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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Argentina: Um passo atrás!

A Argentina já esteve entre os países mais ricos do mundo e ainda hoje Buenos Aires é considerada a capital europeia da América Latina, mas, há muito tempo a nação vive o trauma da percepção da queda da qualidade de vida que foi agravado com a experiência da ditadura militar que cometeu a sandice de levar a cabo a malfadada aventura militar pela retomada das Ilhas Malvinas contra a Inglaterra em 1982, apesar da justiça de sua reivindicação. Com o fim da ditadura, o povo argentino considerado mais politizado que o brasileiro exerceu forte pressão que resultou na abertura de investigação e processos que culminaram na prisão de vários militares envolvidos em torturas e assassinatos de opositores políticos. A partir dos anos 1980, a Argentina foi varrida pelo vento neoliberal que saqueou o seu patrimônio público, sendo que empresas estatais foram privatizadas, o mercado foi aberto ao capital externo e a política neoliberal trouxe desindustrialização, concentração da renda, arrocho salarial e perda progressiva do poder aquisitivo da população. Tal como no Brasil (privataria tucana), as denúncias de corrupção envolveram o nome do Presidente Carlos Menem (o FHC da Argentina em termos de ideários políticos) e em 2015 ele foi condenado a 4,5 anos de prisão (no Brasil, FHC segue solto e pregando contra a corrupção, apesar de entre outros atos corruptos ter comprado votos de parlamentares para a emenda de sua própria reeleição). O país perdeu o rumo e mergulhou em crise profunda até que Néstor Kirchner conseguiu colocar o país novamente nos trilhos, mesmo que em marcha lenta, o governante (já falecido) e depois, sua sucessora, a então esposa e atual viúva Cristina Kirchner criaram programas de subsídios para a população pobre, renegociaram a dívida externa e limitaram o envio de dólares para o exterior sempre com forte oposição do Grupo Clarín (equivalente à Rede Globo) e da burguesia local, principalmente, os grandes latifundiários. O Governo de Cristina Kirchner conseguiu inclusive fazer o debate e a implantação da “Ley de Medios”, a regulação econômica da propriedade de meios de comunicação que no Brasil constitui verdadeiros monopólios em contrariedade com a Constituição Federal de 1988. Em fins de 2015, a direita argentina elegeu Macri e em menos de sessenta dias, grande parte das conquistas sociais foram demolidas, o custo de vida explodiu devido à eliminação dos subsídios, o câmbio foi liberado com forte desvalorização da moeda local, não há mais restrições para o envio de dólares ao exterior, e a redução de impostos para importação de automóveis de luxo mostram a face do atual governo. O Presidente adotou medidas autoritárias nomeando ministros na Suprema Corte sem a aprovação do Senado e destituindo de seus cargos os responsáveis pela implantação da “Ley de Medios”, iniciativa que rendeu a Macri o apelido de “Presidente do Clarín”, além disso, proibiu manifestações que ocupem as ruas evidenciando que não é necessário que os militares cheguem ao Poder para que se implante uma ditadura. Numa clara mostra de arrogância e nenhum conhecimento geopolítico, Macri cobrou do Brasil e dos demais países do MERCOSUL a expulsão da Venezuela do bloco. No Brasil, a Grande Mídia não faz mais críticas diárias à Argentina, pois, o Governo Macri segue a Cartilha Neoliberal do Consenso de Washington e embora os argentinos saiam às ruas para protestar e nelas esteja a tropa de choque com seus tanques à semelhança da ditadura que viveu no passado, isso não chama a atenção da Grande Mídia brasileira que considera mais importantes os panelaços da elite argentina que protestava contra a prioridade dada aos pobres na Era Kirchner. Concluo com uma frase de Maria Eugenia Vidal, Governadora da Província de Buenos Aires quando da eleição de Macri: “Esta noite estamos fazendo história. Esta noite fizemos o possível e o impossível: trocamos o futuro pelo passado”.

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