Powered By Blogger

sábado, 6 de novembro de 2021

Sinal amarelo para o agronegócio brasileiro

 

            Há uma discussão em voga na Alemanha, a questão da devastação ambiental em território brasileiro para a expansão da fronteira agrícola e as consequências dela resultantes. Há movimentos atuantes no seio da sociedade alemã que propagam a ideia de que aquela nação precisa parar de comprar soja brasileira e estimular receitas caseiras para a produção de ração animal. Em uma reportagem afirmavam que esta ração caseira ainda é mais cara do que a importação da soja, mas, que tende a ficar mais barata e, que mesmo que isso não ocorra, o fato de não contribuir para a concentração da terra no Brasil resultante da expropriação das terras de indígenas e pequenos agricultores e, principalmente, para a devastação de frágeis ecossistemas como o Cerrado e a Amazônia já torna válido o aumento do custo da ração.¹

            Nos Estados Unidos da América tramita um projeto de lei que certamente será aprovado, pois, está em consonância com a política externa de seu atual governo². O projeto pretende impedir a aquisição de produtos que tenham como origem áreas devastadas ilegalmente ou que deveriam ser preservadas, mas, sempre há a possibilidade de haver rescaldo e prejudicar quem trabalha em terras legalizadas. Entende isso quem vacina o seu gado bovino e é prejudicado pelo foco de febre aftosa (em algum canto distante do Brasil) por quem compra a vacina, mas, não aplica em seu rebanho, mesmo sendo o Brasil, um país continental. Sobre a questão, o general Hamilton Mourão, atual vice-presidente do país afirmou: "A maioria das pessoas que têm uma consciência ambiental maior, são de esquerda" e concluiu dizendo que "o governo federal é de direita e que os produtos exportados não são de áreas de preservação que teriam sido desmatadas". Que a esquerda tem no seu escopo ideário, maior preocupação com o meio ambiente, é inegável, porém, esse discurso típico do século XX não cola mais. O mundo mudou e o governo Bolsonaro age de forma anacrônica, pois se vivemos uma nova guerra fria, essa disputa não se faz pela contraposição capitalismo x socialismo / Ocidente x Oriente. Apenas mentes doentes como as que povoam o governo Bolsonaro pararam no tempo e, isso porque são vazias de conteúdo e de entendimento geopolítico. Bolsonaro faz grande mal ao país. O agronegócio brasileiro ainda vai pagar a conta por seus desvarios ou de seus comandados ao dirigir críticas ideológicas e fake news à China, o maior comprador de produtos brasileiros e, isso não é difícil de entender,  afinal, um dono de loja pode não gostar de seu principal cliente, mas, não o critica publicamente para não perdê-lo.

            Há alguns dias assisti à entrevista de um representante do agronegócio, que afirmou, com razão de que o país conta com uma das melhores e mais completas legislações ambientais do mundo. Disse ainda que o problema está na falta de fiscalização e de punição ao devastadores ambientais. Argumentou que o mundo inteiro vigia atentamente o que acontece com a Floresta Amazônica, mas, que nada fala sobre a Amazônia Azul, pois, não pode falar, afinal o mundo inteiro maltrata os oceanos e mares, os verdadeiros responsáveis pela liberação de oxigênio para a atmosfera. Tive que concordar com ele, os oceanos estão doentes por conta de toda a poluição gerada pela humanidade na forma de lixo sólido ou efluentes. O resultado, corais morrendo, espécies marinhas entrando em extinção devido a superexploração. Mas, não podemos negar que o Governo Bolsonaro tem grande culpa, pois ao promover uma fiscalização ambiental pífia e, com punições pouco rigorosas ou nulas, visando com isso agradar o agronegócio (e agrada), acabará por prejudicá-lo.

            Os capitalistas, independentemente de sua origem praticam um jogo pesado e sujo, pois, todos afirmam defender o livre-mercado e a eliminação/redução de barreiras que impeçam a livre circulação de mercadorias e serviços. Na prática, não é bem assim, os países mais capitalistas do mundo ficam o tempo todo vasculhando as ações alheias para encontrar meios de sabotar/eliminar vantagens específicas de outras nações aplicando barreiras sanitárias (nem sempre justas), subsídios, tarifas, cotas ou sanções. O governo federal e o setor do agronegócio precisam entender que discursar com base em fake news não cola, afinal, a ONU e os países têm acesso a imagens de satélite de alta resolução. Os capitalistas em geral (não apenas o agronegócio), precisam compreender que é cada vez maior a parcela da população (principalmente no mundo desenvolvido) que ao comprar produtos, procura saber como a empresa produtora trata o meio ambiente e se age com responsabilidade social. O Brasil terá que mostrar ações efetivas quanto à preservação ambiental, à fiscalização e ao rigor das punições, pois as nações não irão aceitar apenas discursos, ainda mais, de um governo cuja imagem no exterior é a pior possível!

FONTES:

1. Até quando a Alemanha continuará comprando soja do Brasil? - Disponível em https://www.dw.com/pt-br/at%C3%A9-quando-alemanha-continuar%C3%A1-importando-soja-do-brasil/a-59112846 - Acesso em 02 de Novembro de 2021.

2. EUA podem barrar importação de produtos oriundos do desmatamento ilegal - https://www.ecodebate.com.br/2021/10/07/eua-podem-barrar-importacao-de-produtos-oriundos-do-desmatamento-ilegal/ - Acesso em 02 de Novembro de 2021.

3. Estados Unidos e União Europeia discutem criar leis que podem prejudicar agronegócio brasileiro. Disponível em https://www.canalrural.com.br/noticias/eua-e-uniao-europeia-estudam-criar-leis-que-podem-prejudicar-agro-brasileiro/ - Acesso em 02 de Novembro de 2021.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário