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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Terra, casa e trabalho

A revista Carta Capital publicou recentemente uma reportagem sobre o Papa Francisco com o título “Francisco, o radical”, e considerando que tal termo é utilizado muitas vezes de forma pejorativa, no entanto, a utilização foi no sentido de que radical é quem vai à raiz dos problemas e não fica na superficialidade, então, ninguém na prestigiosa revista ficou louco. Há alguns anos atrás, um colega professor irrompe na sala dos professores e me informa: “Habemus Papa” e pergunto quem é, e, ele me contou ser o Cardeal Joseph Ratzinger ao que prontamente exclamo: “A Igreja vai voltar à Idade Média”! Hoje posso afirmar que a Igreja não voltou à Idade Média, porém, também não avançou. O Papa Bento XVI não possuía o carisma de João Paulo II e minha decepção com o mesmo devia-se ao fato de ser um conservador extremista e principalmente por ser ele o conselheiro de João Paulo II quando da perseguição aos padres, bispos, etc. que eram integrantes da Teologia da Libertação, momento em que foram silenciados, neutralizados ou em caso de resistência convidados a se retirar da Sacristia da Igreja. Bento XVI se retirou voluntariamente do cargo e o Cardeal argentino Jorge Bergoglio assumiu seu lugar escolhendo o nome de Francisco em alusão a São Francisco de Assis, cuja história de vida protagonizada no filme “Irmão Sol, Irmã Lua” é fantástica e inspiradora para pessoas de qualquer crença. Porém, à época fiquei feliz por ser um papa latino americano o que incluía um novo olhar para os países do Sul ou países subdesenvolvidos. No entanto, me questionei se ele tinha idéia da responsabilidade de usar tal nome tendo em vista a história de vida de São Francisco. O Professor Mariano Sanchez escreveu um artigo há algum tempo que trouxe luz à algumas dúvidas que possuía e entre estas o fato de que Jorge Bergoglio em sua ação na capital argentina foi sempre conservador e que não se pode esperar grandes avanços em questões consideradas polêmicas dentro da Igreja, mas, avanços nas questões sociais. Nesse sentido, o Papa teceu críticas ao Capitalismo hegemônico quando afirmou que: “a verdadeira soberania é exercida por um sistema econômico centrado no deus dinheiro, que tem também necessidade de saquear a natureza para manter o ritmo que lhe é próprio”. Também falou sobre as guerras que movimentam o lucrativo negócio das armas sacrificando seres humanos e salvando balanços econômicos. O Papa chamou os movimentos sociais para um encontro com o tema “terra, casa e trabalho” e nele afirmou que “[...] a fome é criminosa e que a alimentação é um direito inalienável”. João Pedro Stédile líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participou do encontro e sobre este afirmou que o Papa se mostrou mais à esquerda do que muitos dos participantes dos participantes do evento. Penso que conforme vimos até o momento o Papa Francisco não provocará profundas alterações na Igreja, mas, vê-la com o olhar voltado para os pobres, os injustiçados, etc. e sendo coerente com as questões sociais é alentador. Caso leitor deseje saber mais, recomendo os artigos abaixo referenciados. REFERÊNCIAS: BERNABUCCI, C. Francisco, o radical. Revista Carta Capital. 19 Nov.2014 pag. 64-65. SANCHEZ, M. O que significa um Papa latino-americano? Disponível em: http://www.jcorreiodopovo.com.br/colunas.php?id=64&post=3255 – acesso em 25 de Novembro de 2014.

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