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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

De que morreram os meus heróis – Parte I

Meus heróis não morreram de overdose como diz a canção, mas sim de excesso de idealismo! Excesso de idealismo? Qual é afinal a quantia certa de idealismo que deve um ser humano empregar? Certamente que a resposta do caro leitor seria que o idealismo não deve ser tão grande a ponto de torná-lo mártir da causa defendida. Mas mártires são necessários e raros, são oásis em meio ao deserto da ignorância humana. Ser mártir é o total desprendimento de tudo e até daquilo que é mais valioso, a própria vida. Meus heróis são muitos e não teria como citá-los devido ao pouco espaço disponível, assim, mencionarei dois, pelos quais tenho profunda admiração devido ao idealismo que empregaram em vida e também por serem extremamente diferentes e iguais apenas no idealismo levado ao extremo. Meus heróis aqui relatados são Ayrton Senna da Silva e Ernesto Guevara de La Serna. O primeiro, um piloto de F-1 perfeccionista, obcecado por recordes e vitórias e acima de tudo, um Brasileiro (com letra maiúscula) como poucos no país, tinha profundo amor à pátria, fazia questão de levar a bandeira nacional em suas rotineiras vitórias, não era de muitas palavras e as poucas que proferia manifestava o seu patriotismo e não o fazia por interesses como nos acostumamos a ver certos políticos e grupos nem tão patrióticos assim o fazerem. Senna não precisava disso, fazia filantropia em segredo, somente tivemos a noção exata das suas preocupações sociais após a sua morte. Não criticava os políticos e preferia não comentar as deficiências de nosso país. Com o seu talento conquistou riqueza, fama, mulheres, títulos e perseguia o recorde de 5 títulos do argentino Juan Manuel Fangio, tinha um pré-contrato com a Ferrari, equipe na qual queria correr antes de se aposentar, enquanto vivo, nas pistas esteve sempre à frente de Michael Schumacher (o qual dispensa comentários). Afirmava que corria para ser campeão e buscava as equipes que lhe dessem condições para tal e que pararia de correr no dia em que percebesse que estava sendo um décimo de segundo mais lento do que poderia ser. Levou o seu idealismo até o último instante de vida, vitimado por acidente ocasionado por falha mecânica de seu Williams F-1. O meu segundo herói, um médico argentino – cubano que trancou a matrícula na faculdade de medicina que cursava na Argentina para conhecer a América Latina com a sua “La Poderosa”, a velha motocicleta que possuía, aventura retratada no cinema com o filme “Diários de Motocicleta” ou ainda o livro “com Che Guevara pela América do Sul”. No México conheceu Fidel Castro e o grupo de revolucionários com quem mais tarde, em 1959, após ter concluído o curso de medicina iria partir de Sierra Maestra e marchar vitorioso em Havana, depondo o ditador Fulgêncio Batista, títere do governo estadunidense, fazendo acontecer a Revolução Cubana, um forte e único soco no estômago da superpotência capitalista, proferido por um país latino-americano. Che, como era conhecido, era idealista demais para ficar apenas ocupando um cargo no governo cubano pretendia estender a Revolução para os demais países latino-americanos, cujo objetivo era livrá-los do domínio americano. Sua ação levou os Estados Unidos e as ditaduras latino-americanas que lhe eram aliadas a realizar uma verdadeira caçada em seu encalço, sendo capturado nas selvas da Bolívia em 1967, morreu fuzilado no interior de uma escola do referido país, a mesma instituição cujo acesso defendia para todas as pessoas. A sua captura e morte ocorreram devido às informações fornecidas por agentes do DOPS (Brasil), CIA (Estados Unidos da América) e Bolívia segundo o seu próprio executor o soldado boliviano Mário Terán, a mando do Coronel Zenteno Anaya, pondo fim à especulação em torno do nome de seu então colega cubano Fidel Castro como delator. Em artigo próximo, exploraremos um pouco mais a história de Che Guevara e teceremos comentários sobre a sobrevivência dos mitos que representam dentro da atual conjuntura latino-americana e mundial.


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