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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Vidas palestinas importam!

 

        Retorno a este tema, apesar da série de artigos aqui publicados com o título "O sionismo e o apartheid na Terra Santa: do holocausto judeu ao holocausto palestino". Sou chamado pela minha consciência a fazê-lo, tendo em vista a continuidade do massacre de vítimas inocentes em Gaza e a polêmica gerada em torno da fala do presidente Lula. A polarização que dividiu o país em "Nós" e "Eles" fez com que a sociedade brasileira ficasse dividida entre os que aplaudem Lula por sua fala corajosa e, aqueles que acreditam que o Brasil se tornou um pária internacional, por não apoiar Israel em sua campanha militar na Faixa de Gaza.

            Li, reli a fala do presidente Lula e, não vi nela nada mais que a verdade. Lula fez o que as lideranças do mundo desenvolvido, por covardia e conveniência, se omitiram. Nenhuma das grandes lideranças mundiais criticou Lula, mas, romperam o silêncio e exigiram que cessem os assassinatos de civis inocentes. Lembro que o apartheid na África do Sul somente acabou com forte pressão internacional e, que os Estados Unidos, o Reino Unido e o Estado de Israel apoiavam o governo segregacionista de minoria branca. A então primeira ministra do Reino Unido Margaret Thatcher (1925-2013) se recusou a adotar sanções contra a África do Sul e fez pronunciamentos nos quais acusava Nelson Mandela (1918-2013) de ser um terrorista. A história colocou Mandela num patamar muito acima de Thatcher dentre as grandes personalidades mundiais.

            Há um Estado de apartheid em Israel, no qual os palestinos estão confinados em seu próprio território (tal como os bantustões sul-africanos) sem a liberdade de ir e vir, pois passam por constrangimentos e humilhações diárias nos vários checkpoints instalados nas terras palestinas ocupadas por Israel. A África do Sul, cuja ferida do apartheid ainda não cicatrizou, foi certeira em denunciar Israel ao Tribunal Penal Internacional. Em pleno século XXI, Israel, que desrespeita e desobedece a ONU, é um dos países onde mais se descumpre os direitos humanos. O holocausto não pode servir de salvo-conduto para o Estado de Israel impunemente cometer crimes contra a humanidade.

            Criticar o governo Netanyahu por sua política de genocídio contra o povo palestino, não é desrespeitar a memória das vítimas do holocausto judeu, nem mesmo o presidente Lula fez a comparação quanto à magnitude do genocídio praticado pelos nazistas alemães com o genocídio que Israel pratica contra o povo palestino, afirmar o contrário é cometer desonestidade intelectual. Toda reação a um ato hostil deve ser balizado na proporcionalidade. Israel já passou longe da resposta equivalente que lhe caberia dar, e ataca civis inocentes, pois cerca de trinta mil civis (grande parte formada por mulheres e crianças) já foram mortos desde sete de outubro de 2023.

            Genocídios não deveriam ocorrer e comparar genocídios é absurdo! Mas, quantas pessoas devem morrer para que seja considerado um genocídio? Precisa chegar a seis milhões? Nesse caso, o genocídio contra os povos indígenas supera em muito tal número, 57 milhões, mas Benjamin Netanyahu insiste que o ocorrido com os judeus não tem comparação com nada na história mundial. A vida dos indígenas vale menos? A vida dos africanos escravizados, torturados e mortos no cativeiro em terras distantes valem menos? Toda vida humana importa! As vidas indígenas e negras importam! As vidas palestinas importam! Genocídio não é assim qualificado por um número absoluto de vítimas, mas pela sua natureza, ou seja,por ser uma política sistemática de limpeza étnica, de extermínio total ou parcial de um povo em situação de fragilidade. Lula acertou quando disse que em Gaza há o ataque de um dos mais preparados exércitos do mundo contra civis inocentes, vitimando em grande parte mulheres e crianças indefesas.

