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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A terra dos Aiatolás!

Sempre que me refiro ao Ayatollah Ruhollah Khomeini, os alunos reagem com grande espanto ante ao estranho nome do grande líder da Revolução Islâmica de 1979 que destituiu o Xá Reza Pahlevi que havia modernizado, ou melhor, ocidentalizado o Irã e feito deste, aliado dos Estados Unidos e também seu fornecedor de petróleo. Nós ocidentais temos uma visão muito distorcida acerca do país persa (o Irã não é um país árabe como muitos pensam!) declarado pelo ex-presidente George W. Bush como pertencente ao “eixo do mal” e isto se deve a uma imprensa fortemente engajada à estratégia geopolítica estadunidense que como sabemos para fazer valer seus interesses lança mão dos artifícios mais sórdidos possíveis, nada de se estranhar em se tratando da única nação na história que teve a coragem, ou melhor, a covardia de utilizar bombas atômicas contra uma população civil indefesa configurando, portanto, crime contra a humanidade e pelo qual jamais foi julgado. Certa vez li que “o grande poder da imprensa não está no que ela noticia, mas sim no que ela omite” e isto evidencia porque a imprensa é considerada o quarto poder, pois, se além de poder escolher o que o povo deve ou não saber, ainda induz o raciocínio de seus leitores e telespectadores. Durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988) Saddam Hussein era o “bom” aliado dos Estados Unidos da América que tinha sido preparado e incentivado a lançar-se contra o Irã diante da impossibilidade estadunidense da obtenção de apoio doméstico a uma nova guerra para a derrubada do regime dos aiatolás (Os EUA haviam perdido a guerra do Vietnã e com ela milhares de vidas), nesta época, todo avanço iraquiano era noticiado com regozijo pela mídia ocidental e todo revés frente às tropas iranianas era visto com preocupação ante à suposta ideia de dominação e islamização do mundo pelos ditos fanáticos aiatolás. A Guerra Irã-Iraque terminou sem vencedor, mas, resultou como o engenheiro leitor bem sabe na primeira Guerra do Golfo, na criação da Al-Qaeda e nos freqüentes ataques terroristas a alvos estadunidenses e na invasão ao Iraque (2003). Samy Adghirni publicou um livro sobre o país persa e nele mostra um Irã mais complexo e atraente do que a imprensa ocidental costuma mostrar, relata que é uma nação com alto IDH (superior ao brasileiro), quase nenhum analfabetismo e grande parcela da população formada no Ensino Superior, a qual conta com o hábito da leitura (Paulo Coelho é muito famoso por lá). Os iranianos adoram ler e recitar poesia em suas falas, e, têm acesso mesmo que por meio da pirataria aos filmes hollywoodianos. O povo iraniano tem com o Ocidente uma relação de amor e ódio, amor porque há muita coisa que admira e ódio porque é justamente o ocidente liderado pelos EUA que torna suas vidas mais difíceis com o embargo econômico. O autor deixa claro que a busca do conhecimento nuclear pelo Irã tem como intenção fins pacíficos ao contrário do que pregam Israel e Estados Unidos. As regras islâmicas são duras, mas, boa parte da população comete alguns “pecados” no recôndito de seus lares quando os jovens fazem festas ao som de músicas românticas regadas a bebidas contrabandeadas. Nestas ocasiões, as jovens levam roupas mais descoladas na bolsa para vestir no local e roupas sóbrias para seu deslocamento na rua. No Irã, se uma mulher estiver realmente interessada num homem, não é surpresa para os locais, ela tomar a iniciativa e ao contrário do que pensam os ocidentais, elas namoram antes do casamento. A obra de Adghirni encanta pelo deslumbramento ante um país e um povo surrealmente belos. Deixo para você, engenheiro a dica! Sugestão de boa leitura: Os Iranianos – Samy Adghirni. Editora Contexto, 2014. P.S. Os iranianos costumam tratar quaisquer pessoas que querem reverenciar como engenheiros devido ao grande apreço que têm pela engenharia.

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