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sexta-feira, 12 de abril de 2024

Cuidado com o senso comum!

 

            Sou admirador do filósofo Sócrates, o qual sabemos há dúvidas se de fato existiu ou se é uma criação do filósofo Platão, enfim, real ou ficção, Sócrates adorava conversar com as pessoas e dizia que aprendia muito com elas independentemente da condição social a que estas pertenciam, assim, penso que podemos aprender muito e também ensinar as pessoas com as quais convivemos.

            Há muitas qualidades a admirar em Sócrates, destaco entre elas a humildade no trato com as pessoas em que demonstrava não ter preconceito de classe e o seu compromisso inquebrantável com aquilo em que acreditava, uma vez que sua sentença foi a morte por envenenamento, pois ao dizer verdades incomodava o status quo estabelecido. No entanto, é impossível deixar de notar o “senso comum” que predomina nas conversas entre as pessoas ao tratar de temas que merecem estudo e reflexão aprofundada. Por senso comum, entenda-se a interpretação espontânea acerca de um fato e que nasce da experiência cotidiana das pessoas podendo esta forma de pensar e agir ser passada de geração em geração e tornar-se tradição. O senso comum carece de investigação e reflexão aprofundada e pode muitas vezes conduzir a interpretações equivocadas da realidade e isso é algo que pode trazer prejuízo para uns e benefícios para outros.

            Certa vez li que duvidar de tudo ou acreditar em tudo, são atitudes igualmente cômodas, pois, nos dispensam do ato de pensar, nada mais verdadeiro! Instituiu-se em nosso país a crença (senso comum) que todo político é desonesto e somente quer fazer o seu “pé de meia” à custa do erário público, verdade seja dita, que muitos de nossos representantes não contribuem para melhorar a imagem da classe política, no entanto, por trás dessa “verdade” aceita por boa parte da população se esconde o fato de que aos maus políticos interessa que a sociedade pense assim, pois esta não vai procurar separar o joio do trigo escolhendo entre os candidatos aqueles que são ficha-limpa e que têm de fato o interesse em fazer algo pelo bem da coletividade acima dos interesses individuais. Também é senso comum que se propaga aos quatro cantos desse país que pessoa de bem não pode ingressar na política, pois se não entrar no “esquema” não consegue vencer, isso também interessa aos maus políticos, pois assim, muitas pessoas bem intencionadas deixam de disputar cargos políticos favorecendo aos mau intencionados que nadam de braçadas na carreira.

            Também já ouvi críticas a respeito de algumas mulheres feministas pelo fato de as mesmas se produzirem com maquiagem e roupas provocantes. Há uma crença que pelo fato de a mulher ser feminista ela deva abolir o sutiã e de preferência queimá-lo, usar roupas de homem, não cuidar da aparência e principalmente, não gostar de homem. Nada mais absurdo, o movimento feminista tem como objetivo a igualdade entre homens e mulheres no que se refere aos salários, à dignidade, à valorização, às oportunidades (no trabalho e na política), e pelo fim do machismo que também é mais um comportamento arraigado na sociedade baseado no senso comum. O movimento feminista existe também para que a mulher não seja refém do seu próprio corpo e para que possa se vestir como se sentir melhor, com roupa de homem ou com roupas que evidenciem a beleza de seu corpo, com o rosto lavado ou maquiado, se deixarmos o senso comum prevalecer não será difícil algum “fundamentalista” religioso (e há vários) em nossa sociedade propor que as mulheres devam usar a burca em terras tupiniquins.

            Outra fala “senso comum” é a de que se o sujeito é defensor do socialismo, ele deve viver na miséria, não possuir bens e não consumir produtos de marca. Se possuir algum bem, ou utilizar algum produto fabricado por multinacional, está então em contradição. Ora, vivemos num mundo capitalista, o Brasil é um país capitalista, não existe uma redoma de vidro para proteger a pessoa do contato com o capitalismo, até afirmei certa vez a um sobrinho, a única solução é ir embora para Marte e este me avisou que é melhor pensar num plano “B”, pois a NASA a agência espacial do país mais capitalista do mundo (EUA) já tem planos para colonizar o planeta vermelho.

            Ocorre que muitas pessoas já chegaram à conclusão que não é possível resolver as contradições do capitalismo com mais capitalismo (neoliberalismo), pois o capitalismo é o veneno que intoxica a sociedade através da acumulação excessiva e da exclusão em massa, dessa forma, a economia capitalista tal como um organismo moribundo vive de crise em crise, sendo estas cada vez mais duradouras. O objetivo do socialismo não é distribuir a miséria e sim a riqueza, pois pretende o melhor dos mundos, um mundo sem miséria, sem fome, uma irmandade de homens. Utopia? Convencionou-se (senso comum) chamar de utópica qualquer pessoa que deseje um mundo melhor para todos e não apenas para a minoria da qual faz parte.

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