            Concordo com o assessor chefe da Presidência do Brasil Celso Amorin, quando disse "Israel não deve desculpas ao Brasil, mas que as deve à humanidade". Penso também que Netanyahu deve pedir desculpas à memória das vítimas do holocausto, pois, tenho certeza que elas, não gostariam que seus líderes fizessem com outras pessoas aquilo que lhes impuseram. Benjamin Netanyahu se irrita quando é acusado de praticar uma política de genocídio, porém, não há como classificar de forma diferente sua política de governo. Lembro do saudoso político Leonel Brizola (1922-2004) quando afirmou "tem focinho de jacaré, rabo de jacaré, patas de jacaré, corpo de jacaré...então como que não é jacaré? Essa frase cabe bem na caracterização do governo de Netanyahu e sua política genocida.

            É bizarro que um povo que sofreu nas mãos da extrema-direita nazista alemã tenha em sua história vários governos de extrema-direita. Penso que em memória às vítimas do holocausto, o povo judeu não deveria permitir que isso acontecesse. Ter a direita no poder é do jogo político, mas não a extrema-direita. Um exemplo disso é a Alemanha que repudia tal ideologia e vigia de perto os atos de grupos de extrema-direita no país, afinal, o nazismo deixou profundas cicatrizes na sociedade alemã. Infelizmente, uma das maiores infâmias da história mundial, colocou os judeus como vítimas, o holocausto. A ONU sob a liderança do Brasil (Oswaldo Aranha) na sessão da ONU (1947), criou o Estado de Israel e, na atualidade, a liderança sionista de Israel coloca o quarto exército mais poderoso do mundo como algoz de um povo, os palestinos. No entanto, sou sabedor que, assim como vacas às vezes vão parar em telhados e, nos perguntamos como isso aconteceu, tragédias também ocorrem na política, e sei que grande parte do povo judeu não compartilha do pensamento das lideranças que governam o país, dadas as notícias sobre os protestos de judeus contra a política de extermínio levada a cabo por Netanyahu.

            Em 1948, os judeus, Albert Einstein (1879-1955) e Hannah Arendt (1906-1975) que dispensam apresentações e, na companhia de uma centena de proeminentes personalidades judaicas em uma carta publicada no jornal estadunidense The New York Times já denunciavam que a extrema-direita (Partido da Liberdade) de Israel que mais tarde veio a formar o Likud, o partido de Benjamin Netanyahu, tinha por sua organização e metodologia, caráter semelhante ao nazifascismo. Sob a luz do sol, há muito pouco no planeta que se pareça tanto com o nazismo quanto a atual política governamental da liderança sionista de Israel para com a questão palestina. Netanyahu em uma fala até "passou pano" para Hitler quando disse que o líder nazista apenas queria expulsar os judeus e não pretendia fazer o Holocausto. O presidente da Turquia já havia comparado Netanyahu a Hitler e, não teve a mesma resposta irada dada a fala de Lula. É que Netanyahu sabe que a posição do Brasil perante o mundo e a fala de Lula tem um grande peso internacional, capaz de constranger as lideranças do mundo desenvolvido, tirando-as da omissão covarde ante o genocídio contra a população palestina em que se encontram. 

            Reafirmo o que disse em meu artigo, essa liderança sionista de Israel é o principal entrave para a paz na palestina, pois, jamais permitirá a criação do Estado Palestino independente, afinal os sionistas anseiam pela criação do Grande Israel (Eretz Israel) e, para isso é necessária a ampliação das fronteiras até alcançar os limites históricos e bíblicos. Para atingir tal objetivo, muitas guerras para ampliação do território e de limpeza étnica serão promovidas. Aproveito o ensejo, para explicar o subtítulo do artigo científico que produzi, "[...] do holocausto judeu ao holocausto palestino", afinal, alguém disse "vivemos um tempo em que afirmar o óbvio é necessário"! Estudioso da questão, jamais quis comparar a magnitude do holocausto judeu ao genocídio praticado sistematicamente desde 1948 e, mais especificamente após 1967 contra o povo palestino, mas, chamar a atenção para a natureza que é a mesma, uma guerra de limpeza étnica, de genocídio.

             A ONU e as lideranças internacionais não podem ficar omissas ante o genocídio contra a população palestina, nem por simpatias religiosas ou ideológicas, nem mesmo por conveniências estratégicas. A sociedade mundial não pode se furtar ao dever moral e humanitário de chamar as lideranças israelenses à razão, pois Israel rapidamente está se convertendo em um Estado pária. Vidas palestinas importam!

