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quinta-feira, 7 de julho de 2016

Voar é para os pássaros ou ler a bula é opcional!

O sonho de voar povoa a mente humana, possivelmente, desde os primórdios da humanidade quando nossos ancestrais olharam para o céu e viram criaturas aladas. A civilização grega que tanto contribuiu para o conhecimento humano nos legou o relato mitológico de Ícaro e seu pai Dédalo, responsáveis pela construção do labirinto para aprisionar o Minotauro (monstro metade homem, metade touro) que mais tarde, foi morto por Teseu. Após a morte do Minotauro, Dédalo e Ícaro tiveram a ideia de construir asas com cera de abelha e penas de gaivota para que pudessem, enfim, abandonar a obra que havia se tornado uma prisão para seus próprios construtores. O pai Dédalo preveniu Ícaro para não voar demasiadamente alto ou muito baixo, pois, o calor do sol poderia derreter a cera ou a umidade do mar poderia tornar as asas pesadas demais para o ato de voar. Ícaro, no entanto, não obedeceu aos conselhos de seu pai e voou alto o que fez a cera derreter e as penas desgrudarem das asas ocasionando sua queda no Mar Egeu, então, Dédalo sozinho e inconsolável seguiu sua viagem até a Ilha da Sicília onde foi recebido na casa do Rei Cócalo. O mito de Ícaro retrata de forma poética o sonho humano de voar tornado realidade há mais de um século e a necessidade de seguir o planejamento do voo para evitar insucessos. Há alguns dias, em um programa sobre aviação, um piloto afirmou: “um voo bem sucedido é aquele concluído com uma aterrissagem” e, o oposto, o acidente aeronáutico, raramente ocorre, porém, produz manchetes sensacionalistas devido ao grande número de vítimas resultantes da queda desses verdadeiros colossos do ar no que tange ao número de pessoas transportadas. Para quem tal como eu é amante da aviação, e sabe ser esta, o coroamento da capacidade inventiva do ser humano e que se guia pela razão à luz das estatísticas e não pela emoção dos programas e reportagens sensacionalistas, a obra Caixa-Preta de Ivan Sant’Anna é interessante, pois, relata os acidentes do Varig voo RG 820 que caiu em Paris, já nas proximidades do aeroporto de Orly onde aterrissaria, acidente ocasionado por incêndio resultante de uma ponta de cigarro aceso jogado na lixeira de um toalete e que teve como saldo a morte de 123 passageiros e 11 sobreviventes. Outro caso tratado na obra é o voo VP-375 (Vasp) sequestrado e cujo sequestrador Raimundo Nonato pretendia jogar o avião sobre o Palácio do Planalto em 1988 (13 anos antes do ataque terrorista ao WTC - 11/09/2001) e cujo desfecho não foi mais trágico graças ao sangue frio e perspicácia do comandante da aeronave. O terceiro caso é o do avião que fez um pouso forçado na selva amazônica (Varig – voo RG 254) devido à falha humana resultante da inserção de rumo errado nos instrumentos de orientação da aeronave que tinha como destino Belém do Pará, mas, que levou o avião a voar a esmo sobre a Amazônia (à época desprotegida pelo radar) até o combustível acabar e cair no sul do Pará causando a morte de 12 pessoas e tendo 42 sobreviventes resgatados pela FAB após incessante busca de 48 horas de duração. Os acidentes aeronáuticos já foram tema de filmes de Hollywood, de atos terroristas, de consultas ao psicólogo ou ao “personal flyer” (profissional que presta serviços na orientação de pessoas iniciantes em viagens aéreas ou que destas têm receio). Há, porém, os casos de fobias, e estas podem incluir uma ida ao médico para com a ajuda da ciência controlar a ansiedade exagerada. Pesquisas mostram que o avião é o segundo meio de transporte mais seguro do mundo, o primeiro é o elevador e que o risco de acidente em uma viagem de automóvel é muito maior do que numa viagem de avião, e, se levarmos em conta a precariedade das rodovias brasileiras, mal conservadas, ou dotadas de pistas simples mesmo com intenso tráfego, os riscos são ainda maiores. As aeronaves para estarem habilitadas a voar precisam ter seu plano de manutenção em dia (o que nem sempre ocorre com os automóveis nas rodovias) e todo acidente é investigado para descobrir sua causa, apurar as responsabilidades e prevenir a ocorrência de futuros acidentes. Ler a bula do remédio (efeitos colaterais) ou voar causa ansiedade e isso é normal, mesmo, passageiros que voam rotineiramente afirmam ter algum nível de ansiedade anterior ao voo ou durante o mesmo, a exceção fica por conta de uma minoria de passageiros que tratam o voo como algo tranquilo como assistir o telejornal, apesar de que ultimamente, assistir o telejornal não tem sido mais um momento de tranquilidade. Se preferir não leia a bula e nem o livro, mas, saiba, a estatística não deixa margem para a dúvida, o avião é mais seguro! Sugestão de boa leitura: Caixa-Preta: o relato de três desastres aéreos brasileiros – Ivan Sant’Anna – Editora Objetiva.

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