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sábado, 26 de setembro de 2015

Um passo necessário em direção à democracia!

Se você assiste regularmente os telejornais da TV Globo, certamente já perdeu as contas de quantas vezes viu imagens de um relógio que conta os valores pagos em impostos pelos contribuintes aos governos municipais, estaduais, e, federal. A ideia de tal aparato tecnológico não deve ser alvo de crítica, pois, a população deve saber quanto paga para cobrar os serviços, no entanto, observo que a ênfase dada leva a população a pensar que se tratam apenas de impostos federais.Isso acontece com o preço da gasolina, cuja maior carga é de tributos estaduais 28% (ICMS) contra 11% de impostos federais (CIDE, PIS/PASEP, COFINS). Penso que é muito importante que as pessoas saibam qual é o valor do imposto que pagam, mas, também para quem pagam, uma vez que, como disse, há tributos municipais, estaduais e federais. A imprensa sataniza tanto os impostos que a impressão que dá é que caso se estabelecesse o imposto zero, todos os problemas do país estariam resolvidos, mas, a grande mídia não diz é que deseja a redução da carga de impostos para a classe que mais sonega e que tem à sua disposição inúmeras brechas na lei que lhe permitem legalmente dar o drible da vaca no Leão do Imposto de Renda. Sabemos que os países que possuem as menores cargas tributárias, são também aqueles em que o Estado é fraco ou ausente, ou seja, não dota o país da infra-estrutura necessária, não possui políticas sociais e nem possui sistemas de educação e de saúde públicas. O maior problema não está na carga tributária brasileira, que não é a maior do mundo como alguns órgãos de imprensa maldosamente divulgaram. O nó da questão está na qualidade dos serviços ofertados frutos da má-gestão e corrupção que segundo estimativas corroem um terço dos valores que deveriam chegar à população na forma de serviços. Também é importante que se diga que a iniciativa privada gosta e muito dos recursos públicos e que o financiamento de campanha nunca foi fruto do ardor democrático dos empresários, pois, sabemos empresário não faz doações para campanhas políticas, mas, investimentos com a expectativa de uma generosa retribuição na forma de contratos viciados. A iniciativa do STF em proibir o financiamento empresarial de campanha é uma notícia maravilhosa para a democracia nacional e para todas as pessoas que verdadeiramente se opõem à corrupção e não apenas de forma seletiva a um grupo. Também fico pensando por que ao sonegômetro, o relógio homônimo que mostra à população o quanto o país perde com a sonegação, a Grande Mídia não dá o mesmo destaque? Afinal, sonegação também é corrupção! Penso que seria muito importante o público saber que em nosso país a carga tributária é regressiva, ou seja, a elite econômica paga menos impostos que a classe média e assim sucessivamente, não falo de valores nominais, mas, de valores percentuais, pois, esta se dá principalmente sobre o consumo e atinge a todas as classes sociais, porém, o mesmo percentual aplicado a quem ganha um salário mínimo e a quem ganha um milhão de reais por mês penaliza mais o primeiro. Nos países desenvolvidos os impostos sobre o consumo são reduzidos, pois, a tributação ocorre mais fortemente sobre a renda, porém, com mais faixas de enquadramento, lá, o Leão arranca nacos generosos de heranças e das grandes fortunas. No Brasil, o Imposto Sobre Grandes Fortunas está previsto no artigo 153 Inciso VII da Constituição Federal de 1988, porém, condenado ao limbo do esquecimento pela maioria de abastados integrantes da elite econômica nacional que forma o parlamento. O país precisa dar um passo em direção à democracia e fazer uma reforma tributária que reduza os impostos sobre o consumo e aumente a cobrança sobre a renda, a herança e principalmente sobre as grandes fortunas.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A crise, a mídia e os efeitos psicológicos!

