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quinta-feira, 28 de março de 2019

Ser bem informado ou ser feliz?



           
Há alguns dias afirmei para algumas pessoas que devido ao momento pelo qual passa o país, todos somos subconscientemente chamados a fazer uma opção: sermos bem informados ou sermos felizes. No caso deste escriba, viciado na busca da informação e do conhecimento, a felicidade trata-se de hiatos que se pronunciam entre os momentos de lucidez. Lembro-me de uma frase cuja autoria é por mim desconhecida e que afirma: “se você é capaz de manter a tranquilidade, quando todos ao seu redor a perderam, talvez você ainda não tenha entendido a gravidade da situação”. O país encontra-se à deriva, os tripulantes escolhidos pelo comandante são incompetentes e este não sabe como conduzir a embarcação. Não há uma carta de navegação (plano de governo) indicando a direção a ser tomada. O presidente parece ainda estar em campanha e pensando ser possível governar por meio de redes sociais. Com pouca cultura e um total despreparo demonstra não ter a envergadura moral e intelectual para o cargo que ocupa. Não para de se envolver em polêmicas. Sua aproximação com Israel e sua fala impensada e desastrada de mudar a embaixada brasileira para Jerusalém tendo a intenção de agradar Israel, desagradou fortemente os países árabes que deixaram de comprar carne de frango do Brasil, o que resultou em grandes prejuízos para o setor que demitiu um grande número de trabalhadores.
            A China é o nosso principal parceiro comercial. Temos um superávit formidável com este país. Um presidente inteligente preservaria e estimularia mais negócios e evitaria tecer críticas e falas de menosprezo a tal país visando salvaguardar os interesses comerciais que fortalecem nossa economia. Bolsonaro disse para os chineses que ao contrário dos presidentes anteriores, seu governo não daria prioridade à China e sim aos Estados Unidos. Notem que com os Estados Unidos há muito tempo temos uma balança comercial deficitária (importamos mais e exportamos pouco). A China decidiu então passar a comprar soja dos Estados Unidos, pois, assim agrada um pouco o Tio Sam cujo mimimi é enorme por conta da balança comercial amplamente desfavorável com o país asiático. O agronegócio brasileiro fica com o prejuízo. Soube que os contratos para a compra de soja brasileira estão abaixo do esperado. Não se sabe se pela exportação recorde do ano anterior ou se há em curso uma queda da procura. O tempo irá dizer.
            Bolsonaro fez uma visita aos Estados Unidos de Donald Trump cujo lema “a América primeiro” evidencia a tônica de seu governo. Apesar do lema de campanha de Bolsonaro ditar “[...] Brasil acima de todos”, a viagem foi patética. Bolsonaro parecia deslumbrado tal como uma criança que vai à Disneylândia. Lá prometeu abrir o mercado brasileiro para a compra de carne suína, prejudicando o produtor brasileiro e também que o Brasil não taxará mais o trigo estadunidense prejudicando a Argentina, nosso principal parceiro do MERCOSUL, que certamente tomará atitudes para compensar as perdas com as vendas ao Brasil, talvez limitando importações junto ao país. E ainda, num ato entreguista, antipatriótico e contrário a soberania nacional firmou acordo em que cede aos Estados Unidos a melhor base de lançamento de foguetes espaciais do mundo (devido sua localização privilegiada). Em Alcântara, os Estados Unidos terão em troca de aluguel um enclave dentro do território brasileiro. Lembrando que muitas vezes li acerca de problemas gerados pelos Estados Unidos e seus militares nos países que permitiram a instalação de bases americanas em seus territórios. Os Estados Unidos é um país que na qualidade de inquilino é extremamente incômodo. Como se não bastasse tanto vira-latismo, Bolsonaro cobrou dos EUA uma solução militar para a Venezuela, numa atitude que contraria o caráter da diplomacia brasileira que sempre adotou o diálogo e se opôs a interferências externas em países terceiros. Dessa forma, o Brasil perde um de seus capitais mais valiosos: o reconhecimento internacional como uma nação defensora do multilateralismo. O capitão liberou de visto os cidadãos estadunidenses sem uma contrapartida por parte do país ianque. Para ir aos EUA, os brasileiros, mesmo autoridades passam por inúmeros constrangimentos. Nunca um presidente brasileiro se humilhou tanto perante um presidente estadunidense, isso no dizer até mesmo da imprensa daquele país.
Se você achou pouco, há muito mais. Este espaço não é suficiente para relatar as desventuras de um presidente tolo que se cercou de incompetentes. Hoje, o brasileiro tem apenas duas opções: ser bem informado ou ser feliz na alienação!

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