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domingo, 28 de agosto de 2022

Terra dos Homens

 

Antoine Jean-Batiste Marie Roger Foscolombe (1900-1944), Conde de Saint-Exupéry, popularmente conhecido como Antoine de Saint-Exupéry, autor da mundialmente célebre obra "O pequeno príncipe", o terceiro livro mais vendido no mundo, atrás apenas da Bíblia Sagrada e do Al Corão. Saint-Exupéry foi escritor, ilustrador e piloto civil e militar francês. Desde jovem foi contaminado pelo fascínio às máquinas voadoras. Tendo sido reprovado em sua tentativa de ingressar no corpo de pilotos militares de seu país não desiste e aos 21 anos de idade já possuía o brevê de piloto civil e, no ano seguinte volta à carga e consegue também o brevê de piloto militar no posto de subtenente da reserva. Saint-Exupéry fez parte de um grupo de arrojados pilotos que por meio do correio aéreo trabalharam interligando regiões isoladas do planeta com pouca ou nenhuma infra-estrutura de apoio tendo sobrevivido a vários acidentes, porém, com sequelas. Sua vida se encerrou, já como piloto de guerra, fazendo aquilo que mais gostava, voando.

            A presente obra é a terceira que leio do autor, as predecessoras foram "O Pequeno Príncipe" e "Piloto de Guerra" (já resenhada neste espaço). Antoine de Saint-Exupéry foi aviador em uma época em que a cada vez que um piloto levantava voo, a incerteza de sua volta tomava conta de quem o esperava, pois os acidentes eram comuns, voos cegos (noturnos eram os piores) sem auxílio do rádio também. Nessas ocasiões, a solução era reduzir a altitude para tentar localizar luzes de alguma cidade, entender sua posição e buscar as luzes que iluminavam a pista em que devia descer. Caso não conseguisse, voar até acabar o combustível, levar o avião a uma área não habitada e planar até o pouso incerto. É interessante observar que Saint-Exupery tinha a intrepidez para se lançar aos céus nesta época em que a mecânica dos aviões não era tão confiável quanto na atualidade e os aparelhos de navegação eram medíocres e muito falhos e, ao mesmo tempo ser possuidor de uma escrita delicada e poética para narrar suas aventuras e, o aprendizado que com elas teve, demonstrando também o lado filosófico de sua mente.

            O autor de O Pequeno Príncipe amava a sua profissão. Ser aviador era um sonho para cuja realização muito lutou. Naqueles tempos pioneiros da aviação intercontinental, o piloto tinha que entender um pouco de vários ofícios, tais como a astronomia (localização pelos astros), a meteorologia (para entender as condições atmosféricas), a mecânica de aviões (para entender e consertar pequenos problemas da aeronave), etc. Saint-Exupéry nos exorta a fazer aquilo que amamos e a fazê-lo da melhor forma possível. Se cairmos (no caso dele, com o avião), levantar e recomeçar a caminhar, nunca desistindo do que pretendemos. O autor quando se encontrou no meio do deserto do Saara após uma queda, mesmo com sede e fome, jamais desistiu de encontrar meios para manter-se vivo. A obra, como já ficou subentendido, encontra-se dividida em capítulos, nos quais o autor comenta numa narrativa semelhante a um diário, algumas de suas aventuras marcantes, muitas delas trágicas (perda de colegas aviadores) e outras de grande regozijo, quando colegas sobreviveram a acidentes, ou no caso citado, ele próprio sobreviveu. Saint-Exupéry voava pelo Correio Aéreo Francês para a África e, mais tarde para a América do Sul. Em suas viagens, ele afirmou ver de perto a morte de colegas, a guerra e a fome. Com sua mente sagaz e seu olhar atento, observou na sociedade humana o que ela tinha de melhor e o que ela tinha de pior, porém acreditava que a tarefa da humanidade era aperfeiçoar-se a si própria, visando a cada dia alçar um voo mais alto. Fica a dica!

 

Sugestão de boa leitura:

Título: Terra dos homens.

Autor: Antoine de Saint-Exupéry.

Editora: 4Estações, 2021, 176 p.


sábado, 20 de agosto de 2022

Os Miseráveis

Victor Hugo (1802-1885) foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista francês pelos direitos humanos. Em sua grandiosa obra, destacam-se os livros: Os miseráveis (1862) e O corcunda de Notre Dame (1831) publicado originalmente com o título Notre Dame – Paris, 1482. O autor é conhecido por seus calhamaços (obras com mais de 500 páginas). Este é o caso de Os Miseráveis, um calhamaço com pouco mais de 1500 páginas. A leitura de uma obra de tal envergadura exige planejamento. É necessário mais tempo para a leitura e também de tranquilidade para que se possa tirar da obra o máximo. Sabendo disso,  em 2021 planejei que nas férias de Janeiro de 2022 encamparia tal empreendimento. Humilde, programei os meses de janeiro e fevereiro para a leitura, porém, a obra me prendeu tanto que facilmente superava a meta estabelecida de trinta páginas diárias. Na segunda quinzena, impus-me o ritmo de sessenta páginas por dia. Concluí a leitura em pouco menos de trinta dias. Enquanto lia, pensava "clássico é clássico, um livro não se torna um clássico à toa". A obra de Victor Hugo publicada originalmente de forma simultânea em vários países, não passou indiferente, pois, recebeu imediatamente fervorosos elogios e também fervorosas críticas.

