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sábado, 23 de março de 2024

Um artista da fome

         

 


           

No conto "Um artista da fome" do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924) não há nomes, apenas o relato do ofício de cada personagem, tais como os açougueiros, os vigilantes, o inspetor, as moças, as crianças e, claro, o artista da fome e seu empresário. Kafka relata que, antigamente havia um artista que era muito reconhecido, porém, a popularidade de sua arte se perdeu no tempo, o artista da fome. O leitor certamente já ouviu, leu ou assistiu na TV que, no passado eram comuns atrações como mulheres barbadas, anões, etc.

            O artista da fome formava uma dupla com seu empresário, que o impedia de jejuar por mais de quarenta dias. O artista considerava que o jejum era uma arte e se lamentava por não estender o prazo além do que o empresário permitia. Sempre que chegavam em uma cidade, o artista dentro de uma jaula, atraía muitos curiosos que lhe vigiavam noite e dia, procurando desmascarar a "fraude" e, eram incentivados a fazê-lo, inclusive com a oferta de lanches pagos pelo empresário para os "fiscais". No entanto, ele tomava apenas água.

            O empresário cuidava do artista e o artista possibilitava ao empresário seu ganha-pão. Quando o interesse da população caía e não mais rendia algum dinheiro, eles mudavam para outra cidade. O tempo passou e a arte do artista da fome passou a não mais atrair a atenção das pessoas. O artista da fome dispensou o seu empresário e se juntou a um circo, pois lá teria acesso ao público.

            No circo teve direito a uma jaula junto aos animais e, pensava que era incompreendido, que não havia reconhecimento a bela arte de jejuar que tão bem executava. As pessoas passavam por ele no intervalo, liam a placa da jaula que o apresentava, mas, passavam direto para ver os animais. Com o tempo, foi esquecido pelos próprios integrantes do circo.

            O dono do circo viu a jaula com um cartaz cujo letreiro encontrava-se apagado e perguntou aos funcionários, por que aquela jaula estava vazia, eles não sabiam, abriu a porta, mexeu na palhada e encontrou um corpo inerte, cutucou-o e o artista da fome respondeu. O dono do circo perguntou se ainda estava fazendo o jejum, sendo que ele respondeu afirmativamente. Disse que fazia o jejum para que as pessoas o admirassem e, também por que não sabia fazer outra coisa, além disso, nunca encontrou alimento algum que ele gostasse, afinal se alimento assim houvesse, ele se fartaria até ficar pançudo como os demais. Após dizer isso, perdeu a consciência e morreu. O dono do circo pediu que providenciassem um enterro para o cadáver que era tão somente pele e ossos.

            Na jaula, o dono do circo mandou que colocassem uma pantera, que andava agitada pelo pequeno espaço que nela havia e, devorava vorazmente a carne que lhe era destinada para o deleite das pessoas que iam vê-la.

            Conto "contado", fica a interpretação a seu encargo, caro leitor. O conto é curto, mas a discussão do tema dá uma monografia!

 

Sugestão de boa leitura:

 

Título: Um artista da fome.

Autor: Franz Kafka.

Editora: Companhia das Letras, 1998, 120 p. 

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