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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Por uma cultura slow down


Por uma cultura slow down

Hoje é primeiro de Janeiro de 2012, e, como é próprio da ocasião, todos fazemos um balanço do que realizamos e também das frustrações que o “finado” ano trouxe. Para alguns 2011 deixou saudades, para outros o melhor é sequer lembrar, há ainda aqueles para os quais o ano que passou foi apenas mais um, ou seja, insosso. Mas como já abordamos no artigo “Em Tempo, sobre o Tempo”, quase todos têm a sensação que de algum tempo para cá os anos passam mais rápido que no passado, converse com alguém “jovem há mais tempo” e receberá a confirmação. Alguns chegam a afirmar que a hora medida pelo relógio é menor hoje que no passado, no entanto, sabemos que o horário mundial é aferido por relógio atômico de altíssima precisão, então essa teoria cai por chão, mesmo porque os fenômenos que alteram a duração do dia não são rotineiros e são medidos em milionésimos de segundo e necessitam ser muito fortes para alterarem o movimento de rotação da terra (um megaterremoto ou um megameteoro).
A sensação de celeridade do tempo deve-se ao fato que vivemos numa cultura “fast”, ou seja, vivemos sob o chicote do relógio, este feitor de escravos moderno, do qual quase ninguém consegue viver sem e o qual algumas pessoas quando questionadas sobre algum assunto que nada tem a ver com o horário o observam antes de proferir a resposta. A cultura fast é característica de nossa época, globalização, capitalismo, consumismo e segundo os ditames do capitalismo globalizado “time is Money” e, assim, sob o chicote do relógio precisamos produzir sempre mais, pois a empresa, o patrão, o governo precisam lucrar e arrecadar mais, mais e mais. Mas também não somos diferentes, falamos da acumulação de “mais-valia” por parte de nossos patrões, mas esquecemo-nos que ao buscarmos ter mais, consumir mais, caímos na armadilha do capitalismo, ou seja, nos escravizamos para podermos consumir um “monte de necessidades desnecessárias”. Nunca pareceu tão verdadeira aquela famosa cena em que o personagem Carlitos de Charles Chaplin no filme Tempos Modernos agia tal como um autômato.Como você deve ter observado, estou falando da cultura ocidental intrinsecamente capitalista, mas há sociedades para as quais o tempo passa mais lentamente, falo das sociedades situadas na periferia dos países periféricos, indígenas, excluídos, etc.
A Suécia é sede de gigantes empresas transnacionais como Volvo, Saab Scania, Ericsson, Eletrolux, Nokia, etc., apesar de ser um país desenvolvido e inserido na lógica da globalização, os suecos têm um ritmo diferente, antes de lançarem um produto no mercado há incontáveis reuniões, discussões em que a pressa característica de qualquer outra empresa e país não é a tônica. Os suecos tem uma “slow attitud”, não aderem a loucura imposta pela globalização e, no entanto no tempo devido para os suecos seus produtos são bem recebidos e geram bons dividendos. Há na Europa um movimento chamado “Slow Europe” que tem como objetivo conscientizar autoridades e a sociedade para desacelerar, reduzir o ritmo. O movimento demonstra que reduzir a correria diária não significa reduzir a produção, pois há países que com a redução da carga horária conseguiram manter e até mesmo aumentar a produtividade. Busca tal movimento demonstrar a necessidade de mais tempo para conviver, seja familiarmente ou entre vizinhos e amigos. O movimento procura estabelecer o sentido do humano no atual momento societário mundial para que a humanidade não se perca de si própria e no vazio, doenças como a depressão cada vez mais se enraízem. Pregam o “slow food” em contraposição ao “fast food”. As pessoas precisam ter tempo para se alimentar adequadamente, pois, “fast food” (comida rápida) remete ao aumento do sobrepeso e às doenças cardíacas.
 O ser humano precisa evoluir diariamente e para isto não pode ser transformado num autômato como o personagem Carlitos de Charles Chaplin, dessa forma, o progresso deve significar muito mais que o TER em quantidade, deve significar o SER em qualidade de vida para todos. Para isso precisamos construir uma “slow down cultura” para que a humanidade possa avançar em sua evolução espiritual, intelectual e moral, pois, do contrário continuaremos vendendo nossos melhores anos de vida bem como a saúde em troca de uma aposentadoria que quando chega, traz também o turismo hospitalar.

REFERÊNCIA: http://www.nippobrasilia.com.br/artigos/cultura-slow-down - acesso em 01 de Janeiro de 2012.

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