            A leitura de calhamaços é algo que já torna diferenciado o leitor. Quando a leitura é de uma obra do quilate de Os Miseráveis é um troféu que se carrega na alma. Os Miseráveis é uma das leituras mais especiais que uma pessoa pode fazer ao longo da vida. O livro, por seu tamanho, pesa nas mãos, porém alivia os pesares da alma, pois, ao nos conectarmos com a leitura, nos desligamos dos problemas da vida. Victor Hugo foi muito feliz em tratar das mazelas da sociedade de sua época sem tornar pesada a leitura sem com isso deixar de desvendar os olhos da elite letrada e das autoridades quanto à questão da exclusão social e da necessidade da oferta da educação pública para o resgate social das pessoas pobres. Impossível não amar as personagens de Os Miseráveis, seja por suas qualidades ou por seus defeitos. Humanas, elas têm o que há de melhor no ser humano e o que há de pior também. É preciso dizer que são muitas personagens. Não é exagero aconselhar o leitor a ter um caderninho para anotar os nomes das personagens e os laços que os unem aos demais. A obra é ficcional, porém, ocorre enquanto o bonde da história percorre as três primeiras décadas do século XIX.

            A trama se inicia com a prisão do órfão Jean Valjean por ter roubado um pão para saciar a fome de seus irmão menores. Condenado a cinco anos de trabalho forçado nas galés, nas quais devia remar, tem sua pena aumentada para dezenove anos por conta de sua inúmeras tentativas de fugas. Quando enfim volta à sociedade (fuga), por seu histórico de vida de ex-forçado, não consegue se reintroduzir na sociedade. As pensões não o recebem nem ante o fato de poder pagar. A solução é dormir na rua, porém, uma mulher que passava conversa com ele e o aconselha a ir até uma casa onde certamente o receberiam. Jean faz isso e é recebido com direito à uma janta especialmente servida com talheres de prata. Agradece e avisa que é um ex-forçado, o Bispo de Digne diz que ele é bem recebido e que ali não é a casa dele, mas, de Deus. Uma cama confortável é arrumada para ele dormir. O sono não vem, ele levanta, rouba os talheres de prata e foge. É capturado pela polícia que o leva para ser reconhecido pelo Bispo, que afirma aos policiais ter lhe dado os talheres e ainda o avisa que ele esqueceu de levar os castiçais de prata. Os policiais se retiram e o Bispo diz a Jean Valjean que ele tem que usar o dinheiro resultante da venda da prataria para ser uma pessoa honesta e fazer o bem às pessoas. Jean encontra um menino e rouba dele uma moeda com que ele ia comprar pão para sua mãe. Valjean lembra da fala do Bispo de Digne e se arrepende, porém, não encontra o menino (que correu) para devolver a moeda.

            Victor Hugo tem um traço marcante nas suas obras que são as constantes digressões, nas quais discorre sobre aspectos geográficos do lugar ou de fatos históricos que ocorrem no tempo de "vida" das personagens. Uma personagem importante é a bonita moça de nome Fantine, que juntamente com duas outras amigas se enamoram de jovens estudantes ricos. Fantine e suas amigas são abandonadas pelos rapazes que apenas queriam diversão, ela no entanto, fica grávida. Pobre, entrega sua filha para ser cuidada pelo casal Thenardier que conta com duas meninas e um menino. Fantine diz que irá trabalhar e enviará dinheiro para o sustento dela e o pagamento dos cuidados dispensados pelo casal. Fantine consegue emprego numa fábrica de uma empresário rico e altruísta que transformou a realidade de uma pequena cidade. O dinheiro enviado por Fantine ao casal Thenardier torna-se a tábua de salvação, pois, os tempos se tornaram difíceis. Cosette, a filha de Fantine cresce, mas, não recebe nada além de trapos para se vestir e, trabalha como uma serviçal, sem direito a brincar, algo só permitido às filhas de mesma idade do casal. Uma das companheiras de trabalho descobre que Fantine é mãe solteira, conta ao seu chefe na indústria e este a demite. Para não deixar faltar recursos para sua filha Cosette, Fantine começa a se prostituir e chega a vender os dentes incisivos para um dentista e com isso tem seu rosto tomado pela fealdade. Na miséria e doente, Fantine recebe o Senhor Madeleine (o dono da fábrica) e o xinga quando este afirma querer lhe ajudar, pois tudo o que ela está passando é por culpa dele, afinal ele a teria demitido porque ela era mãe solteira. O Senhor Madeleine lhe conta que a reprovável decisão fora do gerente da fábrica e lhe diz que tomará para si a tarefa de cuidar dela e de Cosette, mas, para Fantine é tarde demais. Enquanto isso, o dedicado e competente Inspetor Javert procura incansavelmente encontrar e prender o fugitivo da lei Jean Valjean. Encerro aqui para não dar spoiler e também porque uma resenha minuciosa da obra resultaria demasiado grande. Fica a dica e a declaração que não há nestas linhas mais que um aperitivo, o banquete é a leitura da obra.

