim da vida pacata nas cercanias, a especulação imobiliária, a inflação, a violência, a instalação de zonas de prostituição, etc. Lógico, houve quem ganhasse muito dinheiro, mas estes foram poucos privilegiados. No Rio de Janeiro, os antimudancistas eram muitos, a mídia afirmava que JK estava punindo a sociedade carioca pelo baixo desempenho em votos que o presidente ali teve. A campanha contra Brasília durou todo o mandato de JK, porém, subiu de tom em 1960, por conta das eleições presidenciais. Os jornais afirmavam o que não viam, pois, poucos tinham correspondentes em Brasília, assim, não faziam uso da imparcialidade. Afirmavam que Brasília era cara, de mau gosto, construída num lugar selvagem e representava um escoadouro de verbas públicas; que era uma obra faraônica; que os operários trabalhavam em regime de escravidão para cumprir os prazos, pois, JK no início das obras já havia determinado a data de 21 de Abril de 1960 para a inauguração. Havia denúncias que os trabalhadores não recebiam horas-extras; Também havia críticas ao endividamento externo, pois, para dar conta da construção JK tomou empréstimos junto aos EUA. JK também era criticado pela mídia porque gastava fábulas na construção de Brasília, mas negava reajustes aos funcionários públicos. A mídia também tecia críticas de que às vésperas da inauguração Brasília estava inacabada e que os prédios eram mal projetados e que os parlamentares iriam trabalhar em meio à poeira vermelha e que havia o risco de quem para lá migrasse ser alvo de flechas indígenas além do desconforto de ter que se deslocar vários quilômetros para fazer a compra de víveres, tamanha a improvisação reinante na cidade. As matérias falavam do custo de manter os parlamentares em Brasília e que eles iriam se ausentar muito da cidade preferindo ficar no Rio de Janeiro. E denunciavam a corrupção reinante na construção da capital sem necessariamente comprová-la. JK inaugurou Brasília na data pretendida, a capital somente ficou totalmente pronta nos anos seguintes. Certamente Brasília era cara e ainda o é, pois temos segundo uma pesquisa os parlamentares mais caros do mundo. E se naquele tempo, muita gente não queria ir para Brasília, diante do número de candidatos da última eleição vemos que hoje isso não corresponde à realidade, até porque, os parlamentares se acostumam facilmente com o fuso horário em Brasília cuja semana se inicia as terças-feiras e termina as quintas-feiras. Referências: LOPES, C. A. A loucura de Brasília: o antimudancismo nas páginas do Jornal Tribuna da Imprensa (1956-1960). OLIVEIRA. J. A. Construção de Brasília: Expectativa e frustração para o povo goiano (1957-1962).

sábado, 4 de outubro de 2014

De olho no ENEM e nos vestibulares– Parte 3

Este ano se comemorou, ou melhor, lamentou-se os cinquenta anos do golpe que instalou a ditadura militar neste país e tudo que ela significou, ou seja, a perda das liberdades (direitos) civis (AI-5), as perseguições por questões ideológicas, as prisões por motivos políticos, as torturas que eram ato comum nas prisões especialmente no DOPS e os assassinatos por agentes que representavam o Estado brasileiro. Então, o estudante deve ler a respeito do período ditatorial no Brasil e a ação estadunidense que além do reconhecimento oficial de regimes autocráticos que desrespeitavam os direitos humanos (a ditadura brasileira, inclusive), sendo que militares estadunidenses ainda promoviam o treinamento de militares das forças ditatoriais latino-americanas visando o aperfeiçoamento de “técnicas de convencimento” (torturas) para serem utilizadas em interrogatórios, também é importante ler sobre a ação colaborativa das ditaduras sul-americanas na assim chamada Operação Condor de repressão aos focos de resistência revolucionária. Já tratei deste tema neste espaço com os artigos “A indefensável defesa da ditadura militar” e “Uma ferida que nunca cicatriza – parte 1 e parte 2” que podem ser acessados no blog, no entanto, a passagem dos 50 anos da fatídica e lamentável data pode ser lembrada no Enem e nos vestibulares com outro enfoque segundo os educadores entrevistados por VEJA, pois, é possível que a temática abordada seja referente à Comissão da Verdade instituída pela Presidenta Dilma em 2012 e que tem como objetivo apurar crimes cometidos durante a ditadura militar com a intenção de reprimir a oposição ao regime e enfraquecer ou anular os movimentos que buscavam a restauração da ordem democrática no país. A dificuldade encontrada para investigar crimes cometidos durante a ditadura militar e elucidar inúmeros casos de desaparecidos políticos como se fez em outros países demonstra que a democracia é ainda insipiente no Brasil. Outro tema que pode estar presente nas referidas provas é aquele concernente aos movimentos sociais tais como o movimento feminista que conseguiu entre outras conquistas no país a criação da Lei Maria da Penha que é um instrumento de justiça e de amparo às mulheres. O estudante deve ler a respeito do grupo de orientação anarquista “Black Bloc” que alcançou os holofotes da mídia nacional por ocasião dos protestos de Junho de 2013. O professor Samuel Loureiro do Cursinho do XI afirmou que “o aluno tem que saber diferenciar o comunismo do anarquismo e entender quais outras ideologias estão presentes no cenário mundial hoje. Isso é imprescindível para garantir o bom desempenho nas questões relacionadas à sociologia, história e geopolítica”. A campanha de vacinação gratuita contra o HPV ofertada pelo Ministério da Saúde também pode ser tema, pois houve críticas de alguns segmentos da sociedade notadamente entre setores religiosos. As autoridades da saúde visam reduzir exponencialmente a transmissão do vírus causador do câncer do colo do útero, no entanto, sabemos que até a distribuição de preservativos gratuitos em épocas festivas como o carnaval em que os riscos de contágio e de gravidezes não planejadas aumentam ainda causa polêmica. No entanto, apesar das críticas, o Governo planeja aumentar o percentual de meninas vacinadas contra o HPV nos próximos anos visando reduzir a incidência da doença. As autoridades da Saúde e do Governo devem seguir orientações científicas ou promover apenas ações em conformidade com a orientação cultural/religiosa da sociedade? O candidato à vaga na Universidade deve ler sobre o HPV, e, em minha opinião também deve ler sobre o vírus ebola causador da febre hemorrágica para a qual existem apenas medicamentos em teste. Com a atual fase do capitalismo mundial conhecida como globalização e a intensa circulação de pessoas através dos modernos meios de transporte, notadamente o aéreo as possibilidades de contágio desta e de outras doenças tornam-se cada vez mais uma ameaça sempre presente. Quais medidas os países devem tomar para se prevenir e também para reagir à entrada do inimigo invisível que adentra as fronteiras nacionais através de cidadãos locais que viajaram ao exterior ou dos turistas que visitam o país sem ferir os direitos humanos e nem causar prejuízos à economia nacional ou de outros países? P.S. O estudante deve rever o conteúdo referente ao período da Guerra Fria (Capitalismo x Socialismo / EUA x URSS) e a questão da incorporação da Crimeia à Rússia e a situação de instabilidade da Ucrânia com os protestos dos Estados Unidos e da União Europeia num episódio que rememora a Guerra Fria e causa certa animosidade entre os protagonistas daquele momento histórico. Outro tema pode ser a perda de biodiversidade cuja lista de espécimes ameaçadas de extinção teve forte aumento neste ano. Referências: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/enem-2014-prova-sera-realizada-nos-dia-8-e-9-de-novembro http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/temas-da-atualidades-que-podem-cair-no-enem-e-vestibulares-201415