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sábado, 3 de novembro de 2018

O Brasil saiu do armário ou o Editorial de O Globo 1964 – Bis


           Este escriba quando nos bancos universitários se encontrava, recebeu lições de seus mestres de que o Brasil era uma democracia racial. Este país acolhia e respeitava todas as etnias que para cá vinham. Tal teoria se embasava na obra de pensadores dos anos 1930. Na verdade, se buscava criar uma fábula para adultos de que o gigante da América do Sul era diferente do gigante da América do Norte (os Estados Unidos da América), uma nação preconceituosa e xenófoba, não por acaso, berço da famigerada Ku Klux Klan, organização segregacionista que prega a superioridade da raça branca anglo-saxã, e que desejava, quando de sua criação, a deportação dos negros de volta à África ou para outros países.            
            Eis que em pleno século XXI, o Brasil sai do armário, elege Bolsonaro, um político que em várias oportunidades fez falas fascistas, xenófobas, machistas, racistas, homofóbicas, misóginas e carregadas de preconceito de classe. Não se pode pensar, sob pena de contrariar um mínimo de racionalidade, que as pessoas que elegeram Bolsonaro, o fizeram sem ter consciência disso. Há inúmeras gravações. Se ele foi o político mais votado é porque seus eleitores são também fascistas, xenófobos, machistas, racistas, homofóbicos, misóginos e portadores de preconceito de classe, ou pensam que isso é algo sem importância, o que evidenciaria uma suprema falta de inteligência. Afinal trata-se da pessoa que irá representar o país perante o mundo.  O (a) Globo, após ter pedido desculpas pelo apoio ao Golpe Militar de 1964, fez uma reedição do mesmo, aparentemente para comemorar a vitória de Bolsonaro sobre o partido que lhe é indigesto, o PT. Nele tenta pintar em Bolsonaro as cores da direita, quando isso não corresponde à verdade. O (a) Globo deveria saber que não adianta maquiar um monstro. Até um dirigente da Ku Klux Klan manifestou apoio a Bolsonaro. A imprensa internacional vê (corretamente) em Bolsonaro a extrema-direita. Aquela que já foi a de Hitler (Alemanha), Mussolini (Itália), Franco (Espanha), e dos militares na ditadura militar brasileira (1964-1985). Reportagens e charges em jornais e revistas estrangeiras mostram a bandeira nacional sendo substituída pela bandeira nazista, o Cristo Redentor fazendo a saudação nazista, etc.. O mundo vê estarrecido e com tristeza a escolha do Brasil. Um político estadunidense afirmou que toda nação tem o direito de se destruir e que o Brasil escolheu se suicidar.  
            No editorial, O (a) Globo fala na oxigenação que esta eleição proporcionou, embora Bolsonaro nada tenha de novo, pois, há três décadas exerce cargos legislativos. Bolsonaro representa a velha política. A política da Casa Grande que reconduz à Senzala a classe trabalhadora, sempre que ela se assanha a dela querer sair. De acordo com uma pesquisa somos a terceira nação mais ignorante do mundo. E, sabemos que um povo pouco afeito à leitura da história está condenado a repeti-la. No editorial, O (a) Globo não poupa críticas ao PT, e tal como no editorial de 1964, faz um contorcionismo textual dando as cores que deseja (e não as reais) aos fatos que resultaram na queda do PT e de Lula. O (a) Globo tem grande expertise em manipulação ideológica. Não fala, por exemplo, que a ampla maioria de candidatos em igual situação de Lula (condenados em segunda instância) puderam se candidatar e à Lula isso foi negado. Lula era o único candidato que poderia livrar o Brasil do vexame internacional e do risco que Bolsonaro representa. Foi impedido justamente por ser potencialmente o vencedor. A Constituição é clara, “ninguém pode ser preso antes do trânsito em julgado” (Art. 5, Inciso LVII). Somente após a condenação em definitivo é que Lula poderia ser preso e perder os direitos políticos. Não há no processo, provas concretas contra Lula, apenas ilações (delações premiadas, pois, os réus sabem o que a Lava-Jato deseja ouvir e disso querem se beneficiar).
            Após a recondução dos escravos (a classe trabalhadora) para a Senzala (de onde pensa que não deveria ter saído), O (a) Globo em seu editorial (1964 Bis) alerta para a necessidade de pacificação do país, o que soa zombeteiro, pois, a extrema-direita da qual Bolsonaro é signatário, costuma fazê-lo com a repressão policial-militar. A paz social que a Casa Grande (da qual O (a) Globo faz parte) deseja é o silêncio da Senzala (as vítimas de uma das maiores desigualdades sociais do planeta). Talvez daqui a cinquenta anos, O (a) Globo peça desculpas por este editorial e por ter apoiado Bolsonaro. Eu de minha parte espero que a Globo acabe antes disso. A Globo ao empreender a campanha anti-petista chocou o ovo da serpente da extrema-direita. Bolsonaro (no governo) é sua cria!



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