Sugestão de boa leitura:

Título: Os Miseráveis.

Autor: Victor Hugo.

Editora: Martin Claret, 2014, 1511 pág.          

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Gentileza gera gentileza

             Em certa ocasião, encontrava-me dirigindo no trânsito de Curitiba, quando percebi que um motorista não conseguia acessar a congestionada via principal, reduzi a marcha e sinalizei para que entrasse à minha frente, não muito depois, a situação se inverteu e contei com o auxílio de outro motorista que parou seu automóvel para que eu acessasse a avenida, imediatamente um colega que me acompanhava à capital para um curso afirmou: "gentileza gera gentileza".

            O exemplo que citei tem como objetivo ilustrar como nosso comportamento no trânsito pode ser melhor. Digo isso porque muito tenho me incomodado com atitudes inadequadas que diariamente observo. Cito algumas, numa oportunidade parei meu carro para que algumas moças passassem na faixa de segurança, uma picape que vinha atrás não parou e me ultrapassando quase colheu as moças que estavam passando à frente do meu automóvel. Noutra ocasião, parei para que algumas pessoas passassem na faixa de segurança e um motorista que estava atrás disparou a buzina.

            Outro sinal de falta de educação ao trânsito ocorre quando estacionamos o automóvel na transversal e próximo há um semáforo, torna-se difícil sair, pois os motoristas que estão na via não fazem a gentileza de esperar que o motorista do carro estacionado consiga sair. Já estive em cidades em que esse tipo de gentileza era facilmente observado. Lembro que estive em Santo Ângelo (RS) e que ao se aproximar da faixa de segurança, sem nem mesmo nela ter pisado, os motoristas já iam parando. Numa ocasião atravessei a rua sem necessidade, apenas para que o motorista que havia parado, não tivesse frustrado o seu belo gesto de educação ao volante, afinal estava observando a cidade e apenas pretendia ir até a esquina.

            Recentemente estive em Guarapuava e estava caminhando numa vaga de estacionamento transversal em frente a uma clínica para entrar em meu veículo quando um motorista disparou a buzina no momento em que eu já estava com a mão na porta do carro. Não me parece que seja educado buzinar em frente a uma clínica, mesmo que não seja um hospital. Também me parece que eu demoraria menos entrando no veículo (como fiz) do que caminhando para sair da vaga. Não sei os motivos de tanta pressa do citado motorista que portava crachá da prefeitura de Guarapuava, mas, certamente eles não justificam a falta da educação e do uso da razão. Devo dizer que Guarapuava também fornece bons exemplos, em minha última ida àquela cidade, um motorista permitiu meu ingresso na avenida congestionada e me alcançou para avisar que não havia fechado direito a porta do veículo. Lá também observei motoristas que respeitam os pedestres. Em Laranjeiras do Sul também temos motoristas educados, costumo fazer caminhadas no centro e sempre encontrei motoristas que me deram prioridade (como deve ser) na faixa de segurança.

            Tenho grande admiração pelo povo do Rio Grande do Sul. São de lá os motoristas mais educados que observei no trânsito. Obviamente essa constatação minha é apenas opinião, pois não tem fundamento científico. No entanto, é impossível estar caminhando ou dirigindo no trânsito de qualquer lugar e não observar ou até mesmo temer o comportamento de muitos motoristas. Infelizmente, vivemos um tempo em que os maus exemplos estão expostos na vitrine. Ser mau educado parece ter virado sinônimo de virilidade. Lembro de ter assistido um vídeo em que um carro quase atropela um motociclista na Suécia. O motociclista para a moto no estacionamento para se recuperar do susto e o motorista do carro vai até ele e pede mil desculpas. Há alguns anos, vivi uma situação parecida, após cruzar um semáforo, logo em seguida, uma picape fez um balão à minha frente, freei bruscamente a moto (quase caí) e fiquei lado a lado com a picape, assustado fiz sinal com as duas mãos (que é isso?) sobre a manobra inadequada e o risco que passei. Concordo que não deveria ter feito o sinal (estava assustado), porém, quando já estava a frente da picape, o motorista saiu com um revólver na mão e gritava para que eu voltasse. Conversei com algumas pessoas que afirmaram que se eu tivesse voltado para falar, teria me atirado antes de chegar até ele. A lição de tudo isso é de que no trânsito devemos ter educação, gentileza e muita, mas muita paciência. Lição que aprendi, pois, nunca bati um automóvel, mas, já sofri abalroamentos resolvidos com muita calma, seja por entendimento recíproco entre as partes ou, no Tribunal de Pequenas Causas. Concluo dizendo que no trânsito, o mais importante é sempre a vida! Dirija defensivamente! Sempre!

