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domingo, 24 de junho de 2012

A escrita como um campo de lutas – parte 1




Nada mais indissociável da escrita do que a leitura, mesmo o maior dos gênios da humanidade sem o auxílio da leitura de obras de autores que o precederam nada seria, dessa forma faz todo o sentido a frase: "Gigantes são os mestres nos ombros dos quais eu me elevei." (ISAAC NEWTON (1642 - 1727), físico, astrônomo e matemático inglês). A verdade é que sem a incrível capacidade do ser humano de repassar o conhecimento para as gerações seguintes a humanidade permaneceria estacionada na idade da pedra lascada, habitando cavernas e comendo carne crua. Costumo falar aos educandos que sem o “inventor da escola”  (o qual alguns planejavam matar se o encontrassem! (risos)) esse seria o destino da humanidade.
Todo professor vê em cada ex-aluno um pouquinho de si e carrega deste um pouco consigo, ensinamos muito, mas aprendemos também, a interação é muitas vezes dolorosa, mas gratificante como poucas profissões. Todo ex-aluno carrega dentro de si ecos de palavras de incentivo e inevitavelmente também de descrença de professores em sua capacidade e reage diferentemente, tive professores que me incentivaram a ler e a escrever e fiz disso um passatempo prazeroso. Também recebi palavras de desconfiança sobre a autoria de alguns trabalhos que fiz quando estudante e carrego comigo a lição: o meu educando pode sim ser acima da média por mim esperada, coisa que alguns professores que tive ignoraram. Com o tempo percebi que a desconfiança na autoria daqueles artigos é porque estes foram considerados muito bons e passei a considerar aquelas situações que me chatearam como elogios.
As pessoas podem ter determinados dons naturais, mas isto não os dispensa da tarefa de aprimorá-los, certa vez ouvi que minha forma de escrever era muito poética, no entanto como amante da poesia que sou, tomei como elogio aquilo que estava sendo colocado num sentido negativo, não acho que ser excessivamente técnico e fazer uma escrita burocrática e fria traga prazer a quem lê. Também ouvi várias vezes que quem lê demais se torna uma pessoa sem idéia própria e fica apenas citando o que outros escreveram, penso e não estou enganado neste sentido que quem lê organiza seu pensamento e o constrói a partir da construção de outro, ou seja, vai além do senso comum. Se não houvesse a possibilidade da leitura estaríamos confinados na Pré-história.
Escreve bem quem lê bastante e o faz com obras de boa qualidade, um povo culto é a pedra angular para um país desenvolvido e sustentáculo da democracia, da liberdade de expressão e da intolerância frente à corrupção, a miséria, a fome, enfim,  o subdesenvolvimento, verdadeira praga no seio da humanidade. Um povo culto lê, escreve, debate e se interessa pelas questões locais, nacionais e mundiais. Por mais que seu ofício seja de apertar ou vender parafusos, isso não o exime da necessidade enquanto ser humano de ser sempre melhor. E melhor nos tornamos entrando em contato com a genialidade das pessoas que escrevem obras para matar a fome da alma daqueles que têm ânsia de conhecer e que buscam na leitura viajar sem sair do lugar onde estão!