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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Internacionalismo ou extinção

 

                Avram Noam Chomsky (1928) é um linguista, filósofo, sociólogo, cientista cognitivo, comentarista e ativista político estadunidense. Noam Chomsky é também uma das mais renomadas figuras no campo da filosofia analítica (Wikipedia). Este escriba sempre que tem a possibilidade de ler um livro da lavra deste que é considerado um dos maiores intelectuais vivos da sociedade contemporânea, não se furta a tal tarefa, pois o resultado é sempre prazeroso. Noam cumpre o papel que é atribuído por "Deus" ou pela "energia cósmica do Universo" (como preferir) a algumas pessoas muito especiais, de serem luz para a humanidade, que caminha na escuridão.

            O livro "Internacionalismo ou extinção: reflexões sobre as grandes ameaças à existência humana" tem um prefácio sobre a pandemia de Covid 19. A obra é a transcrição de uma entrevista com Noam Chomsky, conversa esta realizada anualmente. Noam, à época da pandemia de Covid 19, disse que ela iria passar e que as ameaças à sobrevivência humana são outras. Cita o Relógio do Juízo Final, então ajustado para dois minutos para a meia-noite, sendo a meia-noite, o horário da extinção da espécie humana do planeta. Agora, em 2024, o relógio está marcando noventa segundos para a meia-noite. Nunca o fim da humanidade esteve tão próximo.

            Chomsky afirma que há três graves ameaças sobre a continuidade da vida no planeta, tal como a conhecemos hoje, são: 1. A ameaça da Guerra Nuclear Total; 2. A ameaça do Aquecimento Global; 3. A deterioração da democracia. O intelectual afirma que há dúvidas entre os cientistas sobre quando teve início o Antropoceno, sendo este o período das grandes alterações na natureza ocasionadas pelo ser humano. Chomsky afirma que não há como separar a Era Nuclear e o Antropoceno, pois se as grandes transformações da natureza iniciaram com a Revolução Industrial em meados do século XVIII, foi por meio do trágico evento das bombas atômicas, criadas e lançadas pelos Estados Unidos da América em 06 e 09 de Agosto de 1945, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki, que o ser humano demonstrou ser capaz de ser o agente causador de sua auto-aniquilação, e de provocar a sexta extinção em massa da vida na Terra. A quinta extinção em massa foi o asteróide de 65 milhões de anos atrás que vitimou os grandes dinossauros. Noam diz que não é inacreditável  pensar que uma guerra nuclear acabe com a espécie humana, mas de que essa guerra nuclear não tenha acontecido ainda. As armas nucleares precisam ser eliminadas da face da Terra, enquanto existirem poderão ser usadas, até de forma equivocada, tais como os incidentes ocorridos durante a Guerra Fria (1945-1991).

            O aquecimento global é um fato, apesar do negacionismo neoliberal, o cenário apocalíptico está se  confirmando, tal como os cientistas há décadas alertavam. As mudanças climáticas ocasionadas pelo atual modelo de desenvolvimento econômico, baseado na queima de combustíveis fósseis, no consumismo e na alteração brutal do ecossistema terrestre, está dando origem a graves tragédias climáticas em todo o planeta. Secas e enchentes históricas, aumento da incidência de furacões e tornados, desertificação, derretimento de geleiras nas montanhas e nos pólos, o aumento do nível do mar e a inundação de cidades litorâneas e ilhas, fazem com que as Nações Unidas passem a atender e contabilizar um novo tipo de refugiado, o refugiado ambiental.

            Noam Chomsky afirma que a erosão da democracia com a ascensão da extrema-direita em vários países do mundo completa o quadro catastrófico. A ultra-direita se utiliza de fake news e da desinformação quanto à questão ambiental e, também para desmontar o Estado de Bem-Estar Social (onde ele existe), para colocar o Estado a serviço do Capital e não da sociedade carente de serviços públicos. Chomsky vê no neoliberalismo, que é um extremismo do capitalismo, ou seja, o fundamentalismo capitalista, uma séria ameaça à sobrevivência da humanidade, pois nega o Estado para quem dele mais precisa, as parcelas empobrecidas da sociedade e, acumula a riqueza em poucas mãos, além de ser a causa do desastre ecológico global, por sua irracionalidade ambiental, econômica e social.

            O intelectual estadunidense afirma que somente o internacionalismo pode salvar o planeta e a humanidade. A superação da crise ambiental, econômica e social precisa passar pelo engajamento da toda a sociedade mundial. Tal engajamento é difícil, mas é necessário crer nela, mesmo, com o negacionismo, as fake news, a ignorância de parcelas significativas da sociedade mundial acerca do risco pelo qual passa a humanidade. Acredita que é necessário criar a consciência social quanto a preservação do meio ambiente e que instrumentos tais como: a desobediência civil; o apoio aos movimentos sociais progressistas e também a formação da consciência social em massa quanto à necessidade do abandono do neoliberalismo como sistema econômico e de reforçar a democracia. Noam encerra afirmando que a história não se repete, mas que ela rima.

Sugestão de boa leitura:

Título: Internacionalismo ou extinção: reflexões sobre as grandes ameaças à existência humana.

Autor: Noam Chomsky.

Editora: Crítica, 2020, 128 p.

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