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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O dragão chinês – Parte 3

A moda das cirurgias plásticas também chegou entre as chinesas, e quem pensa que a implantação de prótese de silicone nos seios é a campeã de preferências se engana, a cirurgia mais procurada é a de olhos, para deixar as pálpebras arredondadas como as mulheres ocidentais. O símbolo de beleza entre as mulheres de maior poder aquisitivo é a atriz Audrey Hepburn do filme Bonequinha de Luxo, sendo que estas desejam ficar parecida com ela. Enquanto no Brasil as mulheres “torram” ao sol na praia, na piscina ou mesmo na laje para adquirir um bronzeado, na China ter a pele muito branca é sinônimo de saúde e beleza, tanto que um ditado chinês afirma “quando a pele da mulher é branca qualquer outro defeito estético é perdoado”, dessa forma haja protetores solares, cremes embranquecedores e sombrinhas. As mulheres chinesas por uma questão cultural são discretas, delicadas e gostam de vestir roupas com estampas de personagens infantis, sejam os da Disney, Hello Kitty, etc. Embora seja comum observar nas ruas de Pequim, homens trajando camisas com bermudas e sapatos com meia soquete, com o enriquecimento de parte da população há aqueles que buscam seguir os últimos ditames da moda internacional. A China é considerada o país das bicicletas e imagens com ciclistas realizando um verdadeiro balé pelas ruas das grandes cidades chinesas povoa a mente das pessoas que sobre tal país pensam, mas embora todos os anos milhões de novas bicicletas sejam postas em circulação devido ao seu preço irrisório, o novo sonho de consumo da classe média em expansão é o automóvel. Um leve ou nem tão leve enxugamento do orçamento familiar e os financiamentos o tornaram cada vez mais acessível à população que aproveita a oportunidade para ter o carro da família, pois no passado ter um automóvel dependia da autorização do Governo e que não era concedida tão facilmente. Ser proprietário de um automóvel é o maior símbolo de status para uma família, pois é sinal de enriquecimento, porém, como nada neste mundo é perfeito, muitos felizes proprietários ficam presos aos congestionamentos e há mesmo entre os novos donos de automóveis quem ainda se desloca de bicicleta para evitar aborrecimentos. Além da questão envolvendo Taiwan, a China ocupou o Tibete obrigando o Dalai Lama a se exilar na Índia, desde 1950 a maior autoridade do budismo tenta sem sucesso a independência da terra de sua gente e afirma já não mais ter a esperança de ver o Tibete livre. A China construiu uma ferrovia que transpõe altitudes elevadas sendo que esta fenomenal obra de engenharia tem como objetivo integrar aquela região ao país e sobre a qual as autoridades chinesas já avisaram não aceitar oferecer um modelo de autonomia semelhante à concedida a Hong Kong. Outra questão polêmica foi o massacre da Praça da Paz Celestial em que as tropas do governo chinês marcharam contra os jovens reunidos neste local em 1989 e que protestavam exigindo reformas políticas. Todos os anos, no aniversário do ocorrido o policiamento no local é reforçado embora parte dos jovens chineses tenha sido “silenciada” pelo sucesso do governo na área econômica. Enfim, escrever sobre este curioso “planeta” chamado China resultaria num livro e foi o que fez Gilberto Scofield Jr. e cuja obra indico abaixo. Sugestão de boa leitura: SCOFIELD JUNIOR, Gilberto. Um brasileiro na China, O olhar de um jornalista estrangeiro sobre o país que mais cresce no mundo. Rio de Janeiro: Ediouro: O Globo, 2007.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O dragão chinês – Parte 2

No país que mais cresce no mundo, outra coisa que chama atenção é o sistema: Socialismo? Capitalismo? Socialismo de Mercado segundo as autoridades chinesas. Em 1949, sob a liderança do “timoneiro” Mao Tse-Tung a China fez a Revolução Comunista, nessa época a divergência com o capitalista Chiang Kai Shek fez com que este último derrotado se exilasse em Formosa (Taiwan) tida pelo governo chinês como parte de seu território e portanto uma província rebelde. A China adotou o socialismo e tentou copiar o modelo soviético, mais tarde rompeu com a União Soviética e também por este fato o “grande salto adiante”, iniciativa de Mao Tse-Tung para modernizar a economia e distribuir igualitariamente a renda fracassou com o fim do apoio técnico soviético. Na década de 1980, Deng Xiaoping cria a economia socialista de mercado e afirma que “enriquecer pode ser glorioso” e desde então a China vem crescendo vertiginosamente, porém, muitos problemas acompanham este crescimento célere, danos ao meio ambiente como a poluição do ar devido à grande industrialização e a desigualdade social entre os trabalhadores do campo mais pobres e os da cidade que têm padrão de vida melhor apesar dos baixos salários se comparados ao padrão ocidental, o que obriga o governo chinês a trabalhar para a redução dessa desigualdade com políticas em benefício dos camponeses. Os baixos custos para a produção em terras chinesas e a abertura econômica levaram várias empresas transnacionais a mudarem suas plantas industriais para o referido país, os salários apesar de ainda muito baixos, vêm crescendo e dando origem a uma nova classe média, o país retirou mais de 100 milhões de pessoas da linha da miséria na última década, e isso é um número fantástico, embora o trabalho seja ainda grande diante da enorme população. Além dos problemas ambientais, o país lida agora com outro problema capitalista, o consumismo. Na verdade, ao incorporar ferramentas de mercado no sistema socialista, as autoridades chinesas desagradaram os socialistas convictos do mundo inteiro bem como aos capitalistas que se recusam a reconhecer na China uma economia de mercado. Socialistas não se sentem à vontade para falar dos progressos chineses e nem os capitalistas, a despeito disso é o país que mais cresce no mundo e é junto com o Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, um membro importante do grupo de países emergentes conhecidos como “BRICS”, que adquiriram uma importância maior nas decisões mundiais após a crise mundial de 2008 originada nos Estados Unidos. Existe uma preocupação relacionada à China, pois este país é uma potência nuclear e somente é superado pelos EUA no que se refere a gastos militares, o principal incomodado é o Japão, país que invadiu a China e cometeu atrocidades contra a população local no século XX e que entre outros crimes de Guerra tomou milhares de mulheres chinesas como escravas sexuais para atendimento de suas tropas de soldados. China e Japão também têm áreas territoriais em litígio, e navios militares chineses têm navegado próximo às ilhas japonesas Senkaku chamadas de Diaoyu pelos chineses. Há na população chinesa grande ressentimento pela forma como o Japão agiu nos episódios anteriores e durante a Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos também têm uma grande preocupação com a China, pois o país já é a segunda economia mundial e mantendo este ritmo de crescimento poderá se tudo correr bem se tornar a maior economia do planeta. Mas há uma ameaça chinesa real e imediata, refiro-me aos produtos chineses baratos e com qualidade cada vez melhores que invadiram os mercados ocidentais obrigando as empresas que não conseguem se adequar à concorrência implorar salvaguardas para os governos, ou seja, mecanismos de proteção para a iniciativa local para preservar empresas e empregos, algo que nem sempre é possível.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O dragão chinês – Parte 1

