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domingo, 26 de novembro de 2023

O sionismo e o apartheid na Terra Santa: do holocausto judeu ao holocausto palestino - parte III

 

A origem do povo judeu remonta a cerca de quatro mil anos, quando em meados da Idade do Bronze, grupos tribais seguiram para o Oeste e cruzaram o Rio Eufrates, entre eles havia um chefe de clã, Abrão e sua esposa Sara. A Bíblia explica a origem comum do povo árabe que tem em Ismael o seu patriarca, o qual seria filho de Abrão e sua serva Agar, e, o povo judeu, por sua vez, seria descendente de Isaac, filho de Abrão e de sua esposa Sara, sendo, portanto tais povos litigantes, meio-irmãos de sangue e oriundos da região do atual Iraque.

Canaã foi o destino migratório de tal povo e constituía, à época, uma encruzilhada que ligava a Ásia à África e à Europa, usada pelos exércitos em busca de glória e pelos comerciantes em busca de fortuna”. A Canaã bíblica é a antiga denominação da região posteriormente conhecida como Palestina e que incluía territórios atualmente do Estado de Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia (territórios palestinos ocupados por Israel), parte dos Estados da Jordânia, do Líbano e da Síria.

A tradição judaica registra que Abrahão e Sara, tiveram, como dissemos, um filho de nome Isaac, este, com sua esposa Rebeca, teve um filho denominado Jacob. Jacob teve doze filhos, cujas famílias se espalharam, tomando conta das tribos locais. A origem histórica das doze tribos judaicas, portanto, se refere à conquista por parte dos herdeiros de Jacob sobre os grupos locais que já habitavam a região.

 Desse período até o século II de nossa era, os judeus estiveram envolvidos em conflitos locais e na emigração de parte de sua população para outros países, devido às difíceis condições de vida no local. A região foi várias vezes conquistada por potências estrangeiras até que, no século II, os judeus foram expulsos da Judeia, migrando para vários países do mundo. No final da década de 1940, foi quando tiveram liberdade para voltar de vez para suas terras ancestrais. Os judeus foram um dos povos mais perseguidos do mundo. Esse sofrimento provavelmente contribuiu para mantê-los unidos.

 

domingo, 19 de novembro de 2023

O sionismo e o apartheid na Terra Santa: do holocausto judeu ao holocausto palestino - parte II

 

            A minha intenção com este artigo é trazer um pouco de luz sobre a questão Israel-palestina que, tal como o holocausto nazista, encontra-se encoberta pela névoa resultante dos filtros ideológicos impostos pela Grande Mídia e pela propaganda sionista efetivada principalmente após a ocupação dos territórios palestinos na Guerra de 1967. Tal propaganda, desde então, utiliza o martírio sofrido pelo povo judeu ante os algozes nazistas na segunda Guerra Mundial com o objetivo de justificar um regime de segregação étnica que traz em seu bojo violações da legislação internacional e dos direitos humanos, sendo que os palestinos expropriados de seu território, conforme fora estabelecido pelo processo de partilha da Organização das Nações Unidas (em fins de 1947) são discriminados ante o povo judeu.

             A ONU e a sociedade internacional, não podem tolerar mais a existência de um regime de apartheid e a prática do genocídio na região da Palestina histórica.

            A humanidade olha com atenção para o Oriente Médio, região que irriga de petróleo as veias da economia mundial fazendo o planeta pulsar, pois, detém cerca de 60% das reservas mundiais de petróleo. Essa região do planeta é considerada um barril de pólvora, pois, a diversidade étnica e religiosa, regimes autoritários e disputas territoriais já deram origem a inúmeras guerras e estão sempre no centro das atenções mundiais, pois, tudo o que acontece nessa região afeta o planeta. No entanto, nem sempre quem acendeu o pavio estava no local, pois, houve ocasiões em que interesses externos motivaram guerras locais, como na época da Guerra Fria, ocasião em que as superpotências, Estados Unidos da América (líder do bloco capitalista) apoiava um lado e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) apoiava o outro lado.

