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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Não há tempo a perder




               
                      Amyr Klink nasceu em São Paulo a 25 de setembro de 1955. Mora no Brasil, mas, se considera um cidadão do mundo. Filho de pai libanês e mãe sueca, afirma deles ter recebido como herança na orientação de sua vida, o não apego aos bens materiais. Não consegue achar a graça de pessoas que movem todos os seus esforços apenas em ter a casa própria, o carro do ano, a roupa da moda, que considera provisório. Fez a primeira travessia do Atlântico Sul a remo em 1984 e já realizou mais de 40 viagens à Antártida, o continente que tanto ama.
            Klink considera muito difícil para um moleque de 17 anos definir o que irá fazer a vida toda. Cursou economia na USP, e, apesar dos grandes economistas lá formados, odiou o curso. Terminou-o devido a mania de levar a cabo seus projetos. Trabalhou em um banco, experiência que considerou muito válida por lhe ensinar que ali não era o seu lugar. No tempo que passou na USP considerou estranho o fato dela ser pública e ter a maior parcela dos acadêmicos oriunda da classe alta. Foi lá que tomou contato e o gosto pelos esportes náuticos ao ingressar na prática do remo em equipe. Mais do que apenas navegador, Amyr é um empresário do ramo náutico. Já escreveu vários livros e realiza palestras para empresas. Sustenta que a burocracia é um dos maiores entraves para as suas atividades, impondo-lhe dificuldades que vão além dos múltiplos conhecimentos que precisa ter (mecânica, eletrônica, geografia, física, nutrição, meteorologia, gestão financeira, etc.).
            Amyr constrói seus próprios barcos, e, afirma que com isso tem uma experiência completa, pois há uma mentalidade nacional de querer tudo pronto, pois, falta ao brasileiro a vontade e consequentemente a experiência do fazer pelas próprias mãos. Considera que isso é herança da cultura escravocrata de nosso país. Não há amadorismo em suas atividades, tudo é fruto de um planejamento detalhista. Detesta correr riscos, procura antecipar os problemas para estar preparado. Luta contra o tempo que assegura não ser reciclável, pois, “uma hora perdida é uma hora perdida” e diz mais: “se a gente não se movimenta, não persegue, não arrisca, as coisas continuam sempre do mesmo modo”. Embora esteja antenado com o que há de mais avançado no meio científico no que concerne a sua área, não se faz de rogado em adotar soluções desenvolvidas pela prática dos mestres canoeiros. Klink diz ter passado por problemas financeiros, familiares e pessoais e que procurou sempre manter o controle. Considera que a pressão é um grande estimulo e que enfrenta o medo com bom humor. Não acredita em sorte, mas, que cada um pode construir as suas oportunidades e que os recursos limitados estimulam a criatividade.
            Amyr Klink considera que não há planos perfeitos e nem viagens perfeitas. O planejamento reduz os riscos, mas, o imprevisto pode ocorrer, apesar disso, jamais perdeu um tripulante ou alguém de sua equipe voltou com trauma. Garante conhecer pessoas que se esmeram tanto no planejamento que acabam por nunca tirar o barco do píer. Amyr obedece rigorosamente ao cronograma, e só atrasa a partida quando descobre algo que comprometa a segurança da empreitada. Assegura que o erro pode acontecer até pelo excesso de experiência (prepotência intelectual). O líder não pode ser arrogante, aquele que fica mostrando o tempo todo que faz melhor o trabalho de dez. É preciso ter humildade, saber ouvir, ceder. Buscar a harmonia e compartilhar responsabilidades. Não se resolve na força bruta! É preciso inteligência e todos os membros da equipe têm qualidades que ao final superam os defeitos. Sustenta que no Brasil falta resiliência, orgulho de produzir e de buscar a excelência, assim, somos um país do mais ou menos, um país meia boca e isso é na engenharia, no planejamento, na economia e que nós brasileiros preferimos sempre o caminho mais rápido, mais fácil, que acaba se tornando aquele em que pagaremos um preço muito mais caro. A obra possui muitas lições que se prestam ao meio empresarial e profissional, mas, não deixa de ser uma literatura de aventura, de viagem.

Sugestão de boa leitura:
Título: Não há tempo a perder: Amyr Klink em depoimento a Isa Pessoa.
Autor: Amyr Klink & Isa Pessoa.
Editora: Tordesilhas, 2016, 216 p.
Preço: R$ 25,94.

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