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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A classe média não me representa! – Parte 2

Há algum tempo, um aluno pediu a palavra e perguntou: “Professor, a qual classe o senhor pertence”? Prontamente respondi: à classe trabalhadora! E o educando novamente inquiriu: Professor, o senhor não entendeu! Eu quero saber se o senhor é classe média, classe baixa.... Sem hesitar lhe respondi: Entendi sim! Eu pertenço à classe trabalhadora, pois, penso que a sociedade tal como afirmou Karl Marx é dividida em classe trabalhadora ou proletária que precisa vender sua força de trabalho para sobreviver e a classe capitalista que é a possuidora dos meios de produção e que se apropria da mais-valia, ou seja, da produção excedente de riquezas realizada pelo trabalhador”. É óbvio que para alguns setores da economia, ou até para o governo seja importante saber a classificação da sociedade de acordo com critérios de renda, porém, estes sempre foram polêmicos. Há algum tempo a classificação era determinada de acordo com a posse de aparelhos eletrônicos, também, há classificações que estabelecem a divisão de acordo com faixas de rendimentos em classes A, B, C, D, e, E. Não é nosso intuito discorrer sobre as faixas de renda neste artigo até porque existem muitas imprecisões baseadas em interpretações equivocadas e também por que nossa visão acerca da classe média é outra e não diz respeito ao aspecto material, mas, conceitual. Penso que para nós trabalhadores, a interiorização de pertença à classe média não alivia a nossa carga de trabalho, não nos outorga os direitos pelos quais lutamos e serve para a nossa alienação. Ao pensarmos que pertencemos a um grupo específico de renda esquecemos a nossa militância, abandonamos o sindicato, e, alienados, nos tornamos indiferentes à luta de outros companheiros trabalhadores que eventualmente tenham renda inferior à nossa e passamos a defender os interesses da elite, que não somos, pois, sobrevivemos por meio da venda de nossa força de trabalho. A intelectual Marilena Chauí afirma que: “O que distingue uma classe social da outra não é a renda ou a escolaridade. O que distingue uma classe social da outra é a maneira de ela se inserir no modo social de produção”. Então, segundo Chauí, temos os capitalistas (banqueiros, latifundiários, industriais, etc.), os proletários (trabalhadores que vendem sua força de trabalho). Aquela parcela da população que não está inserida nas categorias anteriores é que forma conceitualmente a classe média, ou seja, a pequena propriedade comercial, agrícola e das profissões liberais. Cazuza gravou uma música que afirmava “a burguesia quer ficar rica” e na mesma letra disparava “enquanto houver burguesia não vai haver poesia”, nada mais verdadeiro, a classe média quer ser o topo da pirâmide social, não consegue, e vive resmungando a sua sina. Marilena Chauí causou polêmica algum tempo atrás quando afirmou: “a classe média é uma abominação política porque é fascista; é uma abominação ética porque é violenta; é uma abominação cognitiva porque é ignorante”. Em entrevista posterior, ela afirmou que não se dirigiu à chamada “nova classe média” que é em seu ver, “uma nova classe trabalhadora”. Afirma que se dirigiu à classe média já estabelecida que considera petulante, arrogante, ignorante e fascista. De minha parte, sou contra generalizações, mas concordo que há no seio da classe média, uma parcela de integrantes com discurso alienado, preconceituoso e extremamente autoritário. É por essas atitudes grotescas de parte de seus representantes que digo: a classe média não me representa! Referência: CHAUÍ, M. Não existe nova classe média. Disponível em: http://socialistamorena.cartacapital.com.br/marilena-chaui-nao-existe-nova-classe-media/ - acesso em 27/10/2014.

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