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domingo, 15 de junho de 2014

Sobre resiliência e ataraxia!

Quando acadêmico este escriba imaginava como deveriam ser os diálogos entre os professores na hora do recreio e pensava serem momentos de discussões filosóficas e também dos grandes problemas locais, nacionais e mundiais, no entanto, quando me tornei professor não tardei a descobrir que tal momento era utilizado para a necessária descontração e que nem sempre puxar um “papo-cabeça” era uma atitude vista com simpatia por parte de alguns colegas. Mas, como para toda a regra há a exceção, não demorei a descobrir que as pessoas são diferentes entre si e que havia aquelas que não torciam o nariz para uma conversa mais fundamentada. Num desses dias estava conversando com uma colega que é professora de Filosofia e contei-lhe que li dois livros sobre a aplicação terapêutica da Filosofia em consultas com pacientes que desejam conseguir ajuda para resolver os problemas da vida que se acumulam e os/as colocam em becos sem saídas. Comentei que essa tendência se observa mais fortemente fora do Brasil, principalmente nos Estados Unidos da América e também na Europa. Afirmei que existe muita gente da área da Psicologia que não está gostando dessa invasão dos filósofos em sua área de atuação e que os consideram despreparados para exercer tal função, enquanto, outros que já são psicólogos estão indo atrás dos ensinamentos de Filosofia para ao se especializar oferecer um algo a mais para os seus “clientes”, uma vez que os psicólogos, segundo li, não chamam as pessoas que atendem como pacientes. Comentei com a minha colega que os filósofos clínicos auxiliam seus clientes a desatar os nós que a vida lhes apresentou através de sugestões embasadas na teoria de filósofos tais como Platão, ou seja, como Platão pensaria e resolveria o imbróglio em questão apresentado pelo(a) cliente. Particularmente gostei muito dos livros abaixo referenciados, porém, sou bastante eclético nas leituras e assim quem não aprecia filosofia e detesta livros de autoajuda talvez não goste das referidas obras. Aproveitei o ensejo e perguntei a minha interlocutora se conhecia o significado da palavra “resiliência” ao que afirmou não saber, expliquei-lhe que resiliência era a capacidade de transformar um trauma, uma situação estressante da vida em algo edificante de forma que a pessoa sai da situação vivida um alguém mais forte e competente, ou seja, mais resistente a situações de destruição da vida pessoal e/ou profissional. Todos conhecemos pessoas que passaram por uma situação traumática que dividiu sua vida ao meio com “um antes e um depois” que pode ser a morte de entes queridos ou a queda vertiginosa do padrão de vida e do status social, porém, a forma como as pessoas lidam com isso é sempre particular, algumas “tiram de letra”, outras demoram a se adaptar à nova situação, outras jamais conseguem superar e tornam-se consumidoras de calmantes e antidepressivos, inclusive, é digno de nota que o consumo de tais medicamentos em nosso país só faz aumentar. A minha colega perguntou-me se conhecia o termo “ataraxia” e afirmei que não, ela então me apresentou um texto e explicou-me que por ataraxia entende-se “o estado do homem em que ele se encontra imperturbável frente às emoções, uma condição de tranquilidade, na qual, independentemente dos fatos, o indivíduo permanece inabalável, sem se deixar arrastar por alegrias e prazeres, nem por dores e tristezas”. Ela afirmou que gostaria de atingir tal estágio que era considerado pelos filósofos gregos “uma conquista possível e equivalente à própria felicidade humana”. Quem não queria, não é mesmo? Para encerrar, nada melhor que citar o gênio da psicanálise Freud quando disse “somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro”, assim, caro(a) leitor(a) mantenha sempre em sua “farmácia caseira” doses de resiliência e de ataraxia, pois, desejo que nunca precises, mas, se precisares, que a superação seja rápida e o(a) torne um alguém mais forte. Sugestão de boa leitura: MARINOFF, L. Mais Platão e menos Prozac: A Filosofia aplicada ao cotidiano. 2002, Editora Record. __________. Pergunte a Platão. Terapia para quem não precisa de terapia ou como a Filosofia pode mudar sua vida. 2005, Editora Record.

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