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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A Educação como um castelo de cartas!

As verbas destinadas à Educação são carimbadas e se não o fossem, a Educação que se encontra na UTI pereceria de vez, pois, os políticos preferem construir pontes e chafarizes a “gastar” com Educação. É essa falta de visão de futuro, de compromisso com a nação (patriotismo) que faz com que a Educação, ponto central nos discursos políticos pré-eleitorais, seja tratada com descaso após a vitória nas urnas e o político eleito delegue aos subordinados sem poder de decisão a tarefa de receber os professores para ouvir suas demandas. Aliás, é um absurdo que educadores precisem abandonar os postos de trabalho com aqueles que são o futuro da nação para exigir um mínimo de dignidade em seu trabalho. Vivemos uma crise na Educação, mas, ela não é uma crise da Educação em si, visto que é uma crise da sociedade, de um modelo econômico hegemônico individualista, consumista, social e ecologicamente insustentável. A crise da sociedade ultrapassa os muros da escola e atinge o fazer escolar, ali, se faz sentir a desesperança do adolescente, sem sonhos de um futuro melhor ante a vida de miséria de seus pais ou responsáveis e diante da convicção formada na rotina diária de observação de que a miséria raramente abandona aqueles que a trazem do berço. É muito comum pessoas bem nascidas pregarem a meritocracia como sendo um instrumento de estímulo e premiação aos mais esforçados, mas, os bem nascidos, largam na frente, muito na frente e têm um trecho menor para percorrer. Constato que atualmente os mestres têm uma formação melhor, pois, a maioria, tem formação na área, especializações e mestrados, porém, no passado o respeito ao profissional era maior por parte de alunos, pais, governo e sociedade. A Educação é parte do projeto de país, e país que sabe o que pretende ser e aonde quer chegar, certamente tem políticos e intelectuais conscientes de que não se alcança o desenvolvimento econômico e social sem a valorização da Educação. É preciso atrair para a Educação, os maiores talentos entre os jovens, e, isso é o que não se faz no momento, pois, muitos jovens que poderiam ser bons educadores não têm pretensões em exercer o magistério. Um estudo recente mostrou que cursos de magistério em universidades particulares estão fechando por falta de procura e que muitos profissionais formados no magistério acabam exercendo outras atividades, sendo que o próprio MEC anunciou que haverá no país um apagão de professores a partir de 2030 quando grande parte dos atuais professores estará se aposentando. Penso que para atrair os melhores estudantes para a profissão a valorização salarial é muito importante, mas, não basta, é necessário melhorar as condições de trabalho nas escolas, salas superlotadas não contribuem para a boa aprendizagem devido à dispersão da atenção dos educandos, cujo barulho, torna quase impossível a tarefa do professor, aliás, em recente pesquisa no grupo de países da OCDE (83 países), as classes mais barulhentas são as brasileiras. Dizer que destinar 50% da jornada de trabalho do professor para hora-atividade é imoral, como afirmou o Chefe da Casa Civil do Governo do Paraná, Eduardo Sciarra apenas mostra a visão míope de Educação e o descaso com a mesma. Também as premissas gerais que norteiam a Educação não devem ser construídas de cima para baixo, sem a participação dos profissionais da Educação Básica e nem devem ser mudadas ao sabor da bandeira partidária do momento e essa tem sido a regra. O saudoso Darcy Ribeiro disse certa vez: “A crise da Educação no Brasil, não é uma crise, mas, um projeto que vem sendo muito bem executado”. É um engano pensar que os políticos não sabem como fazer a Educação engrenar, a intenção é justamente que ela nunca funcione, para que a redenção dos filhos da classe trabalhadora jamais ocorra, por isso, a Educação no Brasil é um castelo de cartas, frágil, e que se desmonta com a mais leve brisa pós-eleitoral.

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