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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Cristovam Buarque: de patriota a golpista! Parte 2

Cristovam Buarque fez carreira política no PT (1990-2005) e no PDT (2005-2016) e no ano em curso ingressou nas fileiras do Partido Popular Socialista (PPS) que representa apenas mais uma bizarrice da política tupiniquim onde nomenclaturas partidárias muitas vezes nada têm a ver com a prática política de seus representantes, sendo assim, o PPS é tão socialista e de esquerda quanto o neoliberal PSDB é social democrata e isso fica evidente nas estranhas alianças políticas com a extrema direita. Sua ação como Ministro da Educação no Governo Lula foi muito contestada sendo que recebeu por telefone o comunicado de sua demissão do cargo, algo que jamais perdoou. É verdade que uma demissão dessa forma está longe de ser considerada polida, mas, a justificativa governamental é de que seu desempenho frente ao Ministério foi pífio e de que viajava demais (não era fácil encontrá-lo no Ministério) e se dedicava pouco na busca de soluções para os problemas da pasta. Seu desempenho frente ao Ministério fica totalmente ofuscado quando comparado ao de Fernando Haddad (PT). Apesar de seu desempenho insatisfatório na pasta da Educação contrariando a esperança popular, pois, sempre se declarou defensor da Educação, e, esta como o caminho viável para o desenvolvimento, Cristovam manteve sua biografia sem grandes arranhões, sendo convidado para palestras no país e também no exterior onde suas falas sempre foram bem acolhidas. Entre seus feitos está a criação do programa “Bolsa-Escola” no governo do Distrito Federal, depois encampado por FHC cuja propaganda de governo direta ou indiretamente tomou para si a paternidade. Em 2005, ano em que estourou o escândalo do Mensalão, Buarque se retirou do PT e ao ser questionado por tal ato afirmou: “Não fui eu que saí do PT, mas, o PT que saiu de mim” e emendou que “o partido é formado por gente honesta, mas, acomodada e a corrupção é de alguns petistas”. Na época, muitas pessoas viram na atitude de deixar o PT, a mágoa de Buarque com as lideranças do Partido, outros, viram a atitude de um rato que abandonou o navio tão prontamente ele começou a fazer água, não ficando nem mesmo para ver se as bombas de sucção resolveriam o problema. Mas, é importante que se diga, nem isto afetou fortemente sua biografia, pois, continuava fazendo seu discurso em defesa da Educação e dos professores, e recebendo deles seu reconhecimento. Em 2006, lançou-se candidato à presidência pelo PDT, ficou em quarto lugar. Em 2014, apoiava o candidato Eduardo Campos (PSB) que veio a falecer na queda misteriosa de um avião misterioso. Com a morte de Campos, apoiou a substituta Marina Silva, e, como esta não logrou passar ao segundo turno, apoiou, pasmem, Aécio Neves (PSDB) contra Dilma Rousseff (PT). A derrota do tucano nas urnas, e o “mimimi” interminável deste e as ações antidemocráticas de uma oposição delinquente levou o país a uma crise política somente comparável a 1954 e 1964. Em 2016, ingressou no PPS após o PDT receber a filiação de Ciro Gomes apontado como o provável candidato da legenda para 2018 contrariando sua pretensão de ter a indicação. Os desdobramentos da crise política de um Congresso Nacional considerado o pior desde o fim da ditadura militar, o qual fez avançar celeremente pautas conservadoras e religiosas que aos poucos estão demolindo a salvaguarda de proteção aos trabalhadores e o Estado laico. Seu posicionamento frente à arbitrariedade com que foi tratado o processo de Impeachment, um golpe de Estado mundialmente reconhecido como tal, provoca graves danos à sua biografia e coloca em xeque seu discurso de defesa da democracia, da classe trabalhadora e da Educação considerado agora mera hipocrisia eleitoreira, pois, ao ajudar a derrubar uma presidenta honesta deu um golpe de punhal na democracia nacional e traiu mais de 54 milhões de eleitores que votaram em Dilma e que esperavam do Senador uma atitude coerente com sua biografia. A esquizofrênica visão de Buarque sobre o processo de Impeachment justificando seu voto condenatório de uma presidenta inocente, apenas, se baseando no fato de que o rito foi cumprido, e, ignorando a absoluta falta de provas, demonstra que Cristovam precisa de apoio psicológico ou mesmo psiquiátrico, pois, perdeu a noção de realidade, de democracia e de sua própria biografia. Ao ajudar o que há de pior na política a chegar ao Governo Federal, todas as ações decorrentes em prejuízo dos direitos trabalhistas, da soberania nacional e da Educação passam a ter também a sua chancela. Cristovam deixa a história para fazer parte da lata de lixo da política!

