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sexta-feira, 26 de abril de 2013

O caminho mais longo é pela esquerda!

Há alguns anos freqüento um grupo de estudos na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e no mesmo, além das obras de Karl Marx debatemos também artigos de outros autores marxistas. Numa dessas noites que para lá me dirigi, o fiz com atraso e no momento em que me propus dar opinião sobre uma questão, justifiquei meu atraso afirmando ter acontecido pelo fato de ter vindo sempre pela esquerda. Após a piada espontânea, me dei conta que havia afirmado algo que tinha um significado maior embutido e que tentarei discorrer neste artigo. Há quem afirme que atualmente não existem mais as ideologias de esquerda e direita em nosso país, penso não haver discurso mais reacionário de quem assim professa. É verdade que parte dos brasileiros não sabe o que significa a esquerda ou a direita e contribuem para tal, os partidos políticos que jogaram fora suas cartilhas ideológicas ao fazer alianças esquisitas visando a conquista do poder, não que com isso deixem de ter ideais de sociedade e de mundo quando da prática governista. Também falta em nossos compatriotas maior interesse pela política, e tal como Bertolt Brecht afirmou, há até quem “estufe o peito para dizer: odeio política”, esquecendo que através desta toda a sua vida é decidida, e pior, pelos outros, os que se interessam, ou seja, não é uma atitude inteligente. Uma frase que sempre me causou indignação foi a proferida pelo presidente francês Charles de Gaulle (1959-1969) em que o mesmo afirmava não ser o Brasil, um país sério! Porém, deixando de lado a indignação e fazendo uma autocrítica, às vezes penso não ser mesmo inverdade, pois, em nosso país existe até pobres de direita, como o afirmou o saudoso Chico Anísio num de seus quadros humorísticos, mais que humor o mestre do riso tecia uma crítica. Há pobres no Brasil que possuem um discurso igual ou até mais reacionário do que o de certas pessoas da classe alta, as quais, assim o fazem, por não serem suficientemente esclarecidas ou preconceituosas de fato. Percebo que esses trabalhadores não possuem uma clara noção de si próprios, ou seja, não têm amadurecida a consciência de classe (trabalhadora) e mais grave, possuem um discurso panfletário e defendem os ideais da burguesia. Tais pessoas são avessas às causas dos movimentos sociais, à luta sindical, além disso, votam em candidatos ligados à burguesia, os quais, uma vez no poder, defendem os interesses desta, isso explica o fato de 90% de nossos congressistas serem representantes da classe dominante, embora a população seja formada em sua imensa maioria por trabalhadores. Não são poucos a afirmar serem neoliberais, mesmo fazendo parte da classe trabalhadora de quem se esperaria uma maior consciência política se não pela escolarização, pela percepção de ser esse capitalismo fundamentalista perverso e produtor de fortunas para poucos e miséria para muitos. A verdade é que ao olharmos para a Europa em crise temos uma clara noção do destino reservado ao país caso o projeto neoliberal de FHC não tivesse sido sustado com a eleição de Lula e Dilma. O caminho para a esquerda chegar ao poder foi duro, cheio de obstáculos, tais como o golpe militar de 1964 que instalou a perversa ditadura que durou até 1985 e após isto, a chegada do neoliberalismo na América Latina via pressão externa e apoiado em uma inflada campanha midiática convencendo através do medo grande parte da população dos riscos que a esquerda representava, e quando a população vencendo o medo resolveu mudar até porque antevia as nuvens negras da tempestade econômica que se anunciava, a esquerda então no poder, fez as mudanças necessárias, as quais contrariaram os interesses da direita que não raras vezes se demonstraram impatrióticos, e, se ainda hoje, estamos longe de ser o país que idealizamos, também é verdade que não somos mais aquele frágil país que Lula herdou em 2002. O caminho pela esquerda foi certamente mais longo, mas não foi em vão!

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