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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Enquanto isso, a Educação...

No início deste mês (Novembro) os canais de TV brasileiros davam ampla cobertura às notícias referentes ao mensalão, enquanto isso, na Câmara dos Deputados, em surdina, foi rejeitada pela maioria de nossos “iluminados” representantes, o projeto de lei que visava destinar 100% dos royalties do petróleo para a Educação. A nação investe atualmente 4,6% do PIB em Educação, as agências internacionais consideram que o país deveria investir no mínimo 6% e os estudos demonstram que para fazer frente às necessidades brasileiras são necessários 10%. Sabemos que nenhum país se desenvolve sem ter claro um projeto de país que pretende ser nas próximas décadas ou séculos. O problema é que grande parte de nossos representantes não têm compromissos com a Educação Pública e ao que parece a vêm como um fardo a ser sustentado pelo Estado. É isso que penso com relação à recusa da destinação dos royalties do petróleo para a Educação, uma vez que os nossos representantes estavam mais preocupados em fatiar o bolo entre as Unidades Federativas. O leitor pode pensar que professor pensa que Educação é sempre o mais importante, e está absolutamente certo, pois, conforme li, “senão houver mais médicos, não haverá saúde; senão houver mais advogados, não haverá Justiça; senão houver mais engenheiros, não haverá construções. Senão houver mais professores, não teremos mais médicos, advogados e engenheiros e não haverá mais nada”. Inclusive este escriba que traça estas linhas nada seria sem os mestres que teve e aos quais deve toda a gratidão. Sabemos como já enunciado pelo saudoso Mestre Paulo Freire que “a Educação sozinha não muda a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”. Nenhuma sociedade desenvolvida chegou a tal estágio sem investir em Educação, pois vivemos numa época em que é uma dádiva ter recursos naturais no próprio território, porém, o poder mundial se concentra nas mãos de quem tem o conhecimento científico, o Japão, por exemplo, é um país carente de recursos naturais, mas investiu como poucos países em Educação e formou cérebros que desenvolveram a Ciência, decorrente disso é considerado um país símbolo da Terceira Revolução Técnico-Científica, sendo também a terceira economia mundial apesar de ter sido arrasado com duas bombas atômicas na Segunda Guerra Mundial. A posse de uma grande reserva de petróleo não nos alça automaticamente ao mundo desenvolvido, observe-se que a maior parte dos países grandes exportadores de petróleo é subdesenvolvida. O Japão por não ser rico em recursos naturais investiu em Educação e Ciência, e como sabemos, cientistas passam pelos bancos de uma sala de aula, a qualidade da Educação, portanto faz toda a diferença. O petróleo é finito e também pertence às futuras gerações, não podemos deixar que estes fabulosos recursos sejam desperdiçados na invisibilidade dos meandros do Poder e deixar aqueles que ainda não se encontram entre nós à mercê da falta de oportunidades. Os recursos do petróleo precisam tornar nosso país um lugar melhor, e para isso, investir em Educação e Ciência é fundamental.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Notícias de plástico!

