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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Aqui não é o Brasil!

          Observei neste ano que os carros 0 km não são mais vistos com tanta frequência em minha cidade como em anos anteriores. Em dezembro reapareceram em menor quantidade, mas, com um fato significativo, não são carros populares, mas, de alto valor e que logicamente foram adquiridos por pessoas mais aquinhoadas da sociedade. Lembrei que uma amiga foi a uma concessionária de outro município onde adquiriu um automóvel usado e ao notar que a loja comercializava veículos novos de alto luxo perguntou sobre a crise, e o proprietário respondeu que para ele não havia crise, pois, nunca houve redução do fluxo de vendas. Faz todo sentido, no capitalismo, em épocas de vento em popa, ninguém ganha mais dinheiro do que a burguesia, e, em épocas de crise, é a classe trabalhadora chamada a pagar a conta. Crise, cujas origens, comumente é a jogatina irresponsável dos grandes capitalistas nesse cassino global em que se transformou o capitalismo atual.
            Chama a atenção o silêncio dos manifestantes que se diziam contrários à corrupção e que foram fundamentais no encorajamento do grupo que hoje se encontra no poder e que nas palavras de Romero Jucá (PMDB) “num grande acordo nacional, com Supremo, com tudo”, estupraram a Constituição Federal, violentaram as mais elementares normas do Direito nacional e internacional desrespeitando até mesmo os Direitos Humanos e lançaram o país no grupo das nações com status de República das Bananas. Esses manifestantes não cessam de provar a sua hipocrisia, a sua desonestidade, o seu preconceito social. Nunca foram contra a corrupção. Sempre foram contra o PT, contra a classe trabalhadora, contra o que chamam de “essa ralé”, “essa gente desqualificada”. Incomodava-lhes trabalhadores comprando automóveis e ocupando as ruas. Incomodava-lhes ver trabalhadores nos aeroportos. Incomodava à patroa, a empregada que utilizava a mesma marca de perfume. E incomodava muito observar que os trabalhadores, já não mais passavam fome e se davam ao luxo de escolher o emprego que melhor remunerava. A elite brasileira nunca deixou de ser escravocrata, a Lei Áurea não mudou a mentalidade dos capitalistas tupiniquins. Porém, a elite não é culpada de tudo, pois, ela tem forte apoio de pessoas da classe trabalhadora, que surrealmente formam um grande contingente de pobres de direita, dado o seu analfabetismo político, têm amor aos grilhões, à chibata e ao pelourinho do século XXI que atende pelo nome de Capitalismo Selvagem. São os escravos que não podem ser libertos, pois, não são conscientes de sua condição de escravidão.
Outro importante papel na manutenção da sociedade injusta que temos é aquele exercido pela pequena burguesia, que constitui verdadeira massa de manobra da grande burguesia nacional e internacional. São os feitores de escravos modernos, fazem a sustentação de um sistema que beneficia uma minoria de milionários e bilionários, tal como os feitores de escravos, muitas vezes negros, eram cruéis com sua própria gente, e se sentiam importantes, melhores do que os escravizados. Pensavam ter a consideração do Senhor de escravos que, no entanto, jamais o convidava para sentar-se à mesa para jantar na Casa Grande. Assim é a pequena burguesia, quer ser rica, como dizia Cazuza, porém, depende da classe trabalhadora para sobreviver, precisa vender seus produtos a ela, mas, por meio do voto ou do apoio a golpes de Estado ajuda a grande burguesia que vende para o mercado externo, a reduzir os salários dos trabalhadores que comprarão menos e consequentemente minguarão as vendas e os lucros no mercado interno. A pequena burguesia é extremamente alienada e não consegue sequer perceber o papel de massa de manobra que historicamente sempre desempenhou.
            A reforma trabalhista apresentada como benéfica para a classe trabalhadora é um embuste. A CLT e a Constituição Federal jamais negaram aos patrões o direito de oferecer benefícios extras aos trabalhadores. A reforma trabalhista apenas beneficia o patronato. O objetivo agora é a inviabilização de Lula, mesmo sem provas contra ele, senão o golpe não fecha. Vivemos um Estado de exceção, a Justiça já deu provas suficientes de seu partidarismo, de sua parcialidade e da corrupção que lhe impregna as entranhas. As instituições estão podres. A Grande Mídia é antidemocrática. A grande burguesia nacional que é impatriótica deseja e está conseguindo fazer o país voltar ao estágio de colônia das metrópoles. Desde que assumiu o poder por meio de um golpe de Estado, Temer tem feito jantares sofisticados e oferecido cargos e recursos financeiros para os deputados apoiarem reformas que prejudicam a população e beneficiam banqueiros e grandes capitalistas nacionais e estrangeiros. Qual teria sido a repercussão se Lula ou Dilma tivessem feito tais jantares e oferecido cargos e recursos financeiros a deputados mesmo que com outros objetivos? A Grande Mídia permaneceria calada? Os batedores de panela ficariam calados? Afinal, Temer está no poder, por causa dos opositores à Dilma. Aos manifestantes que bateram panela e apoiaram o golpe de Estado. Temer era para ser sempre um vice decorativo. A culpa de Temer no poder, e da reforma trabalhista, da reforma previdenciária e do entreguismo dos recursos naturais e das estatais é dos opositores que contribuíram para o golpe.  Mas saber isto não nos redime! Somos todos covardes em ver o país sendo destruído e nada fazermos! O povo argentino em manifestação contra as reformas do governo Macri, bradou: aqui não é o Brasil! Fiquei com vergonha! Com muita vergonha!  

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