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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Carroça vazia



            O leitor certamente deve ter conhecimento do conto que narra a conversa entre pai e filho no qual o primeiro ao ouvir o barulho de uma carroça antecipa ao filho de que ela está vazia, pois, afirma: “carroça vazia faz mais barulho do que quando carregada”. Nada mais adequado para caracterizar Bolsonaro e o desenho que faz de seu futuro governo cujas primeiras indicações para o Ministério constituem traições à parcela ingênua do seu eleitorado, pois, nada mais sinaliza que o velho jeito de fazer política. Nisso, não há nenhuma surpresa, afinal, Bolsonaro está na política há trinta anos e nesse período foi um dos parlamentares mais ineficientes de todo o Congresso Nacional, pois, consta que apenas três projetos de sua autoria foram aprovados. Bolsonaro parece ainda estar em campanha, pois, continua a jogar para a sua torcida fazendo falas ao gosto dela: declarações pouco inteligentes, insensatas e que dão a impressão que ele vive na época da Guerra Fria (1945-1989) e em plena ditadura militar.
            A impressão que dá é que os conhecimentos de Bolsonaro na área da política externa são os rudimentos recebidos enquanto militar, porém, hoje o mundo é outro! É necessário conhecimento e sensibilidade, e na falta destes, um de seus estragos ocorreu quando numa atitude lambe-botas dos Estados Unidos declarou que vai mudar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém contrariando a própria ONU, pois, Jerusalém no plano de partilha da Palestina de 1947 constava como uma cidade internacional de livre visitação para judeus, árabes e cristãos, por constituir um nó górdio. Ao tomar partido em favor de Israel, os países árabes ameaçam retalhar boicotando produtos exportados pelo Brasil, o que afetaria não somente, mas, duramente, o setor do agronegócio (frigoríficos) com prováveis repercussões em nossa região. O Egito chegou a cancelar uma agenda com o Ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes (PSDB) por causa da fala desastrada de Bolsonaro.
            Bolsonaro na condição de parlamentar foi um ferrenho opositor à criação do Programa Mais Médicos durante o governo da presidenta Dilma. Programa este, que tinha a intenção e levou a termo a antiga e frequente reclamação da população da falta de atendimento médico em municípios interioranos, apesar dos enormes esforços de inúmeros prefeitos em atraí-los. Embasado numa mentalidade doentia, obcecada pelo confronto Leste x Oeste, Bolsonaro conseguiu a proeza de implodir o acordo que o país tinha com Cuba. Bolsonaro que sempre afirmou que não se tratavam de médicos, mas, de agentes da ditadura cubana, tendo inclusive comparado os médicos cubanos a açougueiros (pedindo perdão aos açougueiros), pois, em seu ver não teriam conhecimento da medicina para atender a população brasileira (algo que vai à contramão de inúmeros relatos de pacientes atendidos pelos médicos cubanos no Brasil e em sessenta e cinco países do mundo). Bolsonaro que em campanha promoveu inúmeras falas depreciativas aos médicos cubanos e a Cuba, conseguiu o que pretendia, a OPAS (Organização Pan Americana da Saúde) numa atitude de preservação da dignidade ante as falas estereotipadas de Bolsonaro rompeu o acordo com o Brasil e os médicos cubanos estão se retirando do país. Para substituir os médicos cubanos, o Governo Temer (pressionado pelos prefeitos, e estes pela população) abriu inscrições para candidatos brasileiros, mas, as primeiras inscrições indicam que eles querem trabalhar nas capitais, e não em locais com pouca infraestrutura. Tal como Bolsonaro assegurou, o Brasil vai voltar a ser como era a quarenta ou cinquenta anos atrás: Isso para quem é rico não constitui problema algum. A questão é: você que é trabalhador assalariado, portanto, pobre, está preparado?

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