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sábado, 19 de maio de 2018

Um grande acordo nacional...




            O Brasil é uma nação destinada a ser potência, grande é o território e rico o seu subsolo. Porém, se a natureza nos brindou com grande potencial. Este eterno devir encontra-se atrelado aos grilhões que outrora aprisionavam seres humanos escravizados e que hoje aprisionam uma nação inteira ao atraso. Por muito tempo se falou que o Brasil era o país do futuro, mas, nestas terras o futuro teima em nunca chegar, e embora o calendário avance o Brasil confirma a cada novo dia ser uma nação ancorada no passado. Mas nem todos estão decepcionados com o fracasso nacional, uma pequena minoria se encontra jubilante, pois, segura consigo as chaves dos cadeados que aprisionam o país ao passado enquanto se banqueteia com as riquezas que deveriam beneficiar a todos.
            Como pode uma nação destinada a ser potência, não sê-la? A resposta não está na natureza que conosco foi generosa. É na história que encontramos a resposta. Segundo Jessé Souza, a elite brasileira é a responsável pelo atraso do país sendo a classe média a sua tão necessária massa de manobra. A elite brasileira (cerca de 10% da população) é a detentora do capital financeiro. Dentro desse grupo em seu ponto mais alto, seis brasileiros detêm a mesma riqueza que os 50% mais pobres da população (105 milhões de brasileiros). O país que com Lula e Dilma saiu do mapa da pobreza da ONU, após o golpeachment (golpe travestido de impeachment) para ele acaba de retornar. É visível nas ruas, lojas fechando e o aumento da informalidade que se expressa no grande número de vendedores ambulantes, que ainda nos bancos universitários aprendi ser um termômetro de crise econômica. Outro triste retorno é o de crianças e adultos pedindo esmolas. O golpe serviu para isso, a classe média (do capital cultural) não podia permitir que a ralé brasileira (a população mais pobre) que teve pequena ascensão social ousasse ameaçar os seus privilégios concernentes às oportunidades que os cursos universitários lhe abrem na medicina, na magistratura e no desenvolvimento de seu capital social junto à elite do capital financeiro. É esta última, a principal beneficiada, pois, parte da população (doutrinada pela grande mídia parceira do golpe) imbecilmente vê com bons olhos a entrega das riquezas nacionais ao setor privado nacional e estrangeiro.
            Desde os tempos de FHC, leio e ouço que os estados e a União não podem fazer renúncias fiscais por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal. O que fez o Governo Temer (MDB, PSDB, DEM, etc.) quando alçado ao poder, pelos manifestoches seguidores do Pato da FIESP? Agraciou banqueiros, latifundiários, grandes empresários, petroleiras estrangeiras, etc. com o perdão de dívidas e isenções fiscais. No caso das petroleiras até 2040, quando possivelmente o petróleo já terá sido substituído por outra fonte energética (ganhamos na loteria e jogamos o bilhete premiado fora). Isso tudo amparado na popular e imbecil ideia que é melhor entregarmos o Pré-Sal e a Petrobras para os estrangeiros para que não haja corrupção. Como se corrupção não houvesse nas empresas privadas, nos outros países (desenvolvidos inclusive), e se o capitalismo não fosse o sistema ideal para a disseminação da corrupção e, principalmente se essa ideia de privatizar para evitar a corrupção e o aparelhamento da estatal não fosse um ardil utilizado para convencer a população a entregá-la. Afinal, todos sabem que grandes fortunas são construídas com o auxílio da sonegação de impostos, grilagens de terras, o tráfico de influência e a exploração do trabalho. Segundo Jessé Souza, a corrupção na esfera política é diminuta se comparada com a corrupção do capital financeiro, e enquanto o povo iludido nutre o ódio contra a classe política, especialmente aos políticos e partidos de esquerda, os maiores corruptos (o capital financeiro) agem tal qual a Globo posando como uma “ilibada virgem de cabaré”, apesar de conhecer os meandros e participar do sistema de corrupção há muito tempo.
O perdão dado às dívidas de latifundiários e banqueiros, as isenções fiscais dadas às petroleiras estrangeiras superam em centenas de vezes o valor recuperado na Operação Lava-Jato. Aliás, esta se mostrou de grande eficácia na destruição da economia nacional, das empresas estatais e privadas estratégicas para o desenvolvimento nacional (em nenhum país sério se permitiria isso), afinal, destruir o país e saquear é o que essa elite do atraso (a do capital financeiro) que sequestrou o Estado se especializou. Após precarizar o trabalho assalariado (reforma trabalhista) vendendo a ilusão que isso geraria empregos, quando o que gera empregos é economia aquecida e o povo trabalhador com dinheiro para consumir, agora pretende fazer a reforma previdenciária para extrair nacos maiores do orçamento da União (o bolsa-família dá lugar à bolsa-banqueiro). Enquanto isso, desonestos, os patos manifestoches (sem os quais a elite do capital financeiro não teria conseguido lograr êxito na retirada ilegal de Dilma do Poder) atribuem aos eleitores desta a ascensão de Temer (o mais impopular, incompetente e ridículo presidente da história nacional). Temer era para ser sempre um vice-presidente decorativo. Assim como Susane Von Richtoffen não matou seus pais, apenas abriu a porta para os criminosos, esta será a sentença histórica aos que preferiram destruir um país a vê-lo menos desigual. Há uma parcela da população que necessita ver a miséria na barriga de muitas crianças e o fracasso no olhar de seus pais, para se sentirem especiais por terem vencido em conformidade com a meritocracia. O discurso meritocrata é tão verdadeiro quanto uma nota de três reais ou a indignação contra a corrupção dos paneleiros que estranhamente silenciaram! Mas, talvez eu não tenha entendido direito e deva reler a famosa obra de JUCÁ, Romero. “Um grande acordo nacional, com Supremo, com tudo”!

Referência: Jessé Souza – A elite do atraso.

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