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quinta-feira, 9 de junho de 2016

Sobre o tempo e a paciência

O russo Leon Tolstoi (1828-1910) autor de Guerra e Paz, uma das maiores obras da literatura mundial, disse, com razão: “o tempo e a paciência são dois eternos beligerantes”. Penso que com o tempo deveríamos nos tornar mais pacientes com a inevitável atenuação daquele ímpeto da juventude de querer mudar o mundo, porém, é justamente a percepção da passagem do tempo ante os olhos, e a observação que a sociedade desconhece a história, e assim está condenada a repetí-la, como afirmou o filósofo e político anglo-irlandês Edmund Burke (1729-1797), que a paciência se esvai. É assim que vejo a sociedade brasileira ante o golpe patrocinado por uma elite brasileira acertadamente considerada violenta, fascista e ignorante pela filósofa brasileira Marilena Chauí. Somos frutos do ensino público acrítico da ditadura militar (1964-1985) em que professores foram duramente reprimidos nas universidades, cujos departamentos de Ciências Humanas com as disciplinas de Filosofia, Geografia, História e Sociologia teve muitos de seus mestres presos e torturados por praticar o “crime” de pensar e de levarem seus alunos a também fazê-lo, por isso, a apatia brasileira foi intencionalmente programada pelo fascismo da época e se reproduz até os dias atuais. O fascismo não tolera a liberdade de pensamento e não convive bem com movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda que se colocam ao lado do povo e não do capital, portanto, precisa que os cidadãos sejam adestrados para não contestarem as ordens e nem mesmo praticarem o absurdo ato da discussão da ideologia posta. Sei que a paciência é uma virtude, mas, tem sido difícil digerir tolices que tenho ouvido, principalmente quando, devido à repetição por diferentes indivíduos observo que se trata do pensamento de um segmento social, assim, a reflexão se faz necessária. Ouvi de algumas pessoas que o governo interino é o mesmo governo, pois o vice-presidente assumiu a presidência, penso que isso é um absurdo, como julgar ser o mesmo governo, uma equipe integrada por membros do PSDB, DEM e demais adversários de sempre do PT? Como pensar ser o mesmo governo, uma gestão que por meio de um golpe, no poder executa uma guinada radical na direção da política externa até agora orientada prioritariamente na relação Sul-Sul e a reposiciona na órbita de influência dos Estados Unidos da América com a intenção de cortar a pouca soberania nacional efetivada com a criação e integração ao bloco Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e busca levar o país de volta à submissão ao país ianque, mesmo com tudo que o país tem a perder em termos econômicos e geopolíticos para favorecer a hiperpotência em seus propósitos imperialistas de não perder um quinhão do seu quintal latino-americano em que o Brasil foi transformado desde a saída dos portugueses e o posterior enfraquecimento da Inglaterra? Como acreditar ser o mesmo governo, uma equipe que ao contrário do governo Dilma tem buscado atacar os direitos trabalhistas e as conquistas sociais dos últimos doze anos desvinculando recursos da Educação, da Saúde com alterações constitucionais para poder dar ao povo menos Educação e menos Saúde? Como pensar ser o mesmo governo, um grupo de políticos que apoiado pelo grande capital nacional e estrangeiro retoma a agenda de privatizações deixada de lado desde o fim do governo FHC (1995-2002) e que deseja entregar às petroleiras estrangeiras o petróleo do Pré-Sal tirando a Petrobras da parceria obrigatória mínima de 30% causando a redução de sua lucratividade com o objetivo de num futuro próximo também privatizá-la? Observei também que algumas pessoas que muito se manifestavam contra a corrupção durante os governos Lula e Dilma, se calaram ante a escolha de políticos corruptos do governo golpista de Temer que tal como no programa Big Brother Brasil da também golpista Rede Globo tem um de seus escolhidos eliminados por semana devido a problemas com a Justiça por meio das delações premiadas. Ocorre que devido ao risco da Presidenta Dilma retornar pelo fracasso retumbante que a gestão interina de Temer tem se configurado, a grande mídia golpista retoma o ataque à Dilma, a Lula e ao PT. Por sua vez, os fascistas nostálgicos da ditadura militar também o fazem nas redes sociais, evidenciando sua hipocrisia, pois, não denunciam a corrupção do governo interino, são apenas instrumentos do estado policial e antidemocrático que buscam implantar no país por não saberem respeitar as regras democráticas ante a incompetência atestada nas urnas. Penso que preciso de paciência e de tempo, o problema é que ambos conspiram contra mim!

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