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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

2009: o ano da fé abalada! – Parte II

Já havia afirmado em artigo anterior que o ano de 2009 é emblemático, ou seja, um ano decisivo para a economia mundial, pois se trata do início de uma nova era, a era pós-neoliberalismo, uma vez que o mesmo foi declarado morto e sepultado no ano de 2008. O neoliberalismo prega a não intervenção do Estado na economia, segundo tal corrente o Estado deve ser mínimo e a “mão invisível” do Mercado regula as relações comerciais, bem como os preços. O neoliberalismo é a radicalização do Capitalismo a serviço dos interesses do Capital se sobrepondo aos da sociedade, principalmente o estrato mais pobre desta. O neoliberalismo na condição de radicalização do Capitalismo só tem equivalente na história ao Socialismo Real, ou caso o prefiram, ao Capitalismo de Estado, que pouco se pareceu com o ideal de uma sociedade justa, igualitária e livre. Todo radicalismo demonstra uma grande dose de arrogância e prepotência. Os neoliberais sempre se demonstraram prepotentes e arrogantes durante a fase das “vacas gordas” e somente nos momentos históricos em que as crises se instalaram aparentaram alguma humildade, se é que podemos chamar de humildade o ato de pedir ajuda ao Estado (este órgão “desnecessário” na época de fartura para que resolva a crise que para os capitalistas se demonstrou insolúvel!). Sim, há muito os liberais se acostumaram com o seguinte lema: “privatizam-se os lucros, mas não os prejuízos, pois estes devem ser socializados”! Assim, a receita seguida no mundo todo é a mesma de outras crises cíclicas (pois são rotineiras!), o Estado é chamado a assumir os prejuízos gerados pelas atitudes muitas vezes insanas dos gestores privados que produziram a crise, com os recursos que saem dos bolsos dos contribuintes. Dessa forma, os mais pobres pagarão a parte mais polpuda da conta, são os trabalhadores que perdem o emprego, que são chamados a reduzir salários, etc., pois as empresas e o capitalistas não podem ter lucros reduzidos. Os altos lucros auferidos nos tempos de “vacas gordas” não podem, no entender do capitalista, ser usados pelo mesmo para amparar na época de escassez aqueles que lhe foram tão úteis na produção de “mais-valia”, ou seja, a riqueza gerada pelo trabalho, da qual o capitalista se apropriou! Não defendo o Socialismo Real, ao qual chamo de Capitalismo de Estado, este tal como o Neoliberalismo são cânceres que se instalaram na sociedade. Acredito, porém, que há no Socialismo e também no Capitalismo, virtudes que devem ser aproveitadas e imperfeições que devem ser evitadas. Reconheço que na teoria é fácil propor uma caminhada de mil quilômetros, porém, os calos, as dores e o cansaço se instalam somente durante o percurso. Acredito que a humanidade tem uma longa caminhada para a construção de um sistema socioeconômico mais justo, o qual deve ser pensado não apenas sobre o âmbito da sustentabilidade econômica, mas, também ecológica e social. Várias vezes, pessoas afirmaram que era utópico pensar assim e mais de uma vez afirmei, de que vale viver numa sociedade imperfeita como essa se não temos a capacidade de sonhar um mundo melhor? Em que pessoas não passem fome diante da opulência de alguns e outras morram nos braços da violência ante os olhares indiferentes? Sim, sou utópico! Acredito na união dos pontos positivos do Capitalismo com o Socialismo, formando um sistema socioeconômico que esteja a serviço de toda a sociedade e não apenas ao estrato mais elevado desta! No entanto, sou realista, sei que após o Estado debelar a crise e os cofres começarem a receber de volta o “ouro”, os capitalistas exigirão a retirada do novamente “inútil” Estado, este “Elefante Branco” dos períodos de fartura e tal como na série de filmes Sexta-feira 13, “Jason”, digo, o Neoliberalismo retornará!

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