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Cristovam Buarque: de patriota a golpista - Parte 1

Dentre os políticos que apoiaram o golpe parlamentar-jurídico-midiático de 2016, não há nenhum que tenha causado maior decepção aos setores progressistas da sociedade do que Cristovam Buarque, inclusive porque construiu sua carreira política em meio a estes e também porque tendo uma biografia tão interessante a preservar, preferiu bisonhamente jogá-la no limbo da história a que estão destinados todos aqueles que violentam a democracia. Cristovam cometeu não apenas suicídio político, mas, também suicídio biográfico. Penso que sua trajetória política merece uma breve reflexão, porém, é uma aposta de enorme risco, pois, certamente nos levará a percorrer o caminho entre a psiquiatria e a fisiologia política tentando encontrar o rumo de seus passos, que certamente um dia a história revelará em livros ou nas páginas de jornais e blogs. Há mais de uma década tive contato com um artigo que descrevia a fala patriota e genial de um brasileiro, o ex-reitor da UNB (1985-1989), ex-governador do Distrito Federal pelo PT (1995-1998) e Senador da República eleito/reeleito nos pleitos (PT-2002) e (PDT-2010) Cristovam Buarque que ocupou também o cargo de Ministro da Educação do Governo Lula (PT) entre os anos de 2003 e 2004. Não tenho vergonha em reconhecer que me emocionei e li sua fala aos educandos e demais colegas professores da escola em que lecionava. Na época, Buarque cujo currículo registra ser engenheiro mecânico, economista e professor ao ser questionado durante um debate numa Universidade estadunidense por um universitário sobre o que pensava acerca da internacionalização da Amazônia, e, antes mesmo de atender ao jovem, este ainda emendou que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Assim respondeu Cristovam Buarque: "De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de comer e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa”!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A ditadura dos sem votos

