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sexta-feira, 15 de julho de 2016

O berço da Justiça é a Casa Grande

A oposição popular aos governos progressistas de Lula e Dilma levantou durante muito tempo a bandeira de que havia uma ditadura do PT no país e reclamava dos 12 anos ininterruptos de governos petistas, afirmando que a alternância no poder é necessária, estranhamente, porém, nada diziam quanto a essa necessária rotatividade antes de 2002 quando a direita estava no poder e nele esteve quase o tempo todo desde o período colonial e nem sobre o fato de que apenas líderes do PT ao serem denunciados na Operação Lava-Jato foram processados, julgados e presos, pois, inúmeras delações contra caciques tucanos e figurões do PMDB não resultaram sequer na abertura de processos de investigação. Alguns réus da Lava-Jato já deram depoimentos e muitos juristas consagrados afirmaram em entrevistas e/ou artigos que somente os fatos ocorridos nos governos petistas interessam para os procuradores de Justiça da Vara Federal de Curitiba, responsável pela Operação Lava-Jato, apesar das promessas de empreiteiros de contar toda a história de corrupção ocorrida também no governo FHC, o que seria de grande benefício para o país. Nenhuma pessoa em sã consciência é contra o combate à corrupção, exceto aquelas que dela se beneficiam, e que, portanto, fazem uso do falso discurso moralista, tal como no triste episódio do gênero comédia pastelão do dia 17 de Abril transmitido ao vivo pelas emissoras de TV para todo o país, em que a assim chamada Casa do Povo (Câmara dos Deputados) ocupada por uma extensa legião de parlamentares corruptos e achacadores do governo (como muito bem definido por Cid Gomes) comandados pelo Presidente Eduardo Cunha um político corrupto e grande aliado do presidente interino/golpista Michel Temer e dono de uma genial mente a serviço do crime abusaram do uso da hipocrisia e atropelaram a Constituição Federal ao aprovar o prosseguimento de um processo de Impeachment ilegal, ou seja, sem nenhuma prova concreta de crime praticado pela Presidenta (até hoje não há), o que configura golpe. A suprema humilhação dos golpistas e de seus apoiadores se dá pelo fato de que a cada semana os parlamentares da brigada de combate à corrupção do governo Dilma são denunciados ou cassados por corrupção, apesar de seus votos dedicados à família, à honestidade, à moralidade na política, aos bons costumes, etc.. Enquanto a Justiça não for igual para todos e todos não forem iguais perante a Justiça, o que continuaremos a ter é uma democracia de fachada a encobrir a plutocracia (governo dos ricos e para os ricos) com a vergonhosa manutenção de seu status quo, ou seja, uma das maiores desigualdades socioeconômicas mundiais. Enquanto a Justiça não for da altura que o país precisa, os cleptocratas (ladrões) que se instalam nos governos municipais, estaduais e federais continuarão governando em benefício próprio e enriquecendo à custa do erário público. A operação Lava-Jato não representa (pelo que até aqui demonstrou) a possibilidade de passar o país a limpo, pois, se trata de uma operação claramente seletiva e partidária e não faltam artigos e entrevistas de juristas renomados a corroborar essa afirmação. Lembro de uma frase genial cuja autoria é por mim ignorada e que constitui uma pedra angular do que se tornou o edifício jurisdicional brasileiro e que afirma: “A Justiça não é cega e nem neutra, ela é burguesa”! A verdade é que grande parte dos magistrados brasileiros tem sua origem na Casa Grande, são oriundos de famílias tradicionais burguesas e que consciente ou inconscientemente defendem aquilo que está arraigado em sua vivência tendo em vista que nasceram e cresceram num ambiente ideológico conservador, sendo assim, aceitam com naturalidade o escandaloso salário turbinado por meio de manobras para burlar o teto máximo, que embora consideradas legais, constitui uma imoralidade a olhos vistos e que lança até mesmo sobre o mais bem intencionado Juiz uma nódoa em sua biografia. Os Magistrados oriundos de famílias humildes constituem minorias, e, não estão livres de se deslumbrarem pelo nababesco padrão de vida conquistado e tornarem-se também conservadores e defensores dos interesses da burguesia e dos partidos que a representam, porém, a proximidade maior com a realidade do povo brasileiro, atenua o risco. Penso que o amadurecimento da democracia e o avanço no combate à corrupção passa pelo aumento do ingresso de jovens oriundos da Senzala (classe trabalhadora) na Magistratura e no Ministério Público bem como no Parlamento, com remunerações dignas, porém, sem as atuais mordomias que fazem corar de vergonha os parlamentares e magistrados suecos, e, de indignação, os cidadãos brasileiros esclarecidos.

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