Os chineses sempre consideraram seu país como o “império do meio ou o país do centro do planeta” e nunca ele esteve tão no centro das atenções mundiais como nas últimas duas décadas. A China também era historicamente conhecida como o “Reino do Dragão” e “Dragões ou dragos (do grego drákon, δράκων) são criaturas presentes na mitologia dos mais diversos povos e civilizações. São representados como animais de grandes dimensões, normalmente de aspecto reptiliano (semelhantes a imensos lagartos ou serpentes), muitas vezes com asas, plumas, poderes mágicos ou hálito de fogo. A palavra dragão é originária do termo grego drakôn, usado para definir grandes serpentes. Na China, a presença de dragões na cultura é anterior mesmo à linguagem escrita e persiste até os dias de hoje, quando o dragão é considerado um símbolo nacional chinês. Na cultura chinesa antiga, os dragões possuíam um importante papel na previsão climática, pois eram considerados como os responsáveis pelas chuvas. Assim, era comum associar os dragões com a água e com a fertilidade nos campos, criando uma imagem bastante positiva para eles, mesmo que ainda fossem capazes de causar muita destruição quando enfurecidos, criando grandes tempestades”. ¹ Atualmente um dragão assombra o mundo e ele é chinês e faz mágica, consegue fazer com que a nação mais populosa do mundo cresça há mais de uma década a taxas anuais próximas de dois dígitos e se mantém assim mesmo em época de crise mundial. As taxas não chegam aos dois dígitos somente com muito esforço do governo local para evitar o crescimento desordenado. O país possui uma história milenar, pois é uma das mais antigas civilizações do planeta, inventores da bússola, da pólvora, dos fogos de artifício e de tantas outras coisas copiadas pela civilização ocidental. No século XIX, a então toda poderosa e inescrupulosa Inglaterra impôs ao Reino Chinês a Guerra do Ópio, pois o Imperador chinês ao observar a degradação da sociedade e o empobrecimento do país com o consumo da referida droga comercializada pelos ingleses, resolveu proibir a entrada da mesma no seu território. Os britânicos venceram, cobraram indenizações e tomaram para si a ilha de Hong Kong, devolvendo-a apenas em 1997. Atualmente, Hong Kong é regida pelo sistema “um país, dois sistemas”, assim o capitalismo na ilha foi mantido. A primeira coisa que chama a atenção sobre a China é a sua população (1,3 bilhão de habitantes), que não é maior graças ao controle de natalidade, em que cada mulher residente em área urbana somente pode ter um(a) filho(a). A exceção é para as que moram no campo que podem ter uma segunda gravidez caso o primeiro nascimento seja de uma menina. Na China as moças quando de seus casamentos acompanham a família dos maridos e por isso a tentativa de um menino para ajudar os pais na lida da roça e amparar os pais na velhice. Devido à política do filho único, infelizmente, existem casos de infanticídios e abortos de bebês do sexo feminino, o que levou as autoridades a proibir os médicos de divulgarem o sexo do bebê quando de exames ecográficos e de fazer campanhas de conscientização e valorização do sexo feminino. Existe até uma preocupação por parte das autoridades referente ao descompasso entre a população feminina e masculina, faltam mulheres e muitos pais se preocupam em acertar casamentos para seus filhos homens. Embora não seja Brasil, as chinesas que desejam ter mais de um filho também dão seu “jeitinho”, o governo descobriu que muitas mulheres estão fazendo tratamentos de fertilidade sem que houvesse necessidade, pois assim aumentam a possibilidade de terem gêmeos. Com o enriquecimento da população chinesa existe outra possibilidade de ter um segundo filho, basta que uma taxa “salgada” para os padrões chineses seja paga ao Governo e que todas as despesas de saúde, educação, etc. sejam arcadas pelos pais, ou seja, o segundo filho nada receberá do Estado. Referência: ¹. http://pt.wikipedia.org/wiki/Drag%C3%A3o – Acesso em 05 de fevereiro de 2013.