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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

“Self made man” – parte 4 - Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá

Irineu Evangelista de Sousa nasceu em 28 de dezembro de 1813, no município de Arroio Grande (RS). Ainda criança perdeu seu pai, o fazendeiro e pecuarista João Evangelista de Ávila e Souza, o qual foi assassinado por ladrões de gado. Sua mãe, Mariana de Jesus Batista de Carvalho casou-se novamente e, seu novo marido não aceitou a permanência dos filhos de Mariana na casa. Guilhermina Evangelista de Sousa (13 anos de idade) teve que casar-se e Irineu com oito anos foi para o Rio de Janeiro com seu tio José Batista de Carvalho. No Rio de Janeiro, passou a trabalhar na casa de comércio do Sr. Pereira de Almeida, um português radicado no Brasil, e que vendia quase tudo, mas, cuja fonte principal de lucros era o comércio de africanos escravizados. O menino Irineu era tão inteligente e dedicado ao trabalho que aos doze anos já foi promovido a “guarda-livros”, profissão atualmente exercida pelo técnico contábil ou bacharel em Contabilidade (contador). Como a Inglaterra estava aprisionando os navios destinados ao tráfico de africanos, o preço destes subiu às alturas, os riscos de perdas financeiras se elevaram, porém, também as margens de lucros. E numa destas empreitadas seu Pereira de Almeida teve enorme prejuízo que quase o levou à ruína. Irineu negociou com o Sr. Carruthers, um credor escocês da dívida de seu patrão e conseguiu a dilatação do prazo para o pagamento desta. Envidou esforços e conseguiu receber os recursos que eram devidos ao Sr Pereira de Almeida por vários fazendeiros, cujos haveres já eram considerados perdidos. Irineu conseguiu manter para seu patrão, o palacete no Rio de Janeiro e sua fazenda. Ao comparecer ao escritório do Sr. Carruthers para quitar a dívida como havia prometido, teve seu talento reconhecido e foi convidado a trabalhar na empresa de importação e exportação deste. Por indicação de seu novo patrão, estudou os autores do liberalismo clássico, tinha então quinze anos. Quando contava vinte e três anos já era rico, e, sozinho passou a comandar a empresa de exportação e importação, pois, o Sr. Carruthers decidiu voltar para a Inglaterra. Numa visita à Inglaterra em 1840, maravilhou-se com as indústrias daquele país. Passou a sonhar em trazer a modernidade para o Brasil. Sua empresa de importação e exportação estava no auge, liquidou-a mesmo assim, pois, queria investir em indústria num país, cuja elite acreditava que a vocação do Brasil era e deveria ser sempre agrícola. Montou a fábrica de Ponta da Areia, uma fundição que produzia artefatos bélicos, canos metálicos, etc. além de ser também estaleiro, o qual chegou a ter mais de mil empregados. Opositor do regime escravista que considerava fator de atraso do país, acreditava que as pessoas deveriam ser remuneradas por seu trabalho para poderem consumir e movimentar a economia. Sonhava com o fim da escravidão para que o montante empregado no sistema fluísse para o financiamento da atividade industrial. Abriu o segundo Banco do Brasil, o primeiro (estatal) tinha sido liquidado alguns anos antes. Especulou com o câmbio e chegou a passar a perna na família Rotschilds, dona do mais poderoso banco inglês, causando a este perdas financeiras, mas, também espanto e admiração. Foi também construtor de ferrovias e por isso é considerado o patrono dos transportes. Estátuas e bustos seus estão espalhados pelo país em campus de cursos de administração de várias universidades. Sua ousadia nos negócios, sua metodologia estranha às oligarquias, seu enriquecimento rápido (aos trinta anos já possuía mais riqueza que todo o Império do Brasil, e sua fortuna se corrigida monetariamente, o colocaria na lista dos dez mais ricos do planeta com cerca de 60 bilhões de dólares) trazia-lhe admiração e repulsa de seus contemporâneos. Chegou a ter dezessete empresas, estas contavam com modernos padrões de gerenciamento e quatro de suas empresas estavam entre as seis maiores do país. Foi vítima de inveja e traições. Foi atraiçoado por políticos e até mesmo pelo Imperador Dom Pedro II. Sua derrocada começou com um incêndio criminoso em sua fábrica de Ponta de Areia. Também teve contra si, políticas que beneficiavam a importação de produtos manufaturados em detrimento do produto nacional e políticos que o atacavam e visavam prejudicar suas empresas. Montou empresas em seis países (Brasil, Argentina, Uruguai, Inglaterra, França e Estados Unidos). Possuía fazendas e seu plantel contava cento e trinta mil cabeças de gado bovino. Foi casado com sua sobrinha Maria Joaquina (May) com a qual teve muitos filhos, dos quais, apenas sete chegaram à idade adulta e somente cinco sobreviveram à sua morte. Foi à falência, mas, fez questão de pagar todos os seus credores, pois, dizia que seu nome era o maior patrimônio que possuía. Refez-se e ao final da vida era tão rico quanto aos 30 anos de idade (antes de montar a fábrica da Ponta da Areia), corretor de negócios de café, fazendeiro e pecuarista, não quis mais recriar o sonho do “império pessoal que durasse séculos”, pois, considerava que a mentalidade da elite brasileira ainda não estava amadurecida para suas idéias. Passou o resto da vida recebendo homenagens (Barão e Visconde de Mauá), e convites para recepções na corte, sem, no entanto atendê-los. Faleceu em 21 de outubro de 1889, três semanas antes da Proclamação da República.

 Sugestão de boa leitura:

 MAUÁ, empresário do império. Jorge Caldeira. Companhia das Letras.

 PS: Não deixe de assistir o filme: Mauá: o Imperador e o Rei, disponível no site You Tube.

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