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sábado, 26 de abril de 2014

A direita envergonhada

Um estudo realizado por acadêmicos da Universidade Brock (Canadá) afirma serem mais inteligentes as pessoas com ideologias de esquerda do que as pessoas com visões de mundo de direita. A pesquisa foi realizada visando a medição do grau de inteligência de 15 mil pessoas com idades entre 10 e 11 anos de idade e que voltaram a ser analisadas aos 33 anos de idade no Reino Unido. Os autores da pesquisa concluíram que as crianças com os menores níveis de inteligência tornaram-se adultos com posicionamento ideológico de direita e também portadores de preconceitos (racismo, homofobia, etc.). Evidentemente trata-se de uma pesquisa polêmica, mas, que não deve ser de todo descartada, pois, penso que para ser capitalista não é preciso grande esforço intelectual, o mundo é capitalista, as pessoas são bombardeadas a todo o momento pelo capitalismo, respiram o capitalismo, o DNA de grande parte das pessoas está impregnado pelo capitalismo. O que estou querendo dizer é que ser capitalista é o normal, não há outra possibilidade no momento, assim, as virtudes e os defeitos do capitalismo são incorporados pelas pessoas como algo extremamente natural. Dessa forma, estupefato vejo pessoas que não possuem fábricas, fazendas e nem mesmo exploram a mais-valia de ninguém estufar o peito para orgulhosamente dizer que são capitalistas, apesar de toda a contradição que isso implica, pois, não são mais que proletários alienados. Apesar da megacrise global de 2008 ter sido considerada pelos pensadores da esquerda como a morte do neoliberalismo e de poucos serem os economistas que ainda fazem a defesa de tal fundamentalismo capitalista, a vida não se tornou mais fácil para os seres humanos que sonham com uma sociedade justa, solidária e fraterna, algo que é por natureza incompatível com o capitalismo, pois, tal sistema é concentrador da renda, portanto produtor de exclusão social. A direita tem um grande e poderoso aparato de convencimento que inclui os meios de comunicação de massa que, desinformam e omitem tudo que não lhes é conveniente e informam aquilo que convém à elite. Grande parte das pessoas não é culta e politizada o suficiente para entender que os grandes canais de TV, jornais e revistas agem como partidos políticos com a intenção de defender os interesses econômicos e políticos da classe social à qual pertencem e da qual desejam ter o seu representante a conduzir os destinos do país. O comodismo da classe trabalhadora é outro fator que constitui grande obstáculo para o avanço das ideologias de esquerda de forma tal que Lênin afirmou ser a classe proletária portadora de vocação reformista e não revolucionária, sendo dessa forma necessária uma vanguarda revolucionária, ou seja, um grupo de intelectuais para conduzir os trabalhadores no rumo da revolução. Mas, a tarefa não é fácil, pois grande parte dos trabalhadores pensa de forma burguesa, o que torna proféticas as palavras de Aldous Huxley: “A ditadura perfeita terá as aparências da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão”. Não sei dizer se a referida pesquisa que deixou o pessoal da direita revoltado tem caráter científico indubitável ou não, o que posso dizer é que ao contrário do capitalismo, ninguém na base do senso comum defende o socialismo, pois, o senso comum é contrário ao socialismo tendo em vista as intensas campanhas difamatórias promovidas no mundo ocidental contra tal sistema. As pessoas com ideologias de esquerda estudam Marx por anos ou décadas e vivem angustiadas que seus estudos não lhes permita vislumbrar a transformação do status quo da sociedade cuja hegemonia capitalista parece indestrutível. No entanto, se observarmos a lista dos grandes líderes e intelectuais com projeção mundial (falecidos ou não) verificamos claramente que a maioria esmagadora destes pertenceu/pertencem aos quadros da esquerda, pois, pessoas com grande intelectualidade tendem a não aceitar a ordem/desordem que governa o mundo e