            A Palestina é uma terra milenar considerada sagrada para os cristãos, os muçulmanos e os judeus. Também é para a população mundial que, através de relatos registrados nos livros sagrados de suas religiões, dela tomaram e tomam conhecimento, independentemente do nível de estudo a que as pessoas tiveram acesso. É uma região em que o sangue é derramado há milhares de anos e, também um local em que a paz é efêmera, ou seja, quando ocorre dura pouco.

            Um acordo de paz definitivo é considerado por muitos estudiosos como algo impossível, pois, não há como selar a paz sem que ocorram cessões de ambos os lados, propiciando dessa forma, um diálogo verdadeiro na construção de uma convivência que se pretenda harmônica.

 

 

 

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

O sionismo e o apartheid na Terra Santa: do holocausto judeu ao holocausto palestino - parte I

 

     Há alguns anos cursei uma pós-graduação em Geopolítica e Relações Internacionais. Meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) foi sobre a eterna questão árabe-israelense. Sempre tive um gosto todo especial pela geopolítica, tanto que devoro tudo que encontro sobre tal área (reportagens, artigos científicos, documentários e entrevistas com especialistas impressas ou gravadas). Ainda quando cursava a faculdade de geografia, lembro de ter lido todos os livros da biblioteca da Unicentro que discorriam sobre o tema das guerras árabe-israelenses. Dessa forma, enquanto cursava as primeiras disciplinas do curso de especialização já tinha o tema de meu TCC definido. Aproveitei o tempo para ir adquirindo livros que versassem sobre a temática. O resultado foi que adquiri um grande número de livros, do qual não dei conta de ler tudo, dada a exiguidade do tempo e a necessidade imperiosa de escrever.

            Inicio dizendo que escrever sobre tal tema demandaria um espaço que não disponho neste artigo (que precisa ser breve), dessa forma optei por iniciar uma série de artigos sobre o tema que serão publicadas neste espaço semanalmente. Também quero dizer que o que aqui escrevo é fruto de minha ampla leitura (quando da escrita do TCC), o qual obrigatoriamente foi ditada pelo método científico, não sendo portanto, mera opinião embasada no senso comum ditado pela velha mídia ou por canais de youtubers nem sempre fieis à veracidade dos fatos. A questão israelo-palestina não é um Fla-Flu ou um Gre-Nal, do qual se possa simplesmente escolher um lado para torcer, embora muita gente o faça alienado pela ideologia que suas lideranças políticas ou religiosas lhes impõe. É necessário ver o que há além da cortina de fumaça que a mídia ocidental e as potências econômicas e militares hegemônicas utilizam para esconder a realidade daquilo que realmente ocorre na Terra Santa e quais são as intencionalidades ocultas.

P.S. O título dessa série que hoje se inicia é o título de meu Trabalho de Conclusão de Curso em Geopolítica e Relações Internacionais. O título em si, já adianta bastante do que tratarei neste espaço nas próximas publicações.

           

 

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Nova Era: a civilização planetária

 

Nos anos 1990, quando cursava a Universidade, tive contato com um pequeno livro azul, uma obra elucidativa sobre o mundo que estava sendo gestado e que veio a ser confirmado com o passar do tempo. O livro “Nova Era: A civilização Planetária” de Leonardo Boff (cujas várias obras mais tarde se tornariam minhas leituras frequentes) discorria sobre os novos tempos que a humanidade estava inaugurando sob a hegemonia do Capitalismo Neoliberal imposto ao mundo pelas lideranças globais (representantes dos países centrais e de poderosos grupos transnacionais) através do processo de mundialização ou globalização pela via do mercado, da política, da estratégia militar, da tecnociência, da comunicação e da espiritualidade.