sábado, 6 de agosto de 2022

Forrest Gump

Eu talvez seja o último humano com condições para tal e que não havia ainda assistido o premiadíssimo filme Forrest Gump. Certo, há exagero nessa afirmação. Tudo o que sabia do filme era de que a personagem principal era um contador de histórias interpretado pelo talentoso ator Tom Hanks. Há alguns dias, enfim assisti o filme, porém, não antes de ter lido o livro. Costumo dizer que geralmente a adaptação cinematográfica é pior do que o livro. O leitor vai dizer que estou me contradizendo, afinal, há poucos dias afirmei que a adaptação cinematográfica de Clube da Luta é melhor do que a obra literária. É verdade, Clube da Luta é uma dentre as poucas exceções à regra. E quanto a Forrest Gump? Devo dizer que considero o empate, no entanto, afirmo que a adaptação não é fiel ao texto da obra de Winston Groom, sendo que a trama retratada na tela foi simplificada e o humor ácido acerca da política, das relações sociais, etc. foi fortemente suavizado com a finalidade de fornecer um produto comercial para as massas. Pessoas mais intelectualizadas certamente irão preferir a obra impressa, no entanto, para quem deseja apenas distração, o filme cumpre bem o seu papel.

            A personagem Forrest tem seu nome dado por seus pais em homenagem a um general do exército estadunidense que foi um dos fundadores da famigerada sociedade secreta  supremacista branca Ku Klux Klan. Ele nasceu com a Síndrome de Savant, o que faz dele uma pessoa com sérias limitações em algumas áreas, no caso da personagem em se expressar e, por outro lado genial em outras áreas (no caso da personagem, na música, na matemática, na física, etc.). No filme, Forrest é apresentado apenas como uma pessoa que tem déficit intelectual e que, por obra do acaso, consegue mesmo assim estar presente nos mais importantes momentos históricos do século XX e interagir com personagens reais da história mundial, bem como influenciar pop stars (na música e na dança). Forrest, devido a suas limitações, foi sempre vítima de bullying desde a infância até a vida adulta. Sua mãe tenta o proteger da melhor forma possível da agressividade das pessoas com o filho especial. Desde a infância, Forrest gosta de Jenny Curran, que apesar de manter amizade com ele, nega o amor que Forrest deseja. Como implicitamente já disse, Forrest é o narrador da obra (com direito a erros gramaticais) e conta suas histórias na escola, de como venceu o campeão mundial de xadrez, de como entrou para a Universidade como convidado para integrar a equipe de futebol americano, de como se tornou atleta de tênis de mesa do exército dos Estados Unidos presente no reatamento das relações entre o país norte americano e a República Popular da China em visita ao país asiático. Conta também como foi o tempo que passou na Guerra do Vietnã e de sua experiência como astronauta da NASA.

            É interessante observar que no livro, Forrest é apresentado como um homem grandalhão, forte, algo que não corresponde ao físico de Tom Hanks no filme. A obra é cheia de frases que foram  denominadas "gumpismos" tais como: "a vida é como uma caixa de bombons...a gente nunca sabe o que vai encontrar" ou ainda, "ás vezes a gente não tem pedras suficientes" (para descarregar a raiva de algo ou alguém). O filme tem uma trilha sonora muito boa com várias canções de sucesso. É importante dizer que o livro teve suas vendas alavancadas pelo filme, no entanto, o autor não gostou da adaptação, apesar de ter ganho dinheiro com a venda dos direitos para o cinema e com as vendas posteriores de seu livro. Lembro de ter lido que ele disse "Jamais deixe que façam um filme sobre a sua vida". Embora pareça cômico evitar dar spoilers em obra tão conhecida, faço, afinal, livro e filme são parcialmente diferentes e isso vale muito para o final das personagens no livro. Deixo a sugestão do filme (se é que alguém que lê estas linhas, não o assistiu) e, especialmente do livro, pois, se você assistiu o filme, ainda terá muito o que apreciar na leitura.

Sugestão de boa leitura:

Título: Forrest Gump.

Autor: Winston Groom.

Editora: Aleph, 2016, 392 pág.