Paulo Henrique Amorim popularizou a expressão “PIG” (Partido da Imprensa Golpista) que segundo ele é formado pelos grandes grupos midiáticos que abandonaram o jornalismo sério e passaram a fazer o papel que caberia aos partidos de oposição aos governos de esquerda que dirigem o país desde 2003. Não por acaso, o apresentador de TV e blogueiro publicou recentemente o livro “O Quarto Poder”. O sugestivo título do livro remete à imprensa, assim considerada, e cujo maior poder não está naquilo que divulga, mesmo carregado da ideologia que lhe é própria, mas, sobretudo aquilo que intencionalmente omite, ou seja, além de levar o telespectador, ouvinte ou leitor a pensar de acordo com um estratagema, também omite as informações consideradas prejudiciais aos interesses da classe social/grupos econômicos que a Grande Mídia representa. Penso que se você estiver angustiado pela violência do “mundo cão” em que vivemos, ajuda muito no aspecto psicológico, não assistir aos programas policiais, que em muitos países desenvolvidos já foram proibidos, isso não irá frear a violência, mas, certamente fará com que você tenha menos probabilidade de desenvolver doenças psicológicas ou alterações comportamentais. Da mesma forma se você deixar de assistir demasiadamente certos canais que repetem exaustivamente o tema crise, e, passar a olhar para os aspectos palpáveis da crise econômica se tornará mais otimista, pois verá que já passamos por crises mais graves e sobrevivemos, pois, o que temos é uma mídia parcial que adotou a agenda negativa, ou seja, divulga somente notícias que causam desgaste ao Governo e evita a divulgação de notícias benéficas para que o PT perca seu capital eleitoral perante a população. Tanto é assim que se você perguntar à pessoas leigas qual é o partido mais corrupto do país, há grande chance de estes afirmarem ser o PT, quando este se encontra na nona posição num ranking liderado respectivamente pelo DEM, PMDB e PSDB. Já observei que as pessoas que se submetem excessivamente à audiência de telejornais são os mais angustiados com a situação econômica pela qual passa o país sendo, que houve quem me falasse que o país entrou numa crise econômica da qual “jamais” terá forças para sair. Na realidade atual do capitalismo global não há céu de brigadeiro para ninguém, nem mesmo para a poderosa China, maior credora individual dos Estados Unidos. Nós brasileiros, vivemos um momento de turbulência, mas que não se compara ao governo FHC em que uma turbina estava falhando e a outra pegando fogo, pois, naquela ocasião, tínhamos apagão energético, balança comercial desfavorável, taxa de desemprego mais alta, forte arrocho salarial, inflação mais elevada e reservas cambiais minúsculas se comparadas ao montante atual e por três vezes imploramos de joelhos o socorro do FMI, ao qual, não se cogita em hipótese alguma recorrer, até porque o Brasil é credor do FMI e também o quarto maior credor dos Estados Unidos. Não me preocupa que a suspeitíssima agência de avaliação de riscos Standard & Poor’s tenha rebaixado a nota do Brasil, pois, na avaliação de riscos, o país ainda se encontra quatro notas acima do Governo FHC e também porque essa agência por incompetência ou má-fé, jogou muita gente na miséria ao avaliar positivamente o falimentar banco Lehman Brothers. Não me preocupo com os jovens, que não conheceram o Brasil da hiperinflação (Deus o tenha, Itamar Franco, Pai do Plano Real), mas, preocupa-me ver gente calejada que cresceu convivendo com crises maiores desanimando. A verdadeira nota de confiança no país quem dá somos nós, pois, o nosso desânimo é a energia dos especuladores e a alegria dos políticos oportunistas e é sandice torcer pela queda do avião em que estamos embarcados!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A terra dos Aiatolás!

Sempre que me refiro ao Ayatollah Ruhollah Khomeini, os alunos reagem com grande espanto ante ao estranho nome do grande líder da Revolução Islâmica de 1979 que destituiu o Xá Reza Pahlevi que havia modernizado, ou melhor, ocidentalizado o Irã e feito deste, aliado dos Estados Unidos e também seu fornecedor de petróleo. Nós ocidentais temos uma visão muito distorcida acerca do país persa (o Irã não é um país árabe como muitos pensam!) declarado pelo ex-presidente George W. Bush como pertencente ao “eixo do mal” e isto se deve a uma imprensa fortemente engajada à estratégia geopolítica estadunidense que como sabemos para fazer valer seus interesses lança mão dos artifícios mais sórdidos possíveis, nada de se estranhar em se tratando da única nação na história que teve a coragem, ou melhor, a covardia de utilizar bombas atômicas contra uma população civil indefesa configurando, portanto, crime contra a humanidade e pelo qual jamais foi julgado. Certa vez li que “o grande poder da imprensa não está no que ela noticia, mas sim no que ela omite” e isto evidencia porque a imprensa é considerada o quarto poder, pois, se além de poder escolher o que o povo deve ou não saber, ainda induz o raciocínio de seus leitores e telespectadores. Durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988) Saddam Hussein era o “bom” aliado dos Estados Unidos da América que tinha sido preparado e incentivado a lançar-se contra o Irã diante da impossibilidade estadunidense da obtenção de apoio doméstico a uma nova guerra para a derrubada do regime dos aiatolás (Os EUA haviam perdido a guerra do Vietnã e com ela milhares de vidas), nesta época, todo avanço iraquiano era noticiado com regozijo pela mídia ocidental e todo revés frente às tropas iranianas era visto com preocupação ante à suposta ideia de dominação e islamização do mundo pelos ditos fanáticos aiatolás. A Guerra Irã-Iraque terminou sem vencedor, mas, resultou como o engenheiro leitor bem sabe na primeira Guerra do Golfo, na criação da Al-Qaeda e nos freqüentes ataques terroristas a alvos estadunidenses e na invasão ao Iraque (2003). Samy Adghirni publicou um livro sobre o país persa e nele mostra um Irã mais complexo e atraente do que a imprensa ocidental costuma mostrar, relata que é uma nação com alto IDH (superior ao brasileiro), quase nenhum analfabetismo e grande parcela da população formada no Ensino Superior, a qual conta com o hábito da leitura (Paulo Coelho é muito famoso por lá). Os iranianos adoram ler e recitar poesia em suas falas, e, têm acesso mesmo que por meio da pirataria aos filmes hollywoodianos. O povo iraniano tem com o Ocidente uma relação de amor e ódio, amor porque há muita coisa que admira e ódio porque é justamente o ocidente liderado pelos EUA que torna suas vidas mais difíceis com o embargo econômico. O autor deixa claro que a busca do conhecimento nuclear pelo Irã tem como intenção fins pacíficos ao contrário do que pregam Israel e Estados Unidos. As regras islâmicas são duras, mas, boa parte da população comete alguns “pecados” no recôndito de seus lares quando os jovens fazem festas ao som de músicas românticas regadas a bebidas contrabandeadas. Nestas ocasiões, as jovens levam roupas mais descoladas na bolsa para vestir no local e roupas sóbrias para seu deslocamento na rua. No Irã, se uma mulher estiver realmente interessada num homem, não é surpresa para os locais, ela tomar a iniciativa e ao contrário do que pensam os ocidentais, elas namoram antes do casamento. A obra de Adghirni encanta pelo deslumbramento ante um país e um povo surrealmente belos. Deixo para você, engenheiro a dica! Sugestão de boa leitura: Os Iranianos – Samy Adghirni. Editora Contexto, 2014. P.S. Os iranianos costumam tratar quaisquer pessoas que querem reverenciar como engenheiros devido ao grande apreço que têm pela engenharia.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Comprando gato por lebre!