            O autor também discorreu na obra sobre os grandiosos avanços científicos na área da Tecnologia, da Biotecnologia (Genoma Humano), da Informática e da Robótica e sobre a forma como tais avanços científicos estavam mudando o processo de produção industrial com uma produtividade crescente à custa da redução progressiva dos postos de trabalho. O autor não faz oposição na obra à mundialização em si, mas ao caminho percorrido para se chegar a ela, ou seja, a via do mercado concorrencial, cujo egocentrismo das nações mais poderosas não lhes permite enxergar a possibilidade de levar a humanidade para outro patamar, o da dignidade humana para todos independentemente da origem étnica ou de gênero.

            Para Boff, outra mundialização seria possível. A mundialização da solidariedade, da compaixão com os pobres e famintos, e, sobretudo de esforços das nações desenvolvidas para assegurar o desenvolvimento para toda a população mundial. Criar uma sociedade planetária que garantisse a todos a dignidade humana para que o básico a ninguém faltasse, ao contrário do que Leonardo já observava nos anos 1990 e hoje temos certeza absoluta, um mundo de exclusão sempre crescente em que apenas 85 pessoas são donas de 1% da riqueza global (uma fatia equivalente à que caberia para uma população de setenta milhões de habitantes caso a divisão da riqueza fosse equânime).

            No mundo que temos hoje, a fatia que cabe à parcela que forma os 1% mais ricos da humanidade equivale a 50% de toda a riqueza global e na outra ponta temos cerca de um bilhão de pessoas provando a fome, a miséria, o analfabetismo, etc. como vítimas do egocentrismo humano levada a cabo pelas principais lideranças políticas e empresariais globais, pois, como o autor afirmou na obra “quem não interessa ao mercado, não existe”. Uma parte interessantíssima da obra é quando Leonardo relata a injustiça que o processo de informatização/robotização está fazendo ao aumentar os lucros do patrão e diminuir os postos de trabalho, e, que em seu ver deveria ser uma oportunidade de reduzir a jornada de trabalho em 50% com a manutenção de pelo menos 75% do antigo salário e dos postos de trabalho, ou ainda, a criação de um salário tecnológico (participação nos lucros da empresa com alta utilização de tecnologia no processo produtivo) que seria recolhido pelo Estado e repassado às pessoas que perderam seus postos de trabalho em virtude do avanço tecnológico que dispensou o trabalho humano.

            O autor defende ainda “a criação de um salário de sobrevivência humana para todos os bilhões de desamparados da Terra e, que possibilitasse a todos, a dignidade humana como um dever ético exigido aos países ricos outrora colonizadores e que à base da exploração colonial conseguiram obter a acumulação primitiva que lhes possibilitou o salto para a modernidade e a industrialização”. Boff afirma que ao “conceder um salário de sobrevivência aos hoje pobres e colonizados de outrora seria um imperativo de justiça e não de caridade social”, afirma ainda que seriam necessárias algumas reorientações globais da economia mundial, mas, que isso é tecnicamente viável, caso uma visão da dignidade humana para todos fosse se impondo e houvesse vontade política para tal.

             A obra apesar das poucas páginas é densa, e, caso fosse aqui esmiuçá-la resultaria numa monografia, pois, Leonardo disse muito com poucas palavras, com sua sensibilidade e intelectualidade ímpar sempre traz mais luz à humanidade que vive na escuridão de um mundo imagético, artificial e cada vez mais desprovido de espiritualidade. Leonardo Boff é no mundo atual, em que o capitalismo global veste novas roupas para continuar a fazer aquilo que sempre o caracterizou (a apropriação de mais-valia da classe proletária e a exploração das riquezas naturais e do mercado de nações do Sul) uma leitura necessária e urgente!

Sugestão de boa leitura:

 Título: Nova Era: a civilização planetária.

Autor: Leonardo Boff.

Editora:  Ática: 1994, 87 p.