Internacionalismo ou extinção

 

                Avram Noam Chomsky (1928) é um linguista, filósofo, sociólogo, cientista cognitivo, comentarista e ativista político estadunidense. Noam Chomsky é também uma das mais renomadas figuras no campo da filosofia analítica (Wikipedia). Este escriba sempre que tem a possibilidade de ler um livro da lavra deste que é considerado um dos maiores intelectuais vivos da sociedade contemporânea, não se furta a tal tarefa, pois o resultado é sempre prazeroso. Noam cumpre o papel que é atribuído por "Deus" ou pela "energia cósmica do Universo" (como preferir) a algumas pessoas muito especiais, de serem luz para a humanidade, que caminha na escuridão.

            O livro "Internacionalismo ou extinção: reflexões sobre as grandes ameaças à existência humana" tem um prefácio sobre a pandemia de Covid 19. A obra é a transcrição de uma entrevista com Noam Chomsky, conversa esta realizada anualmente. Noam, à época da pandemia de Covid 19, disse que ela iria passar e que as ameaças à sobrevivência humana são outras. Cita o Relógio do Juízo Final, então ajustado para dois minutos para a meia-noite, sendo a meia-noite, o horário da extinção da espécie humana do planeta. Agora, em 2024, o relógio está marcando noventa segundos para a meia-noite. Nunca o fim da humanidade esteve tão próximo.

            Chomsky afirma que há três graves ameaças sobre a continuidade da vida no planeta, tal como a conhecemos hoje, são: 1. A ameaça da Guerra Nuclear Total; 2. A ameaça do Aquecimento Global; 3. A deterioração da democracia. O intelectual afirma que há dúvidas entre os cientistas sobre quando teve início o Antropoceno, sendo este o período das grandes alterações na natureza ocasionadas pelo ser humano. Chomsky afirma que não há como separar a Era Nuclear e o Antropoceno, pois se as grandes transformações da natureza iniciaram com a Revolução Industrial em meados do século XVIII, foi por meio do trágico evento das bombas atômicas, criadas e lançadas pelos Estados Unidos da América em 06 e 09 de Agosto de 1945, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki, que o ser humano demonstrou ser capaz de ser o agente causador de sua auto-aniquilação, e de provocar a sexta extinção em massa da vida na Terra. A quinta extinção em massa foi o asteróide de 65 milhões de anos atrás que vitimou os grandes dinossauros. Noam diz que não é inacreditável  pensar que uma guerra nuclear acabe com a espécie humana, mas de que essa guerra nuclear não tenha acontecido ainda. As armas nucleares precisam ser eliminadas da face da Terra, enquanto existirem poderão ser usadas, até de forma equivocada, tais como os incidentes ocorridos durante a Guerra Fria (1945-1991).

            O aquecimento global é um fato, apesar do negacionismo neoliberal, o cenário apocalíptico está se  confirmando, tal como os cientistas há décadas alertavam. As mudanças climáticas ocasionadas pelo atual modelo de desenvolvimento econômico, baseado na queima de combustíveis fósseis, no consumismo e na alteração brutal do ecossistema terrestre, está dando origem a graves tragédias climáticas em todo o planeta. Secas e enchentes históricas, aumento da incidência de furacões e tornados, desertificação, derretimento de geleiras nas montanhas e nos pólos, o aumento do nível do mar e a inundação de cidades litorâneas e ilhas, fazem com que as Nações Unidas passem a atender e contabilizar um novo tipo de refugiado, o refugiado ambiental.

            Noam Chomsky afirma que a erosão da democracia com a ascensão da extrema-direita em vários países do mundo completa o quadro catastrófico. A ultra-direita se utiliza de fake news e da desinformação quanto à questão ambiental e, também para desmontar o Estado de Bem-Estar Social (onde ele existe), para colocar o Estado a serviço do Capital e não da sociedade carente de serviços públicos. Chomsky vê no neoliberalismo, que é um extremismo do capitalismo, ou seja, o fundamentalismo capitalista, uma séria ameaça à sobrevivência da humanidade, pois nega o Estado para quem dele mais precisa, as parcelas empobrecidas da sociedade e, acumula a riqueza em poucas mãos, além de ser a causa do desastre ecológico global, por sua irracionalidade ambiental, econômica e social.