Há alguns dias vi uma propaganda do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a fantástica inovação brasileira que foi a introdução da urna eletrônica nas eleições, a qual dificulta enormemente a fraude, algo comum no tempo da cédula de papel, além de acelerar a apuração dos resultados. No entanto, ela tem críticos que duvidam de sua segurança, e, estes se encontram na direita ideológica ante a supremacia do PT nas quatro últimas eleições presidenciais (2002, 2006, 2010, 2014). O estranho é que tais críticos nada falavam quando o PSDB/DEM era hegemônico nos tempos de FHC, e, mais estranho ainda, é o tucanato exigir auditoria em urnas que deram a vitória nas eleições majoritárias à Dilma e se calar quanto ao fato de que as urnas paulistas estão dando vitórias consecutivas aos candidatos tucanos há mais de duas décadas naquele estado. Devem pensar que a não preferência por seus candidatos (muitos deles, envolvidos em escândalos de corrupção) e pelo seu programa de implantação do neoliberalismo predatório dos direitos trabalhistas, entreguista dos recursos naturais às empresas estrangeiras em detrimento dos reais interesses nacionais e do povo brasileiro constitui uma anomalia que somente pode ser explicada pela alteração do software das urnas. A urna eletrônica constitui uma maravilha tecnológica nacional e chamou a atenção do mundo, inclusive dos Estados Unidos da América na época da primeira eleição de George Walker Bush (Partido Republicano) em 2000, ocasião em que Al Gore (Partido Democrata) tinha reais motivos para continuar na Justiça questionando os resultados de uma eleição que se constituiu numa fraude amplamente noticiada pelos meios de comunicação, investigada e documentada a fundo por autores de livros (sim, os EUA também tiveram um golpe moderno), mas, Al Gore desistiu visando não prejudicar a nação com o longo processo que haveria pela frente e com o vazio de poder em que a nação se encontraria! Penso que de nada adianta termos a moderna urna eletrônica, quando aqui não temos uma oposição responsável como a realizada pelo Partido Democrata liderado por Al Gore, pois, a oposição irresponsável liderada por Aécio Neves (PSDB), um político de alma pequena, que jamais aceitou a soberania popular exercida pelos mais de 54 milhões de eleitores que votaram em Dilma e a elegeram, dessa forma, Aécio em conluio com outras criaturas das sombras, dentre as quais, Michel Temer (PMDB), José Serra (PSDB), Eduardo Cunha (PMDB), Aloysio Nunes (PSDB), etc. nunca deram um dia de sossego para que Dilma pudesse governar e fizeram uso de pautas bombas e dos mais variados artifícios para paralisar as ações governamentais. Não agiram apenas contra Dilma, agiram contra a nação e seu sofrido povo. Foram antipatriotas e antidemocráticos e ao dar o golpe na democracia colocaram o país numa situação de anormalidade democrática ao fazer o Brasil retornar ao seu histórico status habitual, pois, em nosso país, a democracia incipiente nunca amadurece, e, tal como os frutos da árvore doente, apodrece e cai. A Constituição Federal foi violentada e vilipendiada em casa pública (Congresso) e os golpistas impuseram ao voto da maioria dos eleitores, e, portanto, à democracia, um ato de violência tão hediondo que somente pode ser comparado ao estupro, seguido de morte e esquartejamento. O Brasil se apequenou perante as nações democráticas do mundo, também se apequenaram as pessoas, políticos e partidos que apoiaram esse golpe ao não reconhecer a soberania popular expressa nas urnas e ao não entender que a democracia pode não ser perfeita, mas, que não há nenhum sistema melhor. Vivemos tempos sombrios, aquele que se apresenta como presidente da nação tem a maior rejeição da história e não tem legitimidade sequer nas fileiras conservadoras da população, menos ainda nas fileiras da população progressista. De nada adianta termos a moderna urna, quando um golpe midiático-parlamentar-jurídico solapa a frágil confiança do povo na jovem democracia brasileira ante a um passado de golpes de Estado rotineiros promovidos por uma direita representante dos interesses de uma elite arcaica, atrasada, egoísta, cruel e antipatriota e o povo brasileiro, a ampla maioria da população, alienada e apática, parece pensar não ser problema dela, mas, não tardará a sentir as consequências das ações levadas a cabo pelos golpistas liderados pelo interventor Michel Temer. A moderna urna eletrônica não é antídoto contra a ação velhaca da antiga forma de fazer política do grupo “dos sem votos” que tomou em assalto o poder, dessa forma, não basta que o voto consciente seja depositado na urna eletrônica, pois, precisa ser ardorosamente defendido em todos os espaços públicos, principalmente nas ruas!

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Coitadinhos e malandrões e a indústria da comunicação!