concluem que tal como é impossível curar intoxicações com mais veneno, não se combate problemas capitalistas com mais capitalismo. P.S. 1. Concordo com a pesquisa que pessoas preconceituosas costumam ter baixo nível intelectual, mas não que toda pessoa com baixo nível intelectual é preconceituosa; 2. FHC recentemente se declarou de esquerda provocando além de risos da esquerda, constrangimentos da direita que tem nele um ídolo. Tal fato levou o autor dessas linhas a pensar que FHC leu a referida pesquisa e está tentando convencer a todos que a sua intelectualidade não pode ser questionada levando em conta a forma como governou o país.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A pauta que me pauta

Há alguns dias li uma frase de autoria do escritor e jornalista Paulo Mendes Campos (1922-1991) que me deixou intrigado, a frase: “escritor é quem tem dificuldade para escrever, quem tem facilidade para escrever é orador”. Ao refletir sobre a frase vi que nela não me encaixo, pois tenho grande facilidade para escrever, no que sou melhor do que ao manejar o microfone, pois tenho uma relação mais íntima e prazerosa com o computador e o papel no trabalho solitário de trazer uma ideia ou reflexão ao mundo. Ao dar certidão de nascimento a um novo artigo o faço sempre pautado pela coerência com a minha história de vida e os ideais que norteiam a minha personalidade, não escrevo para agradar ninguém, pois, poderia incorrer em desonestidade para comigo mesmo. Também não escrevo com a intenção de mudar a forma de pensar de ninguém, escrevo defendendo as coisas em que acredito e para que as pessoas que pensam de igual forma saibam não estarem sozinhas. Sei que minhas linhas agradam alguns e desagradam outros, da mesma forma leio muita coisa que me desagrada e fico feliz que vivamos num país democrático que possibilita a coexistência da pluralidade de ideias. Sei também que a leitura dos temas e textos longos que escrevo é desprezada por muitas pessoas, isso não me incomoda ou entristece, porque escrevo primeiro para mim e reparto com aqueles que buscam subsídios para livremente pensar, não importa que sejam poucos, importa que sejam como são: seres pensantes. O mundo seria muito triste e vazio se todos pensassem da mesma forma, lamentável é saber que nem todo mundo pense assim, pois o pensamento único não é fermento da democracia, mas, sustentáculo da ditadura. Em nossa prática devemos fazer-nos acompanhar da coerência que deve ser a pedra basilar de nosso pensamento e ação, mas não pode ser uma coerência paralisante que nos torne indiferentes e incapazes de agir quando o momento nos pede que nos posicionemos. A coerência não significa que nos tornemos insípidos para agradarmos às pessoas, pois isso tem nome chama-se oportunismo. Os oportunistas trilham os caminhos da vida sem rumo certo conforme os ventos do momento lhes mostra onde se encontram as maiores possibilidades de satisfação pessoal, dessa forma buscam não “queimar o filme” se posicionando sobre temas espinhosos e nem mesmo fazer parte de causas que não tragam algum benefício, razão pela qual costumam se posicionar junto ao grupo mais poderoso vendendo a este, a alma. Na vida é preciso tomar partido, já afirmava o grande pensador italiano Antonio Gramsci (1891-1937) “Odeio os indiferentes. Acredito que viver significa tomar partido. Indiferença é apatia, parasitismo, covardia. Não é vida. [...]”. O leitor pode até não gostar do que escrevo, mas jamais poderá dizer que não tomo partido, pois, ao deixar claro meu posicionamento ideológico agrado uns e desagrado outros, mas evidencio que o oportunismo é um traço de personalidade lamentável em qualquer pessoa. Portanto, ser coerente não é acenar com a cabeça concordando com a maioria, pois a maioria nem sempre representa as causas mais justas e as ideias mais elaboradas, a coerência não é um lugar e nem um tempo, ela é a nossa própria essência quando não estamos perdidos de nós mesmos. Somente encontramos a essência daquilo que conhecemos bem e a maioria das pessoas é para si própria, um estranho. Escrever é para mim uma possibilidade de a cada texto conhecer-me um pouco mais e a pauta que me pauta é a essência do meu próprio ser.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Cuspindo para o alto

