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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Shakespeare e o diabo na terra dos pinheirais!

Ao ler o artigo “Escola não é lugar para doutrinar” do chefe da Casa Civil do Governo do Paraná Eduardo Sciarra imediatamente lembrei-me de ter lido que um deputado estadual afirmou ter testemunhas que ouviram Sciarra ao telefone mandar “meter bomba” no fatídico dia 29 de Abril de 2015, ocasião em que os educadores foram massacrados pelo efetivo policial numa operação caríssima paga pelo contribuinte paranaense. Concluída a leitura, lembrei-me de uma frase de William Shakespeare que afirma: “o diabo pode citar as escrituras quando isso lhe convém”! Não me refiro diretamente à pessoa de Sciarra, que não conheço pessoalmente e dispenso ser apresentado, mas, à primeira parte de seu artigo quando se refere ao fim da ditadura, à reforma curricular com a extinção de conteúdos doutrinadores e ao afirmar que a escola não é lugar para doutrinar ninguém e sim um espaço de ensino-aprendizagem. O governo Beto Richa que Sciarra representa age tal como o diabo descrito por Shakespeare, pois, na opinião de vários juristas, articulistas e pessoas esclarecidas da sociedade nenhum outro promoveu ato tão característico da ditadura militar após 1985 quanto este na Praça Nossa Senhora de Salete. O massacre dos professores foi uma vergonha nacional perante os olhos do mundo, e, num país desenvolvido, toda a sociedade teria saído às ruas exigindo a derrocada do déspota no poder instalado. No Japão, país em que o único profissional que não precisa se curvar perante o Imperador é o professor, o ocorrido é no mínimo estarrecedor, surreal, nauseabundo. O Governo representado por Sciarra é o que mais se assemelha ao dos generais que editaram o Ato Institucional nº 5 (AI-5) e que aplicavam a censura prévia e assim liam nos jornais e assistiam na TV as notícias que lhes era palatável, pois, nestes, a violência, a fome, a miséria, etc. eram coisas cotidianas da Europa além-mar, mas, não do Brasil. Quando a ditadura acabou, eu era adolescente, mas, do período que vivenciei e este remonta ao governo honrado de José Richa, por incrível que pareça pai do atual governante, afirmo: nunca vi nestas terras, um governante implantar um caos político e econômico tão grande, e, nem governar de forma tão despótica, quanto o atual ocupante do Palácio Iguaçu. Também digo que li vários livros acerca da ditadura militar (1964-1985) e no período da ditadura, professores eram perseguidos pelo governo militar e denúncias anônimas, por parte de alunos, pais, e, colegas reacionários levaram educadores aos calabouços, à tortura e até mesmo à morte, muito embora, a tortura implantada pelo atual governo seja psicológica e a tentativa de assassinato vise tão somente à alma do professor e não à sua existência física, a semelhança é grande. A mordaça que o atual governo quer implantar é o oposto do que fazem os países desenvolvidos que ao educador concedem autonomia pedagógica e liberdade de expressão. A atitude é ridícula e repugnante, pois, ao censurar o educador (que é um pensador), a ditadura é trazida de volta ao século XXI, pois, se as ações governamentais de um país nas disciplinas afins não podem ser alvo de reflexão e contextualização num conteúdo dado, então, este país ou estado não é uma democracia, é uma ditadura. O governo, com claros fins políticos, visa obter uma prática educacional amparada pela conservadora ideologia da desideologização para que os educandos sejam futuros cidadãos dóceis e alienados, trata-se de um maquiavélico projeto elitista de poder e não um projeto educacional para os filhos dos trabalhadores. E finalizo com uma frase de Shakespeare para a reflexão pessoal dos promotores e cúmplices do massacre: “Minha consciência tem milhares de vozes, cada voz me conta uma história, em cada história sou o vilão condenado”!

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