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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A vida... Que fase! (?)

Em decorrência do fato de ser pai e professor observo crianças, adolescentes e adultos e me vejo frequentemente refletindo sobre as fases da vida e não me refiro aos períodos de vacas magras e/ou gordas comuns à grande maioria das pessoas na sobrevivência nesse planeta chamado Capitalismo. Explico: Ao nascermos passamos pela nossa primeira provação deixamos o útero aconchegante de nossas mães e nos sentindo desprotegidos choramos a sensação de insegurança e desconforto que o novo mundo ao qual somos apresentados nos traz. Nessa fase nossas necessidades são prontamente atendidas quando choramos, mas o tempo vai mostrar que o nosso choro será por muitas vezes ignorado. Basta que cresçamos e deixemos a infância e nos sentimos tal como na letra da música “Não vou me adaptar” de Arnaldo Antunes: “Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia/ Eu não encho mais a casa de alegria/ Os anos se passaram enquanto eu dormia/ E quem eu queria bem me esquecia/ Será que eu falei o que ninguém ouvia?/ Será que eu escutei o que ninguém dizia?/ Eu não vou me adaptar... me adaptar”. A entrada na adolescência é um período de adaptação com as dificuldades impostas pelo fato de não saber como se encaixar na sociedade com adultos que esperam de você maturidade, afinal, seu corpo evidencia que você não é mais criança, mas sua mente não concorda totalmente com isso mesmo que você se esforce nesse sentido. É um período difícil, muitas vezes você planeja fugir para Marte, mas na vida tudo passa e você então torna-se um adulto, mas, mesmo assim não consegue se desligar totalmente da adolescência, tal como uma colega afirmou: “Tenho sonhos adolescentes, mas as costas doem. Sou jovem pra ser velha. E velha pra ser jovem”. É uma nova fase da vida que chegou a “adultescência,” nela, você vive tal como o adolescente a angústia de não conseguir encaixar-se na sociedade que lhe cobra atitude, determinação, independência, etc. quando na verdade você ainda gosta de ser cuidado pelos pais e não se sente preparado(a) para um voo solo e passa a maior parte do tempo jogando/falando de videogames e/ou sonhando com o rico príncipe encantado ao invés de ir à luta. Você faz parte da geração canguru. O tempo passa você enfrenta muitos desafios, constitui família (ou não), trabalha muito, precisa garantir seu futuro e/ou dar sustentação financeira à sua família, até pode ter dinheiro, mas já não tem tanto tempo para o lazer, está mais ambientado nas rodas de conversa com os mais velhos e começa a dar razão aos mesmos nas conversas sobre o quanto a geração mais nova se encontra perdida e “o quanto a sua geração era determinada”, vê nos hábitos da nova geração o “fim dos tempos” (embora esconda ter alguma inveja). Como o tempo não para, você de repente se vê sexagenário (com filhos crescidos, talvez até com netos), mas como tem muita energia busca viver o máximo possível e além do trabalho quer desfrutar o lazer que muitas vezes abdicou. Você entrou numa nova fase é agora “sexalescente”, ou seja, é uma pessoa que do alto dos seus sessenta e poucos anos não aceita a velhice e isto algumas vezes o leva a visitar o guarda-roupa dos/das filhos(as) e/ou netos(as) em busca de uma roupa mais “adequada”. Você resolve cuidar da máquina (o corpo), pois não dá mais para adiar tais cuidados, quer viajar, praticar esportes, estudar, namorar muito e sabe que se precisar pode contar com a ajuda da medicina, você é agora um “sexygenário”. Você entra na quarta idade (80 anos), foi na “despedida” de muitos(as) de seus/suas colegas, tem um tesouro inestimável (a experiência) que falta a todo(a) jovem, sua pele não tem mais o viço da juventude e infelizmente em nosso país ao contrário do Japão não é valorizado(a) como deveria ser e ainda precisa se preocupar com a injustiça do sistema de aposentadoria que a cada ano faz com que seu dinheiro míngue e do alto de sua sabedoria não teme a morte embora a considere injusta, pois tal como Charles Chaplin pensa que deveria ser assim: "A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo”! Não seria perfeito?

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