Há um campeonato em disputa neste momento e o leitor se engana ao pensar que me refiro aos estaduais ou à Taça Libertadores do meu clube de coração, o Imortal Grêmio, falo acerca do campeonato de cuspe para o alto empreendido pelos políticos oposicionistas e seus simpatizantes, pois, apesar dos avisos da Pátria-Mãe Portugal, cujo conhecido provérbio vaticina para todos aqueles que têm ouvidos para ouvir e olhos para ler: “Quem cospe para cima, na cara lhe cai”, nem todo mundo quer ouvir provérbios e muito menos ler, mas deveriam. Li e ouvi muito que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013 da ordem de 2,3%, era um “pibinho”, portanto, insignificante. A turma do “quanto pior, melhor” estava ainda comemorando o fracasso brasileiro quando veio o balde de água fria, o “pibinho” brasileiro era o terceiro maior de um grupo de treze grandes economias mundiais ficando atrás apenas do “planeta China” e da Coréia do Sul e superando o todo poderoso Estados Unidos da América, o Japão, a Alemanha, o Reino Unido, a França, etc. O “pibinho” não era assim tão “pibinho” principalmente levando em conta o momento atual resultante dos desdobramentos da crise internacional de 2008. É preciso enfatizar que crescer como a China somente é possível para a própria China, por isso a denominei “Planeta China”, explica-se, um crescimento muito acelerado tal como um crescimento pequeno traz problemas, pois, para crescer a taxas chinesas é necessário estar preparado para tal (infraestrutura, geração de energia, etc.) ou o sonho desmorona como num castelo de cartas. O Brasil é um país cuja infraestrutura começou a ser ampliada e modernizada nos últimos dez anos, pois, o que havia era herança do período militar, uma vez que Sarney, Collor e Itamar pouco fizeram e o Governo FHC além de investir pouco, se preocupou mais em vender as “Joias da Coroa”, ou seja, as estatais, principalmente as mais lucrativas a preços para lá de camaradas (privataria tucana). Mas, toda aquela fala sobre “pibinho” me despertou a curiosidade, afinal, de quanto foi o crescimento do PIB no período (1995-2002) quando FHC(PSDB) governava o país? Fiz então uma pesquisa e descobri que as taxas no período foram: 1995: 4,2%; 1996: 2,2%; 1997: 3,4%; 1998: 0,0%; 1999: 0,3%; 2000: 4,3%; 2001: 1,3% e 2002: 2,7%. Então me perguntei qual a média de crescimento do período FHC? Para saber somei as taxas de crescimento e dividi pelos oito anos em que esteve na “gerência” do país e descobri que a média de crescimento da Era FHC foi..., pasmem... 2,3%, ou seja, “pibinho”... O PIB de FHC foi um “pibinho”! Caso o leitor duvide pegue a calculadora e faça as contas. E FHC conseguiu o índice de 0,0% num período em que não houve uma crise da proporção daquela registrada em 2008 com hipocentro nos EUA e sim crises de menor impacto (a crise mexicana 1995, a crise russa salvo engano em 1998). Li e ouvi que a inflação estava preocupante no Governo Dilma, decidi então pesquisar a média de inflação do período FHC(PSDB) e descobri que ela foi de 9,1% ao ano para o período (1995-2002), com Lula (PT) no período (2003-2010) os preços subiram numa média anual de 5,8% e o Governo Dilma (PT) em seus três primeiros anos (2011-2013) cravou uma média anual de 6,1%, índice próximo ao de Lula, ou seja, a esquerda no Poder não tornou o Brasil um paraíso, porém, a direita quando no Poder esteve jamais fez melhor e ao criticar o governo Dilma, a oposição uma vez mais cuspiu para o alto e o cuspe caiu em seus olhos, é o que dá fazer piada de nossos irmãos portugueses e não dar crédito aos seus provérbios simples, porém, sábios.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Uma ferida que nunca cicatriza – Parte 2

