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quinta-feira, 20 de março de 2014

Oito de março dia da “mea culpa” masculina

Se um extraterrestre viesse a Terra no dia 8 de Março e observasse as tantas e tão belas homenagens pela passagem do Dia Internacional da Mulher, na TV, nas revistas, nos jornais, etc., julgaria que a Terra era certamente o paraíso para elas e aos homens só restaria lamentar não terem nascido mulheres. Nas ruas, homens carregando presentes e também mulheres sorridentes empunhando buquês de rosas. Se o extraterrestre ligasse algumas estações de rádio e observasse as letras das músicas tocadas neste dia se encantaria com as demonstrações de reconhecimento da importância da mulher, feitas de forma tão generosa e, sobretudo poética. Constataria que nascer mulher neste planeta era sem dúvida uma sorte muito grande, principalmente quando movido pela curiosidade fizesse uma pesquisa numa “primitiva” rede conectiva de computadores denominada pelos terráqueos como Internet e numa rápida contagem constataria que a mulher é central na letra da maioria das músicas, sendo que centenas destas têm como títulos nomes femininos tais como Anna Júlia, Iolanda, Camila, etc.. Mas, o dia 8 de março é tal como o conto de Cinderela, o encanto termina à meia-noite, e, a mulher de centro das atenções volta à dura realidade da vida real, pois, em todo o planeta, dos países subdesenvolvidos aos países desenvolvidos, as mulheres são discriminadas no mercado de trabalho e recebem salários menores mesmo exercendo a mesma atividade que colegas do sexo masculino. As progressões na carreira são mais arduamente conquistadas e isto nada tem a ver com a capacidade delas e sim com questões culturais de um mundo machista. O desrespeito aos direitos humanos desconhece gênero, mas é mais grave quando a pessoa atingida é do sexo feminino, em muitas culturas o direito à educação formal, o acesso ao mercado de trabalho, enfim, o reconhecimento necessário da igualdade entre homens e mulheres é algo ainda muito distante. Em pleno século XXI, a realidade das mulheres em alguns países é a da mutilação de seus genitais (clitóris), pois, a “cultura” de certas sociedades não permite às mulheres obter o prazer sexual, então, ainda meninas têm seus corpos profanados por mentes insanas “castrando” não somente o corpo, mas sua alma de mulher, afinal, sexo é vida, faz parte da realização humana e a mulher, tal como o homem tem todo o direito a desfrutar desse prazer conforme desejar e sua consciência permitir. A mulher é tida como objeto e os relacionamentos amorosos infrutíferos e companheiros/ex-companheiros violentos muitas vezes contribuem para aumentar as estatísticas do feminicídio (assassinato de mulheres em virtude de seu sexo), uma chaga existente em todo o mundo. Caso o extraterrestre a que me referi no início desse artigo, tivesse ficado em nosso planeta apenas durante o dia 8 de março ao voltar para seu planeta de origem levaria ótimas referências sobre os seres humanos do sexo masculino e de como é bom ser mulher neste planeta. No entanto, uma análise mais acurada da realidade, ou a permanência por apenas mais um dia mostraria ao suposto ET que oito de Março é na verdade um dia simbólico da luta das mulheres por seus direitos e também uma data que foi corrompida pelo Capitalismo ávido por lucros e usada para o ato de “mea culpa” pelos homens que no restante do ano tratam-nas como serviçais. P.S. 1. Até hoje não se comprovou cientificamente a existência de extraterrestres e os cientistas se dividem quanto a tal possibilidade; 2. Esse artigo não está atrasado, pois “oito de março” para as mulheres é todo dia; 3. Não sou perfeito, também faço “mea culpa” no dia 8 de Março; 4. As mulheres trocariam as homenagens do dia 8 de março pelo seu engajamento na luta pela conquista e reconhecimento aos direitos delas.

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