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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Sopa de letras

Há alguns dias assisti a fala de um professor universitário, por sinal, muito boa, porém, me questionei sobre o grau de apreensão do conteúdo pelas pessoas que o ouviam tendo em vista a utilização de termos pouco conhecidos. As entrevistas de muitos intelectuais carecem de inteligibilidade, ou seja, a capacidade de se fazer entender, desde o cidadão mais culto ao menos letrado (lembrando que o simples fato de portar um diploma, não torna alguém culto e nem mesmo o fato de não o possuir faz de outra pessoa, menos culta, pois, há o autodidatismo que é a possibilidade de construir sua própria capacidade intelectual e cultural fora da educação formal). O atual momento pelo qual passa o país tem brindado a população com termos pouco conhecidos tais como juristocracia, plutocracia, patrimonialismo, cleptocracia, etc., e não há nada de errado em utilizar termos pouco usuais pela população desde que a informe sobre seu significado enriquecendo desta forma seu vocabulário. Há pessoas que afirmam que na época da ditadura (1964-1985) ou de FHC-PSDB (1995-2002) não havia corrupção e culpam o PT pela sua invenção; também há aqueles que fazem discursos contra a corrupção de forma seletiva denunciando apenas a ocorrida nos governos petistas, usam desta forma da hipocrisia, ou seja, de um falso discurso moralista para disfarçar o seu fascismo (o pensamento que um governo ditatorial, portanto, antidemocrático é o melhor para o país), pois, o pensamento fascista reserva para os segmentos privilegiados da sociedade (geralmente à direita) a exclusividade do direito de administrar o país, e aos trabalhadores, o dever cívico expresso na frase: “não fale de crise, trabalhe” de conhecido líder golpista brasileiro. Com a midiatização espetacularizada pela Grande Mídia (claramente aliada à oposição e de longa data, simpatizante do PSDB) da corrupção nos governos petistas, há um processo de desmoralização da classe política levada a cabo em parceria com o Judiciário, porém, de forma seletiva. Tanto a mídia como o judiciário têm agido de forma partidária e não faltam depoimentos de réus da Lava-Jato e juristas denunciando o desinteresse e a leniência (lentidão, pouco caso) da mídia e de Magistrados nos casos que envolvem caciques tucanos e figurões do PMDB. O processo de desmoralização da classe política denunciada na Lava-Jato ampliada pela mídia faz com que Magistrados e o próprio Judiciário sejam considerados pela população menos esclarecida como salvadores da pátria, no entanto, os Magistrados são concursados, e, geralmente são oriundos da Casa Grande, portanto, da elite, e desta forma, costumam defender ideais conservadores, e sabemos que muitos têm pautado sua ação de forma claramente partidária e à direita. “A Juristocracia é um sistema de governo onde os Juízes utilizam mecanismos judiciais para impor à sociedade a sua percepção pessoal, muitas vezes a serviço de uma ideologia ou grupo político em prejuízo da ética, da legalidade ou dos anseios populares expressos na urna”, constitui assim uma “ditadura dos sem votos”, pois, Magistrados são concursados e não se submetem ao crivo popular das urnas, e, a exacerbação de seu papel representa grave risco à democracia. Outro ataque à democracia é o patrimonialismo, ou seja, os políticos que tratam a coisa pública como particular, agindo no Legislativo e no Executivo em benefício de interesses particulares, sendo isso, próprio de sociedades atrasadas, tais como os governos absolutistas cujos reis na Idade Média e Moderna utilizavam os bens e recursos do Reino como se fossem particulares, porém, em pleno século XXI (Idade Contemporânea), isto ainda ocorre em todos os países, em maior ou menor grau, conforme o nível de desenvolvimento, e no Brasil, grande parte dos políticos fazem disso a regra. A elite golpista que governa interinamente o país, além de patrimonialista forma uma cleptocracia, ou seja, um governo formado por ladrões, pois, nenhum governo anterior teve em seu primeiro escalão maior número de denunciados, investigados e condenados por corrupção. O governo interino é também um exemplo de plutocracia (um governo formado pela elite econômica), tendo em vista que grande parte de seus integrantes têm grande patrimônio e governam em benefício dos grandes capitalistas nacionais e estrangeiros, e em prejuízo da classe trabalhadora, cujos direitos trabalhistas e programas sociais têm sido tolhidos com a introdução do conceito de Estado mínimo em detrimento do bem-estar social que deveria ser o norte (ou se preferir, o Sul) a guiar as políticas públicas.

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