Qualquer pessoa que tenha um razoável conhecimento da história nacional acerca do período militar (1964-1985) e que faça uma breve leitura da Declaração Universal dos Direitos do Homem irá constatar que vários artigos foram desrespeitados naquele período e concluirá que os governantes brasileiros praticavam o Terrorismo de Estado e que a ONU nada fez de concreto para impedir a violação sistemática dos direitos humanos no país. Os Estados Unidos, apoiador da ditadura brasileira jamais se submeteu à ONU e, sempre exerceu forte pressão sobre os países membros fazendo uso do enorme poder de influência, política, militar e principalmente financeira de que dispõem. É sempre bom ter a amizade e a boa vontade de “Tio Sam”, assim pensam muitos representantes de países do mundo que ao colocar o comércio acima dos direitos humanos e mesmo do Direito Internacional de certa forma se prostituem. O leitor jamais verá um presidente estadunidense julgado por crimes contra a humanidade, não que eles não cometam tais crimes (milhares são as vítimas inocentes), mas porque jamais a ONU terá poder e coragem suficiente para levar tal presidente a julgamento e os EUA não consentiria. Mas quem somos nós para fazer tal afirmação? Acaso os ditadores militares brasileiros mereciam destino diverso que não o Tribunal Internacional de Justiça? “Tio Sam” apoiou ditaduras sanguinárias no continente americano, foi assim no Brasil, na Argentina, no Chile, no Uruguai, no Paraguai, etc., é que para o “Big Brother Yankee” uma ditadura se torna palatável se os ditadores em questão seguem a cartilha yankee, e os militares brasileiros seguiram sua cartilha à risca, garantiram os interesses estadunidenses no país, colocaram o Brasil de joelhos perante o FMI, reprimiram as lideranças de esquerda e para tal tiveram importante auxílio de oficiais estadunidenses que elevaram as técnicas de tortura do regime militar brasileiro para o nível científico e os militares brasileiros como bons aprendizes tornaram-se multiplicadores de tais conhecimentos para os países vizinhos também governados por ditaduras. As técnicas de torturas utilizadas pelos militares cujo know-how “Made in USA/Brazil” era variado (pau-de-arara, cadeira do dragão, choques elétricos, balé no pedregulho, telefone, afogamento na calda da verdade, afogamento com capuz, mamadeira de subversivo, soro da verdade, massagem, geladeira, etc.). O Brasil é um país membro fundador da ONU, entidade supranacional que promulgou a Declaração Universal dos Direitos do Homem em 10 de Dezembro de 1948. Trata-se de uma carta de princípios que estabelece os direitos fundamentais, civis, políticos e sociais de todos os seres humanos sem discriminação de raça, cor, sexo, língua, nacionalidade, religião, opinião política, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou outro estatuto. Imagino que os representantes brasileiros enrubesciam de vergonha ao pensar sobre as atrocidades aqui cometidas e terem que acobertar tal assunto, mesmo que sob a aquiescência tácita da ONU. Penso que as Forças Armadas deveriam pedir perdão ao povo brasileiro e o mesmo deveriam fazer os EUA por terem promovido e apoiado a ditadura que aqui se implantou em 1964, porém, não tenho ilusões, reconhecer erros cometidos pelo Estado é próprio de grandes estadistas dotados de grande senso humanitário e de justiça e os Estados Unidos não tem sido pródigos na geração de tais lideranças e suas ações não constituem mais que estratégias para perpetuar o seu domínio imperialista sobre o planeta. Os EUA não se redimem e ocultam sua participação no golpe e os fascistas brasileiros continuam a defender a carnificina que promoveram desdenhando da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que o Brasil aclamou e acatou na Assembleia Geral da ONU e da qual deixo alguns artigos para a apreciação do leitor. Artigo III - Todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal; Artigo V - Ninguém será submetido à tortura, nem a punição ou a tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes; Artigo IX - Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo XIX - Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.