           
A releitura de um livro permite um reexame com novas constatações e a elaboração de novas indagações ante o objeto de análise, pois, com o passar do tempo, nosso arcabouço teórico nos coloca em novo patamar de conhecimentos, e, leituras consideradas complexas se tornam mais acessíveis. Pensando assim, retomei o livro “Quem manipula quem?” de Ciro Marcondes Filho. O livro em questão foi publicado em primeira edição em 1986 e adquirido por mim em 1991, já na quarta edição. Na obra Ciro argumenta que há no país uma grande oposição à invasão cultural estadunidense, a qual estaria prejudicando a cultura nacional e que seus críticos parecem ver na cultura dos EUA a figura de um estuprador que violenta a cultura popular brasileira tida como uma jovem e inocente donzela. Afirma que os críticos cometem um grave erro ao supor ser a cultura estadunidense algoz da cultura nacional, quando, na verdade é a cultura capitalista a causadora de grandes impactos no imaginário da sociedade. Também afirma que a cultura recebe contribuições de elementos culturais de outros países e que mesmo nossa cultura não é a perfeição para ser de todo preservada, pois, contém traços de machismo, preconceito étnico e socioeconômico, etc
        O modo capitalista de pensar se impõe na sociedade e gera o individualismo, o narcisismo, e principalmente, o consumismo. No capitalismo, tudo se transforma em mercadoria pronta para ser consumida, não é diferente com as pessoas, que vendem sua mão-de-obra nas máquinas de moer seres humanos que conhecemos por empresas capitalistas, ou mesmo seu corpo, seja para o desfrute do olhar nas revistas masculinas ou para o prazer do cliente. Dessa forma, os meios de comunicação privados somente sobrevivem pela busca incessante do lucro e isso remete ao título da obra em que o autor argumenta que os críticos costumam atribuir grande poder de manipulação aos meios de comunicação (TV, rádio, jornais e revistas) e consideram os receptores de tais artigos e programas como ingênuos e indefesos, visão em seu ver, equivocada.

            O autor argumenta que os meios de comunicação, especialmente a TV precisa de audiência sendo esta a moeda com que o telespectador paga pelos seus programas e que o índice de audiência possibilitará à emissora de TV estabelecer o preço pelos anúncios publicitários que renderão recursos financeiros que custearão as despesas e possibilitarão o lucro que toda empresa capitalista busca. Ciro afirma que o público somente pagará com a moeda audiência se a programação estiver de acordo com os anseios deste, do contrário, mudará de canal até encontrar a programação que lhe agrade. Sob este prisma, penso que a qualidade de parte da programação da TV aberta brasileira, a qual é bastante discutível e constitui verdadeiro lixo televisivo, e mesmo assim, ao obter grande audiência leva a crer que seus receptores estão sendo supridos do que desejam, talvez devido ao seu baixo nível cultural. Portanto, sexo, palavrões, violência, piadas preconceituosas, etc. geram audiência porque inúmeros telespectadores se veem ali, o efeito danoso fica por conta do fato de que ocorre a naturalização da estupidez, pois, ao ver cenas de pessoas rudes, egocêntricas e desonestas, os espectadores que correspondem a esse perfil, tomam como normal essa forma de ser e assim agem.      
            A relação entre o telespectador e o meio de comunicação é uma via de mão dupla, no entanto, penso que Ciro exagera ao supor que em geral as pessoas têm capacidade crítica para entender que nem tudo o que os programas de TV e rádio divulgam corresponde a uma visão de mundo e não a verdade em si. As pessoas de menor nível instrucional são as que mais utilizam unicamente a TV e o rádio para se informar e este segmento social costuma tomar como verdade notícias que foram tratadas nas redações e que alteram ou omitem a verdadeira informação. O autor também afirma que os meios de comunicação privados são uníssonos na defesa da liberdade de expressão e condenam veementemente a censura, mas, esquecem ou fazem questão de não reconhecer que guardam para si a prerrogativa de exercer a censura, ao não dar liberdade ideológica para seus jornalistas nas redações e ao não dar espaço para a defesa do contraditório por parte dos grupos políticos que defenestram. Uma análise aprofundada do livro resultaria muito longa, deixo então, a dica.

Sugestão de boa leitura:

Título: Quem manipula quem?

Autor: Ciro Marcondes Filho.

Editora Vozes, 1987, 162 p.

Preço: R$ 7,90 – R$ 22,80 (Estante Virtual).