            O intelectual estadunidense afirma que somente o internacionalismo pode salvar o planeta e a humanidade. A superação da crise ambiental, econômica e social precisa passar pelo engajamento da toda a sociedade mundial. Tal engajamento é difícil, mas é necessário crer nela, mesmo, com o negacionismo, as fake news, a ignorância de parcelas significativas da sociedade mundial acerca do risco pelo qual passa a humanidade. Acredita que é necessário criar a consciência social quanto a preservação do meio ambiente e que instrumentos tais como: a desobediência civil; o apoio aos movimentos sociais progressistas e também a formação da consciência social em massa quanto à necessidade do abandono do neoliberalismo como sistema econômico e de reforçar a democracia. Noam encerra afirmando que a história não se repete, mas que ela rima.

Sugestão de boa leitura:

Título: Internacionalismo ou extinção: reflexões sobre as grandes ameaças à existência humana.

Autor: Noam Chomsky.

Editora: Crítica, 2020, 128 p.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

A importância da leitura e da análise do que se lê (2023)

 

            O ano de 2023 foi ainda mais tenso que 2022, a geopolítica mundial cada vez mais complexa, a continuidade da guerra entre a Rússia e a Ucrânia se soma a guerra de Israel contra a Palestina ocupada e o risco de escalada das tensões no barril de pólvora também conhecido como Oriente Médio. O ano de 2023, tal como o ano anterior, foi extremamente desgastante do ponto de vista físico, mental e emocional. Sendo a leitura algo que me proporciona relaxamento e prazer, foi na leitura que consegui um pouco de paz ante o atribulado e exaustivo ano que passou.

            O trabalho como professor da rede pública estadual e suas exigências majoradas a cada ano, tiraram de mim e de meus colegas professores(as), um tempo cada vez maior para a elaboração e execução de tarefas do ofício, dessa forma, com o tempo e energia cada vez mais escassos, li apenas trinta e dois livros no ano passado (nos bons tempos lia cerca de setenta livros/ano).

            A iniciativa deste artigo não é a de se gabar, mas, a de inspirar. Algumas pessoas já me disseram que se iniciaram no hábito da leitura (ou a ele regressaram) ao ler as resenhas de livros que publico. Digo que também fui influenciado em tal sentido por mestres(as) que tive em toda a minha vida estudantil. Também foi assim quanto ao ato de escrever. A vida é uma troca entre gerações, apenas repasso as boas energias que recebi. No ano que passou, não fui muito criterioso na escolha das leituras, em relação a autoria/continentes, assim foram as minhas leituras: Oceania: 0,0%; Ásia: 0,0%; África: 0,0%; Europa: 22,0%; América: 78,0%. Das leituras de obras de autores americanos, a América Latina aparece com 78,2% e a América Anglo-Saxônica com 21,8%. Quanto a leitura de obras latino-americanas por país: Brasil: 95% (56,0% da leitura global) e Cuba 5%. Quanto a autoria/gênero das leituras realizadas: 87,5% sexo masculino e 12,5% sexo feminino. Dezembro foi o mês que li mais (6 livros) e, Janeiro, Setembro e Outubro, os meses que li menos (1 livro/mês). A partir desta análise, desejo ler em 2024 mais obras de autores latino-americanos (além do Brasil), africanos, asiáticos e, também mais obras de mulheres.

             As dez melhores leituras foram: 1. Uma breve história dos tratores em ucraniano (Marina Lewicka); 2. Bartleby: o escrivão (Herman Melville); 3. Beije-me onde o sol não alcança (Mary Del Priore); 4. Memórias da casa dos mortos (Fiódor Dostoievski); 5. Triste fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto); 6. O último dos moicanos (James Fenimore Cooper); 7. Walden ou a vida nos bosques (Henry David Thoreau); 8. O neocolonialismo à espreita: mudanças estruturais na sociedade brasileira (Marcio Pochmann); 9. Coleção Brasilis box 4 livros (Eduardo Bueno); 10. 0 diário de um homem supérfluo (Ivan Turguêniev). Atribuo menções honrosas às seguintes leituras: *O melhor de Nelson Rodrigues: teatro, contos e crônicas (Nelson Rodrigues); *A megera domada (William Shakespeare); *A história me absolverá e o Movimento 26 de Julho: 70 anos do assalto ao Quartel Moncada (Fidel Castro et. ali.); *Globalização, democracia e terrorismo (Eric Hobsbawn); * A retirada (Noam Chomski e Vijay Prashad); *Lava-jato: uma conspiração contra o Brasil (Milton Alves); *Os engenheiros do caos: como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições (Giuliano Da Empoli). A minha decepção literária do ano foi com a obra Brasil: país do futuro do renomado escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942), a qual considerei por vezes panfletária, noutras ingênua quanto ao perfil traçado sobre o Brasil e seu povo. Sei que o autor fugia do nazismo e se ressentia com as constantes guerras nas quais a Europa era palco, porém, a frustração se deve ao fato de já ter lido outros livros seus, dessa forma, minha expectativa era muito alta e não foi correspondida. 

