Powered By Blogger

domingo, 6 de março de 2022

A Rússia na Guerra Fria 2.0 - Parte 1

 

          Guerra Fria foi o termo utilizado para designar a rivalidade entre Estados Unidos da América (EUA) e a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) no período compreendido entre 1945 (bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki) e o fim da superpotência socialista em 1991. A superpotência capitalista (EUA) e a superpotência socialista (URSS) buscavam a hegemonia mundial. Desse modo, o mundo foi dividido em dois blocos principais, o capitalista e o socialista. Havia ainda um terceiro bloco de países (os não alinhados) e que contava com países capitalistas e socialistas que discordavam (em meu ver, acertadamente) da forma de atuação de ambas as superpotências. A corrida espacial e a corrida armamentista do período (passadas três décadas) ainda afetam o mundo atual, afinal, muitas tecnologias (para o bem ou para o mal) foram criadas e aperfeiçoadas com base em conhecimentos desenvolvidos no período. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada em 1949 e, na época, tal como no jogo de xadrez, a ação preventiva de um lado gera outra no lado oposto, em 1955 era criado o Pacto de Varsóvia. Ambas eram alianças político-militares de apoio militar mútuo no caso de um ataque a um dos membros por parte de um país ou de toda a aliança militar adversária.

            É importante lembrar que o acirramento da corrida armamentista foi uma estratégia estadunidense para quebrar a economia soviética. A superpotência socialista precisava investir 40% de seu orçamento na economia militar para fazer frente aos EUA que precisava gastar menos (12%). A economia civil da URSS ia mal, precisava de mais investimentos. O povo tinha dinheiro, mas, a produção de artigos de consumo duráveis e não duráveis para a população era insuficiente e isso a incomodava. Obviamente que a falta de liberdade de expressão (de democracia) também foram fatores que ajudaram a causar o desgaste junto à população, mas, esta (em sua maioria) queria mudanças e, não especificamente o fim do socialismo, pois, também era crítica ao capitalismo. O governo do reformista Mikhail Gorbachev (1985-1991) era de coalizão (membros reformistas e linha-duras). O Secretário Geral do PCUS (Partido Comunista da União Soviética) que governava o país era pressionado pelos reformistas que desejavam acelerar as reformas e pelos linha-duras que não queriam as reformas e desejavam a manutenção do regime e do status da URSS na Guerra Fria.

             Gorbachev insistia muito em tratados de desarmamento com os EUA. Desejava fazer a Perestróica (reestruturação da economia soviética) investindo mais na economia civil e menos na economia militar e, para tal precisava de um tratado de contenção de gastos militares, afinal, a URSS também não podia se tornar frágil perante os EUA. Gorbachev pretendia também implantar sua política da glasnost (transparência) que visava democratizar o socialismo soviético, ou seja, abandonar o autoritarismo que havia caracterizado o regime e conceder liberdade de expressão para a população e transparência quanto aos atos governamentais. O Leste Europeu aproveita o momento, abandona a órbita de influência da URSS e inicia sua transição para o capitalismo sem que a URSS impeça como fez noutras vezes como no episódio conhecido como Primavera de Praga (1968). Não demorou e as coisas saíram do controle, Gorbachev sofre um golpe de estado, é sequestrado e mantido preso na Criméia. Lideranças importantes das repúblicas soviéticas chamam o povo às ruas e conseguem fazer com que os soldados (atordoados pelos rápidos acontecimentos) troquem de lado. O golpe é frustrado. A URSS se desmantela com a independência de quinze repúblicas a saber: Estônia, Lituânia, Letônia, Ucrânia, Azerbaijão, Cazaquistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Belarus, Geórgia, Moldávia, Armênia e Rússia (a maior delas).

            Com a desintegração da URSS em 1991, o Pacto de Varsóvia deixou de existir, pois a superpotência socialista (em crise) não tinha condições financeiras para mantê-lo e, mesmo porque o leste europeu se afastou da URSS. Com sérios problemas separatistas em seu território a Rússia (a herdeira da ex-URSS) se concentrou nestes abandonando seu protagonismo internacional, havia muito o que resolver, dentre estes assuntos urgentes estavam o espólio militar e nuclear da URSS. A Rússia desejava ficar com todo o arsenal nuclear e contou com o apoio dos EUA em tal intento. Os EUA consideravam mais seguro que o arsenal nuclear estivesse todo ele em mãos de um único país (a Rússia), pois, temiam que os artefatos nucleares pudessem ser usados por lideranças extremistas que assumissem o poder nestas ex-repúblicas ou ainda que políticos e militares corruptos os vendessem a terroristas. Além de pressionar, os EUA ofereceram preciosos recursos financeiros para as repúblicas ex-socialistas que se encontravam em crise econômica na etapa de transição do socialismo para o capitalismo e que consideraram ser irrecusáveis. Foi uma atitude sensata por parte destas, pois, as ex-repúblicas não tinham recursos financeiros para a manutenção e modernização do arsenal soviético, exemplo disso é que centenas de aeronaves tecnologicamente avançadas e inúmeros outros equipamentos bélicos modernos (à época) viraram sucatas.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário