Um fato comum na vida de um
professor é o reencontro com ex-alunos, ocasião em que estes perguntam se
continua lecionando e se o faz na mesma escola. Contam o que estão fazendo,
agradecem os ensinamentos ou muitas vezes lamentam não ter seguido as
orientações, pois, poderiam ter se dedicado mais aos estudos e ter uma profissão
melhor. Ao entabular a conversa, perguntam como devem tratar o professor, se
devem continuar a chamar de professor, apesar de não ser mais. Isso não é algo
que me preocupe, mas, na qualidade de estudante que fui e que sou (professor é
um eterno estudante), digo que não há ex-professor, pois, professores são
eternos, vão conosco para onde vamos, pois, nos deram a base do que somos. Nesse
mesmo sentido,o genial Isaac Newton (1643-1727) ao ser chamado de "gigante
da ciência" afirmou: "gigantes são os mestres que tive, nos ombros
dos quais me elevei".
O fato de alguém, após, deixar de ser aluno, continuar a
chamá-lo ou não de professor, não é algo que incomode ao mestre, mas,
certamente diz bastante sobre a personalidade do ex-estudante. É uma atitude
linda, de reconhecimento, principalmente, no momento em vivemos, no qual os
professores são tão pouco valorizados. Todo bom professor é tal como um bom
pai, se empenha e torce para que seus filhos/alunos sejam melhores do que ele,
afinal, se assim não for, a sociedade não progride. Há uma geração de jovens
que se auto-afirmam "self made man (woman)", mas, esse discurso é
falso, pois, ao longo da vida, todas as pessoas recebem a contribuição de
outras, dentre estas, os pais e os professores são as mais relevantes. Este
escriba, filho de pequenos agricultores, não teria feito o ensino superior, se
este não fosse público. Houve muito empenho de minha parte? Certamente! Mas daí
a dizer que "me fiz sozinho", que meus pais ou mestres não tiveram
importância, ou não reconhecer o papel da educação pública em minha vida, sendo
que representantes do povo no Congresso Nacional compraram brigas homéricas com
os representantes do deus Mercado para defender a educação como um direito
básico do cidadão, portanto, estabelecendo a obrigatoriedade do Estado
Brasileiro em sua universalização na forma pública e gratuita, é uma atitude
irrefletida ou desonesta.
Numa sociedade em que as fake news (tal como o mais
contagioso vírus) se propagam alimentando ódio e preconceitos, o
magistério não escapa dos ataques de indivíduos que vêm no autoritarismo, no
militarismo, na censura e na obstrução da liberdade de expressão o caminho para
a preservação de seus injustos privilégios, e para tal, lutam pela manutenção
de uma das mais injustas desigualdades sociais do mundo. Apesar de atacarem
todo o magistério, voltam suas baterias principalmente contra os professores de
Ciências Humanas afirmando serem militantes de esquerda. Isso constitui grande
inverdade, não falta no magistério, nem mesmo nas Ciências Humanas, professores conservadores e
defensores do liberalismo econômico. No entanto, é verdade que nesta área, a
criticidade é maior, pois, os mestres refletem a partir do chão em que pisam (a
realidade vivida). Isso se explica no fato de que o objeto de estudo do
profissional de Ciências Humanas é justamente a sociedade (como os indivíduos se
organizam e como vivem) e, quanto mais estuda as mazelas sociais, mais humano o
profissional se torna. Quanto mais humano, mais se preocupa com os outros e,
passa a pautar seus pensamentos e ações visando o bem estar coletivo e, quando
faz isso, não vê no campo da direita, soluções para o bem estar coletivo. Não
se trata, portanto, de uma doutrinação que sofreu ou que pratica, mas, da
insuficiência ou debilidade no espectro político da direita de respostas efetivas
para as grandes questões que afligem a sociedade. Assim, na qualidade de
cidadão esclarecido e capaz, à frente da urna e em meio a sociedade, sua
consciência social o orienta na busca de soluções e estas, como disse, não se
encontram à direita, pois nesta, reina o egoísmo e o individualismo e transitam
indivíduos que adoram distribuir cestas básicas em épocas festivas (posando de
bons cristãos), mas que se escondem por trás do pseudo-discurso da meritocracia
e empenham árduos esforços para que a
Justiça Social jamais ocorra, criticam ainda toda exposição ou discussão acerca
das mazelas sociais (levadas a cabo pelos espíritos críticos) como pretensa
doutrinação que visa alimentar um sentimentalismo barato com fins eleitoreiros.
A humanidade é desumana, ainda mais, à direita!
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