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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Comprando gato por lebre!

Há quem diga que tenho a mania de querer ter sempre razão, penso que isso não corresponde à verdade, pois, jamais assumi compromisso de fidelidade com o erro, desta forma, não tenho problemas em reconhecer equívocos na minha reflexão ou ação. Sempre que passo por uma cancela de pedágio paranaense, e, depois de, em conformidade com a lei, ter sido devidamente assaltado, penso que sou em parte culpado por essa situação. Sim, eu votei em Jaime Lerner em 1994! Errei, reconheço e me cobro muito por isso. Queria evitar um mal que pensava ser maior, a eleição de Álvaro Dias, o autor do massacre dos professores em 1988. Também estava empolgado com o famoso urbanista, que criou soluções geniais para Curitiba, e, que em campanha soube utilizar imagens do massacre de 1988 para barrar as pretensões de retorno de Dias para o Palácio Iguaçu. Penso que naquele momento (1994) estava entre a Cruz e a Espada, mas, em 1998 votei contra a sua reeleição, porém, o povo paranaense deu mais quatro anos para Lerner que aprofundou o neoliberalismo no Estado (FHC fazia o mesmo no governo federal) e o afundou numa crise financeira com atrasos de pagamentos do funcionalismo e mais endividamento público. Percebi que fui vítima da idealização que fiz desse político e que não correspondia à realidade, mas, apenas à construção por meio de marketing midiático. Em 1989 assisti o discurso de Fernando Collor de Mello (na época, um jovem herdeiro do cacife político e financeiro de uma conhecida oligarquia alagoana) na praça central de minha cidade e ouvi o bastante para perceber que estava certo na minha convicção de em hipótese alguma votar nele, que vinha a galope no obscuro e nanico Partido da Reconstrução Nacional (PRN) com o tradicional discurso anticorrupção e com forte apoio da Grande Mídia. Passado algum tempo, o dito “Caçador de Marajás” sofreu um processo de impeachment por corrupção. Conheço fervorosos eleitores de Collor em 1989 e que atualmente se referem maldosamente à Lula alterando a grafia para “Lulla”. Acho curioso e penso que tem mais de Collor nessas pessoas do que de Collor em Lula. Em 2002 votei em Flávio Arns e o ajudei a se eleger Senador da República pelo PT, um partido de esquerda (hoje está mais para centro-esquerda) e o fiz, por ele ser candidato pela esquerda ideológica, ser irmão da saudosa Zilda Arns e por sua atuação junto à APAE. Senti-me profundamente enganado e traído quando Flávio Arns deixou a esquerda e foi militar na direita (PSDB) levando consigo o mandato a ele confiado por pessoas idealistas, porém, ingênuas como eu. Não o perdôo por isso e jamais votaria nele novamente. O que há em comum entre Fernando Collor de Mello, Jaime Lerner e Flávio Arns? Os dois primeiros foram eleitos por meio do voto personalista, pois, estavam acima das bandeiras de seus partidos políticos e Flávio Arns aproveitou-se da maré vermelha de 2002 e elegeu-se Senador pelo PT e a sua falta de coerência ideológica ou oportunismo o levou a mudar-se para a direita traindo os eleitores que votaram guiados pela consciência ideológica. Tenho ouvido muita gente falar em anti-partidarismo, em fim dos partidos políticos e em votos personalistas, ou seja, votos somente nas pessoas dos candidatos. Penso que não há ideia mais fascista, pois, na história mundial já houve muitas ditaduras anti-partidárias (o nazismo, o fascismo italiano, etc.). E a extinção dos partidos políticos favoreceria as elites econômicas representadas pelas oligarquias que governam este país desde sempre em detrimento dos líderes trabalhistas. Penso que deveria ser feita uma reforma política (isso é assunto para outro artigo) contando entre outros itens com a redução do número de partidos políticos, o fortalecimento dos mesmos e a posse do mandato em nome do partido político para que o eleitor “não compre gato por lebre”.

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