Os meios de comunicação têm uma importância fantástica para a efetivação da democracia e da liberdade de expressão, no entanto, quando se tornam gigantescos, tais grupos detêm um poder tão grande que acabam extrapolando a sua esfera de atuação e acabam impondo sua hegemonia sobre o poder político e sobre a sociedade como um todo objetivando a efetivação de interesses corporativistas. Para designar alguns grandes grupos de comunicação que manipulam, omitem e deturpam a informação repassada para a sociedade brasileira de acordo com seus interesses ideológicos e econômicos foi criada a denominação P.I.G. (Partido da Imprensa Golpista). Tal denominação referente a parte da grande imprensa brasileira que deveria exercer um papel imparcial e assim prestar um grande serviço à nação, faz todo o sentido quando observamos que esta se tornou um grande partido político de direita e que assumiu como sua a tarefa de organizar e liderar a oposição ao governo do Partido dos Trabalhadores (PT) e isto ocorre desde que Lula era presidente e continua sendo assim no atual Governo Dilma. O poder que têm os grandes grupos de comunicação pode ser analisado através do livro “A História Secreta da Rede Globo” de Daniel Herz em que este demonstra como a Rede Globo serviu ao Governo Militar na época da ditadura e como a ditadura beneficiou a emissora neste período. O livro registra o depoimento de Roberto Marinho numa CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito de 1967) em que a Rede Globo recebia correspondências como Time Life Brazil, ou seja, uma empresa estrangeira, sendo que a Constituição Brasileira não permitia empresas de comunicação com capital e administração estrangeira, na época havia dois contratos entre a TV Globo e o Grupo Time-Life dos Estados Unidos, sendo que este tinha direito a 30% dos lucros. O livro mostra como era próxima a relação da Rede Globo com os militares no Poder, e como jornalista da Globo que foi, Herz contou na obra as manipulações exercidas nos noticiários tomados como verdade absoluta pela população. Lembro-me que certa vez li que um general presidente afirmou que adorava ligar a TV na Rede Globo, pois, em outros países havia uma série de problemas e no Brasil tudo era “maravilhoso”! A BBC de Londres produziu um documentário sobre a Rede Globo e o Brasil intitulado “Beyond Citizen Kane”, (Muito além do Cidadão Kane) que mostra a grandiosidade, a qualidade e o absurdo poder desse gigantesco meio de Comunicação e suas entranhadas ligações com o meio político, além de questionar a qualidade da programação para a formação cultural do povo e principalmente das crianças brasileiras. Durante muito tempo em nosso país, houve uma crença que com Lula foi derrubada de que no Brasil ninguém se elegia ou ficava no poder sem o apoio da Rede Globo e que era sempre prudente ter boas relações com o poderoso grupo. Corajoso foi o falecido político Leonel Brizola, nacionalista, que, com seus “tijolaços”, os artigos e falas em que teve a ousadia de enfrentar o poderoso meio de comunicação, que nunca deixou barato, sempre dando o troco em editoriais, dessa forma, as batalhas que travaram atraíam a atenção da população. Lembro-me de ter assistido Leonel Brizola fazendo um duro discurso contra a Rede Globo no próprio canal como direito de resposta concedido pela Justiça e em seguida um melancólico “boa noite” do apresentador do Jornal Nacional ao final. Sendo o Brasil, um país que viveu os horrores da ditadura militar, cuja censura foi a tônica deve ter sempre como norte a busca de uma imprensa plural, livre, democrática e responsável com a qualidade do serviço prestado, dessa forma, a regulação é necessária para que alguns grupos poderosos não pautem suas ações como o Quarto Poder, mas não pode ter o caráter de censura. Acredito que a Educação vem contribuindo e pode contribuir muito mais para que o telespectador seja mais exigente e crítico, diminuindo assim as conseqüências do efeito manipulador das notícias de plástico. Fonte: Muito além do Cidadão Kane. http://www.youtube.com/watch?v=049U7TjOjSA acesso em 10.11.2012 SUGESTÃO DE BOA LEITURA: HERZ, D. A História Secreta da Rede Globo. Editora Tchê.

sábado, 10 de novembro de 2012

A presença dos pais: o maior legado

Vivemos numa época em que pais e mães trabalham fora para conseguir dar conta de suprir as necessidades das famílias, poucos são os casos em que um deles pode se dar ao privilégio de acompanhar os filhos diariamente em suas atividades. Como em tudo na vida há as suas conseqüências, os pais que assim procedem pela necessidade ou por vontade, acabam muitas vezes pecando na educação dos mesmos, pois como trabalham fora o dia todo e ficam com eles apenas algumas horas após o final do expediente até o momento em que estes vão dormir, delegam à escola a tarefa de educá-los e esta não é sua função, pois, os professores têm como missão trabalhar o conhecimento científico, algo dificultado pelo fato que em muitos lares os pais não impõem limites aos filhos que entendem que na escola também não deve haver e aí começam os problemas de indisciplina que atrapalham um melhor aproveitamento do tempo escolar. Ao fim da jornada diária de trabalho, muitos pais tornam-se permissivos quanto à horários e aos programas de TV que os filhos assistem e não são raros os casos de alunos dormindo na sala de aula porque foram dormir muito tarde devido aos filmes da madrugada, o que logicamente contribui para a baixa aprendizagem, pois aprende-se mais estando descansado. Além do horário de descanso, os pais devem estar muito atentos à programação que seus filhos assistem, pois existem muitos programas que em nada contribuem para acrescentar cultura para os mesmos e invertem valores. Há também pais que procuram compensar seus filhos por sua ausência, dando-lhes todo o tipo de mimos materiais, celulares, notebooks, roupas e calçados de marca, até mesmo sacrificando outras necessidades da família para agradá-los e isso é péssimo para a educação destes, pois, uma conversa sobre as dificuldades para sustentar uma família e as necessidades mais prementes da mesma poderiam torná-los mais conscientes sobre o consumismo que é cultural e ecologicamente maléfico. Nas escolas, infelizmente, nem todos os pais participam das reuniões e nem buscam interagir com professores e direção para alcançar o melhor resultado possível para seus filhos, muitos alegam o cansaço após um dia estafante de trabalho. No entanto, filhos são os maiores investimentos que uma pessoa pode ter e é necessário buscar aquele fôlego a mais para que o resultado esperado se concretize. Outro fato preocupante é que a parte dos pais que acompanhavam seus filhos até a conclusão do Ensino Fundamental parece pensar que no Ensino Médio esta necessidade inexiste e trata-se de um grande engano, pois nesta fase há o aprofundamento do grau de dificuldade das disciplinas e é também um momento de preparação de seus filhos para o vestibular ou exercício de uma profissão. Assim, todo cuidado é pouco, pois as dificuldades existem, e além destas os riscos e as distrações características da idade. Lembro-me que certa vez li a respeito dos bons resultados da Coréia do Sul nos exames internacionais (PISA) que aferem o nível de aprendizagem educacional dos estudantes,tal desempenho, fruto, logicamente de uma política nacional de investimento crescente em Educação, mas havia também na reportagem uma menção ao costume dos pais sul-coreanos no acompanhamento de seus filhos na escola, e, que em casa tais pais atuavam impondo-lhes rotinas de estudos, apoiando-os, mas também cobrando resultados. Penso que isso faz uma grande diferença. O maior legado que os pais podem dar aos seus filhos é a sua presença em todos os momentos de suas vidas, devem, portanto, se preocupar menos em deixar patrimônio e se preocupar mais em formá-los educacional e culturalmente, dando-lhes condições para que possam buscar seu futuro e formar seu próprio patrimônio. Nada, nada substitui a presença dos pais na vida dos seus filhos.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

