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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Retroexpectativa 2019



            Nesse momento em que escrevo (o último dia do ano de 2018), é costume de muitos canais de TV exibir retrospectivas do ano que finda. Nesses programas, os principais fatos do ano são relembrados num formato resumido para dar conta de tal tarefa hercúlea em tempo exíguo. A palavra retroexpectativa que dá origem a este título não existe na língua portuguesa na forma como foi grafada e nem mesmo constitui erro ortográfico, pois, foi assim escrita de forma intencional.  Também considero importante o fato de que quando este artigo for publicado a passagem de ano e da faixa presidencial já terá ocorrido. Ninguém poderá dizer que joguei sombras sobre o momento festivo, até porque as sombras acompanham o presidente eleito desde seu passado nebuloso quando ainda era um militar, ocasião em que, segundo a Revista Veja, cogitou fazer atentados a bomba em quartéis do exército e em alguns pontos do Rio de Janeiro no intuito de pressionar o alto comando devido aos baixos soldos. Veja apresentou croquis do plano feitos por Bolsonaro de próprio punho, mas, o Ministro do Exército disse ser uma farsa de Veja e que confiava nos seus subordinados. Bolsonaro entrou para a reserva remunerada aos 33 anos de idade, mais um dos privilégios dados aos militares, e agora deseja que você trabalhador se aposente apenas aos 65 anos de idade (muita gente morre antes dessa idade).
            O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em resposta à imprensa estrangeira disse “não saber muito sobre Bolsonaro e nem sobre o que ele vai fazer, e que talvez nem ele mesmo saiba”. Também disse que “Bolsonaro vai prejudicar a imagem do Brasil no exterior”. O despreparo de Bolsonaro e de sua equipe é flagrante. O presidente eleito nunca foi considerado uma pessoa culta. Sua ignorância a respeito de temas mundiais, e, nacionais, é imensa. O mote do combate à corrupção foi importante na sua eleição, porém, eleito, pipocam escândalos de corrupção de integrantes de sua equipe e de familiares. Bolsonaro é considerado um Collor piorado. Collor foi eleito em 1989 com a alegação de que seria caçador de marajás, e a história, você leitor conhece bem. Nos tempos atuais, em que o ódio ao PT cegou até mesmo a mente de muitos, não faltaram opositores de Lula e do PT que grafaram Lula à moda de Collor (Lulla) em verde e amarelo para atribuir à Lula os adjetivos pejorativos correspondentes ao candidato em que um dia votaram e isso denota sua hipocrisia.
            Há bolsonaristas que afirmam agora haver uma luz no fim do túnel. Temo que a luz no fim do túnel seja a do trem da história que avança contra nós, pois estamos retrocedendo. A velha mídia tentou passar a imagem de que Bolsonaro é um político de direita. Não colou! Os grandes jornais europeus estupefatos mostram em suas manchetes a triste guinada do Brasil à extrema-direita. O mesmo espectro da política que um dia foi de Hitler (Alemanha Nazista), de Mussolini (Itália) e de Franco na Espanha. Sua equipe de governo está recheada de militares, algo típico de uma república bananeira. Penso que os militares deveriam cumprir seu papel constitucional (longe da política). Condeno a ditadura civil-militar (1964-1985) pelos crimes cometidos, mas, penso que à exceção disso os atuais militares são ainda piores, pois sequer condenaram a entrega da Embraer à Boeing, apesar do imenso prejuízo estratégico para a ciência, a tecnologia e a defesa nacional. Os atuais militares são entreguistas e lhes falta inteligência geopolítica, pois, não possuem um General Golbery do Couto e Silva. Bolsonaro sinaliza submissão total aos EUA, os militares da geração passada eram aliados do país ianque, mas, sabiam que tal país tinha grande interesse em sobrepujar a soberania nacional e a defendiam, pois não eram cegos aos interesses estadunidenses.
            A sinalização que a equipe de Bolsonaro faz sobre política externa denota grande amadorismo e ignorância. A se manter nesse rumo, o país perderá aliados que contribuem positivamente para a balança comercial brasileira ao se aliar ideologicamente aos Estados Unidos de Trump cujo lema é “América primeiro” e a Israel de Netanyahu, países com os quais o Brasil tem balança comercial deficitária. Não digo que o governo Bolsonaro será de todo ruim, pois sabemos que a história é feita de vencedores e perdedores na eterna luta de classes entre burgueses e proletários. A eleição de Bolsonaro é uma vitória da grande burguesia nacional e internacional, mas, é transitória, embora nem por isso seja fugaz.  Em momentos de grave crise, a população sempre busca saídas autoritárias e só há um momento em que se torna possível vencer o discurso fascista enquanto desejo represado de grande parcela da população que é após sua instalação. Será doloroso para a classe trabalhadora, para os pobres, para o meio ambiente, para a soberania nacional, mas, será pedagógico para muitos!

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