A
greve dos caminhoneiros trouxe novamente a discussão sobre os preços dos
combustíveis praticados no Brasil. É lamentável observar a desinformação popular
e notadamente de grande parcela dos caminhoneiros acerca do tema É
necessário lembrar que no Governo FHC foi criada uma lei que obriga a Petrobras
a seguir preços de mercado para não fazer concorrência desleal com as empresas
de petróleo do setor privado (isso está no marco regulatório que quebrou o
monopólio da Petrobras ainda nos anos 1990). Lula e Dilma foram acusados de
prejudicar a Petrobras quando em seus governos faziam uso de uma política de
reajustes anuais dos combustíveis. A Petrobras atuava como uma empresa pública
(e não meramente de mercado) e assim exercia uma importante função de apoio à economia
popular. À época, algumas vezes os preços praticados pela Petrobras estavam
abaixo da cotação do mercado internacional e os opositores aos governos
petistas gritavam (midiotizados pela mídia golpista) que a Petrobras não estava
sendo gerida de forma adequada como seria uma empresa privada, cujos objetivos são
sempre a busca dos maiores lucros possíveis e do maior valor de mercado. Noutros
momentos, os preços praticados pela Petrobras estavam acima da cotação
internacional (por causa do reajuste anual e que não seguia flutuações
momentâneas) e a gritaria era de que somente privatizando a Petrobras haveria a
oferta de combustíveis baratos, pois os preços altos se deviam a sua
ineficiência.
Após o golpeachment (golpe travestido de impeachment) de
2016, por iniciativa do Governo Temer e de Pedro Parente que comanda a
Petrobras, a política de preços da estatal foi alterada e passou a ser regulada
de forma instantânea pela cotação de preços do mercado internacional. Pedro
Parente (ex-consultor do FMI) e homem de confiança de FHC (cujo governo tinha a
intenção de privatizar a Petrobras) foi conduzido por Temer ao comando da
Petrobras para esquartejá-la e vendê-la em nacos para a iniciativa privada. Por
ocasião das reivindicações dos caminhoneiros, Parente afirmou que se demite do
cargo caso seja impedido de continuar a atual política de reajustes em
conformidade com o mercado internacional. Pedro Parente não mede esforços em
agradar as empresas estrangeiras de petróleo. É louvado como excelente gestor
por empresários estrangeiros interessados no Pré-Sal brasileiro. A questão é
excelente gestor para quem? Talvez, sua atividade como co-proprietário da Prada
(empresa especializada em gestão financeira de famílias milionárias) não lhe
permita ter uma visão social da Petrobras como fomentadora do desenvolvimento
nacional, pois, sua visão é obcecada pelo mercado formado por empresas que agem
de forma mafiosa visando lucros astronômicos à custa do saque das riquezas
nacionais de países subdesenvolvidos como o nosso cujos habitantes costumam
ficar à míngua.
A Petrobras é uma empresa premiada internacionalmente,
detentora de tecnologia nacional de exploração de petróleo em águas
ultraprofundas. Algum tempo atrás houve um vazamento de óleo em um poço do
Pré-Sal explorado pela estadunidense Chevron e esta não conseguiu controlar. Quem
foi chamada para resolver a situação, e a resolveu? A Petrobras. Tem gente que se
diz contra o socialismo, o populismo, o assistencialismo e quer mais
capitalismo. Então o capitalismo é implantado em sua essência e o sujeito reclama?
Seguir preços do mercado internacional como atualmente faz a Petrobras é uma
política em conformidade com o capitalismo. Controlar preços é uma política de
Estado em benefício do povo e que vai contra o liberalismo econômico (doutrina
que rege o capitalismo). Se você quer preços que seguem o mercado
internacional, tudo está certo, não há do que reclamar! Se você quer preços
melhores para o povo, a solução não está na privatização da Petrobras, pois, empresas
privadas são menos flexíveis (sugestionáveis) e vão seguir a cotação de preços
do mercado internacional. Pedro Parente está fazendo a Petrobras trabalhar com
70% da sua capacidade de refino para agradar as empresas estrangeiras de
petróleo e aos Estados Unidos da América comprando já refinados (portanto mais
caros), os subprodutos do petróleo e piorando a situação da balança comercial
brasileira gerando empregos nos EUA e não no Brasil. Em meu ver, o erro está na
política econômica desse governo e na gestão da Petrobras que é danosa aos
interesses nacionais. A Petrobras precisa ser gerida com um viés social, ou
seja, em benefício do povo brasileiro, e não em atendimento exclusivo aos
interesses do mercado. Defender a Petrobras é defender a soberania nacional!
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