                   O ano que passou deixou um sentimento de frustração, pois, penso que minhas leituras além de serem em número menor, a qualidade das leituras também ficou abaixo da média de anos anteriores. Enfim, encerro desejando um ano repleto de boas leituras!    

 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

O sionismo e o apartheid na Terra Santa: do holocausto judeu ao holocausto palestino - parte final

 

            O holocausto nazista foi alvo de uma publicidade enorme, segundo, a bibliografia consultada, principalmente após a Guerra de 1967 e utilizada de forma veemente para conquistar a omissão das nações perante o genocídio que se passou a praticar contra os palestinos. Há um forte receio das pessoas em escrever ou fazer alguma fala em tom de crítica às ações do Estado de Israel, pois, os líderes sionistas acusam de antissemita qualquer pessoa que o faça. Tal atitude não é ingênua, mas, premeditadamente pensada.

            O Estado de Israel nunca será um estado totalmente judeu, pois, dentro de suas fronteiras há uma população palestina cujo crescimento demográfico é superior ao do povo judeu e os esforços dos líderes sionistas em trazer imigrantes judeus de várias partes do mundo não será suficiente para manter a maioria judaica em seu território. Por outro lado, adotar uma política segregacionista concedendo menos direitos aos palestinos israelenses é algo que soa como uma ofensa a qualquer cidadão esclarecido no mundo atual e uma política de limpeza étnica é inadmissível.

            Existe também a possibilidade de Israel sob o pretexto de assegurar sua segurança continuar a minar todas as possibilidades de desenvolvimento do novo país (Palestina), inclusive, dificultando o acesso à circulação, às fontes de água e de outros recursos naturais, etc. também será necessária a presença permanente das tropas de Paz da ONU, pois, Israel não permitirá que o Estado Palestino crie Forças de Defesa.

            O povo judeu já contribuiu muito para a humanidade na área das ciências e da cultura, e constitui um povo que foi duramente perseguido e discriminado em todos os locais por onde passou. Defender uma pátria para os judeus é legítimo e não o fazê-lo também para os palestinos é um absurdo. O povo palestino é em sua maioria árabe e sob o manto dos árabes na Europa, os judeus tiveram seu período áureo. Os palestinos não têm problema em conviver com os judeus e há dentre os judeus milhares que defendem os direitos civis dos palestinos por meio de Organizações Não Governamentais (ONGs).

            A possibilidade da construção de um estado democrático e laico para a convivência pacífica e harmoniosa dos dois povos meio-irmãos de sangue é muito difícil, porém, não existem soluções fáceis no Oriente Médio, menos ainda na Palestina. O grande obstáculo para a construção desse país para judeus e palestinos não são os militantes do Hamas ou do Al Fatah, mas, sim os líderes sionistas e seus eleitores que olham para o futuro com desprezo, pois, preferem ficar presos ao passado atravancando as iniciativas de paz no presente cientes de que a mais justa paz não lhes traz os benefícios particulares da mais injusta guerra.

 

sábado, 10 de fevereiro de 2024

O sionismo e o apartheid na Terra Santa: do holocausto judeu ao holocausto palestino - parte XI

 

            Israel é uma potência ocupacionista que descumpre resoluções da ONU e que viola o direito internacional e mesmo os mais elementares direitos humanos. Sob o manto da política de boa vizinhança com os Estados Unidos da América e também pelo hábito de colocar as relações comerciais e a economia como prioridade, a União Europeia, a China e a Rússia, bem como as demais nações têm sido coniventes com as arbitrariedades cometidas pelos líderes sionistas em Israel e territórios ocupados após a Guerra de 1967 contra o povo palestino. Tais potências precisam ter um papel proativo e cobrar perante a ONU e a Organização Mundial do Comércio (OMC) o cumprimento das resoluções da ONU e a observação aos direitos humanos por Israel.