Há quem diga que tenho a mania de querer ter sempre razão, penso que isso não corresponde à verdade, pois, jamais assumi compromisso de fidelidade com o erro, desta forma, não tenho problemas em reconhecer equívocos na minha reflexão ou ação. Sempre que passo por uma cancela de pedágio paranaense, e, depois de, em conformidade com a lei, ter sido devidamente assaltado, penso que sou em parte culpado por essa situação. Sim, eu votei em Jaime Lerner em 1994! Errei, reconheço e me cobro muito por isso. Queria evitar um mal que pensava ser maior, a eleição de Álvaro Dias, o autor do massacre dos professores em 1988. Também estava empolgado com o famoso urbanista, que criou soluções geniais para Curitiba, e, que em campanha soube utilizar imagens do massacre de 1988 para barrar as pretensões de retorno de Dias para o Palácio Iguaçu. Penso que naquele momento (1994) estava entre a Cruz e a Espada, mas, em 1998 votei contra a sua reeleição, porém, o povo paranaense deu mais quatro anos para Lerner que aprofundou o neoliberalismo no Estado (FHC fazia o mesmo no governo federal) e o afundou numa crise financeira com atrasos de pagamentos do funcionalismo e mais endividamento público. Percebi que fui vítima da idealização que fiz desse político e que não correspondia à realidade, mas, apenas à construção por meio de marketing midiático. Em 1989 assisti o discurso de Fernando Collor de Mello (na época, um jovem herdeiro do cacife político e financeiro de uma conhecida oligarquia alagoana) na praça central de minha cidade e ouvi o bastante para perceber que estava certo na minha convicção de em hipótese alguma votar nele, que vinha a galope no obscuro e nanico Partido da Reconstrução Nacional (PRN) com o tradicional discurso anticorrupção e com forte apoio da Grande Mídia. Passado algum tempo, o dito “Caçador de Marajás” sofreu um processo de impeachment por corrupção. Conheço fervorosos eleitores de Collor em 1989 e que atualmente se referem maldosamente à Lula alterando a grafia para “Lulla”. Acho curioso e penso que tem mais de Collor nessas pessoas do que de Collor em Lula. Em 2002 votei em Flávio Arns e o ajudei a se eleger Senador da República pelo PT, um partido de esquerda (hoje está mais para centro-esquerda) e o fiz, por ele ser candidato pela esquerda ideológica, ser irmão da saudosa Zilda Arns e por sua atuação junto à APAE. Senti-me profundamente enganado e traído quando Flávio Arns deixou a esquerda e foi militar na direita (PSDB) levando consigo o mandato a ele confiado por pessoas idealistas, porém, ingênuas como eu. Não o perdôo por isso e jamais votaria nele novamente. O que há em comum entre Fernando Collor de Mello, Jaime Lerner e Flávio Arns? Os dois primeiros foram eleitos por meio do voto personalista, pois, estavam acima das bandeiras de seus partidos políticos e Flávio Arns aproveitou-se da maré vermelha de 2002 e elegeu-se Senador pelo PT e a sua falta de coerência ideológica ou oportunismo o levou a mudar-se para a direita traindo os eleitores que votaram guiados pela consciência ideológica. Tenho ouvido muita gente falar em anti-partidarismo, em fim dos partidos políticos e em votos personalistas, ou seja, votos somente nas pessoas dos candidatos. Penso que não há ideia mais fascista, pois, na história mundial já houve muitas ditaduras anti-partidárias (o nazismo, o fascismo italiano, etc.). E a extinção dos partidos políticos favoreceria as elites econômicas representadas pelas oligarquias que governam este país desde sempre em detrimento dos líderes trabalhistas. Penso que deveria ser feita uma reforma política (isso é assunto para outro artigo) contando entre outros itens com a redução do número de partidos políticos, o fortalecimento dos mesmos e a posse do mandato em nome do partido político para que o eleitor “não compre gato por lebre”.