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domingo, 15 de julho de 2018

O grande salto para trás!



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            Há alguns dias ao ler sobre a China e as reformas que tornaram o dragão asiático, no país cuja economia mais cresce no planeta há mais de duas décadas. Reformas estas lideradas por Deng Xiaoping. Recuei um pouco mais no tempo e lembrei-me do programa “O grande salto para frente” do timoneiro Mao Tsé-Tung. Não vou aqui discutir a eficácia do programa de Mao, até, porque, para o bem ou para o mal, as glórias ou as críticas cabíveis quanto ao sucesso da China atual cabem a Deng Xiaoping. Num insight tive a ideia de escrever um artigo intitulado “O grande salto para trás” retratando as reformas que promoveram o retrocesso do Brasil delineando em quais áreas. Mas, resolvi pesquisar no oráculo que tudo sabe (Google) se alguém já havia escrito sobre tal tema ou título e descubro um documentário francês sobre o golpe de Estado de 2016 e o retrocesso que ele causou ao nosso país, tão logo li a descrição do que se tratava comecei a assistir.
O documentário começa mostrando o espetáculo horrendo daquele “domingo da vergonha”, a data em que as TVs brasileiras bateram recordes de audiência mostrando “cidadãos de bem” ou seria “de bens” que em sua miséria intelectual e ética declaravam que seu voto contra Dilma, era dedicado à esposa, à família, etc. num espetáculo grotesco, 54 milhões de votos foram cassados fazendo com que a vontade da maioria do povo brasileiro fosse desrespeitada, a Constituição Federal rasgada e a democracia estuprada por um Congresso Nacional que não representa o povo, pois, as campanhas eleitorais são caras e 80% dos parlamentares representam os interesses de 10% da população (a elite do capital financeiro) e não o povo constituído em sua ampla maioria por trabalhadores. Parte do povo que sonhava com um Brasil inclusivo, atônito, silencia, chora, enraivece. Do outro lado, comemorações e estas não se resumem à parte do topo da pirâmide social. O golpe tem a força de um nocaute, a mídia dominada por seis famílias, manipula e desinforma a população. O Brasil está muito próximo de uma ditadura da mídia. Uma mídia que neste país sempre agiu em benefício das elites e contra a democracia. O golpe é moderno, não há tanques, nem pessoas torturadas. As Instituições funcionam, a questão é de que forma? Para quê? Para quem? O rito processual foi cumprido, só faltava o crime. Não há crime. Cortar juros e lucros da elite financeira? Para a banca isso está fora de questão!  A banca se cansou de Dilma! E precisa dar um jeito nisso!
A mídia confunde a população, grande parte da sociedade sequer sabia que Dilma nada tinha a ver com a operação Lava-Jato. O procurador Dallagnol, O Juiz Moro (que apesar de ser da primeira instância, tem poderes tais que desconhece hierarquias) e vários policiais federais miram no PT (um partido que nem é tão esquerda assim), em Dilma e Lula, e ao avistar políticos da direita desviam o olhar: não vem ao caso! E afirmam: “como o PT estava no poder, as delações se referem unicamente a este”! Há controvérsias. Caciques tucanos são considerados intocáveis. A perseguição à Lula se faz com várias arbitrariedades e com muita pirotecnia televisiva. Busca-se destruir a reputação daquele que é considerado o maior presidente da história nacional. As redes sociais reagem conta o pseudo-jornalismo da Grande Mídia. As grandes revistas utilizam seus obuses contra Lula e o PT o objetivo da força-tarefa midiático-judiciário-parlamentar é prender Lula e impedir sua candidatura que certamente seria vitoriosa, pois, “o povo não sabe votar. A elite é que sabe”. O processo contra Dilma e principalmente contra Lula é Kafkiano. Temer faz jantares para os parlamentares e neles devoram os direitos dos trabalhadores. A receita do golpe conduz a mais de setenta anos de retrocesso, mais, um pouco e a Lei Áurea seria revogada. Os índices de popularidade de Temer se equivalem à margem de erro da pesquisa. E Temer liga para pesquisa? É apenas o fantoche a fazer o serviço sujo que em programa de governo jamais seria eleito nas urnas. O objetivo é levar o país o mais próximo possível de sua origem: o regime escravocrata, pois, a elite é branca, rica, masculina, heterossexual e velha mentalmente como eram os senhores de escravos, cujos filhos não se conformam com a libertação dos escravos. Certamente ninguém quer desembolsar um vintém por escravos, mas, dói para a elite observar essa gentalha (negros, mulatos, pardos, indígenas, sindicalistas, esquerdistas, feministas, etc.) se achando gente.
