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domingo, 7 de abril de 2024

A indefensável defesa da ditadura militar

 

          Qualquer pessoa que tenha um mínimo de estudo e espírito humanitário jamais defenderia uma ditadura que matou e torturou milhares de pessoas. A escravidão e a ditadura militar são as maiores manchas na história deste país. As realizações da ditadura foram importantes para o país, mas também seriam concretizadas por um governo civil.

            Ao contrário do que afirmam alguns, havia corrupção, obras superfaturadas e/ou desnecessárias, (a Transamazônica foi mal planejada e superfaturada, dinheiro desperdiçado, sendo que a maior parte desta estrada foi retomada pela floresta), a construção das usinas nucleares de Angra teve o preço quadruplicado em relação ao valor real e o equipamento comprado da Alemanha era obsoleto. Itaipu custou o dobro da previsão; a BR 277 foi duplicada de Foz a Paranaguá durante o Governo militar (pelo menos é o que dizem os documentos dos empréstimos feitos pelo governo militar lá nos EUA), é isto que você vê quando viaja pelo Paraná? 

            Corrupção havia e muita, mas se a imprensa ou qualquer pessoa denunciasse o risco de ser preso e  torturado era muito grande (leia "Brasil nunca mais!" de Dom Paulo Evaristo Arns), pois, os escândalos eram acobertados pela censura então vigente. Não há entre o povo rico e culto dos países desenvolvidos, o mesmo percentual de pessoas existentes no Brasil a defender uma ditadura sanguinária como a que aqui tivemos. Estes preferem que o dinheiro do governo federal sirva à manutenção dos privilégios de alguns e não para a retirada de pessoas abaixo da linha  da miséria. Caso não saibam não foi os governos civis pós abertura política que colocaram o Brasil entre as piores distribuições de renda do mundo, foi a ditadura que preconizava "é preciso fazer o bolo crescer para depois dividir", o bolo cresceu e a divisão nunca houve!

            As obras dos governos militares foram executadas por meio de empréstimos externos e foram eles que colocaram o Brasil de joelhos perante o FMI e os EUA. Durante o Governo militar a dívida externa cresceu quase 3500%. O salário mínimo perdeu valor, conhecemos a hiperinflação, artistas e intelectuais tiveram que fugir do país, greves eram reprimidas (tentativa de atentado a bomba no Rio-Centro, ou seja, terrorismo de Estado). Criou-se uma mentalidade que fazer protestos e lutar por melhores condições de trabalho é coisa de desordeiros. Temos até hoje um povo apático, não por sua natureza, mas pelo medo e o método educacional imposto pelo regime.

            Fico indignado quando ouço pessoas afirmarem serem terroristas àqueles que lutaram em meio a uma população apática e amedrontada para que você hoje, bem ou mal, pudesse escolher os governantes, escrever e dizer o que pensa. A verdade é que boa parte dos políticos tem projeto de poder e não projetos para o desenvolvimento do país, assim, resta um saudosismo de quando possuíam o total controle do povo brasileiro pelo uso da força e, saudade principalmente do jogo que nunca mudava (sempre estavam no poder).

            Quem defende a ditadura presta um desserviço à história, à nação e ao povo brasileiro, pois apesar de alguns acertos, o saldo daquele período é catastrófico. Além disso, tais pessoas desrespeitam as famílias das vítimas (políticos, jornalistas, professores, estudantes, etc.). Se hoje o Brasil é um país melhor e que está aprendendo a ser democrático, devemos isto a um pequeno, mas valoroso grupo de brasileiros que ousaram lutar pela Democracia, muitas vezes derramando o próprio sangue!

 

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