            Podemos dizer que o regime de Apartheid desmoronou na África do Sul porque feria os olhos e os ouvidos das pessoas que em pleno século XX não toleravam mais flagrantes violações aos direitos humanos e exigiram das lideranças de seus países um posicionamento coerente e sensato junto à ONU visando à reprovação do regime de Apartheid na África do Sul, bem como das lideranças que o defendiam. Em pleno século XXI, há um Estado de apartheid em Israel e nos territórios ocupados em que pequenas frações deste foram transformadas em “bantustões”, áreas tais como aquelas em que a população negra era confinada na África do Sul, privada dos direitos civis e dos mais elementares serviços de urbanismo necessários para a sobrevivência digna da população, neles vivem os palestinos.

            Se o povo judeu tem o direito de retornar à sua terra ancestral, também o tem tal direito, os palestinos, que foram expulsos quando da criação do Estado de Israel e da ocupação dos territórios palestinos além da linha verde concernente à linha de divisa anterior à Guerra de 1967. O direito à propriedade, tão defendido pelos capitalistas, judeus inclusive, é negado a vários milhares de palestinos que perderam suas casas e suas terras. Na Internet é possível encontrar imagens do genocídio palestino promovido pelas lideranças sionistas que a grande mídia de massa omite do olhar da população mundial, tais, imagens mostram velhos, mulheres e crianças assassinadas pelo exército e força aérea israelense, além, da destruição da infra-estrutura palestina em que nem mesmo escolas, hospitais e mesquitas são poupados.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

O sionismo e o apartheid na Terra Santa: do holocausto judeu ao holocausto palestino - parte X

 

O capitalismo mundial tem como principal personagem os Estados Unidos da América que possui líderes de origem judaica, como também são judaicas grandes fortunas estabelecidas neste país e isto tem grande peso nas decisões governamentais e nas eleições presidenciais. A relação entre os Estados Unidos da América e Israel é umbilical e está longe o dia em que esse cordão umbilical será cortado salvo no caso de um tumor (nuclear). SCHOENMAN relata que “a estratégia dos Estados Unidos para a região (Oriente Médio), que vislumbra nada menos do que o controle absoluto das reservas de petróleo, tem no sionismo e no Estado de Israel um aliado estratégico”.

O Conselho de Segurança da ONU cujas ações são claramente limitadas por sua legislação interna proporciona a inoperância da ONU que atada a sua própria organização interna assiste de forma tácita a sanha imperialista de Israel que faz uma guerra de limpeza étnica, e, que evidentemente após confirmar a posse de todas as terras palestinas pretende avançar sobre o sul do Líbano, a Jordânia, a Síria e a península do Sinai, como consta das intenções iniciais do Sionismo. Israel é na atualidade o país que tem em suas mãos o fósforo para acender o estopim de uma guerra nuclear mundial e aos sionistas não falta coragem para acendê-lo.  

             A violação aos direitos humanos comuns na rotina dos palestinos raramente é veiculada nas grandes redes de TV do planeta e quando ocorre, ao assunto é dado pouco destaque e tempo de exibição. Da mesma forma, a maior parte dos jornais e revistas de grande circulação participa do lobby judaico e as denúncias dos crimes praticados por Israel não são divulgados com o destaque merecido, dessa forma, a população mundial tem informação de má qualidade e submetida previamente ao filtro ideológico de seus editores.

            Israel não pratica nenhuma ação polêmica sem a autorização estadunidense ou sua omissão declarada, sendo assim, os Estados Unidos da América por ação ou omissão é co-autor de todos os crimes e violações aos direitos humanos praticados por Israel nas terras daquele país e nos territórios ocupados. A co-autoria dos Estados Unidos da América se verifica pela forte dependência econômica e militar de Israel que embora seja a quarta potência militar do planeta dele depende para fornecimento de recursos financeiros e suprimentos bélicos.