100 anos de escuridão! Parte 2

No dia 22 de Outubro de 1912, teve início no Irani (atual Santa Catarina) a Guerra do Contestado, nesta ocasião forças de segurança do Estado do Paraná que até a época tinha suas divisas através do Rio Uruguai com o Estado do Rio Grande do Sul, se confrontaram com os posseiros, as tropas paranaenses foram à região para expulsar aquele ajuntamento de posseiros das terras paranaenses, e na primeira batalha (ganha pelos posseiros) morreram o Coronel João Gualberto das forças paranaenses e o Monge José Maria, líder dos posseiros. As tropas paranaenses buscavam atacar de surpresa quando foram surpreendidas. A esta desmoralização veio nas tropas oficiais o desejo da vingança, e a intervenção federal se fez com a participação de grande parte do efetivo do exército nacional e o que este tinha de mais moderno em armamentos, aviões foram utilizados (em General Carneiro houve o primeiro acidente aéreo militar) contra posseiros, ex-trabalhadores da estrada de ferro desempregados, etc. que tinham como principal arma o conhecimento do terreno, a necessidade de resistir e muita fé, chegando a ser liderados pela virgem Maria Rosa, conhecida como a Joana D’Arc do sertão. A Guerra durou de 1912 à 1916, milhares de pessoas foram mortas, conta-se que haviam rios cujas águas eram vermelhas devido aos cadáveres caídos. Para evitar que animais consumissem os corpos, que doenças se propagassem e por que não para apagar as marcas do genocídio que se produziu, vários fornos crematórios feitos de taipa foram utilizados para incinerar os corpos de homens, mulheres e crianças mortos nas batalhas. Ainda hoje, há quem ao visitar os sítios onde as batalhas ocorreram, ao passar a mão na terra encontre cartuchos utilizados tamanha fora a violência dos encontros das tropas legais contra os posseiros. Os posseiros sobreviventes, expulsos pelas tropas oficiais e pelos jagunços fortemente armados pela Lumber tiveram que sair das terras e seus descendentes em grande parte encontram-se nas favelas de municípios diversos da região. Tinham uma revolta contra a República, porque a Monarquia se nada fazia pelos mesmos, ao menos não os importunava e permitia que vivessem sua modesta vida naquelas paragens. Houve um tratado assinado entre Paraná e Santa Catarina intermediado pela Presidência da República em que a maior parte das terras contestadas coube ao estado catarinense, porém, a justiça nunca chegou para as maiores vítimas, um povo pouco interessado se fazia parte de Paraná ou de Santa Catarina e que queria apenas e simplesmente viver, ou melhor, sobreviver nas suas terras. A Região do Contestado é tal como o resto do Brasil, uma área de grande desigualdade socioeconômica, riqueza e pobreza, latifúndios explorando pinus e trabalhadores rurais sem terras, capitalistas e desempregados e subempregados convivendo numa área de solo manchado de sangue, esquecidos pela história oficial deste país e diga-se um esquecimento proposital, pois se no passado as armas de fogo das tropas oficiais transformavam a escuridão em dia, após o fim da trágica guerra para acobertar o genocídio produzido, a estratégia utilizada foi silenciar, nada escrever, nada publicar, nada filmar, até que em meados dos anos 1980, a história passou a ser desenterrada, apesar do muito que se perdeu com o tempo por bravos pesquisadores que não se contentam com versões oficiais e buscam tirar do fundo do solo contestado a verdade de um povo esquecido e que somente foi lembrado pelo Estado para lançá-lo uma vez mais à escuridão, 100 anos de escuridão. SUGESTÃO DE BOA LEITURA: FRAGA, N.C.(org). CONTESTADO, o território silenciado. Editora Insular.