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domingo, 8 de março de 2020

O brasileiro médio é social-democrata



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         Há muito observo pessoas que se dizem defensoras do capitalismo, porém, defendem que a educação básica e mesmo superior deve continuar pública e gratuita. Da mesma forma também é comum encontrar pessoas que professam a ideologia capitalista a afirmar que a saúde deve continuar pública e gratuita, porém, que o SUS deve ser alvo de melhorias. Entre estas há até mesmo aquelas que irritadas com os preços dos medicamentos no Brasil acreditam que os medicamentos deveriam ser distribuídos gratuitamente à população mediante receita médica. Ora, sabemos que na doutrina capitalista, saúde e educação são atividades econômicas e não direitos básicos do cidadão, portanto, devem ser atividades exploradas pelo setor privado, que, obviamente visa o lucro e, para tal precisa receber dos consumidores de seus produtos e serviços. O capitalismo atual que veste o uniforme do neoliberalismo prega o “Estado mínimo”, dessa forma, o Estado não pode exercer nenhuma atividade econômica ou deter empresas estatais. Cabe ao Estado por meio de sua cúpula dirigente (o governo) manter as forças armadas, a segurança pública (efetivos policiais), o Poder Judiciário, o Poder Legislativo, ou seja, o Estado deve manter a ordem, fiscalizar e regular minimamente a fim de não interferir no mercado (que se auto-regula sozinho).
            A contradição citada ocorre pela pouca leitura e entendimento das pessoas acerca daquilo que ilusoriamente pensam conhecer. Também ocorre porque o brasileiro médio não é defensor do capitalismo, mas, pensa ser devido à armadilha do maniqueísmo estimulado pela sociedade, pois, como refuta o socialismo, pensa ser defensor do capitalismo. Serviços públicos gratuitos somente são encontrados no socialismo, porém, o leitor irá automaticamente pensar que o Brasil não é um país socialista e os oferece, e nisto tem razão, pois o que temos em nosso país é uma social-democracia de baixa intensidade garantida pela Constituição Federal de 1988 que estabeleceu que educação e saúde são direitos básicos do cidadão. Além do socialismo (revolução por fora), serviços públicos gratuitos são também oferecidos em países que adotam a social-democracia (revolução por dentro) e, esta acaba por ser um sistema híbrido entre capitalismo e socialismo. Os países que detêm os melhores índices de desenvolvimento humano (IDH) no mundo atual são países social-democratas e não aqueles que deslumbraram com o capitalismo e hoje se postam nas fileiras do neoliberalismo que a tudo privatizou. A Noruega há vários anos é o melhor país do mundo em qualidade de vida (IDH). Os Estados Unidos, a maior potência econômica do mundo é apenas o 13º, enquanto o Chile, o mais neoliberal país da América do Sul colapsou numa revolta popular que parece não ter fim, pois, a implantação do neoliberalismo (o capitalismo puro), o sonho erótico dos poderosos capitalistas tornou-se o pesadelo da classe baixa e média daquele país.
            Os defensores do capitalismo raiz são ardorosos críticos da social-democracia, pois, enxergam nela o socialismo, afinal, o Estado não deve exercer atividades econômicas como as citadas. Os socialistas puros, por sua vez, afirmam que a social-democracia não passa de uma maquiagem num monstro (o capitalismo), pois, sua essência permanece intacta, a exploração do homem pelo homem. Afirmam ainda que os Estados de Bem-Estar Social (Welfare State) para reduzir a exploração de seus cidadãos exportam a extração de mais-valia para  outros países, enquanto os capitalistas afirmam ser muito caro para os contribuintes manter Estados de Bem-Estar Social e que cada indivíduo deve pagar pelos produtos e serviços que utiliza sem sobrecarregar os demais via impostos. Enfim, geralmente, o brasileiro médio refuta o socialismo, defende o capitalismo, porém, não quer o Estado Mínimo defendido pelos neoliberais, nada mais anticapitalista, contradição pura! É social-democrata e não sabe disso!

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