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quinta-feira, 28 de junho de 2018

A chave do enigma acerca do STF está em Lula ou em Jucá?



Lula (em grampo ilegal solicitado por Sergio Moro) disse a então presidenta Dilma: “[...] Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada”. Em outro grampo Jucá (um dos líderes do golpe de Estado de 2016) falava com Sérgio Machado sobre: “[...] um grande acordo Nacional, com Supremo, com tudo” [...] para retirar Dilma e estancar a sangria (da Lava Jato). Em qual destas frases repousa a verdade sobre as estranhas e esquizofrênicas decisões e chicanes que o STF vem impondo ao país? Em se tratando dessa turma de Ministros do STF nada mais deveria nos surpreender, não é mesmo? Mas, a gente sempre espera algo (a retomada da legalidade, do zelo na observação das leis, e, especialmente, o respeito à Constituição Federal), e fazemos isso, apesar do aviso do Barão de Itararé que afirmava: “De onde menos se espera é que não sai nada mesmo”! O deputado federal Paulo Pimenta (PT) a respeito da manobra chicaneira do Ministro do STF Edson Fachin que manteve a prisão de Lula (considerada inconstitucional até por seu colega Ministro Marco Aurélio Mello em entrevista a uma Rede de TV de Portugal), postou em rede social: "Fico a me perguntar, que interesses poderosos são esses, que agem nos subterrâneos, e que transformam advogados progressistas em Ministros covardes e servis nos tribunais superiores. Chego a pensar se não existe uma inteligência perversa por trás de tudo isso que estamos vivendo¹”? Wilson Ramos Filho foi além, escreveu um desabafo, que segundo pessoas que lhes são próximas é dirigida a Fachin. Eis o desabafo de Wilson Ramos Filho.

Meu amigo morreu²
Por Wilson Ramos Filho - Professor de Direito e advogado

Entramos juntos na faculdade, em 1976. Fizemos política estudantil, perdendo todas as eleições.  Rimos e choramos variadas vezes. Na vida é assim. Celebramos o nascimento de sua filha bem antes da nossa formatura. Meu amigo, inteligência vivaz, sempre tinha uma tirada, um sujeito de espírito. Nunca nos afastamos. Ele foi ser advogado público, lecionava Civil. Eu, advogado trabalhista. Tivemos muitas causas em comum, defendendo coletivos vulneráveis. Por culpa dele, grande incentivador, voltei para a vida acadêmica sem abandonar as lutas sociais. Devo-lhe isso. Um grande sujeito. Sempre houve reciprocidade, entretanto. Quando sua companheira precisou, eu era dirigente estadual da OAB. Na segunda vez deu certo. Fui de conselheiro em conselheiro por ela, não como favor. Ela tinha todas as credenciais e era a melhor opção.
Meu amigo queria ser magnífico, com maiúscula. Novamente me envolvi por inteiro na pré-campanha. Na última hora, achou melhor não disputar. Meu amigo não gostava de perder. Fizemos viagens juntos, pelo Brasil, ao México, à Europa. Algumas vezes em casais, outras só os meninos, oportunidades em que esticávamos a prosa no bar dos hotéis. Eu adorava a sagacidade dele. Era um sujeito adorável sob vários aspectos. Apoiei-o quando quis ser nomeado, não sem antes enfaticamente desaconselhar. Dizia-lhe que aquilo lá iria acabar com a vida dele, perderia a privacidade, a liberdade e teria que conviver com um monte de gente que nada tem a ver conosco. Sentia-se convocado. Quase como se fosse predestinado. Ele tanto fez que conseguiu. Cumprimentei-o, explicitando que desta última vez, a em que ele foi escolhido, meu candidato era outro. Elegante, compreendeu. Era muito gentil esse meu falecido amigo.
E deste jeito morreu. Não posso dizer que foi surpreendente seu passamento. Já vinha dando sinais. Não foi uma morte súbita. Mas muito me entristeceu. A morte tem dessas coisas. Ainda que esperada. Ao cabo de longa enfermidade ou ultrapassado o limite razoável de anos, deixa um vazio, um aperto no peito, uma angústia, sei lá. No fundo, até o último momento, ficamos com a irracional esperança de que a morte não ocorra. Morrendo, só restam as virtudes. Na morte é assim. Morreu. Foi um grande amigo. Nunca mais riremos, choraremos, tomaremos vinho ou chimarrão. E já sinto saudades do meu finado amigo.

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