Os tempos são outros, líderes evangélicos impõem uma cunha fundamentalista religiosa retrógrada e conservadora no Estado laico. O financiamento para a agricultura familiar sai de cena, entra mais recursos para os latifundiários. O financiamento de casas para a baixa renda dá lugar a mais recursos para casas de alto valor para a classe média e alta. A produção de alimentos orgânicos dá lugar ao pacote plus, ou seja, mais veneno nos alimentos mais envenenados do mundo na mesa da população. A pergunta: os veneneiros se alimentarão destes mesmos alimentos? Ou plantarão/comprarão orgânicos? Mas, liberar o veneno não era suficiente, nossos nobres parlamentares resolveram que para o “bem” da população era necessário dificultar o acesso aos perigosos alimentos orgânicos, principalmente aqueles produzidos pelo maior produtor da América Latina (MST).
 A grande mídia que seguiu à risca os ensinamentos do Ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels do governo de Hitler fez com perfeição seu papel. O povo pobre odeia ou vê com desconfiança quem unicamente poderia lhe libertar e sabemos é impossível libertar quem não se reconhece na condição de escravo. Honduras, Paraguai, e finalmente, o Brasil, todas, Repúblicas das Bananas que recentemente tiveram seus governantes retirados do Poder por meio de golpes de Estado suaves ou se preferir, modernos. Nenhuma grande nação considera mais o Brasil como uma nação com algo importante a contribuir para o mundo. Somos motivo de estarrecimento, de preocupação ou de riso. O judiciário não se envergonha mais. Faz política. Rasgou a Constituição Federal e queimou os princípios elementares do Direito. Magistrados já não falam pelos autos, mas, buscam os holofotes da Mídia que tal como cocaína, os sacia de seu desejo e os aprisiona, afinal, assim como o viciado busca ter a simpatia do traficante, há magistrados que lambem as botas dos coronéis da mídia, seja pela busca do prazer que a exposição midiática lhe traz, ou quem sabe, por medo. Manter Lula preso é garantia de popularidade mesmo que parcial e de recursos por meio de palestras pagas por quem quer manter Lula atrás das grades (o grande capital nacional e estrangeiro). Carmem Lúcia disse que se o brasileiro soubesse o que ela sabe não dormiria de noite, e penso: e ela consegue? Se ela consegue, confirma não estar à altura do cargo que ocupa!
Penso que Temer no poder, age como um viciado em drogas pesadas vendendo tudo que há na casa para pagar o traficante, se satisfazer e ganhar mais tempo, o problema que a casa é o Brasil e o Brasil é o lar do povo brasileiro e o que ele vende pertence não somente a esta, mas, a futura geração de brasileirinhos e de brasileirinhas. O traficante é o grande capital nacional e estrangeiro. Eu disse povo? Essa é a estupefação dos europeus ao ver o desmonte que os abutres do MDB, PSDB, DEM e apaniguados estão fazendo com o país sem obter nenhuma resistência. Mas, isto é algo já explicado por Lima Barreto: “O Brasil não tem povo, o Brasil tem público. Povo luta por seus direitos, público apenas assiste”. Somos um país cuja população lamenta mais a perda da Copa do que a perda do Pré-Sal, da Embraer, dos direitos trabalhistas e previdenciários como se estes também não lhes estivessem sendo roubados. Somos um país que olha para os políticos e vê neles seu patrão ou pai e não seus funcionários.
A maior pobreza do povo brasileiro é a intelectual. Olhamos e não vemos. Escutamos e não ouvimos. Lemos e não compreendemos. Falamos e não dialogamos. Respiramos e não vivemos, porque viver é lutar, e em luta, antes há que se tomar partido, mas, delegamos ao outro que empreenda a nossa luta. O Problema é que ele faz o mesmo!

P.S.: O artigo é um misto de inspiração livre (liberdade poética) e relato do documentário Brasil: O Grande Salto para Trás (Brésil: Le grand bond en arrière) -  disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XDZ5UtlsqdA – acesso em 09 de Julho de 2018.


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