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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Um rapaz latino americano

Impossível ler o título que escolhi para este artigo e não lembrar de Belchior quando entoava a linda canção “Apenas um rapaz latino americano” cuja letra iniciava com a seguinte estrofe: “Eu sou apenas um rapaz/ Latino-Americano/Sem dinheiro no banco/Sem parentes importantes/E vindo do interior...”, no entanto, apesar da belíssima obra de Belchior, a razão de ser destas linhas se refere ao genial, insubstituível e incomparável Eduardo Hughes Galeano, (exagero?) Não existe redundância ao se falar deste uruguaio nascido em Montevidéu a três de Setembro de 1940 e autor de mais de quarenta livros traduzidos para diversos idiomas. Galeano é possuidor de um estilo todo próprio e conquista seus leitores pela contundência com que denuncia as injustiças e pela beleza poética que suas palavras tomam em seus textos de abordagem política e histórica. Meu primeiro contato com a obra de Galeano foi nos anos 1990, quando cursava Geografia na Unicentro (Guarapuava) e soube através de uma colega sobre um livro fantástico chamado “As veias abertas da América Latina”, imediatamente fui à biblioteca da Universidade e tomei emprestada a obra que li num final de semana, pois, era impossível parar de ler e na semana seguinte encomendei na livraria da faculdade um exemplar que reli outras duas vezes. Como tenho um registro das obras que disponho em meu acervo particular, dei a este livro o número 001 embora esta não seja nem de longe a primeira obra que adquiri, mas pela importância que teve e tem sobre a minha formação e orientação política. Tenho grande orgulho de ter esta obra capaz de lapidar mentes para o utópico, porém necessário trabalho de construção de uma América Latina livre da exploração predatória das potências imperialistas que sempre contaram e contam com a anuência das elites locais, sócias na espoliação das riquezas naturais e na exploração do fruto do trabalho das pessoas humildes dessa “sub-América”, pois, como Galeano reclama, “no caminho perdemos o direito até de nos chamarmos americanos”. Penso que embora Eduardo Galeano tenha escrito tantas obras, ao publicar “As veias abertas da América Latina”, ele não precisava fazer mais nada, já teria cumprido sua missão de iluminar a escuridão de nossos dias, mas Galeano é a generosidade em pessoa e não cansa em ofertar sabedoria para todos que em meio às trevas do imperialismo globalizado estão sedentos por claridade. A sua obra principal é pelas circunstâncias que permeiam a nossa história uma declaração de amor platônico pela América Latina, ou seja, por uma região que não aprendeu a se orgulhar de suas raízes, pois somos um povo que cedo foi doutrinado a admirar a cultura alienígena imposta brutalmente pelas potências estrangeiras com a aquiescência das elites, verdadeiros “testas de ferro” na exploração das riquezas nativas. Como disse, a obra é uma declaração de amor e patriotismo por nossa cultura, história, enfim, por nosso tão único e verdadeiro jeito de ser, um povo apaixonado, e que precisa urgentemente descobrir a si próprio e parar de admirar o progresso alheio movido à usurpação das riquezas dos países pobres do mundo. Nenhuma pessoa que se pretenda crítico pode deixar de ler As veias abertas da América Latina, aliás, todo latino americano deve ler esta obra a fim de entender as raízes de nosso subdesenvolvimento. Eduardo Galeano é um celeiro de sabedoria, um oceano de patriotismo que transborda do pequeno território de seu país natal e abarca toda a América Latina, sua verdadeira “pátria”. Reconhecemos que o Uruguai é o seu país de nascimento, mas ao povo uruguaio pedimos que perdoe nosso “imperialismo”, pois Galeano não pode ser somente uruguaio, ele é e precisamos que seja um pouco brasileiro, argentino, cubano, etc. enfim, um eterno rapaz latino americano. P.S. Nesta data em que finalizo este artigo é aniversário de Galeano (03/Set./2013), sei que jamais saberá destas linhas, mesmo, assim, parabenizo-lhe pela passagem desta tão importante data e desejo-lhe muitas felicidades! Sugestão de boa leitura: Galeano, Eduardo H. As veias abertas da América Latina. Editora L&PM.

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